No dia seguinte, acordei em cima da hora de ir trabalhar. Fiquei deitada, encarando o teto, sem vontade de fazer nada. Alcancei o meu celular, que estava no criado-mudo e o peguei. Liguei para a Sara, disse que tinha acordado passando mal e que não iria trabalhar, para que ela ficasse no meu lugar. Por um momento ela desconfiou, perguntou porque eu não coloquei o Gil no meu lugar e perguntou também sobre o jantar de ontem. Por sorte, consegui convence - lá que estava tudo bem comigo e pulei as perguntas sobre Gil.

Gil Grissom:

Estava sentado a sala de descanso, esperando Catherine entrar para que pudéssemos conversar. Já tinha ido a sua sala e visto que ainda não tinha chegado.

SS: Bom dia pessoal. - Entrou, com papéis na mão

GG: Cadê a Catherine?- Falei claramente nervoso, levantando da poltrona.

SS: Ela está em casa, não vem hoje. Disse que acordou passando mal.

GG: O que ela está sentindo?

SS: Dor de cabeça, eu acho. E, nós dois sabemos o porquê.

GG: Ela te contou?

SS: Claro, eu sou a melhor amiga dela.

GG: E ela disse mais o que?

SS: Que só ia jantar com a sua mãe, porque te ama demais.

GG: Ah, foi isso que ela te disse?- Falei aliviado.

SS: Claro, o que mais ela me diria?- Riu.- Rick e Greg, acidente de carro.- Entregou o endereço à eles.- Nick e eu, assalto. Espere-me lá no estacionamento.- Entregou o mesmo para ele.- E você, roubo de moto.- Entregou o papel para mim e saiu em direção ao estacionamento.

Sai logo em seguida da sala, andando desolado pelos corredores. Escutava uma voz me chamar, logo atrás de mim, eu conhecia, era Heather. Ignorava, andava cada vez mais rápido, virando corredores, chegando cada vez mais perto da recepção.

HK: Gil!- Gritou, segurando o meu ombro, me fazendo parar.

GG: O que você quer?- Falei grosso, tirando a sua mão de mim.

HK: Nós precisamos conversar.

GG: Eu não tenho nada para falar com você! Vocês e a minha mãe acabaram com o meu casamento, acabaram com o meu romance com a Catherine, não estão satisfeitas?

HK: Eu não fiz nada! Eu nem comentei o que houve no passado, foi a sua mãe! Culpe-a, não a mim.

GG: Tanto faz, você poderia ter a feito parar!

HK: Eu? Eu não sou o filho dela, você que deveria ter a feito parar! Você que deveria ter defendido a sua noiva, não eu!- Eu a olhei, em silencio. Não tinha como retrucar, ela estava certa.- Quer saber, quando você está no seu juízo perfeito, a gente conversa.-  Saiu perto de mim, indo em direção ao outro corredor. Eu dei de ombros, e continuei andando até o estacionamento.

Entrei no meu carro e segui o endereço que estava no papel. Recolhi evidencias, fiz tudo que deveria fazer e logo voltei ao departamento. Passei o turno todo em silencio, apenas resolvendo o meu caso sem falar nada com ninguém. Logo no seu fim, fui em direção ao vestiário. Abri a porta do meu armário, e peguei o anel que tinha dado a Catherine, fiquei olhando-o por inexatos minutos, sentado no banco. Sem perceber, caia lagrimas dos meus olhos. Não me preocupava em limpa-lás, as deixava cair por toda a minha camisa. Levantei do banco, coloquei o anel no meu bolso e bati a porta do meu armário com força.

Sai do departamento em passos apressados, praticamente correndo. Pessoas que cruzavam comigo no corredor, me olhavam, sem entender o motivo da minha pressa. Entrei no meu carro, pisei fundo no acelerador e sai dali o mais rápido que eu pude. Dirigia desolado, totalmente desgovernado durante todo o caminho. Enfim cheguei ao meu destino, não sabia nem ao certo como cheguei à casa da Cath inteiro. Sai do meu carro, atravessei a rua, parei diante a porta e comecei a bate-lá com força.

GG: Catherine! Catherine!- Gritava.- Nós não podemos terminar assim!- Gritava desesperadamente, em meio ao choro. Encostava o meu ouvido na sua porta e não escutava nenhum barulho na casa. Abaixa-me, olhando pela fechadura, não via nenhum movimento da mesma.

Resolvi então dar a volta na sua casa, pulei o seu muro, peguei algumas pedras que se encontrava em seu jardim e comecei a taca-lás na janela do seu quarto.

GG: Catherine!- Gritava o mais alto que eu podia.

CW: Gil?- Abriu a porta dos fundos, encostando-se na mesma, me olhando sem entender a minha atitude. Andei, ou melhor, corri até a ela, a puxei pela cintura e a beijei intensamente, que correspondeu, surpresa. A encostei na pilastra, intensificando o beijo. Até que ela me afastou, se distanciando de mim.- O que foi isso? Eu não disse para você não vim atrás de mim?

GG: Eu te amo Catherine, eu não posso te perder novamente.- Segurei o seu braço.- Eu sei que ontem você estava nervosa e não queria dizer aquelas coisas, eu sei que você me ama também. Por favor, fica comigo. Eu não agüento passar mais um dia sem você! Hoje foi o pior dia da minha vida, eu estava lá, trabalhando, mas pensando inteiramente em você. Eu não posso fica assim para sempre, eu não posso ficar com esse vazio no meu peito, eu não posso te perder por uma besteira que aconteceu entre mim e Heather, no passado!- Aproximei-me dela novamente, passando a mão no seu rosto.

