GG: Olha.- Virou-me para ele.- Eu prometo que você não terá que aturar a minha mãe por muito tempo. Só um pouco, quase nada.- Segurou as minhas mãos.- Faz isso por mim, por nós dois, meu amor.- Sorriu, me olhando diretamente. Ele foi tão convincente, que conseguiu tirar a minha afeição de raiva e por um sorriso em meio aos meus lábios.- Esse sorriso tão lindo, é um sim?

CW: É sim.- Sussurrei, o olhando diretamente. Aproximei-me dele, o beijando lentamente e o abraçando.- Mas, é só um pouquinho.- Sussurrei.

GG: Ok.- Falou no mesmo tom que eu.- Eu tenho que trabalhar agora, o Greg deve estar me esperando.- Se distanciou de mim, dando-me um selinho e indo em direção a porta.- Até mais tarde, eu amo você.- Sorriu, abrindo a porta.

CW: Eu também.- Respondi com um sorriso, o vendo sair.

Logo depois que ele saiu, me joguei na poltrona, respirando fundo. No meu rosto, criou-se uma afeição preocupada, sabia que essa noite seria fácil e muito menos agradável para mim.

Passou-se o turno rapidamente, o cumpri todo dentro do departamento. Entre salas e laboratórios. Fechando casos, arquivando, resolvendo papeladas na minha sala em geral. No final do mesmo, arrumei a minha sala, organizando-a ao máximo. Peguei a minha bolsa e fui em direção ao vestiário. Abri o meu armário, trocando de roupa e passando uma leve maquiagem.

GG: Isso tudo é para mim?- Riu, encostado na porta, me observando.

CW: Para quem mais seria?- Brinquei, me aproximando dele e o beijando.- Podemos ir?

GG: Claro.- Segurou a minha mão, entrelaçando os seus dedos no meu. Andávamos juntos em direção ao estacionamento, ele abriu a porta do seu carro para mim e entrou no banco do motorista.

Dirigia devagar, em direção a sua casa. No carro estava absoluto silencio, eu apenas olhava o céu.

GG: Chegamos... Está dormindo?- Olhou-me.

CW: Não, só estou quieta.- Sorri, abrindo a porta do carro. Ele saiu do mesmo, dando a volta e ficando ao meu lado. Entramos na sua casa, de mãos dadas.- Boa noite, senhora Grissom.- Sorri, permanecendo calma, ao vê-lá sentada no sofá.

BG: Boa noite, Catherine.- Se levantou, me abraçando novamente. Não recuei, pelo ao contrario, correspondi.- Que bom que voce a trouxe.- Virou-se para Gil.- Até que está bonita, para quem trabalhou o dia inteiro com mortos.- Olhou-me da cabeça aos pés, reparando que eu tinha trocado a roupa que ela havia criticado mais cedo. Continuei a encarando, ainda com um sorriso cínico no rosto. Virei-me para Gil, que sorria convincente.

GG: Vem amor.- Segurou a minha mão, me levando para sentar no outro sofá, de frente à sua mãe.

BG: Eu vou ver como anda o jantar.- Levantou-se, indo em direção a cozinha.

CW: Quer que eu a ajude?- Levantei-me também, indo atrás dela.

BG: Não. Você não encostar as suas mãos na comida, depois de mexer sei lá onde. E alias, já tem uma pessoa me ajudando... Heather.- Sorriu, dando ênfase ao nome dela.

CW: Heather?- Repeti, indignada, olhando para Gil, que estava sem reação.

BG: Isso, a melhor do Gil.- Sorriu irônica, continuando a andar ao caminho da cozinha.

CW: Heather está aqui, e você não me disse nada?- Falei baixo, sentando no sofá, ao seu lado.

GG: O que eu iria dizer? Eu não sabia que ela estava aqui!

CW: Claro, você não tem mais controle sobre a sua própria casa.- Elevei a voz.

GG: Fale baixo.

CW: Eu falo no tom que eu quiser!- Disse com raiva.- Eu já disse e vou repetir, eu não vou aturar calada as ironias da sua mãe e o “carinho” dela com a Heather. Eu não sou mais aquela menininha bondosa, não sou! Eu só não vou embora, porque é isso que a sua mamãe quer, você e a Heather sozinhos.

GG: Para de fantasiar, eu não tenho nada com a Heather!

CW: Mas quase teve, ou pensa que eu esqueci?- Retruquei.- Voce mesmo disse que a agarrou!

GG: Eu estava com raiva de voce, e isso é passado! Ou voce quer falar dos nossos relacionamentos ou quase relacionamentos antigos agora? Porque sobre mim, você só sabe isso da Heather, porque eu confessei.- Elevou o tom.

CW: O que você está insinuando?

GG: Vartan.- Falou com raiva, me fazendo ri sarcástica.

CW: Você realmente acha que eu tive algo com o Lou?

GG: Porque não? Eram tão intimos!

