Pov Enya

Quando entramos no prédio, meu coração parecia que ia saltar do meu peito. Estava tão nervosa. Eu não sabia o que esperar, era tudo tão novo pra mim. O bom disso tudo era que eu podia contar com minha irmã acima de tudo, porque ela era meu porto seguro, e bem, o Fred também, que neste exato momento estava segurando minha mão. Não sei por que, mas ele me passa uma energia tão boa, me sinto segura perto dele. Eu sei que só o conheço a algumas horas, mas parece que fazem anos que nos conhecemos.

Depois de andar por um corredor bem empoeirado, chegamos numa sala enorme, todos estavam sentados, menos um homem. Homem esse, cujo rosto eu via sempre nas páginas dos jornais e nos anúncios de procurados. Ele era Sirius Black, que há pouco tempo, descobri que é meu pai.

Quando olhei pra ele, meus músculos da perna travaram, não conseguia me mover de tão nervosa que estava, apertei um pouco a mão de Fred, que percebeu meu nervosismo e apertou também minha mão. Um silêncio se instalou na sala, e todos olhavam de Sirius para nós duas. O silêncio foi quebrado quando alguém pigarreou, tirando nosso pai do transe que estava.

— Olá meninas!- disse Sirius sorrindo um pouco.

— Olá!- respondemos juntas.

— Acho que vocês já sabem que sou o pai de vocês não é?!- falou ele.

— Sabemos. - respondemos juntas de novo.

— Bom, eu só queria que vocês me desculpassem por ter sido um pai tão ausente na vida de vocês. Eu fiz de tudo para encontrar um jeito de me encontrar com vocês, de falar, ver vocês. Mas eu não podia me arriscar a ser preso de novo e ser morto. - disse ele se aproximando de nós duas.

— Não parece!- disse minha irmã com um tom de raiva.

— Como?- perguntou Sirius franzindo a testa.

— Não parece que você se esforçou tanto assim!- disse ela agora com um pouco de raiva. - Para encontrar o Harry, você entrou em Hogwarts que estava sendo vigiada pelos dementadores, pelo Ministério, professores, por tudo quanto é gente, e nós estávamos bem longe disso tudo e você ainda diz que se esforçou em nos procurar! Eu acho que não!- terminou ela furiosa, deixando Sirius com uma cara de tristeza enorme, e Harry afundou no sofá.

— Eu sei disso, e peço desculpas! Mas justamente por isso que eu não fui procurar logo vocês! Eu sabia que se eu fosse atrás de vocês, levaria todos que estavam a minha procura comigo, e eles poderiam chegar até vocês e correriam perigo se isso acontecesse!- disse ele suplicando. - Eu não queria e nem aguentaria perder vocês de novo! Eu as amo demais para vê-las em perigo!- disse ele fazendo Mel ficar mais calma ao meu lado e chegou mais perto.

Quando ele disse isso, meus olhos se encheram de lágrimas. Ele disse que nos ama! Era o que eu mais queria ouvir, que ele nos amava apesar de tudo. Nessa hora, as lágrimas que eu lutava para que não caíssem, escorriam livres em meu rosto, e sem querer deixei escapar um soluço, fazendo Sirius olhar pra mim.

— Não chore, filha!- disse ele se aproximando de mim, e enxugando as lágrimas que escorriam. - A partir de hoje, nunca mais vamos ficar longe.

Eu não aguentava mais aquela distância, mesmo que fosse pouca. Queria abraçá-lo, queria sentir seus braços a minha volta me protegendo. Sem que eu mandasse, meus braços se fecharam ao redor de sua cintura num abraço firme.

— Eu senti tanto a sua falta!- eu disse agora chorando muito e tremendo, enquanto sentia os braços dele ao meu redor.

— Eu também filha, você não imagina o quanto!- disse ele e me deu um beijo no alto da cabeça. Ele me solta um pouco e vejo minha irmã se aproximando, ela estava com lágrimas nos olhos e eu sabia, que quando ela disse aquilo, ela estava meio que desabafando o que sentia, mas que no fundo ela queria somente se jogar em nosso pai e abraçá-lo. E assim ela o fez agora, jogou seus braços ao redor de nós, e ele prontamente nos abraçou. Pai e filhas depois de tanto tempo, se reencontrando.

— Eu amo vocês!- disse Sirius ainda nos abraçando.

— Nós também, pai!- dissemos juntas.

— Vocês me chamaram de pai!?- falou Sirius surpreso.

— Claro! Você queria o que, que agente te chamasse de mãe?- falou minha irmã fazendo todo mundo rir.

— É né, pai. A menos que você não seja...- eu disse estreitando os olhos fazendo todo mundo rir, até nosso pai.

— É, vocês são mesmo filhas do Sirius!- falou Lupim rindo.

— Como assim?- perguntei confusa.

— Quando agente estudava em Hogwarts, nó tínhamos um grupo chamado os Marotos. Sirius e Thiago, pai do Harry, sempre se metiam em confusões e tinham resposta pra tudo, eu era o mais ajuizado, é claro!- disse Lupim.

