Demigoddess escrita por Pacheca


Capítulo 68
Therapy


Notas iniciais do capítulo

Galerinha, peço desculpas pela demora. O semestre acaba de começar e como vocês sabem, engenharia é o bicho de vinte e sete cabeças. Enfim, ai está mais um, um pouco mais sentimental ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/310057/chapter/68

Ainda dentro da van, lembrei-me do saco mágico que Scirus tinha me dado. Assim que puxei a cordinha, um vento forte começou a puxar tudo no caminho lá para dentro. Coloquei o bronze na frente e assim que tinha sumido, fechei o saco. Argo me olhou pelo retrovisor.

─ É para facilitar subir a colina.

Silêncio. Suspirei e coloquei o saco dentro da mochila, pensativa. Hefesto me parecera uma boa pessoa. Bom, deus. De toda forma, ele parecia ter uma aura de ternura que me envolvera. Estar na oficina dele me lembrou de diversos combates que eu fui obrigada a travar, quase perder Dante...mas também me lembrava de todas as vezes que eu tinha que arrumar uma das cafeteiras no meu antigo emprego.

Outro suspiro me escapou. Acho que eu estava carente de afeto paternal. Aliás, uma carência que eu sempre sufocava. Ou provavelmente bloqueava. Era engraçado como eu conseguia bloquear sentimentos e dores, mas assim que me distraía as coisas passavam a voltar. Era como se eu estivesse concentrada sem sequer perceber.

Olhei pro meu anel. O único laço real que eu algum dia tivera com ele. Hades. Ele era o oposto de Hefesto. Ele nunca me transmitia que realmente se importava. Não até precisar que eu servisse de babá para o filhinho mais velho dele. Nico era uma criança bem irritante, se quiser saber.

Argo me chamou quando chegamos, tirando-me da metafísica na qual eu me embrenhara. Agradeci a ele pelo transporte e subi a colina sozinha, com a mochila nas costas. Parecia mais vazio e triste visto dali de cima.

─ Elgin. ─ Chad estava treinando com Solace, quando me viu chegando. Sorri para ele. Confesso que invejava um pouco Chad. Em sua primeira vez aqui, Apolo o proclamara. E eu não podia ser reconhecida porque duas entidades egocêntricas achariam ruim. Faça-me o favor.

Deixei-o e fui encontrar Sr. D., já tirando o saco de dentro da mochila. Ele parecia mais sério que o normal. Fiquei preocupada. A cara dele realmente não era a de quem tinha boas notícias.

─ Sr. D? ─ Chamei, vendo que só então ele me notou. ─ Hefesto nos deu o bronze e disse que os filhos não eram de desperdício. É bom deixar avisado.

─ Sim. Obrigada, Elgin.

─ Devo perguntar qual o motivo do desprazer?

─ Outra missão delatada. Perdemos dois dos filhos de Ares. Precisamos encontrar logo esse traidor.

─ Acha que ainda temos tempo.

─ Longe disso. Estamos atrasados. Essa não vai ser uma guerra pequena, Elgin. Recomendo que continue seus treinos. Precisaremos de todos nas melhores condições.

─ Vou comer algo e logo retomo meus treinos. Com licença.

Ele mal olhou na minha direção enquanto eu deixava a Casa, angustiada. Mais uma vez, outra reafirmação de guerra estampada bem no fundo da minha mente. Tão fundo que me perdi nela, quase trombando nele.

─ Oi, minha beleza te cegou?

─ O que? Oh, hey Dante. ─ Murmurei. Ele continuou segurando meus ombros, esperando que eu fosse dizer mais alguma coisa.

─ El.

─ Desculpa, eu estou distraída.

─ Eu reparei. Aconteceu algo na sua missão.

─ Surpreendentemente, não. Parece que o bronze afastou os monstros. Não é isso.

─ Sr. D te disse?

─ Os filhos de Ares, é, ele comentou. Hefesto é um cara legal.

─ Como é? ─ Acho que ele quis rir, mas então reparou que eu olhava séria, ainda meio perdida nos pensamentos. Respirei fundo e tirei suas mãos de mim, puxando-o para um abraço. ─ Elgin, está tudo bem?

─ Não posso te abraçar?

─ Pode fazer tudo que quiser comigo, até as coisas que eu não posso dizer assim em público. É só que…

─ Eu estou carente, desculpa. Hefesto parece tão orgulhoso dos seus filhos, e até com outros semideuses. Ele se intrometeria nessa guerra se pudesse. Hades spo me procura quando precisa da babá do filho favorito.

─ Se serve de consolo, meu pai também tem um preferido entre os filhos com o mesmo nome. Eu acho que ele só me proclamou para limpar a própria consciência.

─ Pelo menos foi proclamado. E não te odiariam. E ele fala com vocês. E vocês tiveram a mãe para tapar esse buraco.

Eu tinha encontrado com Dante na praia. Eu só sabia disso porque ouvi uma onda se quebrando ali perto. Ele soltou-se do abraço e me fez sentar de frente para ele. Dá para acreditar que ele sabia consolar as pessoas? Eu me lembro quando eu era só o irmão babaquinha que bebia até desmaiar. Ainda assim, foi ele quem tinha me tirado da rua.

─ Ainda pensa nela, huh?

─ Ela me deixou. E só isso me deixou bem...confusa. Eu achava que era algo que eu tinha feito. E depois de anos me esforçando para esquecê-la e me sustentar nas minhas próprias pernas, ela voltou. Do nada. Disse algo que na época me pareceu idiota e raso. E desapareceu de novo.

─ Mais confusão?

─ Obviamente. Eu fiquei com raiva. Quem ela achava que era para voltar assim e bagunçar tudo, só para me deixar com a bagunça logo em seguida? E eu sonho com ela. Constantemente.

─ Sério? Nunca me disse.

─ Nunca achei que eu me sentisse assim. Ou ao menos nunca aceitei. Ela sempre se perde no mar, pra eu nunca mais achar. Não sei. Talvez os deuses queiram me avisar que não preciso mais me preocupar.

─ Mas você não tem certeza.

─ No fundo, eu acho que sempre espero vê-la de volta e finalmente receber todas as minhas explicações.

─ El, não vai mudar nada. Ela está sumida há anos e, mesmo que ela esteja viva...o que muda? Seu passado te fez quem você é, mas ele não precisa te assombrar para sempre. Esquece disso e se concentra no seu futuro. No nosso futuro.

─ Já te disse que eu amo você?

─ Já? Eu não me lembro, não tenho certeza. Você pode só dizer de novo e assim vamos ter certeza.

─ Eu te amo. Desde o dia em que você me ajudou sem maldade nenhuma. E de um jeito diferente, mas até hoje eu te amo.

─ Pensando bem, acho que já ouvi isso sim. Posso viver tendo ouvido de novo.

─ Então…?

─ Eu te amo também, Elgin. Tanto que vou ao Pavilhão buscar sua comida com você.

─ Oh, que cavalheiro. Obrigada. ─ Ele me ajudou a ficar de pé, passando o braço ao meu redor. ─ Oh, eu preciso treinar depois disso. Você bem que podia…

─ Não vai ser barato.

─ Hum, dez beijos servem?

─ A gente acerta depois. Vem. ─ Sorri, caminhando com ele. Tirar tudo aquilo de dentro de mim e curtir o pouco que eu ainda conseguia sem me lembrar da guerra, nada disso tinha qualquer preço.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

É isso ai, espero ter agradado. Deixem críticas e elogios e eu volto depois de atualizar as outras 4 fics, conciliando com a faculdade. Ou seja, sejamos pacientes ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Demigoddess" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.