Hate At First Sight escrita por DudaMoura


Capítulo 5
Meninas boas não mordem!


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pela demora!



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Estou presa!

Não é nada disso que vocês estão pensando! Eu não matei, feri gravemente, explodi os miolos, deixei cego, paraplégico, tetraplégico ou fiz algo parecido, com algum ser dessa face da Terra. Eu disse dessa face da Terra, você pode encontrar alguns extraterrestres sem tentáculos por aí. Realmente é uma pena Marte não ter plano de saúde!

Parece mesmo que eu estou em uma prisão, mas estou apenas trancada no... Meu quarto.

Eu deveria ter ficado muito feliz por ter achado a bendita chave do quarto dentro de um tênis do Logan, enquanto escapava do manicômio, quer dizer, Nova York. Não foi fácil ter coragem suficiente para colocar meus preciosos dedos em um sapato que nunca viu água na vida dele.

Hoje era pra ser o grande dia da “mudança da minha vida”, mas quando o maldito pé-rapado do Troy chegou na porta do meu quarto com as seguintes palavras : “ Oi Amandazinha! Suas malas já estão arrumadas? Está preparada para morar do meu ladinho? Podemos até ser amigos!” . Eu não aguentei!

Pense em uma pessoa totalmente nervosa, muito nervosa, que está terminando de arrumar as malas em direção ao inferno, quando chega o capeta em pessoa para te chamar.

Estou odiando meu pai, já deixei bem claro pra ele que era melhor Troy colocar um saco de papel na cabeça, não precisava nem ter os dois furinhos para os olhos, eu queria mesmo que ele ficasse cego e batesse a cabeça com toda a força em algum extintor.

Mas não, meu pai convida o inimigo desconhecido para entrar no meu quarto. Como se a gente tivesse tanta intimidade quanto um absorvente.

Ao ver aquele garoto idiota encostado no batente da porta me encarando, meu sangue subiu. No começo achei que eu estava tendo um pesadelo, mas depois percebi que era um pesadelo mesmo. Mas essa droga de sonho era a porcaria da vida real!

Eu tinha que fugir, mas eu não poderia ir muito longe em uma casa lotada de seguranças e câmeras. Precisava me esconder! Qual é o melhor esconderijo senão seu próprio quarto? Não é verdade? Não, eu poderia muito bem estar dentro do cofre do FBI.

Mas eu não teria tempo para ligar para o FBI. Então me contentei em procurar silenciosamente entre os imundos tênis do Logan a chave da porta. Por que mamãe e papai achavam que eu não era confiável o suficiente para ficar com a chave. O pior é que eles estavam certos!

Entre todos os milhares dos tênis do peste do meu irmão, nenhum estava limpo. Que novidade! Seguindo a lenda de que quanto mais sujo o tênis mais ele da sorte, eu procurei o pior tênis de lá. Foi difícil, mas consegui.

Era ele! Um Nike verde e amarelo. Não, que isso, não era nada “Me chame para o Carnaval”. Parecia um abacate ambulante. Por favor, abacates, não se sintam ofendidos.

Não sei como. Mas na hora da desgraça eu tive coragem de enfiar a mão naquela nojeira, parecia que tinha até queijo lá dentro.. Graças a minha rara sorte eu achei a chave. Acabei esquecendo de dar os pulinhos para o Salonguinho. Creio que logo ele vai querer acertar as coisas. Dever pulos em nomes de Santos é muito arriscado e perigoso. Salonguinho é vingativo, também, já levou cada calote.

Depois caiu a ficha de que para fechar a porta eu precisaria remover um certo sujeito dela. Provavelmente não abriria uma fenda e engulharia ele. Quem me dera ser filha de Hades! Mas o que eu poderia fazer, ele era bem forte! Com certeza sairia perdendo se o enfrentasse em uma luta de UFC.

Para você que não é nutricionista. UFC significa União da força do Cálcio!

Por reflexo eu atirei o sapato. Não é como um K47 tendo como bala um Nokia AC (antes de Cristo). Mas acho que serviu! Por que sapato de Logan é sapato de Logan! Ele poderia ser processado por ficar fazendo bombas caseiras!

Adivinhem aonde eu acertei? Sim! Bem lá no meio mesmo. Foi proposital, eu tenho um boa mira. Anos fazendo arco e flexa adiantaram alguma coisa. Até ajudei a sociedade, assim ele não poderá ter mini pestes! Futuramente vou receber algum prêmio da ONU!

