Harry Potter Por Olhos Negros escrita por CY


Capítulo 36
Relíquias da Morte - 01


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo segue o FILME:
Harry Potter e as Relíquias da Morte - (Parte 01)



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‎"Esses são tempos difíceis, não há como negar. Nosso mundo talvez nunca enfrentou uma ameaça maior do que a que enfrenta hoje. O primeiro Ministro trouxa fora avisado das circunstâncias. Mas eu digo isso a vocês: nós, até mesmo nossos funcionários, continuamos a proteger nossa liberdade e as forças que a repelem. Seu Ministério continua forte"

Rufo Scrimgeour, Ministro da Magia sobre os Novos Tempos,

O Profeta Diário

Ellie estava olhando pela janela de seu quarto, quando abaixou o jornal e o colocou na cômoda que ficava encostada abaixo da janela. Ela leu cada palavra atenta e respirou fundo. Estava sozinha. Completamente sozinha. Não havia Harry, Sirius, Dumbledore, e não falara com Draco desde que o vira na Torre confrontando o diretor. Fora a semana mais quieta de sua vida. Como se não bastasse, Voldemort soltara os antigos comensais que foram pegos no Ministério um ano atrás. Lúcio estava de volta. Sozinha...

Ela abriu a primeira gaveta da cômoda e pegou a foto de Sirius e Camille que sempre olhava quando se sentia sozinha no orfanato. Sirius sorria para Camille, a moça nova tão parecida com Ellie, em seus cabelos longos e olhos negros. Camille sorriu para a câmera, mas Ellie preferia acreditar que sua mãe sorria para ela. Ao ver Sirius, ela tocou seu colar por cima da roupa. Harry... Até quando ficaria sem vê-lo? Onde ele estava? E quanto tempo restava até Voldemort achá-lo? Ellie fugiu da saudade, e guardou a foto. Ainda com a gaveta entreaberta, ela viu em um canto o convite de casamento de Remo e Tonks, que acontecera logo depois de Dumbledore falecer. Depois de se estabelecer o pavor da completa volta de Voldemort, o casal não podia perder tempo para se feliz. Ellie não fora por motivos óbvios. Como sairia da Mansão para aquilo? Ela fugiu de novo da saudade guardando o convite. Olhou para o portão alto e preto que dava entrada a Mansão Malfoy. Viu Snape chegar. O professor chegara aparatando e deixando o rastro de sua fumaça preta até o local, como todos os comensais faziam.

- Ellie? – Narcisa batera na porta do lado de fora. – Desça filha.

- Já vou!

A última coisa que queria era descer. Promessa idiota aquela feita a Dumbledore. Ellie tinha orgulho de tudo, mas cada vez pensava nos detalhes... Deveria ter ficado com Harry. Mas não, tinha que obedecer Snape. Se ele dizia que ela teria que vir junto, assim o faria. Ellie virou, abriu a porta e desceu a escada larga até a sala. Estava com um vestido longo e preto que lavava a escada. Ellie se arrependeu quando viu a sala cheia de comensais.

- Está é minha filha, Ivan – Lúcio conversava com um senhor na sala. O mesmo jeito arrogante, com cabelos castanhos nos ombros e penteados para trás em um gel duro e a barba bem feita. Estava acompanhado por uma senhora de cabelos louros escuros e lindos olhos verdes que falava com Narcisa.

- Mas ela ser uma graça. – A senhora viu Ellie descer e chegar perto das duas.

- Obrigada, Lina. – Narcisa trouxe Ellie para perto. – Ellie, este são Ivan e Lina Basov. Os pais de Eriky, é claro.

- Muito prazer. – Ellie cumprimentou os dois. Ela olhou por cima do ombro da Sra. Basov e o viu. Eriky. Realmente aquele não era seu dia.

- Eriky, venha cá filho. – O Sr. Basov o convidou de um canto em que tomava um copo de whisky. Eriky se aproximou.

- Vocês ter uma bela casa – Eriky sorriu para Lúcio e Narcisa. – Como vai Ellie?

- Bem – Ellie estava sem graça – Com licença...vou pegar algo para beber.

Mentira. Nem com sede estava. Ellie só queria sair de perto deles antes que o casamento acontecesse ali mesmo. Fugira tanto de Eriky, que não tinha nem coragem de falar com ele. Ela tinha certeza que ele virara um comensal assim como seus próprios pais. Ela viu Lizzy servindo vinho para dois homens robustos em um canto e reparou o olhar de medo do elfo. Uma voz fez Ellie gelar.

