Quando vi meu traje para o desfile, contatei que meu mais novo amigo era doido. Como posso descrever; era um vestido enorme e preto, com algumas rendas aqui e ali, mas o pior não era isso, mas sim as enormes asas de anjo que fomos obrigados a usar. Aquilo era apelação demais, para qualquer um, estávamos nos chamando de coitadinhos. Enquanto isso a conversa de Dean daquela tarde veio a minha mente...

[...]

–Então esse Ezra vai ser seu treinador? Só seu?

–É, bem isso – respondi.

–Isso é ótimo, mais uma oportunidade para você vencer.

Comecei a discutir como isso era cruel, como era desonesto, mas ele parecia não se importar...

–É uma escolha simples. É um jogo, não é? Então jogue, mesmo que isso vá contra seus princípios.

Ele tinha razão, eu tinha que fazer o que era para ser feito, além do mais, Felix não faria isso por mim, eu tinha certeza.

–E então, assistente, como tá indo com a Effie? – perguntei, escondendo um sorriso.

Ele bufou e virou os olhos.

–Já não basta esse cabelo e essa maquiagem ridícula ainda tenho que ficar na cola daquela mulher.

–Pelo menos vocês não tem um alvo marcado na testa.

–É, tá bom...

Fiquei olhando para ele por um tempo, pensando que o havia conhecido a poucos dias e ele já havia se tornado tão presente. Ele estava arriscando sua vida por mim, mas a que preço?

–Já te agradeci? Por me apoiar assim?

–Ele me encarou por um tempo até que voltou a tona.

–É o que faço, salvo as donzelas em perigo – ele disse, sorrindo.

–É, mas essa donzela aqui vai ter que se salvar sozinha...

[...]

–Alô, tem alguém ai? Vamos, se arrumando!

O vestido e as asas de quase 10 quilos me fizeram voltar ao normal. Eu estava assustadoramente angelical, meus cabelos estavam do jeito normal, mas minha maquiagem estava bem escura. Duas reações eram possíveis: medo ou admiração.

Quando vi Felix, agradeci por ter força suficiente para me equilibrar e usar um sapato de salto; parecia que ele iria cair se uma simples brisa passasse por ele.

Últimos detalhes arrumados e fomos para o local onde esperaríamos o começo do desfile. Todos os outros tributos já estavam posicionados, todos bem arrumados e bem tensos, a não ser por um rapaz que estava rindo ao conversar com uma mulher, sua estilista, acham. Rapidamente me lembrei de seu nome: Angus, Distrito 6.

Como pensei: chamamos muita atenção, já que todos se viraram quando entramos. Aquilo passou a ser cômico, já que todos nos encaravam.

–Quero dar uma dica para vocês – disse Cylon – Quero sorrisos, acenos e muito carisma da parte de vocês, certo? Ah, e tentem não cair.

Isso era animador. Faltava mais um tempinho então decidi sentar na minha carruagem e esperar. Parece que o pânico pré-entrada atingiu em cheio os outros participantes, fiquei apenas observando.

–Deve estar achando isso hilário, né? – perguntou Angus, se sentando ao meu lado.

–Ah, oi... É, é engraçado. Principalmente aquela ali que tá quase tirando a maquiagem.

–Acho que ela começou assim que viu você – ele disse, me encarando.

Foco, foco, foco. Por sorte que a música de abertura começou a tocar naquele momento e ele precisou sair.

Felix e eu nos posicionamos, e ele parecia bem mais nervoso. Eu apenas disse, sem que ninguém ouvisse.

–Se você cair, eu te seguro.

Ele concordou com a cabeça. Aquilo me fez sentir um nó no estômago, eu estava o traindo e tentava mascarar isso. Percebi o quão horrível eu era.

Finalmente chegou nossa hora, coloquei o melhor sorriso que podia e torci para que tudo desse certo. O lugar estava cheio e o barulho da multidão é ensurdecedor; aceno e faço tudo para parecer atrativa. O telão mostra minha imagem e parece que o povo parece bem surpreso, só não sei se é no bom ou no mal sentido.

Andamos por um tempo até chegarmos ao local onde preenchemos o anel do Círculo da Cidade, onde paramos na mansão do Presidente Snow. Ele nos dá as boas vindas e começa um longo e entediante discurso. Nesse momento estamos sendo filmados e penso se meu pai ou Tek estão assistindo. Devem estar, é impossível não ver.

Voltamos para o estábulo e nossa equipe nos ajudava a descer e tirar nossas asas enormes, enquanto falavam o quão maravilhosos estávamos.

–Você estava ótima.

Quando me virei vi Sam e Dean. Não pude me segurar e os abracei, mas soltei rapidamente. Acho que deram uma boa desculpa para Effie para me verem.

–Parecia que você ia cair, mas todo mundo gostou – disse Dean, olhando em volta. – Conversamos mais tarde, ok?

Concordei, seria muito óbvio se nos víssemos tão abertamente.

A última coisa que vi antes de sair do local foi o garoto do Distrito 6 sorrindo para mim.