Troy Austin gritou algo entre Puta que pariu e Porra. Gostei de como ele conseguiu juntar os dois palavrões e ainda fazer uma cara de puro sofrimento. Até que eu poderia sentir dó, mas não consigo sentir isso enquanto dou risada.

Rolei no chão dando gargalhadas e o encarei enquanto se arrastava para fora do meu quarto. Será que ele rolaria as escadas? Se isso acontecesse era mais um motivo para não ter filhos, quer dizer, capetinhas Juniors.

Levantei capengando, eu parecia que estava fazendo parte de Triller do Mickael Jackson, sou a melhor em andar como se fosse um zumbi prestes a morrer gargalhando. As tentativas de parar as risadas eram quase impossíveis, mas tive que conseguir para poder acertar a chave na fechadura e tranca-la. Eu já disse que eu não consigo fazer duas coisas ao mesmo tempo!

Deitei entre as malas que estavam em cima da cama e devorei balas e mais balas. Agora da para entender por que os dentistas me odeiam. Eu tenho uma leve caidinha por balas, chicletes e coisas que tenham muito açúcar.

Algo se mexeu dentro de mim enquanto mastigava alguns chicletes. Eu não iria mais para Nova York. Eles não iriam mais me obrigarem, pelo menos, não se não conseguissem me arrancar desse quarto.

Infelizmente a sensação de vitória e proteção não durou muito tempo. Dizem que o que é bom dura pouco, mas como eu sou uma azarada deve ter uma cláusula no contrato de ditados que diz " mas para Amanda dura mais pouco ainda".

Minutos depois da minha dancinha de “Sou Foda”, murros e gritos estavam sendo jogados em direção da minha porta.

– Amanda! Abra isso agora! – Ouço alguém dizer, digo, berrar.

– Não vou! – Eu grito com a voz em barganhada. Claro que minha voz estava assim, mas era por que eu estava com o penúltimo Mentos na boca. Agora consigo visualizar as tiazinhas da creche que diziam para não gritar de boca cheia. Que elas explodam! Desculpa, não deveria falar isso, vai que acontece... Elas são bem gordinhas.

– Eu vou mandar o Marcos arrombar a porta. - Agora consigo reconhecer a voz, era papai. Pelo visto, estava furioso.

Marcos? Temos um funcionário chamado Marcos?

– Pode mandar esse homenzinho invisível com a serra elétrica invisível dele para tentar derrubar essa porta. – Eu digo dando uma gargalhada provocadora. – Só vou avisando, a porta é de madeira maciça.

Se meu pai pensa que consegue me enganar está muito enganado, não temos ninguém que trabalha aqui chamado Marcos. Se tivesse eu saberia! Não saberia?

Ouve um silêncio delicioso e mortal. Mas logo o barulho de chutes fortes na porta afastou aquela sensação perfeita.

Droga! Estou mais perdidas do que as pessoinhas do seriado Lost, e olha que eu nem assisto esse programa ridículo.

Os chutes foram ficando cada vez mais pesados, fazendo o quarto inteiro tremer. Marcos existia! E era bem fortinho... Merda de espinafre! Ele deve ter se sentido mal por eu ter falado que ele não existia, a namorada dele também não iria ficar nada contente se soubesse que eu tinha falado que sua serra elétrica era invisível.

Meu primeiro pensamento foi algo entre suicídio e suicídio. Eu poderia tomar Coca-Cola com o último Mentos do pacote, mas não teria um efeito tão grande. E também não queria procurar a Coca no meio das roupas sujas do Logan. Eu posso jurar que existe uma família de ratos felizes morando em uma meia do Logan. De vez em quando até vejo eles darem uma passadinha entre as Cuecas dele. Ratos também precisam passear em lugares novos.

Já que minha vida está acabada mesmo, eu poderia adiantar o processo.Olhei para a janela e o incrível barulho que balançava tudo, menos a porta cessou. Isso deve ser um aviso, talvez eu devesse pular.

Fui em passos lentos até a janela, contemplando uma bela vista branca. Claro que meus pais não seriam tão burros de deixar os vidros da janela abertos... Porra! Não estavam abertos, estavam escancarados. Era quase como um convite musical como Refrão “Pula! Pula! Pula! E a Amanda vai pular, e vai se arrebentar.” Não ficou muito criativo, se colocar um DING DIM DING DIM DIG DIM vai ficar uma beleza.

Encarei de novo a paisagem branca. Talvez não seria necessário eu pular. Por que eu posso sofrer uma hipotermia. Dizem que a mudança de temperatura brusca como do gelo para o inferno (que é para onde eu iria se me suicidasse) fazem mal para saúde. Então, é melhor evitar.

