Cartas De Amor escrita por Lune Kuruta


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Antes de mais nada, gostaria de agradecer aos comentários da DAFTOOKAMI. Muito obrigada! =3 Tô meio corrida no momento, mas logo responderei aos seus comentários no lugar apropriado... mas desde já agradeço ^^ Espero que continue gostando n.n
Como prometido, uma carta por dia, a menos que haja algum problema. O que Aldebaran achou das reflexões de Mu?



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União Soviética, 30 de março de 1985.

Mu,

Queria tanto estar aí esta semana! Não pense que me esqueci de uma data tão especial! Mas, como já deve ter reparado, não estou sequer no Santuário. Arles designou a mim e a Camus de Aquário em virtude de uma ameaça de atentado ao novo secretário-geral do Partido Comunista. Não sei se está em sintonia com o que ocorre ultimamente, mas Gorbachev subiu ao cargo há algumas semanas e se acredita que seja um momento crucial... aparentemente esse temor de algum ataque é infundado. De qualquer forma, creio que em mais alguns dias estarei de volta ao Santuário com relatórios inúteis a preencher...

E bem gostaria de fazer uma pequena "escala" em Jamir, mas com Aquário a meu lado, sei que não será possível. Não consigo deixar de pensar que tenha sido de propósito, sabe? Arles até insinuou que eu tenho prática em lidar com "locais gelados". Ora, eu! Brasileiro criado nos trópicos e residente em um país de verão infernal! Ele deve saber que dou minhas escapadas até Jamir, com certeza. Inclusive devia saber que pretendia estar aí para o seu aniversário.

Mas isso não importa. Despistarei Camus e enviarei cartões de aniversário juntamente a esta carta – para você e Kiki, é claro! Quanto aos presentes, infelizmente, terão de ficar para minha próxima visita, que espero que seja em breve. SIM, Mu, eu VOU levar presentes para vocês. E relaxe, é primavera, bem mais fácil de chegar até aí.

Não minto que a presença gélida (com o perdão do trocadilho) de Aquário durante a missão me deixou um tanto mais ansioso para responder à sua carta. E falando nela... por mais que eu o conheça, Mu, sempre me admiro com suas cartas. Você expôs o lado "racional" da nossa questão de uma forma clara e até... gentil, eu acho. Em outras palavras, acho que você me convenceria muito mais facilmente em uma carta só do que em uma palestra inteira de Camus.

Eu disse "convenceria", sim, porque pelo que deu para perceber, nem mesmo você foi enfático quanto ao que disse. É outra coisa que admiro em você, Mu, sua honestidade. E o fato de desconhecer a fundo o assunto não depõe em nada quanto à sabedoria que você emana. Por mais especulativa que tenha sido a sua última carta, não deixou de ser uma excelente leitura.

E acho que nem você esperava me convencer com sua carta, então talvez não se espante se eu disser que, no fundo, acredito que o amor não seja necessariamente uma fraqueza. Confesso que não sei explicar essa ideia em palavras como você faz, pois não tenho o mesmo dom com as palavras. Mas é algo que eu sinto quando olho pra esse meu amigo, sabe? Apesar da preocupação dele, é só ver a moça que meu amigo se transforma totalmente. É o olhar iluminado, são os passos cheios de vida. Até o cosmos dele (que não é dos mais poderosos, ele que me perdoe) parece brilhar um pouco mais.

Enfim, entendo que haja casos em que o amor seja nocivo, em que apaixonados definham e cometem loucuras. Mas vendo esse meu amigo, fico pensando que talvez se trate da índole da pessoa em si. Talvez existam várias formas diferentes de amor, das mais violentas e viscerais às mais puras. E meu amigo, posso garantir, tem um bom coração, então é possível que a forma de amar seja mais moderada.

O amor está escondido nos lugares mais curiosos, Mu. Depois que passei a pensar nisso, tenho prestado mais atenção aos boatos que me cercam. Alguns deles dizem respeito até mesmo a dois cavaleiros de ouro! Acredita nisso? Quer dizer que mesmo a Elite dos cavaleiros de Atena não está imune aos desmandos do coração...

Falam de encontros amorosos entre eles. Não sei exatamente quem são, visto que os boatos se prendem mais à alta patente do que aos nomes em si. E fico pensando no tipo de amor que devem nutrir. Não deve ser o mesmo amor do meu amigo, pois acredito que a responsabilidade envolvida seja bem maior.

E depois... sabe, são dois homens. Não acho que exista algo de errado nisso, mas os antigos costumes gregos foram contaminados pelos atuais tabus. Será que o amor entre dois homens seria diferente do amor entre um homem e uma mulher? Li e reli sua carta em busca de um raciocínio que me guiasse, mas não consegui pensar em nada. O que pensa sobre esse assunto?

Veja, de uma cisma minha parece que estamos fazendo um verdadeiro tratado das relações humanas! Espero não estar aborrecendo você. Mas pelo que me pareceu na última carta, você também acabou se interessando pelo assunto, hein? Estou esperando o seu próximo relato... pelo que entendi, vai perguntar a ele? Confesso que não sei se teria coragem, hahaha! Por mais bondoso que ele seja, ficaria um pouco receoso. Mas acho que, além de instrutivo, seria uma forma de conhecer melhor o seu mestre. Desejo-lhe sorte!

Nossa, não estou habituado a escrever uma carta tão longa! E olhe que não é fácil escrever embaixo de um cobertor, com um colega dormindo ao lado. Melhor encerrar por aqui antes que Camus acorde.

Feliz aniversário, Mu! Desejo de coração muitas alegrias ainda na sua vida. Você merece mais do que ninguém, acredite. Estou guardando um abraço bem apertado para nosso próximo encontro (pode ir corando desde já, hahaha!)! Também envie minhas felicitações a Kiki, por favor.

Nos veremos em breve!

Aldebaran.


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Notas finais do capítulo

Essa carta ficou meio forçada? Espero que não... é que tentei colocar alguns ganchos, mas não sei se ficou um tanto artificial.
Até amanhã!