CW: Sabe, eu era para ter tido algo com ele sim, mas não tive, porque a idiota aqui é completamente apaixonada por você.- Silencio.- Eu estou infeliz em estar aqui na sua casa nessa noite, ainda mais jantando com a sua mãe que me odeia- que alias, até hoje eu nem sei o porquê - e com a menina que sempre gostou de você. Mas, mesmo assim, estou aqui porque você me pediu com tanto carinho e eu não pude dizer não. Eu estou disposta a agüentar qualquer palhaçada daquelas duas, só para ficar com você. Eu realmente não queria estar aqui, queria estar na minha casa, deitada com você, talvez fazendo amor ou simplesmente dormindo no seu colo. Isso que eu queria, isso que me faria feliz. Eu não quero discutir com você hoje, porque uma coisa leva a outra entre nós dois. Não quero ficar aqui e ser acusada por você, falando que eu tive algo com o Vartan, coisa que nunca aconteceu e nunca acontecerá. Se for para ficar assim a noite inteira, tchau.- Levantei, pegando a minha bolsa, quando ele me segurou pelo braço.

GG: Espera, não quero que você vá.- Sussurrou.- Desculpe-me, passei dos meus limites, eu não era para ter comentado sobre o Vartan. Fica aqui comigo, não vai embora. Daqui a pouco nós vamos para o meu quarto ou se voce quiser, vamos para a sua casa, fazer o que você quiser, mas não vai embora, eu te peço.

BG: O jantar já está pronto, vamos.- Apareceu na sala, olhando para nós dois.- O que foi? Aconteceu algo entre os dois?- Tentava esconder o sorriso, mas nem mesmo isso conseguia.

CW: Não senhora Grissom, só estávamos comentando sobre o nosso dia de trabalho, nada demais.

BG: Deixe os mortos no necrotério, e venham jantar.- Andou na frente em direção a sala de jantar, enquanto eu e Gil íamos logo atrás.

HK: Boa noite Gil.- Sorriu, se aproximando dele e o abraçando.

GG: Boa noite, Heather.- Correspondeu o abraço, olhando para mim. Olhava fixamente para ela, que não hesitava em sair de perto dele. Gil a afastou rapidamente, quando viu o meu olhar furioso para os dois.

HK: Boa noite Catherine.- Permaneceu sorrindo, simpática.

CW: Boa noite.- Sorri, porém fui fria.

Sentei-me à mesa, e Gil ao meu lado. A mãe dele ao lado de Heather. As duas serviam a comida.

GG: Heather, pensei que você estava trabalhando.

HK: Eu estou de folga, pensei em sair hoje à noite, mas a senhora Grissom me chamou para jantar com vocês, então resolvi ficar.

BG: Para você é Betty, já que me conhece há tanto tempo.- Sorriu simpática pela primeira vez.

GG: Então, foi você que a chamou, mãe?

BG: Sim, tem algum problema nisso?- Olhou para mim, sorrindo..

CW: Sínicas.- Suspirei.

BG: Disse algo, Catherine?

CW: Eu? Eu não disse nada.- Olhei para ela, tentando sorrir. Abaixei a cabeça, brincava com a comida, passando o garfo por cima.

BG: Não está com fome?- Voltou a me olhar.

CW: Não, pelo ao contrario, tenho medo de morrer envenenada.- Sussurrei.

GG: Catherine!- Chamou a minha atenção.

CW: O que?- Virei para ele, falando baixo.- Eu não estou com fome.- Tentei parecer simpática olhando para a mãe de Gil.

HK: Quanto tempo, você pretende ficar em Las Vegas?

BG: Até o casamento do Gil.- Falou claramente enojada.- Depois pretendo ir embora.

CW: Amém.- Falei somente para mim, rindo. Gil percebeu, se curvou e me encarou por alguns segundos. Eu apenas dei de ombros.

BG: Eu olho vocês dois, Heather e Gil, penso que formariam um belo casal.

CW: Começou.- Soltei os talheres e apoiei na mesa, a olhando.

BG: Aquele namorinho de vocês poderia ter dado muito certo.

CW: Namoro? Como assim?- A interrompi, curiosa.

BG: Gil não te disse? Logo depois que vocês terminaram, ele e Heather namoraram por alguns meses. 1 ano para ser exata

CW: 1 ano?- Olhei para ele, que abaixou a cabeça.

BG: É, um ano. Eles ainda têm sintonia, gostam das mesmas coisas, tem quase a mesma idade

CW: E tem a sua aprovação não é? Coisa que eu nunca tive.- Interrompi.- Você quer saber, senhora Grissom? Eu estou exausta dessa situação, estou cansada disso tudo.- Levantei da cadeira, falando aliviada.- Eu não agüento mais comparações com essa daí, não agüento mais me passar de cínica para agradar ao Gil, não agüento mais ver a senhora! Eu fiz de tudo, realmente fiz de tudo, para me manter calma, para tentar até agradar à senhora, mas nunca consegui. Você me humilha toda vez que me ver, implica comigo, me compara, joga indiretas e fala do Gil e da Heather como se eu não existisse. Estou cansada disso, acaba aqui!- Passei a mão no rosto, não deixando se quer nenhuma lagrima cair. Ia em direção a sala, onde peguei a minha bolsa e sair da sua casa, batendo a porta.

