Alguns dias se passaram depois do ocorrido. Julie, cada vez mais, procurava dar uma olhada em Draco nos intervalos das suas aulas. A garota parecia temer que Draco tivesse um treco a qualquer instante. E ele, cada vez mais preocupado com o rumo que a visita de Voldemort provocava em sua casa, se fechava cada vez mais, até mesmo para Crabbe e Goyle.

Certo dia, Draco passava pelo corredor quando Julie o encontrou passando. Ela abriu um sorriso e disse um “oi” amigável, mas ele não respondeu. Parou para encarar a garota e respondeu: - Me deixe em paz!

Julie, indignada, ia responder de uma forma bem mal educada até perceber que ele estava se curvando. Ele, se curvando para ela?

- O que voc... – ela ia perguntando, quando ele desabou de vez. Tinha desmaiado no meio do corredor. Julie sentiu seu coração pular de aflição. Gritou por socorro até alguém aparecer. Tempos depois apareceu um estudante, que a ajudou a leva-lo até a ala hospitalar. Ardendo em febre, Draco delirava:

- Não mate meus pais! Eles fizeram tudo que podiam... Não... Não... Pare! Pare! NÃO! NÃO!

Madame Pomfrey veio agitada, fazendo feitiços com sua varinha e ministrando-lhe remédios. Julie ficava sentada na beira da cama, meio apreensiva. A enfermeira, vendo a menina pálida, informou:

- Não se preocupe menina, seu namorado está bem. Só um pouco exausto. Vou deixar vocês há só um pouco, depois você terá que voltar para sua aula.

Julie olhou para aquele rosto bonito, que agora estava coberto de suor. Estendeu a mão involuntariamente para seu rosto. Tocou-lhe a face macia, desejando poder fazer algo mais por ele. O que será que tanto afligia aquele garoto tão lindo? Ela o ouviu mencionar os pais... Será que estavam sendo ameaçados de morte? Mas antes que a garota pudesse tirar qualquer conclusão, os olhos dele abriram, e se fixaram na garota.

- O que você esta fazendo aqui? – Draco sussurrou, numa voz fraca.

- Tomando conta de você, é claro – Julie sorriu –agora trate de descansar.

- Vá emb... - Ele ia dizendo, mas Julie colocou seu dedo nos lábios dele, ação da qual ela se arrependeu imediatamente, pois seus pensamentos dispararam, imaginando como seria beijá-lo... Tirou o dedo logo em seguida, respondendo:

- De jeito nenhum! Agora durma. 

Draco estava tão cansado que não teve forças para responder, e acabou dormindo. Julie, conformada, desceu para o salão principal, pois já devia ser a hora do jantar e ela estava morta de fome. Quando entrou no salão principal deu de cara com alicia, que exibia uma expressão de medo.

- O que aconteceu, alicia? – Julie perguntou.

- Ai, Julie... A minerva foi tirada do cargo de diretora! Agora a pouco Snape veio fazer o anúncio da sua renuncia... Ele virou o novo diretor! E o que é pior, ele trouxe vários comensais da morte como professores! Pode esperar Julie, que vem bomba por ai...

-Comensais da morte? O que é isso?

Alicia abaixou o tom – São os seguidores dele...

Julie sentiu seu coração acelerar. Então, você-sabe-quem estava mais próximo de Hogwarts do que ela imaginou. O medo a invadiu, levando a esperança dela de que talvez você-sabe-quem nem chegasse a Hogwarts, mas já era tarde, ela estava entre a cruz e a espada. Se fugisse agora, certamente iriam desconfiar que ela não era puro sangue, e a identidade verdadeira seria revelada. Se continuasse em Hogwarts, corria todos os riscos possíveis. Foi jantar com alicia, que percebeu sua amiga preocupada.

-Não se preocupe – alicia disse quando iam subindo as escadarias para a sala comunal – eu estou aqui.

Julie conseguiu dormir naquela noite, mas sem a tranqüilidade habitual. Sonhou com os comensais da morte, homens que ela não conseguia ver os rostos, apontando a varinha para ela. No momento que eles iam jogar o feitiço, alguém saltava na frente dela, alguém que ela não conseguiu ver quem, pois acordou logo em seguida. Levantou-se e desceu para tomar café da manhã como sempre, acompanhada por alicia. Qual foi sua surpresa quando os novos professores estavam de plantão na porta do salão, pedindo o registro de nascimento de todos que passavam. Faziam perguntas sobre os antepassados, antecedentes e etc. Julie ficou pálida quando Amico Carrow, o “professor”  encarou-a, pedindo:

- Qual é o seu nome?

Julie ficou sem fala.  O que iria fazer agora? Correr? Atacá-lo? Mas antes que pudesse decidir como prolongar sua vida um pouco mais, uma voz arrastada e fria surgiu detrás dela:

- Qual o problema Amico? Ela esta comigo.

Amico resmungou, fitando a garota atentamente. Por fim, disse:

- Certo, podem passar.

Julie olhou apreensiva para Alicia, que com um aceno na cabeça disse para Julie não se preocupar com ela. Draco e Julie estavam no meio do salão quando ele começou:

- Você é idiota? Porque não disse seu nome?

Julie estava com os nervos à flor da pele. Virou-se para ele, com um olhar frio:

-Me deixe em paz. – e foi caminhando apressadamente para a mesa da Corvinal. Sentou-se no banco, esperando pela sua amiga, que veio logo em seguida.

- Calma Julie! Você esta suando frio... Já passou.

- Alicia, nós precisamos de um plano B para quando descobrirem essa... Farsa.

- Que plano Julie?

- Não sei alicia, algum plano para fugirmos se algo acontecer!

- Acalme-se Julie, eu já pensei em tudo... Meus pais têm uma casa num país da Ásia, se qualquer coisa der errada, nós vamos para lá!

Julie apenas olhou para alicia e suspirou.

-Você não devia estar no meio, alicia, você é puro-sangue!

-Mas eu quero estar no meio! – alicia exclamou – Por favor, me deixe estar no meio!

Julie apenas abraçou a amiga, sem ter palavras para expressar o quanto era grata por aquela amizade incondicional.

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