CW: Você vai ter que aprender então.- Tirou a minha mão de seu rosto.- Eu já disse que acabou, eu não quero mais casar com você.

GG: Ok, tudo bem. Sem casamento. Nós podemos cancelar data até você ter certeza, não tem problema. Quando você estiver pronta, nós nos casaremos.

CW: Você não entendeu ainda?- Aumentou o tom, fechando a porta dos fundos.- Não existi mais nós! Eu não quero casar, eu não quero mais namorar com você, acabou!

GG: Você não pode terminar tudo assim.- Aproximei-me novamente dela.- Eu te amo Catherine e eu sei que por mais confusa você esteja, me ama também! Você não pode me deixar assim, não pode acabar comigo desse jeito!- Olhava-a fixamente, a mesma estava sem reação, segurando o máximo que podia as suas lagrimas.- Esquece casamento, mas por favor, não saia da minha vida. Não peça para eu ser feliz com outra, sendo que eu sou completamente apaixonado por você e você por mim. Peça tudo que você quiser, eu faço de tudo para te-lá de volta. Eu só não quero ficar com esse vazio dentro do meu peito, essa sensação que falta algo, ou melhor, falta você perto de mim.- Acariciei o seu rosto, a beijando delicadamente. Por um momento ela correspondia, no outro, ela me empurrou de uma forma violenta.

CW: Vai embora!- Apontou a saída.

GG: Não, eu não vou. O que está acontecendo com você? Não gosta mais do meu beijo?- Falei baixo, tentando me manter calmo.- O que eu te fiz de tão grave?

CW: Você realmente quer saber?- Olhou-me diretamente pela primeira vez.- Você escondeu de mim que namorou aquela mulher que mora com você e me deixou acreditar que vocês nunca tiveram nada. Não me defende da sua mãe, que sempre me humilhou e você nunca foi capaz de dizer absolutamente nada. Foi isso que você fez de tão grave.

GG: Perdoe-me, eu posso consertar! Eu vou pedir para a Heather sair da minha casa hoje mesmo, vou falar para ficar hospedada em um hotel até conseguir um lugar onde morar. Vou conversar com a minha mãe, vou resolver tudo. Como eu já disse, eu faço de tudo para ficar com você novamente!

CW: Você não entende, isso não vai adiantar nada! Eu não quero casar com um idiota, que vai deixar todos pisarem em mim e não vai falar nada! Eu quero com um homem, que demonstre todos os dias que me ama de verdade, que cuidará de mim.

GG: Eu não sou esse homem?

CW: Parece que não.- Suspirou. Deu ás costas para mim, andando em direção a sua sala. Eu ia logo atrás dela.- Agora, saia por favor.- Abriu a porta.

GG: Isso é tudo?- Falei desolado, tentando encara-lá nos olhos, mas ela virou o rosto.

CW: Sim.- Insistia na porta.

GG: Você pode, pelo ou menos, guardar isso?- Botei a mão do bolso, a tirando com o anel. Ela olhou para a palma da minha, em duvida.

CW: Não, melhor ficar com você.- Empurrou a minha mão devagar, recusando.

Mais uma vez, fui levado pela emoção. A puxei pelo braço, em um ato de força e a encostei na parede, empurrando a porta com o pé. Segurei os seus braços contra a parede, prensei o meu corpo contra o seu. Sentia o seu calor novamente, via desejo por mim nos seus olhos azuis que me encaravam surpresa. A beijei, intensamente, não deixando-a me empurrar novamente. Soltava o seu braço devagar, descendo para a sua cintura. Ela me abraçou, correspondendo ao beijo sem hesitação.

Fomos parando devagar, bem devagar, o nosso beijo. Ele me encarava, sem palavras. Trocávamos olhares, surpreendentemente, carinhosos.

CW: Vai embora, por favor.- Sussurrou.

GG: Você não quer que eu vá, eu sei.- Mantinha o sorriso, dando-lhe um selinho.- Eu sou louco por você, completamente apaixonado. Eu vou te mostrar que o seu lugar é comigo. Você é minha, nunca se esqueça disso.- Sussurrei no seu ouvido.- Você pode não me querer hoje, pode estar confusa o quanto for, mais você me ama e quer sim se casar comigo, eu sei... Eu não vou desistir de você, mesmo você me ignorando ou tentando pisar em mim. Eu não vou desmarcar o nosso casamento.- Ri, voltando a encara-lá nos olhos.

CW: Vai ficar feio, você lá na frente, esperando uma noiva que não vai aparecer.- Ironizou.

GG: Você não vai me deixar plantado na frente do altar.- Acariciei o seu cabelo.

CW: Vamos ver se não.- Falou sarcástica, dando um leve empurrão em mim. Abriu a porta novamente.- Agora vai embora. E se não quiser levar um chute, não me beije de novo.

GG: Você já sabe a data e o local, tenho certeza que não vai esquecer o casamento.- Sussurrei, sorrindo sarcástico. Abaixei, colocando o anel no chão.  Depois que eu levantei e antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, ela fechou a porta.