Pov's Troy Austin

Eu parecia um bebê, por que não sabia fazer mais nada além de babar e olhar para coisas que chamavam atenção de bebês.Como um vestido muito brilhoso e muito decotado que a Amanda estava usando. O apartamento tinha virado uma creche, por que todos estavam encarando a Mandy do mesmo jeito e ela simplesmente estava com uma cara de derrame. Sei como é uma cara de derrame, minha avó já teve uma vez, mas ela usava um avental sujo de banha de porco, então foi um pouco diferente.

– Parem de me encarar! Eu li sobre uma pesquisa na super interessante que dizia que em momentos de grande desconforto a morte de neurônios é muito propícia e eu não estou disposta há ter meu QI reduzido á zero, como o de vocês. - Eu pensei que ela iria me dizer que faz promoção nas terças feiras na hora do seu turno, só que ela simplesmente continuava a mesma Amanda de sempre por dentro.

– Vocês não sabem a tortura que nós tivemos que enfrentar para deixar a Mandy - Um olhar mortal foi jogado em cima da Lola que pareceu menos empolgada agora com a promessa de assassinato. - Quero dizer, Amanda, mais normal.

Normal? Eu nunca esperaria nas minhas sete vidas(gatos tem sete vidas, certo?)que ela realmente fosse vestir aquele vestido. Normal pra mim seria ela ir pra balada com aquela coisa feita de tecido preto que as freiras usam. Talvez com um milagre divino as meninas poderiam convencer Amanda a vestir um short que aparentemente aparentava ser uma bermuda e uma camiseta escrito "Eu amo moléculas". Mas aquilo que aconteceu foi mais uma evolução de toda a espécie dela do que algo normal.

Bom, eu vou ser bem... Acabo de esquecer a palavra que eu uso para dizer quando vou falar a verdade, provavelmente se eu perguntasse pra Mandy ela me responderia e me chamaria de burro, eu não queria dar esse gostinho pra ela, principalmente agora que ela estava extremamente maravilhosa. De volta ao assunto da verdade, Amanda Miller era a garota mais linda de todas as minhas amigas, não estou exagerando, as outras também eram muito bonitas, mas Mandy não sabia o quanto ela era perfeita e esse jeito dela acabava totalmente comigo.Espera! Oque eu to falando? Só posso estar ficando louco pensando essas coisas cafonas.

– Austin? Acorda seu cabeça de Liposarcus multiradiatus! - Alguém estava gritando comigo e batendo na minha cabeça. Demorei poucos segundos pra lembrar que eu ainda morava, você sabe, no planeta Terra.

– Oque diabos é Liposarcus multiradiatus? E onde estão os outros? - Eu ainda estava um pouco confuso e o vestido dela me cegava, mas me cegava de um modo bom.

– Não é um diabo, é um peixe popularmente chamado de bagre, reconhecido pelas pessoas por uma criatura nada inteligente. E eles já foram, você disse que eles podiam ir na frente, por que não ia caber todo mundo em dois carros.

– Eu disse isso? Como esqueci do que eu falei? - Óbvio que eu já tinha a resposta, aquele decote da Amanda não me deixava prestar atenção em nada mais e também era óbvio que eu não ia falar isso pra ela. Vai que ela fique com vergonha e coloque um armadilha de urso em forma de casaco por cima.

– Claro que disse! Sabe, as vezes acho que você parece ser um ser humano, mas tem o cérebro de um de nossos antecessores menos evoluídos.

– Vai se fuder, Mandy! Por que não foi com eles então?

– Por que confio menos neles do que em você. - Amanda disse olhando pro chão.

– Você confia em mim? - Fiz uma careta em desconfiança. Se aquilo fosse verdade ei iria fazer uma dancinha da vitória com a música do The Wanted.

– Não. Eu só estava com medo de ir com eles e cair no carro onde está aquela capeta, digo, garota, com os olhos diferentes. Morro de medo daqueles olhos, a natureza não costuma errar tanto e também quanto mais você demorar menos tempo eu tenho naquele inferno, estou sendo sincera. - Isso! Era essa palavra que substituía falar a verdade, sinceridade. Como pude esquecer?

– Você não tem coração! A Sheyla não tem culpa de ter olhos assim. - Eu dei risada. Como alguém pode, além de mim, zoar com a desgraça alheia? Que sacanagem!