— Até parece Lupim!- disse Harry fazendo o Lupim fazer uma careta pra ele, que me fez rir muito.

— Ah, Harry, me desculpe pelo que falei, eu não queria te magoar. Eu só fiquei chateada e falei sem quer!- disse Mel olhando pra Harry.

— Tudo bem, Mel! Eu entendo a sua frustração, e diria o mesmo que você, talvez mais!- disse Harry fazendo todo mundo rir.

— Então acho que a Mel herdou isso de você, pai. Essa menina vive aprontando na escola! Ela sempre coloca bombas de bosta na sala da zeladora!- eu disse compreendendo de onde vinha essa mania de confusão da minha irmã.

— Sério?!- perguntou meu pai e os gêmeos sorrindo.

— É, mas eu não consigo evitar!- ela disse querendo se defender.

— Acreditam que só nessas três primeiras semanas, ela já conseguiu 15 detenções, e em 7 delas ela conseguiu me arrastar junto!?- eu disse com tom de reprovação.

— Essa é minha filha!- disse meu pai com os olhos brilhando.

— Pai!- falei incrédula.

— Cara, amamos essa garota!- disseram Fred e Jorge juntos, fazendo Mel corar.

— Até vocês!?- falei olhando pro Fred e pro Jorge.

— Ah Nynha, esses dois aí são perdidos. Vivem aprontando na escola também! Do início das aulas pra cá, já conseguiram 20 detenções!- disse Gina olhando feio pros irmãos.

— Esse mundo tá perdido mesmo!- eu disse colocando a mão no rosto

— Falando em perdido e no Fred e no Jorge...- disse meu pai ficando mais sério olhando pra mim. Lá vem bomba!- Por que você e o Fred estavam de mãos dadas?- perguntou ele olhando de mim para o Fred que estava perto de mim, fazendo minha irmã ter uma crise de riso.

— Agente só... quer dizer... nós...- é, empaquei, e isso só fez minha irmã rir mais ainda.

— Qual é, pai!? Agente se conheceu a menos de 10 minutos e o senhor já tá dando uma de pai ciumento!?- falou ela rindo mais ainda, fazendo todos menos eu e Fred, que estávamos mais vermelhos que nariz de palhaço, rirem. - E eles só estavam de mãos dadas, porque a Nynha tava dando um faniquito dizendo "E se ele não gostar de mim? E se ele não quiser me ver porque sou mais parecida com a mamãe?"- disse ela tentando imitar minha voz- Aí por isso o Fred segurou a mão dela, para ela não ficar tão nervosa e entrarmos!- disse ela por fim.

— Mas isso é uma absurdo!- disse meu pai. Acho que ele já vai me dar uma bronca sobre garotos!- Eu nunca ia deixar de querer te ver só porque se parece tanto com a Marlene! Esse é só mais uma motivo de te querer por perto, porque vou poder me lembrar mais de uma das mulheres que mais amei na vida!- disse meu pai me olhando com amor. É, eu errei sobre a bronca!

— Como assim "uma das mulheres"?- eu perguntei estreitando os olhos.

— Você traia nossa mãe?!- perguntou Mel incrédula.

— Claro que não!- disse meu pai espantado. - As outras mulheres que me refiro, estão bem na minha frente com as caras emburradas e fazendo bico. Que, aliás, ficam bem fofas fazendo isso!- disse ele agora sorrindo, fazendo eu e Mel rir. - Eu posso até não querer admitir que minhas garotinhas cresceram, mas vocês são duas mulheres lindas!

— Pai!- falamos eu e Mel envergonhadas.

— Mas é verdade! Vocês são lindas!- disse o papai.

— Tá bom, pai. Para de ficar dizendo isso, se não vamos ficar nos achando!- eu disse sorrindo.

— Vamos?! No plural?! Tá bom! Até parece que eu vou ficar me achando só porque alguém disse que eu sou bonita!- disse minha irmã irônica. - Eu sei que sou bonita!- completou ela piscando o olho fazendo todo mundo rir.

— É, ela não vai ficar se achando porque já se acha!- eu disse fazendo todo mundo rir de novo e minha irmã me mostrar a língua e eu mostrei a minha também.

— Tá bom meninas!- disse o papai fazendo agente parar com a briguinha infantil. - Como vocês foram transferidas para Hogwarts precisam comprar os materiais que vão precisar nas aulas.

— Tinha esquecido desse detalhe!- disse Mel. - Mas como vamos conseguir tudo isso? Daqui a 8 horas temos que estar em Hogwarts! Nunca vamos conseguir isso a tempo!- disse ela em pânico.

— Calma, filha! Vocês só precisam ir para o Beco Diagonal!- disse o papai.

— O Beco o que?- eu perguntei.

— O Beco Diagonal. É onde todos os bruxos compram as coisas que precisam. - disse Hermione falando pela primeira vez depois que chegamos.

— Ah! E como chegamos nesse tal de Beco?- perguntou minha irmã.

