Jack’s pov

Acabei por pedir a Maia que desistisse por um tempo. Crystal estava começando a ficar realmente irada quando ela tentava falar algo sobre eu existir. Passei a observar a rotina dela, sentado na árvore sem folhas na frente da casa dela [o Noel está dizendo que eu sou stalker, mas claro que não, eu só estava esperando o momento certo pra fazer ela acreditar! Puff!].

Acordar as 9:30, violino as 10:15, almoço, geralmente TV ou ligar pra alguma amiga, saí de vez enquando no final da tarde com a câmera e tira fotos de paisagens e do por do sol.

Viu? Nada de satlker aqui. E a culpa não é minha se ela age quase em uma rotina... mas não hoje.

Me sentei na mesma árvore mais ou menos na hora que ela costuma acordar, mas por algum motivo pouco depois de que eu encostei no tronco, Crystal já estava saindo de casa.

Segui enquanto ela corria pra casa de Maia, que já estava na porta a esperando, e elas passaram a correr juntas, pensei que talvez fossem ao parque ou algo assim, mas elas estavam chateadas, e o parque é pra direito, direção que não tomaram. O que, pelo amor das areias do Sand, as faria acordar cedo, correr por aí, como se nunca tivessem discutido?

Segui sendo levado pelo vento, pouco acima das cabeças dela, e fui notado pela Maia, mas que só sorriu de leve continuou correndo. Depois de uns 15 minutos elas pararam num dos parques mais movimentados, e que mesmo pra um parque movimentado, estava simplesmente lotado! Uma multidão parecia seguir alguém. Sobrevoei mais alto pra que pudesse ver o que estava acontecendo. Uns garotos, adolescentes, estavam visitando o parque, algo assim, e deviam ser famosos e adorados pelas garotas, por que tinham seguranças e todas, todas a garotas estavam gritando. Só me faltava essa, um bando de fangirls. Eu teria fangirls, se elas acreditassem em mim. Vi que Crystal e Maia não estavam mais no final da multidão, deviam ter se embrenhado no meio, ótimo! Vamos brincar de pictureka agora! ¬¬

Crystal’s pov

Não acredito que eles estavam ali! A 15 minutos da minha casa! Quer dizer 30, mas 15 se for correndo! Eu acabei me separando da Maia, mas eu acho ela depois. Me espremi pro meio da multidão que os circulava até quase chegar na frente. Eu consegui ver eles, mas as pessoas quando eles passavam começaram a se agitar tanto, me imprensar e empurrar que eu fui sendo arrastada pelo meio da multidão, tropeçando e com varias outras garotas pisando no meu pé, procurei a saída daquilo o mais rápido possível. Quanto mais eu demorava a sair dali mais eu ficava ofegante, acho que nunca percebi mas eu fico claustrofóbica no meio de muitas pessoas. Quando finalmente consegui sair, uma garota que parecia estar na mesma que eu acabou por cair e me empurrar. E outra coisa que não percebi antes também, foi que saí justamente na beira de um lago congelado. Por causa do impulso que a garota caindo fez sobre mim eu acabei por cair no gelo e escorregar alguns metros depois. Me sentei apressadamente respirando rápido, adrenalina correndo nas minhas veias. Depois de me acalmar um pouco, foi só aí que percebi a dor lancinante na minha mão direita. Olhei pra ela e vi que ela estava ensopada de sangue, e um caminho por onde eu havia escorregado e passado a mão por cima do gelo também, a partir de uma irregularidade no gelo, tão afiada quando um pedaço de vidro.

Segurei a mão direita com a esquerda sem saber direito o que fazer, sem mesmo coragem de fazer, mas não foi preciso. Uma camada de flocos de neve começou a se formar sobre o corte, diminuindo a dor e fechando o corte, coisa que neve normal não faria... e por um minuto eu acreditei, e olhei pra frente, os olhos azuis me fitando a mão pairando sobre a minha, os pés descalço no gelo como se fosse um chão de granito, não gelo.

–J-Jack Frost? – Gaguejei ainda segurando minha mão, ele sorriu, me colocou em pé, me tirou do lago congelado e voou pra longe, me deixando pasma, no meio de um dos parques mais movimentados da cidade. E o mais estranho de tudo foi que eu comecei a rir.