– Claro que eu tenho coração! Todas as pessoas que vivem precisam ter um coração pra bombear sangue, se não elas morrem. Como você consegue?

– Como eu consigo oque?

– Como você consegue ser tão burro! Até parece, uma pessoa que não tem coração, isso não existe, há não ser um cadáver.

–Vamos logo! Não vou mais atrasar!

– Mais que merda!

A balada era bem perto e durou uns dez minutos de viajem, mas parecia ter durado uma hora, por que, como sempre, eu e Amanda fomos xingando o tempo inteiro. Sinto que quando nossas brigas não acontecerem mais, vai faltar alguma coisa dentro de mim, não um coração, por que vocês lembram do que ela disse, precisamos dele pra bombear sangue.

– Chegamos!

– Já? Mas que droga! Eu ainda tinha esperança que o carro tombasse e acabasse logo com isso. - Ela deu um sorriso maléfico de lado.

Revirei os olhos e voltei eles pra ela novamente, bem a tempo dela abrir a porta segurando o manual do carro.

– Oque você está fazendo? - Eu estava surpreso, mesmo considerando que quem estava fazendo isso era Mandy.

– Levando a única coisa que eu achei pra ler nessa festinha aí. - Amanda falava com tanta naturalidade que parecia que ela estava levando vodca pra balada, não o manual do meu carro pra ler enquanto todo mundo se diverte.

– Isso é ridículo! Você não vai entrar com isso.

– Tudo bem! Ou eu entro com isso, ou eu não entro. É muito simples, você decide! - Falou dando uma piscadinha e se apoiando no carro, como se a minha decisão fosse demorar tanto.

Vocês já sabem oque eu escolhi e não me chamem de fraco. Eu pensei que eu ia passar vergonha com ela levando aquilo, mas na balada estava todo mundo tão bêbado que a senhorita Miller com aquele vestidinho parecia que carregava o Livro cinquenta tons de cinza pra testar com alguém ali alguma posição indicada no livro.

Assim que entramos já ouvi a pessoa que estava do meu lado reclamar das luzes,do som e do vestido extremamente apertado.

– Você sabia que frequentando esses lugares com essa música, quer dizer, com esse barulho tão alto, você provavelmente vai estar surdo aos 36 anos. Ah! Você não sabia, por que você é um idiota! E essas luzes é como se você estivesse vendo diretamente o sol, pode queimar a sua retina.

– Já terminou?

– Não! Esse vestido está me deixando sem ar, ele pode deixar os meus pulmões falidos. Foi por isso que você me trouxe aqui? Pra eu ficar surda, cega e com ausência dos meus dois pulmões?

– Quer saber de uma coisa? - Eu já estava perdendo a paciência com ela.

– Não! Eu já sei de todas as coisas e não vai ser você que vai me mostrar coisas que eu não sei. - No momento eu imaginei uma coisa muito nova e muito maliciosa pra eu ensinar pra ela. Era melhor eu me afastar antes de explodir.

– Você vai ficar aqui. - Apontei um banco pra ela. - Vai ler o manual e tomar um refrigerante ou oque você quiser. Daqui a pouco eu volto!

– Okay! Não preciso de você mesmo! - Hoje Amanda conseguiu ficar mais insuportável do que ela já era. Como você pode fazer isso Senhor? Quanto mais eu rezo, mais Amanda de TPM eu recebo.

...

Eu já tinha dançado e bebido um pouco, mas não tinha conseguido ficar com ninguém. Estava me sentindo meio culpado por deixar uma garota que nunca tinha vindo em uma balada e não conhecia a maioria das coisas da vida normal, sozinha. Eu sou um monstro mesmo! Talvez eu não tenha um coração, talvez eu não passe de um defunto

Corri até a cadeira, onde eu tinha deixado ela, mas minha surpresa não foi que ela não estava sentada ali, eu fiquei realmente abismado(palavra que eu lembro ter aprendido com ela) com o fato dela estar dançando totalmente bêbada com o bar man á dois metros dali.

Meu impulso era pega-la pelo braço e arrasta-la até a saída o mais rápido possível, eu não fiz isso, bom, eu vou ser sincero( dessa vez eu lembrei) foi exatamente oque eu fiz. Como assim Amanda estava dançando com o Bar Man? Isso é um absurdo! É loucura! Ela não pode sair dançando bêbada com qualquer um! Mandy não deveria nem estar bêbada!

