O Diário De Megan Elliot escrita por Rosemary Grohl


Capítulo 11
Amor com proteção


Notas iniciais do capítulo

hello there, the angel from my nightmare, the shadow at the background of the morgue
enfim, não to aqui pra cantar, to aqui pra contar.
voltei, não pra ficar, mas voltei.
se ainda tiver alguém aí, qualquer um, mande um oi nos reviews. só um oizinho que é pra não perder a prática. bj da magra



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Newton já tinha, séculos atrás, o que chamava de três leis da física. Eu tenho hoje, o que chamo de três mandamentos para o amor seguro:

1- não acreditarás.

2- não criarás expectativas.



3- não iludirás, nem a si próprio, nem ao próximo.



Mandamentos esses que são pouco seguidos e muito quebrados. E dessa forma, nós, meros mortais, viemos partindo nossos coraçõezinhos através dos séculos porque somos incapazes de seguir três simples regrinhas. Somos pecadores. O que mais podemos fazer?



Queria poder dizer que desde a mudança nunca mais quis saber de homem. Eu juro que estava indo bem na promessa de não arrumar treta. Juro que tudo estava indo às mil maravilhas. Até chegar o campeonato regional e eu passar uma semana em Minas. E juro que até voltar de lá, tudo ainda estava bem. Sem homens, sem problemas. Compromisso apenas com o esporte, as amizades e os estudos. Nada de namoro. Nadica de relacionamentos.



Aí eu voltei. E aquele amiguinho que eu conheci lá decidiu ficar a fim de mim. E o amiguinho dele decidiu apoiar. E eu, trouxa, decidi cair na lábia.

Eu não criei expectativas, porque sou macaca velha nessas histórias e não estou pedindo pra sofrer. Mas acreditei. Acreditei que podia dar certo. Que ele me achava linda, que me queria, que ia rolar e ia ser maravilhoso.

Aí fiquei confusa, dei um perdido nele, ele viajou e conclusão: NADA. Não teve nada.

Lindo, legal e lindíssimo, na falta de outro adjetivo com L.



O problema não é esperar a volta das aulas pra conversar com ele e ver o que ainda pode rolar. Porque ele não desistiu, eu sei. O problema é que tem mais uns cinco caras na jogada.

Não sei vocês, mas até me mudar, nunca tinha acreditado quando dizem que só aparece pretendente quando você já está comprometida. Pois bem, foi isso que me aconteceu.

Parece que só eu mesma pra conseguir essa proeza: um cara não consegue nem me dizer oi. O outro até me dá bola, mas não consegue terminar com a namorada. O outro não é nem sequer uma opção, porque foi ele quem me apresentou o amigo em Minas. Ah, e o menino de Minas não tem NADA a ver comigo; a gente não se entende, apesar de se gostar. E tem o último e o mais importante; o real motivo da dúvida. As leitoras mais antigas devem se lembrar do meu primeiro capítulo “Vacas ladras de namorados”, que foi inspirado nele, na época. Amizade vai, amizade vem e de tanto ele insistir, eu admiti que tinha uma Foz do Iguaçu por ele.

Legal mesmo é que agora ele é apaixonado por outra, que se parece demais comigo. E a gente mora em cidades diferentes, apesar de próximas. E eu estou nesse rolo com o menino que conheci em Minas. E a gente vai se ver no fim-de-semana (eu e o último, não o de Minas). E eu não faço ideia do que vai acontecer. Porque ontem ele me pediu em casamento. Foi brincadeira, mas a gente gosta de se iludir.

Pronto: eu o iludi e ele me iludiu.



Não tem jeito. A gente até tenta. A gente até quer. Mas não dá. O mundo nos ilude e, pra não dizer que fugimos da culpa, nós gostamos de nos iludir, também. Ilusão é bom. É como comer chocolate: doce, macio, saboroso. Mas acaba. E a gente fica com vontade de quero-mais. E se comer demais, também, enjoa. A realidade acaba sendo sempre melhor. Mas cadê que alguém vive só de realidade?

Por isso que tem tanta gente de coração partido no mundo. Por isso que a indústria da autoajuda lucra tanto. Por isso que eu escrevo essa fic.

Daí voltando ao tema central: os três mandamentos. São em menor número que os dez que Deus criou e eu me atrevo a dizer que são ainda mais difíceis de cumprir. O único mandamento da Igreja que eu quebro mais do que os do coração seguro é ‘guardarás domingos e festas’, porque falta apoio familiar e força de vontade. Mas de resto, acho que cumpro todos. Nunca matei ninguém, nem cometi adultério, por exemplo.

A comparação não é das melhores, confesso. Deixem-me tentar outra: Os mandamentos do coração seguro são como usar camisinha para se proteger de DSTs. Se seguir os mandamentos, não pega a doença do amor, transmissível mesmo sem nenhum contato físico.

O conceito é simples, como uma vacina. Você pode continuar amando, desejando, fazendo amizades e tendo relacionamentos. Só não vai esperar nada de ninguém, nem acreditar muito em nada que dizem, nem criar ilusões do que as pessoas são, nem iludi-las com algo que não pode cumprir. Dessa forma, tudo permanece igual, mas você não se machuca.

É como trabalhar em tempo integral, mas não levar nada para casa. Você faz tudo o que tem que fazer e quando termina, não fica preocupado, estressado, nervoso ou chateado. Terminou ali e pronto.

Eu (e provavelmente muitas outras pessoas) queria muito que fosse simples assim. Vestir uma camisinha antes de fazer uma amizade ou de se apaixonar por alguém e evitar que o coração fosse partido. Sem lágrimas, sem apego, sem mágoas, sem frustrações. Mas, não, belíssimas, não existe camisinha para o coração. E não, gatas, não tem vacina contra o coração-partido.

O jeito é correr o risco e continuar quebrando a cara. A gente sempre acaba colando, mesmo. Sempre acaba forte de novo, desejando mais. Se iludindo, como se dessa vez fosse ser diferente. E quem sabe se não vai ser? O jeito é tentar. Põe o sinto de segurança e acelera. A felicidade pode morar depois da próxima curva. E nada, nadinha mesmo é seguro nessa vida. Nos resta, por tanto, correr o risco.


XX, da sua sumida, Megan Elliot




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Notas finais do capítulo

senti saudades
confesso que sou apegada e senti saudades
não sei quando volto
agora eu tenho vida real e amo meus amigos.
mas se eu quiser, volto mesmo. se der vontade, na hora que der e pronto.
um beijo pra quem ler e vinte pra quem mandar reviews.
agradecimentos a Jujubs Malfoy que me mandou cair de cabeça e a Monga da roça que me mandou não ser vadia.
e ao palerma analfabeto que ta me enrolando e a criatura do pasto que ta me deixando surtada.
bj com cheiro de maçã



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