— É fácil! É só você ir até o Caldeirão Furado!- disse Hermione.

— E onde vamos achar um caldeirão furado?- eu perguntei fazendo uma cara de confusão, o que fez todo mundo rir.

— Caldeirão Furado é o nome de um bar, onde nos fundos tem uma parede que dá no Beco Diagonal. - disse Gina sorrindo.

— Ah!- eu disse corando.

— Fica assim não Nynha, vocês são novas por aqui, não precisam saber de tudo, não é!?- disse o Fred sorrindo pra mim.

— É Nynha!- disse minha irmã.

— Tá! Então vamos logo pra esse tal de Beco Vertical!- eu disse sorrindo.

— É diagonal!- disse Rony rindo e eu mostrei a língua pra ele e disse: - Você entendeu, não entendeu!?- e todo mundo começou a rir- Vamos Mel!

— Vocês vão sozinhas!?- perguntou a Hermione.

— É né!- disse a Mel.

— Sirius, elas vão terminar se perdendo!- disse a Hermione.

— Eu sei, mas eu não posso ir com elas, e vocês três tem que arrumar os malões, o Aluado e o Arthur tem outras coisas pra fazer. Acho que não tenho opção!- disse o papai coçando a cabeça.

— Você esqueceu da gente!- falaram Fred e Jorge.

—Vocês? Mas vocês tem que arrumar os malões para voltarem para Hogwarts!- disse o Sr.Weasley.

— Já tá tudo arrumado!- disse Jorge.

— E não vamos deixar duas moças sozinhas no beco diagonal!- disse Fred.

— Ou seja...- disse Jorge.

— Vamos com elas!- completou Fred.

— Mas...- disse o Sr. Weasley.

— Deixe eles irem Arthur. Eles conhecem tudo por lá e sabem o que fazer. - disse o papai olhando para o Fred e o Jorge.

— Valeu Sirius!- disseram os dois.

— Mas assim que terminarem as compras, tragam elas para casa imediatamente ouviram?- falou o papai olhando sério pra eles.

— Sim Senhor!- disseram juntos e bateram continência fazendo todo mundo rir.

— E vocês duas se comportem!- disse o papai olhando para nós duas.

— Não somos mais crianças!- disse a Mel enrugando a testa.

— Eu sei, por isso mesmo quero que se comportem!- disse o papai.

— Pai!- dissemos juntas.

— Tá, tudo bem tudo bem!- disse ele levantando as mãos- Vão logo antes que fique tarde!

— Ou antes que você nos coloque fraldas!- eu sussurrei pra Mel fazendo ela rir.

— Tchau pai!- disse Mel abraçando o papai.

— Tchau filha!- disse ele dando um beijo na testa dela.

— Tchau papi!- eu disse sorrindo na frente dele.

— Tchau filha!- disse ele e me abraçou. - Você é menor que sua irmã, não é!?- falou ele.

— Vai começar!- eu disse revirando os olhos- É pai, eu sou menor que ela! Mas não fica me perturbando com isso não! E vamos logo gente, quero chegar logo nesse beco horizontal!- eu disse fazendo todo mundo rir de novo.

— É diagonal Nynha!- disse Rony de novo.

— Fica quieto Rony!- eu disse mostrando a língua pra ele o que fez todos rirem mais ainda.

— Prontas?- perguntaram Fred e Jorge.

— Sim!- respondemos juntas.

— Então vamos!- disse Jorge.

Eles nos levaram até um pequeno bar que ficava numa rua meio deserta de Londres, como chegamos a pouco tempo, não conhecíamos nada. Quando entramos, o bar estava quase deserto, menos por umas pessoas bem estranhas sentadas numas mesas. E eu nem preciso falar que fiquei com um pouco de medo não é!?

— Jorge que lugar é esse?- minha irmã sussurrou para Jorge um pouco assustada também.

— Esse é o Caldeirão Furado. - respondeu ele

— Mas não se preocupem, não vai acontecer nada. Eles são carrancudos mas são inofensivos!- disse Fred vendo nossas caras de medo.

— Espero que esteja certo Fred, porque não estou gostando nada daquele cara ali me encarando com uma cara bem maliciosa!- eu disse chegando mais perto de Fred e segurando no braço dele.

— Vamos tirar logo elas daqui Fred. A parte veela delas ta fazendo esses caras ficarem hipnotizados!- disse Jorge passando o braço pelos ombros da Mel nos encaminhando para os fundos do bar.

— Esse lugar me dá arrepios!- eu disse quando chegamos aos fundos do bar, onde tinha um muro de tijolos.

— Na maioria das vezes as pessoas não ficam nos encarando!- disse Jorge.

— Tá, mas, como passamos por esse muro?- Mel perguntou.

— Oh sim, é só fazer isso!- disse Fred pegando a varinha e tocando em alguns tijolos, que imediatamente começaram a se mexer. Quando pararam, tinha formado um arco, que dava para um enorme beco, com pessoas pra todo lado.

— Uau!- dissemos eu e Mel juntas.