Ela não queria sair da balada, jamais pensei que algum dia aconteceria isso, pensei em beliscar Amanda pra ver se ela gritava e confirmasse que eu não estava tendo um pesadelo.

A cada passo que eu dava em direção á saída, Mandy cambaleava e dava dois passos bem tortos em direção ao balcão. Eu estava começando a pensar e decidir que daquele jeito eu nunca sairia de lá.

– Para com isso! Nós vamos pra casa!

– Mas eu não queri ir, Austin! Eu quero beber mais um refrigerante!

– Aquilo não é refrigerante! Aquilo é tequila!

– Eu não sou burra! Sei diferenciar tequila de refrigerante. Tequila é uma palavra mexicana... - Sabia que aquela era a melhor hora de pegar ela no colo e sair logo dali, ela sempre ficava concentrada demais nas explicações dela a ponto de nem perceber que seus pés não encostam mais no chão.

Tentei não perder o equilíbrio, por que mesmo só tendo bebido um copo de vodca, um bêbado carregando o outro não era nada difícil dos dois caírem. Ainda mais quando a que está sendo carregada fica se debatendo e me dando tapas no braço pedindo mais refrigerante.

Quando eu estava na saída, quase andando ajoelhado, uma voz extremamente conhecida gritou o meu nome, aquilo só podia indicar mais problemas.

– Troy, precisamos conversar, eu posso até esquecer que você está carregando outra no colo... - Vanessa gritou enrolando uma mecha de cabelo em um dedo.

– Vai se fuder! Sua vadia! Tenha vergonha na cara e vá pra um puteiro. Para de perseguir meu Austin. - Meu Austin? Ela só podia estar muito bêbada pra falar aquelas coisas, mas antes que elas começassem uma boa treta disputando o meu coração (Poxa! Acabei de lembrar que eu não tenho um coração! ) eu joguei Mandy no banco de trás rezando para todos os santos que eu lembrava o nome pra que ela não vomitasse no meu estofado. Com um terço na mão eu dei a partida.

...

Coloquei Amanda na cama quando cheguei, eu não iria dar banho nela ou qualquer coisa que me fizesse ser um morto amanha. Por isso decidi dormir no sofá,mesmo colocando minha coluna em risco, já que já era bem arriscado ela acordar e perceber que estava no meu apartamento e na minha cama.

Mas eu sentia que estava faltando alguma coisa essa noite e tive que voltar pro meu quarto e sentar ao lado dela na cama.

Amanda me encarava sorrindo, parecia ser muito simpática bêbada, se não acordasse amanha pior do que é normalmente por causa da ressaca.

Uma coisa meio doida veio há minha cabeça, no começo tentei afastar esses pensamentos, mas depois pensei, porque não?

– Sabe Mandy, eu não fiquei com ninguém hoje e acho que você não vai lembrar disso amanha. Você deixa eu... Ahn... Você sabe...

Ela concordou com a cabeça e chegou mais perto de mim cambaleando um pouco. Mandy só podia estar muito bêbada mesmo. Será que é pecado abusar de uma pessoa naquele estado?

A forma com que ela respirava tão perto de mim me deixava um pouco nervoso. Oque eu acabei de dizer? É só um beijo, Troy, relaxa! É como se ela tivesse morta, não vai lembrar disso amanha.

Afastei o meu corpo dela e a encarei assustado. Meus pensamentos vão me destruir! Como eu posso ser tão bobo?

– Você não está morta, né? Você ainda tem um coração, certo?

– Sim. - Ela respondeu simplesmente, chegando mais perto de mim de novo.

– Sim, você tem um coração, ou sim você está morta?

– Não, eu não estou morta. Sim, eu tenho um coração que bombeia todo o meu sangue como se fosse um filtro. E sim, eu quero te beijar.

Ela acabou com o espaço que havia entre nós e me beijou timidamente

Tenho que dizer que foi muito melhor do que se eu tivesse pegado vinte garotas hoje. O beijo dela tinha duas coisa que eu amava: Gosto de Tequila e mordidas. Mas ainda assim, tinha jeito de Amanda, por que nossos lábios brigavam entre o beijo.