- Senhoras e senhores... – Voldemort entrara pela porta da frente. Sua voz rouca inundou a sala, dando um arrepio na espinha de todos – Que bela companhia teremos esta noite...Quero agradecer a Lúcio por nos oferecer sua humilde casa para sediar as reuniões. - Lúcio tinha uma cara de pavor – Acompanhem me por favor.

Voldemort seguiu para a enorme sala de jantar onde cabiam todos. Bella e Rabicho o seguiram como um cachorrinho sem dono, o que fez Ellie revirar os olhos. Cada comensal se sentou e a reunião começou. Voldemort deus suas palavras sábias para ele mesmo e fora interrompido pela chegada de Snape.

- Severo... - O Lorde das Trevas o convidou - Venha, guardamos um lugar para você.

Ellie estava sentada entre Lúcio e Narcisa, e Draco ficara ao lado do pai. Os quatro viram Snape se sentar.

- Acredito que tenha novidades, Severo - Voldemort o fitava.

- Acontecerá no próximo sábado, ao anoitecer, Milorde... – Snape encarou Voldemort e Ellie fitou o professor franzindo.

- Ouvi coisas diferente, Milorde... - Yaxley se aprontou - Ouvi o auror Dawlish dizer que o garoto não será transferido antes do dia trinta deste mês. Antes de completar dezessete anos.

Ellie sentiu um alívio da falsa pista de Dawlish dar certo e parar nos ouvidos de um comensal. Mas Snape interrompeu.

- Essa pista é falsa. - Snape era frio - Os aurores não participarão da remoção de Potter.

- Para onde o levarão? - Os olhos de Voldemort brilhavam.

- Para um esconderijo. Provavelmente a casa de alguém da Ordem. Receberá todo o tipo de proteção. Uma vez lá, será impossível atacar.

Ellie franzio mais ainda. Que história era aquela? Snape estava contando a verdade sobre a fuga de Harry. Ellie recebera o patrono mensageiro de Lupin, o qual só os membros da Ordem sabiam conjurar, e o patrono dizia exatamente o que Severo estava contado.

- Milorde... – Bellatrix tossira lhe interrompendo  – Eu quero me voluntariar... Posso matar o garoto se quiser...

- Obrigado Bella...Mas sou eu quem deve matar Harry Potter... - Voldemort levantara andando pela mesa. Ellie se arrepiou – Mas como sabem, a minha varinha e a de Harry não se permitem atacar mortalmente uma a outra... Elas compartilham o mesmo núcleo, e são, de alguma forma, gêmeas... – Voldemort era frio – Quem será que teria a honra de me emprestar...Ah! – Voldemort estava atrás de Ellie – Que tal você...Lúcio.

Ellie podia jurar que sentira Lúcio tremer ao seu lado. Viu Voldemort pegar a varinha de sua mão e ditar para os outros do que ela era feita. Ellie olhou para o outro lado de Lúcio onde estava Draco e o viu de cabeça baixa. Um grito agudo e de dor ecoou pela sala de jantar.

- Rabicho! – Voldemort olhou para cima – Cale nossa visita!

Ellie ao entrar na sala já havia reconhecido a antiga professora de Hogwarts, Caridade Burbage, suspensa no ar, em cima da mesa de jantar. Por mais que ver a professora naquele estado deixasse Ellie arrepiada e incomodada, mais uma vez, ela não podia fazer nada na frente dos comensais. Deitada ainda, Rabicho girou a varinha e Caridade gemeu de dor. Mas Voldemort se tentou a apresentar a professora. Sua voz rouca invadiu novamente a sala.

- Para quem não sabe... Esta é Caridade Burbage, lecionava até recentemente na Escola de Magia de Hogwarts... Sua especialidade, era Estudo dos Trouxas... – Os comensais riram com Voldemort. Ellie fitou Snape que continuava sem lhe olhar de volta – A Srta. Burbage  acredita que os trouxas não são tão diferentes de nós. E que a mistura do sangue puro bruxo com o sangue trouxa não é uma aberração. Mas  sim, algo a ser encorajado – Voldemort aponto a varinha para a professora e a trouxe mais para baixo. Ellie viu Draco ainda não olhar para ninguém. Caridade se aproximou de Voldemort ainda deitada.

- Severo...por favor... – A professora o encarou com a voz falha – Nós somos amigos... – Severo não moveu um dedo. Ellie viu Voldemort se enfurecer com o próprio discurso, mas ela não teve tempo de fechar os olhos.