Estava observando a brancura do jardim. Era algo tão pacífico, bonito e... Branco! Que foi? Não costumo demonstrar muitos sentimentos!

Ouço alguém destrancando a porta e meu coração parou de bater. É lindo, porque meu coração tem amnésia e esquece de fazer a única coisa que ele precisa fazer que é bombear sangue. Viu? Até meus órgãos são inúteis.

Legal, eu já não estava querendo me matar, mas ninguém me ajuda. Vou ter que participar de um reallite show para pedir para as pessoas votarem no que eu devo fazer da minha vida, elas vão me amar , me apoiar e fazerem altares com a minha foto para poderem rezar por minha alma. Só rezando mesmo!

Um Logan sorridente aparece abrindo a porta. Ele teve que fazer uma entrada Diva, com direito a jogadinha de cabelo. Quem vê até pensa que ele é algum tipo de Deus do sexo, mas na verdade só pareceu um chover falido do Justino Bieber.

– Eu sabia que a chave reserva estava dentro da torradeira! – Ele diz distraído. Como se não tivesse reparado na minha existência.

– Não sabia não! – De repente a cabeça da minha mãe aparece na porta me observando. Quase congelei. O tempo não ajudou muito.

– Tudo bem, eu não sabia. – Logan diz com uma falsa desaprovação.

– Você ia pular? – Minha mãe pergunta erguendo forçadamente as sobrancelhas em uma careta.

Decidi ser um pouco dramática dessa vez.

– Sim! Eu ia pular. - Tentei manter as palavras confiantes.

Mamãe me encarou. Eu esperava que ela me dissesse para pular de uma vez, como era do jeito dela. Pra ela tudo é pratico, ladainha é para os fracos. Mas ela não fez isso, pelo menos não usou essas palavras.

– Então vai! Dê um salto mortal e vamos ver o que vai sobrar para o seu túmulo! – Ela disse como uma risada maléfica, apresento a vocês a nova Cruela, minha mãe.

– Não pula! Pelo amor de Deus! – Papai aparece empurrando Logan para fora do quarto. Até que enfim alguém que se importa comigo! – Primeiro me diga. Quer ser cremada ou enterrada mesmo?

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Ninguém se importa comigo. Vocês que estão lendo podem rir da minha desgraça alheia, mas tudo que eu quero fazer é chorar. Ir para uma cidade nova, fazer um curso bem longe do que você quer, ter contato com pessoas novas ( Eca!) e o pior de tudo, ficar sobre os cuidados de um garoto desconhecido ridículo que seus pais colocaram pra ser sua nova babá.

– Não quero nada. Quero-me ver livre desse peso! – Eu digo emburrada.

– Se for assim. – O senhor Muller diz pensativo. – Por favor, rapazes, recolham essas malas e levem para o carro do Troy.

– Desse peso, querida? - Mamãe pergunta pensativa. - bom, eu acho que você está bem assim. Mas se for o peso, você pode fazer o meu regime a base de melão. É milagroso! - Ela fala esperançosa e eu reviro os olhos.

R

e

Revirei os olhos enquanto via três caras pegando minhas malas.

– Não, eu não quis dizer isso.

– Chega de enrolação Amanda!

– Vamos Logo! – Troy aparece esmagado entre minha mãe e meu pai que dão espaço para ele passar. Puta que pariu! Ele está vindo em minha direção! Isso não vai prestar. – Mandy, você precisa de um abraço? – Desde quando ele me chama de Mandy? Ridículo!

– Não! Prefiro abraçar o diabo verde! – Eu digo irritada o matando lentamente com o meu olhar.

– Bom, na falta do diabo verde. Que tal o diabo com listras. – Ele aponta rindo para sua camiseta listrada.

– Não!

Ele invadiu o meu espaço. Pôs os pés na linha imaginária da privacidade. Eu não poderia fazer nada quanto a marca que ele ficou no braço. Eu não poderia fazer nada, mas o garoto de sardas com uma enorme fita adesiva na mão podia.

– Parece que vamos ter que amarra-la. – Logan diz sorrindo. Seus olhos castanhos demonstrando sua felicidade. – Meninas boas não mordem.

Não sei quando, nem como a minha vida deu essa boa deslanchada em direção ao fundo do poço. Mas agora eu sou uma garota totalmente amarrada no banco do passageiro de um carro desconhecido. Ainda tenho a promessa de que eu posso ir para o porta malas se fizer algo de errado. Bela droga!


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Notas finais do capítulo

Não esqueçam dos reviews!
XoxoDudamoura