Atravessei a rua da sua casa e sai andando rapidamente.

GG: Catherine!- Corria, me alcançando e segurando o meu braço.

CW: Me solta.- Tentei me desvencilhar dele.

GG: Não, até você me escutar.

CW: Escutar o que? Mentiras?

GG: Eu não menti para você!

CW: Claro, só não contou que namorou a Heather.- Ironizei.

GG: Não havia necessidade em contar isso à você, foi a muito tempo e eu não senti nada. Eu fui praticamente forçado a me relacionar com ela, pela minha mãe

CW: Mamãe sempre mandando na vida do filhinho. Escolhendo com quem ele deve namorar, onde deve trabalhar... ela dá comida na sua boca também?- Falei sarcástica.

GG: Eu entendo a sua frustração, mas para de agir assim comigo.- Soltou o meu braço.- Eu não tinha mais nada com você, não estava te traindo. Então, você não tem motivos para ficar tão tocada.

CW: Tocada?- Sorri nervosa.- Sua mãe joga na minha cara, que você e Heather formam um casal lindo e ainda fala que vocês namoraram, coisa que você nunca teve a decência nem de comentar. Pelo o que me lembre, você mesmo me disse que quando estava com raiva de mim, você quase dormiu com ela. Heather mora na mesma casa que você à mais de dois meses... Sabe, eu acho que a palavra “ tocada” não é a adequada ao que eu estou sentindo nesse momento.- Falei com o tom de voz elevado.

GG: E o que voce está sentindo agora?

CW: Raiva, ódio, ciúmes e arrependimento. Nós não vamos feitos para ficar juntos, sempre vai ter algo que vai dar errado.

GG: Não! Fomos sim, eu amo você e você me ama também.- Segurou a minha mão, se aproximando de mim.- Eu vou conversar com a minha mãe, vou pedir para Heather sair da minha casa, mas eu não vou ficar sem você. Eu errei em não ter te contato, eu sei, me desculpa.

CW: A questão não é essa.- Falei mais calma.- Eu não sei se conheço o homem em que eu estou noiva. Não sei se isso é toda a verdade, não sei realmente se foi só isso.

GG: Essa é toda verdade, não há nada mais que eu escondo de você, eu juro.

CW: Quem jura, mente.- O olhei fixamente.- Você e Heather foi só namoro? Só beijos e abraços? Quando nós dormimos juntos pela primeira vez, você estava me falando à verdade?

GG: Foi, foi só namoro. Você foi e é a única mulher com quem eu dormi em toda a minha vida. Quando eu fiquei com a Heather por algum tempo, eu não consegui dar o próximo passo, foi uma escolha minha.- Falou me olhando diretamente.- Vamos esquecer isso, não significou nada para mim.

CW: Muito difícil namorar durante 1 ano sem significar nada.

GG: Eu fiquei com ela por pura pressão, eu nunca me senti verdadeiramente atraído por ela. Acredite em mim. Vamos esquecer isso tudo e vamos ficar juntos.

CW: Cada vez fica mais impossível de ficar juntos de verdade. Como eu disse, sempre terá algo para nos atrapalhar. Eu estou exausta de tudo dar errado para mim, para você, para nós dois. Temos que aceitar, não fomos feitos para casarmos e termos uma família, como todas as outras. Isso não existe, não no meu mundo. Sara estava certa quando perguntou se eu tinha certeza disso e eu pensava que sim, que o amava suficiente para viver toda a minha vida ao seu lado, mas agora, agora eu enxergo que não estava sendo totalmente realista quando aceitei o seu pedido. Nada está ao nosso favor, depois de hoje, eu não tenho mais certeza se pretendo passar a minha vida inteira sendo infeliz. E isso não é só por causa da sua mãe, é por tudo. Eu não tenho mais certeza do que eu sinto por você, não sei se o amo ou o quero apenas como um premio para aumentar mais ainda o meu ego. Desculpa, mas esqueça tudo. Esqueça todas as minhas palavras de carinho, todas as vezes que eu disse que te amava, esqueça todos os nossos momentos juntos, esqueça o nosso namoro, esqueça o nosso casamento e me veja apenas como... como a sua supervisora... Porque, porque acabou.- Tirei o anel do meu dedo. Gil me olhava com lagrimas nos olhos, as deixando cair lentamente pelo o seu rosto. Virei a palma da sua mão, colocando o anel. Evitava o olhar diretamente, não deixava cair nenhuma lagrima, só pelo meu orgulho.- Não vá atrás de mim, não vai adiantar. Desculpe-me por tudo, não queria que fosse assim. Volte para a sua casa, conte tudo a senhora Grissom, aposto que ela vai adorar isso. Se der, fique com a Heather, não vou mais me importar. Você vai ficar melhor sem mim, será mais feliz.- Dei um simples sorriso, dando-lhe as costas e continuando a andar. Não olhei para trás durante o caminho, mas percebi que ele me olhava, sem reação, sem ter o que me dizer, sem poder me chamar ou me impedir. Passava a mão abaixo dos meus olhos, impedindo qualquer lagrima de cair, bloqueando qualquer sentimento dentro de mim.