- Avada Kedavra! – Voldemort agiu e já se retirava deixando todos rirem, quando acariciou a cobra ao seu lado – Nagini...Seu jantar...

A cobra esbarrou em um comensal, subiu pela mesa de jantar onde estava o corpo de Caridade e abriu a boca. Ellie fechou os olhos desta vez.

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Voldemort tinha se retirado e talvez fosse a encontro de Olivaras no porão, onde saberia mais sobre Gregorovitch, o fabricante de varinhas. Nenhum comensal sabia dessa procura de Voldemort pela Varinha das Varinha, e tão pouco perguntariam sobre sua retirada. Os comensais ainda se despediam uns dos outros quando Ellie viu Yaxley conversando com Ticknesse no canto.

- Temos que manter próximo quem é do Ministério por enquanto...

- Condordo plenamente, Yaxley.

- Pelo menos a Rede de Flu já está sendo monitorada. Não tem como escapar...

Ellie viu os Basov se retirando e se escondeu atrás de uma cortina para não ter que vê-los de novo. Só saiu atrás dos panos quando Snape passou por ela. Ela o agarrou pelo braço.

- O que o senhor fez?

- A insolência em pessoa... – Snape a analisou se soltando rapidamente.

- Snape, por que disse a eles a verdade?

- Isso não é de sua conta. Agora...– Snape olhou para um canto da sala – Porque não cuida de seu elfo ao invés de me perturbar?

Ellie viu Lizzy derrubando vinho em uma das vestes de um comensal, ainda nervosa pela passagem de Voldemort. Quando se virou, Ellie não viu mais o Prof. Snape. Ele havia acelerado o passo e já se retirava da porta principal. Queria mandar na hora um patrono mensageiro para a Ordem avisando que Snape dedurara sobre o dia da remoção de Harry. Mas pensou por um instante. Se contasse a eles, e a Ordem mudasse o dia da fuga, Voldemort mataria Snape pela informação falsa. Ellie concluiu que Snape só contara para ganhar confiança, e também não alertara Voldemort sobre os sete Potters, o que não interferiria na fuga. Ellie por mais raiva que tivesse ou dúvida de que lado Snape realmente estava, ela não colocaria a vida do professor em jogo, sabendo que ele, pelo menos, não dissera toda a verdade.

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A noite caía fria quando Ellie voltou a se levantar da cama e mirar pela janela. O portão ainda estava lá, mas não havia ninguém no jardim. Os pavões dormiam deixando Ellie pensar em apenas uma coisa boa naquela noite. O céu era escuro e relâmpagos davam sinais atrás das nuvens. Não chovia, mas a Marca Negra fazia o tempo ficar assim. Ellie encostou em seu colar e rezou para que o plano dos sete Potters não falhasse. Só queria seus amigos a salvo. Queria participar na verdade, mas teria que se forçar a ficar ali. Até quando? Até quando aguentaria? Ellie olhava para o céu e pensara diversas vezes em mandar uma carta, mas não podia. Pelo menos Dumbledore lhe ensinara o patrono mensageiro, e isso lhe deixava menos afastada. Viu outro pavão se ajeitar quando tomou um susto da porta de seu quarto batendo. Ellie viu Draco entrar.

- Quantas vezes já disse que não quero que entre aqui? – Ellie era grossa e voltou a olhar pela janela.

- Ellie...

- Saia Draco!

- Mas...

- Mas nada! Não me faça pedir de novo.

Draco tinha uma mão no bolso e outra solta. Ele hesitou e ficou.

- Até quando vai ficar assim comigo?

- Até quando? – Ellie deu uma risada irônica e virou lhe encarando pela primeira vez – Deixa eu ver quando...Ah! Já sei. Que tal não existir um tempo para isso.

- Tente entender pelo menos...

- Entender? Entender o que Draco? – Ellie cruzara os braços e elevara a voz – Entender como você se tornou um deles? Entender como consegue conviver com essa maldita marca em seu braço? Ou entender como eu quase o vi assassinar alguém esse ano?  - Ellie abaixou o tom - Não, obrigada. Eu não quero entender.

- Você não sabe o que eu passei! – Draco perdeu a paciência.

