Hate At First Sight escrita por DudaMoura


Capítulo 3
Isso se chama Ódio!




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Isso é uma puta falta de sacanagem! Sabe quem vai vir para minha casa para um “jantar” hoje? Não, o Papai Noel me rejeitou dizendo que tinha muitos brinquedos para tomar conta. Mas parece que Troy Austin não consegue tomar conta nem da vida dele.

O pior é que ele deve ser feio, muito feio, tão feio que chega a doer o meu pâncreas mesmo que eu não tenha visto a desgraça ainda. Ninguém que tem mocreias caindo aos seus pés precisaria cuidar de uma menina, não é mesmo? Deve ser aquela pessoa que tem cara de frigideira amassada com uma pinta que ocupa quase toda a região da bochecha esquerda e que faz piadas chatas que ninguém entende.

Ódio. É isso que eu sinto. Meu pai está me expulsando de casa. O que mais falta? Ele se esqueceu de dizer a frase dramaticamente usada no mundo do cinema: “Você está no olho da rua”. Só que eu não posso ir embora sozinha, ele tem que piorar tudo colocando alguém responsável e protetor atrás de mim. Já imagino até meu “Protetor” correndo de uma barata. Eu tenho pavor de baratas! E também tenho pavor do meu “Protetor”.

Peguei um vaso de flor em cima da minha cômoda. Em algum lugar eu vou ter que descontar minha fúria... Alguém já viu aqueles vasinhos que vendem enfrente ao cemitério com flores roxas que dão mais tristeza do que o próprio velório? Então, esse que a minha tia Lola tinha me trazido de presente. Por favor, titia, era melhor ter me dado um pacote de balas de Iogurte que vende no semáforo.

Preparo-me como se tivesse um explosivo em minhas mãos e não um vaso bobo. Mas toda precaução é valida, normalmente não me deixam com objetos de vidro no quarto. Eu quero ver todos os estilhaços do vidro atacando o chão!

Joguei o vaso com o máximo de força que eu tinha. Eu não tenho muita força, mas pelo amor de Deus!

– Merda. É de plástico! – Eu grito ao ver o objeto intacto. Parecia que aquele vaso me dizia “Sua inútil, não consegue nem me quebrar”.

Dou vários chutes naquela coisa, mas não tive nenhum sucesso.

– Filha! Posso falar com você?

Uma voz doce me tira do foco dos meus pensamentos terríveis. Aos poucos consigo ver uma mulher de vestido branco encostada preguiçosamente no batente da porta. Não poço descrever seus pensamentos, sua cara estava com uma expressão estranha. Era difícil ver minha mãe sem um sorriso enorme estampado no rosto.

– Claro! – Eu falo a observando caminhar até a beirada da minha cama com um olhar longe. – Mãe? Porque isso está acontecendo comigo? – Eu pergunto a ouvindo dar um longo suspiro e sentando na cama.

– Amanda. Eu sei que eu nunca fui uma mãe de dar muito carinho, nem muita atenção.

– É verdade, você sempre foi uma péssima mãe. – Eu digo irônica com um sorriso frágil. Como sempre ela deu uma gargalhada alta. Não é possível, ela consegue achar graça em tudo.

– Certo, eu sempre fui uma péssima mãe. Eu não tive muito tempo nem pra você, nem para o seu irmão. Nunca li aquelas histórias ridículas de Era uma vez para você antes de dormir. – É impressionante como ela da importância para cultura e infância – Resumindo, você foi criada por lobos assassinos. – Ela fala encarando as flores roxas no chão.

– Eu fui criada por empregadas e não por lobos assassinos mãe. – Mamãe olha para o horizonte enquanto põe uma mecha do seu cabelo loiro atrás da orelha.

– Da na mesma. Seu irmão reagiu positivamente bem com essa falta de “pais”. Ele procurou atenção de amigos e namoradas. Mas você fez amigos feitos de ar – Ela faz uma pausa pensativa. – Acho que estou esquecendo algo.

– Você está mesmo. Eu não tenho amigos de ar, já sou bem grandinha para ter amigos imaginários.

– Isso mesmo! Esqueci de completar a palavra. Eles são feitos de ar. – Ela da uma gargalhada antes de continuar. – De árvores.

