Deusa Ou Humana? escrita por LM


Capítulo 3
Fogo e água


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Deu pra perceber que a Katie é bem estressada, então tentem tirar conclusões disso conforme a história passa.



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Parecia que alguém tinha lançado alguma maldição em mim, pois só foi eu andar cinco minutos, que o chuvisco se tornou uma tempestade. O cheiro de asfalto e esgoto começaram a subir. A capa ajudou um pouco, mas não me protegeu do frio.

A pergunta que martelava em minha mente era: "Onde é que eu vou ficar a noite?". Eu simplesmente não tinha lugar onde dormir, não tinha dinheiro. Não tinha nada.

Pronto! Um ato de rebeldia iria acabar com minha vida. Iria morrer de fome, frio, ou sei lá do que. Los Angeles era enorme, e suas ruas não eram acolhedoras para moradores de rua. Era um absurdo. Quando eu era pequena, via com meus próprios olhos vários sendo chutados para outro canto da cidade. E como eu estava para me tornar uma moradora de rua no instante em que saí de casa, o que eu faria?

—-----

Depois de andar por horas, eu não aguentava mais. O cansaço estava me derrubando. A pequena luz da minha esperança já havia se esvaído. Era melhor eu ter continuado naquela vida! Triste, mas não tinha fome. Tinha comida industrializada espalhada pela casa inteira.

Olhei para frente e vi o que eu menos esperava: uma casa abandonada. Estava em um bairro relativamente bom no centro de LA. Não podia ser verdade.

— Eu estou me sentindo numa história. - murmurei.

Me aproximei devagar da casa, que não tinha qualquer proteção. Ela era alta e clichê. Quando era povoada provavelmente a cerca de madeira que rondava o casarão era branca, que mas agora estava num tom de marrom acinzentado e apodrecido. A casa estava num estado horrível e provavelmente haviam outros moradores de rua por lá.

Mas, naquela hora não era uma questão de status, mas sim, de sobreviver. Joguei minhas coisas no terreno e pulei a cerca. A porta da frente estava trancada. E a de trás também. Ao lado da porta havia uma janela enorme e parecia nova e sem poeira. Tentei abri-la, mas não obtive sucesso. Eu precisava quebrá-la. 

Minhas mãos tremiam com o fato de eu poder ser atacada por quem estivesse lá dentro. "É uma questão de vida", uma voz soou em minha mente. Então eu fiz. Tentei quebrar a janela, mas a única coisa que parecia ter acontecido era eu ter quebrado a minha mão. Soltei um berro de dor. Como aquilo não havia quebrado? Parecia ser muito fino para não quebrar!

Procurei algo que pudesse quebrar a janela sem ser minha mão, pois ela estava inchada e latejando. Achei num canto um cabo de vassoura. E fui com tudo bater naquela janela idiota. O barulho que fez ao quebrar foi enorme, e o barulho de cacos caindo no chão também. Hesitei por alguns segundos, tentando ouvir qualquer barulhos de passos. Quando não ouvi qualquer reação, pulei pra dentro da casa evitando os pedaços de vidro.

Olhei ao meu redor, e a casa estava brilhando de limpa. Móveis de primeira classe estavam bem distribuídos ali (e a maioria banhados a ouro). Quando olhei para trás, meu sangue gelou. A janela estava inteira. Não haviam vestígios de cacos. Como se eu não houvesse quebrado.

Eu não estava gostando daquilo. Agora, tinha certeza de que alguém morava ali. E que eu estava prestes a morrer. 

Eu sentia cheiro de comida, e saí andando atrás do cheiro. Não demorei para achar. A cozinha estava vazia, mas tinha comida de sobra. Na mesa de doze lugares, haviam doze pratos com uma comida estranha neles e doze taças de ouro, com uma bebida curiosa.

— Mas o que é isso...?

Sendo veneno ou bebida que eles usavam em rituais de macumba, parecia muito bom. Peguei a taça mais próxima e bebi. Nunca havia experimentado uma bebida tão boa! Tinha gosto de meu achocolatado favorito, o qual eu bebia quando eu era pequena, mas era mais gostoso, era divino!

Senti todos os sentimentos ruins saindo de mim, e a dor na minha mão também. Bebi mais um pouco. E mais um pouco.

Comecei a passar mal. Eu estava me sentindo quente demais... A ponta dos meus dedos começou a arder. Mas eu queria beber mais daquilo, não importava a temperatura. Então bebi e senti um cheiro de queimado. Arregalei os olhos e o cheiro vinha de mim. Corri para a torneira mais próxima e taquei água no meu rosto, mas não adiantou. Meu cabelo estava começando a pegar fogo. Entrei em desespero. Ele estava batendo em minha cintura, depois de tanto tempo que o deixei crescer. As chamas engoliam meu cabelo, e minhas pernas. Era o meu fim.

— VOCÊ É IDIOTA?! - eu não conseguia ver nada, pois estava me debatendo e gritando. 

Eu não conseguia sentir muito além do pânico crescente de pegar fogo espontaneamente, do nada. Então senti um jato de água descendo pelo meu corpo, mas eu ainda estava pegando fogo.

— FIQUE PARADA OU EU TE MATO AFOGADA AGORA MESMO!

Eu nunca pensei em morrer afogada, e muito menos esperava. Tinha pavor de submergir na água. Então, mesmo pegando fogo e sendo regada sabe-se lá como, tentei parar, mas não conseguia parar de gritar. A dor era insuportável. O fogo estava começando a apagar, e quando cessou completamente, senti um pequeno alívio. Apenas segundos antes de minha visão escurecer. A última coisa que me lembro é de ter sentido uma dor imensa ao cair no chão.


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Notas finais do capítulo

Essa casa vai mudar a vida de Katie completamente. Vocês vão entender no próximo capítulo.