Hate At First Sight escrita por DudaMoura


Capítulo 18
Tomate torrado por causa do sol


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura! Desculpem eventuais erros de português...



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– Você está arrancando meus olhos, porra! - Eu gritava enquanto uma das amigas de Austin, que eu não tive o trabalho de saber o nome, passava um lápis preto dentro dos meus olhos. Eu acho que eu tenho que começar a prestar mais atenção nos nomes das pessoas, caso elas causem algum dano á minha retina eu tenho que saber quem eu vou processar.

– Não estou arrancando seus olhos, mas vou arrancar se você continuar piscando desse jeito. Até parece que nunca passou lápis na vida. Você vai ficar linda com esse delineador, eles destacam bem a cor dos seus olhos. - Tenho certeza que ela fala isso pra todo mundo, até para aqueles que nem possuem olhos.

– A unica restrição era eu não ir de moletom. Agora vocês acham que eu estou naqueles programas do tipo " Me Arrumem um marido" que as tias deixam a mulher tão puta que ela ganha praticamente um marido por noite e o dinheiro que ela cobra por hora vem de brinde.

O coreto das cinco garotas, que estavam se refugiando do movimento contra vadias no meu quarto, murmuraram palavras descordando de mim, mas eu já estava um pouco cansada daquilo.

Era um pouco cômico ter toda aquela "equipe" para me deixar arrumada, como se eu tivesse prestes a ganhar um Nobel de melhor criadora de pandas detetives assassinos do mundo. Eu vou colocar um desses pandas atrás de Troy Austin se ele não lavar a minha louça pelo resto da vida dele, por que estou aguentando muito mais que o planejado. Eu não nasci pra isso!

– O que você acha desse sapato, Mandy? - Uma das garotas levantou o sapato ao alcance dos meus olhos, já que eu não podia nem me mexer com tanta gente trabalhando no meu cabelo, maquiagem, unhas...

– Bom, você não tem intimidade pra ficar me chamando de Mandy, por que eu não te autorizei e também não sei seu nome, quem dirá seu apelido. E mais uma coisa querida, isso não é um sapato, é uma Havaianas com uma régua de 30 centímetros pendurado embaixo dela. - Só quero deixar claro que eu ganho pra servir café agora e não para ser simpática.

– Nossa! Nem é tão alto assim! Mas já que você não quer, eu vou ter que achar uma sapatilha que combine com o vestido. - Parece que o nível de burrice dela nem entendeu a minha patada.

– Vestido? Que vestido? - Acabei engasgando um pouco com um pó meio rosa que estava sendo passado na minha bochecha. Será que ela disse vestido no sentido de roupa que é uma camiseta remendada com uma saia? Por que se for isso eu não vou usar nem ferrando.

– Sim! Isa, você que já terminou de pintar as unhas dela, pega aquela sacola pra mim, por favor. - Eu nem tinha reparado que minhas unhas já tinham sido pintadas, deve ter sido por causa do meu cabelo que ficava na minha cara enquanto alguém escovava, e quando o cabelo não estava na minha cara, sempre tinha um pincel assassino dando retoques com algum tipo de pó perto dos meus olhos.

Eu vi a menina que devia chamar Isa apanhar a sacola que estavam na mão do Austin e tirar de lá um vestido que tinha as medidas certinhas pra uma Barbie, eu duvido muito que algum ser humano consiga entrar naquela armadilha de tortura, digo, vestido. Por que além de ser tamanho MBB( Modelo Barbie com Bulimia) ele tinha um decote enorme e continha vários brilhos pretos. Tenho que admitir que um vaga lume usaria aquilo para disfarçar luzes amarelas indesejáveis.

– Esse é seu vestido! Acho que vai ficar bem em você! - A menina das havaianas estilo régua disse com um sorriso enorme de empolgação, porém esse sorriso logo foi pro Tártaro.

– Eu não vou usar isso! Nem que me carreguem forçadamente até lá! Não vou mesmo! - Eu gritei balançando a cabeça em uma negativa.