– Mãe! – Eu digo revirando os olhos. Que coisa mais idiota. Eu mereço!

– Eu era que nem você. Eu amava livros! Ler é bom, mas não podemos deixar de viver para ler histórias dos outros. Temos que criar nossa própria história. Até hoje agradeço meus pais pelo que eles fizeram. Já te contei isso?

– O papai fez questão de contar, ele também fez questão de destacar a obesidade da vovó.

– É. Ela está bem gordinha mesmo. A vovó precisa maneirar nos doces.

– Mãe! Vamos continuar a conversa.

– Então, seu pai não tomou a decisão de te mandar para Nova York sozinho. Ele me ligou falando em Russo, só para você não entender muito bem. – Uma coisa boa e ruim de ter pais famosos é que eles falam várias línguas. – E foi eu que falei sobre você morar em Nova York e deixar o Troy cuidar de você.

– Então foi você a responsável por tudo isso? – Eu falo alterando a voz.

– Se você gritar comigo de novo eu vou enfiar um fio dental na sua guela e puxar seu estomago para fora. – Ela diz em tom autoritário me assustando. Cara, ela nunca falou comigo assim. – Brincadeira. Você precisava ver a sua cara de medo. – Ela diz se contorcendo na cama enquanto dava risada.

– Mãe!

– Tudo bem. – Ela diz se recompondo aos poucos. – Por experiência própria eu sei que isso vai ser o melhor pra você. Se não gostar, em um ano você estará de volta fazendo a melhor faculdade que o dinheiro puder pagar de engenharia. Mas esse ano você vai fazer matrícula em um cursinho de teatro e vai morar no mesmo prédio do Troy em Nova York.

– Que droga! – Eu grito jogando uma almofada no abajur. Preciso dizer que minha mira é ótima. Mas eu estava com tanta raiva que errei feio?

– Nossa! Que bravinha. – Ela fala com uma risada gostosa. - Isso tudo vai acontecer daqui uma semana, vai ter bastante tempo para jogar coisas, despedir do seu irmão e arrumar as malas.

– Sabia que eu te odeio? – Eu pergunto brava, tentando controlar a voz.

– Eu sou sua mãe, é sua obrigação me odiar. - Ela diz balançando a cabeça pra baixo e pra cima como um cachorrinho de brinquedo. - Vamos lá para baixo? – Ela pergunta inocente.

– Vamos! Estava doida para conhecer o inferno!

– Se você for para o inferno o capeta te devolve. – Ela diz, logo depois mandando um sorriso perverso. - O jantar já deve estar pronto e o nosso convidado já chegou. – Ela fala me puxando pelo braço.

Dou um longo suspiro entediado. Legal, vamos conhecer a mistura de Ogro com Lobisomem que vai ser meu babá.

– Seja educada com ele! – Mamãe diz pisando no primeiro degrau da escada.

– Pode deixar – Eu dou uma risada maldosa e ela me olha feio.

A imagem da pessoa feia que eu tinha construído na minha cabeça logo foi desmoronada quando eu vi o verdadeiro Troy Austin dando uma gargalhada alta na mesa de jantar.

Ele tinha cabelos castanhos levemente arrepiados, olhos verdes impactantes e sua camiseta preta deixava um pouco amostra seus braços fortes. Isso está errado! Mesmo ele sendo bonito... Tem alguma coisa errada nessa porra!

Tentei acreditar por um momento que eu me daria muito bem com minha nova babá, mas minha alegria durou pouco.

– Então essa é a Amandazinha? – Ele diz em tom irritante me encarando com um sorriso travesso.

Meu coração parou! Um ódio, uma raiva, algo fora do comum me invadiu. Como isso é possível? Eu simplesmente não fui com a cara dele, só isso. Meu santo não bate com o dele! Só se for de bater no sentido de porrada, aí sim.


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Notas finais do capítulo

Do fundo do meu coraçãozinho eu espero que vocês tenham gostado! Eu escrevi isso tudo hoje. Eu revisei, mas pode ter passado algum errinho despercebido. Me perdoem se isso aconteceu! Gostaram do Troy Austin? Não esqueçam dos reviews! Eles me motivam muito e também me ajudam na criatividade. Beijinhos amoresxoxoDudaMoura