- Eu não sei?! – Ellie gritou e ao mesmo tempo ergueu a varinha do bolso. Provavelmente conjurara algo como um Abaffiato para ninguém lhes ouvir - Não me venha dizer que eu não sei o que você passou! Você não sabe o que eu passei Draco! – Ellie chegou mais perto dele. Seus olhos começavam a lacrimejar – Deixa me refrescar sua memória...Antes de vir pra cá, eu não fazia ideia do que ia encontrar. Eu achei um pai perverso, uma mãe submissa e um garoto que não fazia ideia do que queria! Sabe quantas vezes eu desisti Draco? Sabe quantas vezes eu tive vontade de ir embora? Sabe quantas vezes eu me tranquei no quarto esperando que algo mudasse? Muitas Draco...Muitas! E sabe por que eu fiquei? Não foi pelo luxo, ou o conforto, ou o dinheiro. Eu não ligo a mínima pra isso! - Ellie o fitou - Eu me apeguei Draco. A você e sua mãe. E sinto muito se seu pai não é o exemplo em pessoa pra entrar nessa lista. Mais o que mais me motivou a ficar aqui, foi você...

Draco franzio e ela continuou.

- É, seu estúpido! Você! Depois de me sacrificar e ficar aqui, eu achei que você tinha saída. – Ellie ficara tão nervosa como Draco nunca vira – Eu achei que mesmo com o pai que você tem, eu podia te melhorar. Achei que podia ser diferente... – Ellie entrava aos poucos em um choro histérico – E depois Draco...de te defender cada vez que alguém falava algo...Cada vez que alguém levantava uma suspeita do homem que você podia se tornar, eu erguia a cabeça e dizia “não...ele não é assim”...- As lágrimas desciam – Eu me preocupei com você! Eu me importei com cada decisão idiota que você tomou! Eu sofri cada vez que vi seu pai fazer o pior pra você! E você fez o que? Você agradeceu como Draco? Como Draco?! Diz como você derrubou a pessoa que mais se importou com você!

Draco olhava para o lado, fugindo do olhar de Ellie. Uma lágrima escorreu dos olhos dele também. Ele segurava o choro com os lábios presos nos dentes.

- Diz Draco! Diz o que você fez... – Ela se aproximou e bateu no ombro dele com força e ódio – Nem você tem coragem de dizer em voz alta! – Ellie limpou o rosto com o antebraço – Sabe de uma coisa? Acho que eles tinham razão. O ovo não cai longe do ninho, não é?...E você se tornou tão...tão... – Ela nem tinha coragem de dizer. Draco limpou os olhos, mas Ellie não se importava - Você se tornou exatamente o que eu temia...

- Ellie... - Draco olhava para baixo, mas ela era cega pelo ódio.

- O que eu sou pra você Draco? Um brinquedo que seus pais te trouxeram?

- Não fale assim...

- Depois de tudo Draco...tudo que eu tentei...depois de tanto tempo... - Ela tinha a voz fraca agora e o choro era triste. Draco nunca soube como eram os olhos de decepção até ele ver os de Ellie para ele. Aquilo lhe fisgou o coração.

Ellie respirou, limpou novamente os olhos e andou sem rumo pelo quarto. Ela se voltou para Draco, e chegando perto dele, ela o fitou com raiva. Draco já estava com os olhos vermelho de choro ao ouvir aquilo de Ellie.

- Faça um favor a você mesmo Draco, se você ainda tem algum respeito por mim...– Ellie abaixou a voz - Não olhe mais na minha cara. Nem que você precise...

Draco se aproximou dela e a segurou pelos braços.

- Não faça isso comigo Ellie...por favor – Draco tinha a voz fraca

Ellie viu os olhos dele lacrimejando mas os evitou. Ela se soltou num impulso e se afastou mais.

- Sai Draco... – ela sussurrava – Só saia...

Draco a olhou se afastar e sua feição mudou para raiva também. Ele deu meia volta ainda nervoso e Ellie só escutou a porta batendo com força em um som alto de rasgar o quarto. Foi com um estalo. Assim que a porta se fechou atrás de Draco, Ellie encostou em uma parede livre e escorregou. Ela sentou no chão e desabou. O choro vinha em desespero. Talvez ficasse naquela casa porque queria ajudar Dumbledore, mas o resto também era verdade. Decepção...O choro era somente sobre isso. Uma tristeza que arrancava o coração de Ellie pela boca. Mas dessa vez, ela não tinha em quem se apoiar. As lágrimas vinham uma a uma molhando o braço de Ellie que estavam abraçando as pernas, em uma posição encolhida de dar dó a quem passasse. Ellie não tinha ninguém, e cada soluço, cada lágrima contava.


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Notas finais do capítulo

Capítulo 37 em breve!