As meninas logo pararam forçadamente de me retocar e eu não ouvia mais nenhum barulho de secador, apenas tinha silêncio e olhares que iam de mim até o vestido e do vestido até mim. Aquele clima no meu quarto de ideias revolucionárias de como fazer uma garota Nerd usar um vestido MBB estava me deixando estressada.

– Vocês tem certeza que eu não posso ir de burca? - Perguntei fazendo biquinho.

– Mas nem que a vaca tussa! E pare com isso, se não você vai estragar o batom.

Passou uns 3 segundos e uma das garotas espirrou. Não teve jeito, todas começamos a rir, menos a menina com gripe suiná, ou melhor, bovina. Bullying é muito engraçado quando não estão cometendo comigo.

– Então, já que a vaca já tossiu,o que vocês acham de me deixarem ir...

– Estamos indo pra balada, não pro convento! - Eu tenho medo daquela menina, juro que tenho. Por que ela tinha um olho castanho e o outro verde... Na minha cabeça olhos assim eram coisa do capeta, ou talvez eles só me intimidavam mesmo. - Agora, você vai ir até o banheiro e colocar o vestido. Eu não gastei meu tempo dando um jeito no seu cabelo pra você fazer essa palhaçada. - Ela era o tipo de pessoa que alguns dizem que tem "estilo mãe".

– Mas! - Por que eu ainda tento contestar contra aqueles olhos estranhos? Colocar aquele vestido ia ser fácil, só ia ser difícil sair com ele pra uma balada. Na verdade eu não tinha certeza do que era uma balada, só sabia que era uma festa com um monte gente tosca.

– Nada de mas! Agora vá lá colocar o vestido! - Aonde Troy Austin arruma amigas assim? Fora os idiotas dos amigos deles que estão sentados no meu sofá assistindo algum jogo inútil que tem um objetivo inútil!

Óbvio que eu obedeci e fui direto para o banheiro me trocar.Com certeza eu teria pesadelos com aqueles olhos estranhos e furiosos, como a natureza pode fazer isso? Ou talvez seja o meu problema e não o problema da natureza.

A parte de que colocar o vestido seria fácil estava totalmente errada. Eu mal consegui fechar o zíper, já estava disposta a me inscrever naqueles programas de emagrecer na floresta sem comida quando o zíper desafiou a lei da gravidade e resolveu me obedecer.

Abri a porta do meu quarto e haviam cinco rostinho curiosos me encarando. Não sei o que elas viam demais na desgraça alheia. Só sei que os olhos de todas estavam esbugalhados e eu estava prevendo elogios envergonhosos como "Como você está gata, já pode pegar sua bolsinha e fazer seu turno".

– Vamos logo! - Eu disse calçando uma sapatilha azul escuro avulsa e correndo para a sala, logo eu ouvi passos atrás de mim dizendo algo sobre eu nem ter me visto no espelho ainda. Eu não queria ver minha forma de palhaça não, muito obrigada pela sua preocupação em garantir a minha vergonha, querida.

Naquele ponto eu estava querendo acabar logo com isso. Quanto menos tempo melhor! Bendita hora que eu fui seduzida pelo nome de um livro raro e troquei a última gota de dignidade que eu tinha pelo nome da química e por um escravo que lavasse minha louça.

Eu entrei correndo na sala e já estava com a chave na mão, não sei aonde eu tinha pegado ela, talvez o desespero tivesse feito a chave aparecer de algum jeito, ou não.

O barulho da porta sendo aberta me fez virar para conferir se todos estavam prontos para ir, mas eles não estavam. Todos os garotos estavam sentados no sofá paralisados e me encarando de cima para baixo. Na hora eu senti todo o meu sangue subindo para as minhas bochechas e eu devia estar parecendo um tomate torrado por causa do sol.

Depois de alguns segundos de paralisia as garotas chegaram até a sala e todos estavam comentando em sussurros dizendo que eu estava linda, o que eu achei meio exagero e falsidade, mas a vida é assim...

– Quem é você? O que fez com a Mandy? E quanto você cobra a hora?

Se vocês tiverem idade mental maior que de uma criança de dois anos, vocês vão saber de quem foi aquela voz irritante e extremamente aguda que me disse isso.


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Notas finais do capítulo

Não esqueçam dos reviews!