Draco Malfoy escrita por Ana Welling


Capítulo 20
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

O desfecho de tudo



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Julie Davis suava frio ao mesmo tempo em que respirava rápido. Duas mãos puxavam seu braço para a floresta, mas ela não conseguia ter noção por aonde ela ia. As contrações eram tão fortes que já não dava mais para ignorá-las. Por mais que ela tentasse segurar os gemidos, elas vinham cada vez mais fortes. Por fim, Amico e o outro comensal da morte alto e desengonçado que Julie não saberia dizer quem era. Ela pensou, e com razão, que já estavam muito fundo na floresta: o barulho da batalha estava tão distante que ela não saberia dizer se tivesse acabado.

Eles pararam, jogando-a no chão. Ela não tinha certeza do porque ele querer levá-la a um lugar tão perigoso e deserto como a floresta, mas sabia que boa coisa não era. Mas ainda conseguia raciocinar devido ao acordo feito: enquanto ela estivesse com seu bebê, morta ela não estaria.

Amico virou-se para ela, sacando sua varinha e dizendo, meio ofegante:

- Agora... Você tem algumas informações que me interessam mocinha.  – ele deu um sorriso cruel, que fez Julie estremecer.

Então ela tinha algo que ele queria. Ela não estava certa se era uma boa coisa. Mas se tinha algo dela que ele queria, ela não morreria até que ele obtivesse. Trincou os dentes quando veio outra contração e deixou escapar um pequeno gemido.

- Ela está em trabalho de parto!  - disse o outro comensal da morte com medo – Acho que vou vomitar!

Além da água que já havia descido, por entre as pernas de Julie começava a descer sangue, e ela sabia que não era normal, pois se sentia cada vez mais fraca.

- Cala a boca! –gritou Amico para o comensal. Virou-se para Julie:

- Me diga mocinha, aonde sua amiga mora?

Então era isso! Ele queria saber onde Alicia morava. Ela e a família estavam protegidas pelo feitiço Fidelius, mas ela não era a Fiel do Segredo. Só pode entrar em sua casa por causa da própria Alicia.

- Eu não sei – ela disse ofegante.

- Será que vou ter que abrir a sua boca? – ele ameaçou, apontando a varinha.

- O que você quer com ela? – ela conseguiu responder.

- Nada que te interesse – ele respondeu amargurado – ninguém me despreza assim e fica por isso mesmo... Além do mais, acredito que a família dela tem um segredo que o Lord das Trevas cobiça, de certo modo.

Julie Trincou os dentes para não gemer e não conseguiu responder nada. O que ele quis dizer com “ser desprezado?”

- Diga! – ele berrou – Aonde ela mora?

- Eu não sei! – ela conseguiu gritar de volta – e mesmo se soubesse não diria!

Os olhos de Amico soltaram faíscas. Ele apontou a varinha para Julie e disse, sem nenhum pudor:

- Crucio!

Os berros de Julie cortaram a noite silenciosa daquela parte da floresta. Ela, além de sentir a dor excruciante nela mesma, sentiu seu bebê contrair-se, apesar dela fazer de tudo para que ele não sentisse aquilo...

O comensal da morte ficou pálido, olhando de Julie para Amico. Quando ele acabou, voltou a perguntar:

-Onde está a casa de Alicia?

Julie já não conseguia falar mais nada. Deitada no chão frio sentia seu corpo expulsar a criança cada vez mais. O comensal da morte, vendo a situação, foi ajudá-la, exclamando assustado:

- Vai nascer!

Dali alguns minutos podia-se ouvir o choro da menina encher o silêncio da floresta. O comensal da morte segurou o bebê banhado de sangue em seus braços, olhando para Amico pedindo instruções.

Julie, que arfava rápido, pedia com a voz baixinha e fraca: “Me dá... ela...”

O comensal da morte, não tendo recebido instruções de Amico, entregou a criança que chorava nos braços da mãe. Mas logo depois Amico gritou:

- Seu idiota! Temos que levar a criança para o Lord das Trevas! Pegue-a e vamos embora daqui.

O comensal virou-se para Julie e arrancou a menina dos seus braços, apesar dos fracos esforços dela de impedi-lo. Amico e o comensal já estavam indo embora quando algo estranho aconteceu. Apesar de fraca, Julie olhava fixamente para o Comensal. Ele parecia sufocar, sem uma razão aparente. Amico ficou sem entender nada, enquanto observava o comensal deixar a criança no chão e tentar respirar, agarrando o próprio pescoço. Amico entendeu que era Julie quem fazia aquilo. Mas como, se nem uma varinha ela tinha consigo? Resolver que não ia esperar para ver. Ficou tão assustado que correu pela floresta.

Quando o comensal da morte finalmente caiu no chão, morto, Julie desfaleceu, jurando que tinha visto um cabelo ali por perto.

Draco Malfoy chegou naquela cena um tempo depois. Observou Amico sair correndo ali perto, querendo ir atrás dele, mas lembrou-se que Julie estava logo ali.

Correu para encontrá-la desmaiada no chão, e criança chorando no chão. Draco pegou-a, olhando pela primeira vez o rostinho de sua filha. Depois de sentir o calor dele, a menina resolveu tirar um cochilo. Ele tirou sua blusa e embrulhou a menina, segurando-a com força e logo depois se virou para Julie, tentando reanimá-la.

- Julie!Julie! – ele gritava, sacudindo-a – Acorde!

Draco sentia a respiração lhe faltar quando ela abriu os olhos e sua expressão ficou tensa.

De repente ele sentiu-se sufocar, ao mesmo tempo em que via os olhos de Julie fora de foco, como se estivesse possuído de fúria. Depois de um tempo ele entendeu que era ela quem estava fazendo aqui. Ele tentava dizer:

- S-sou e-eu!  - a voz dele estava sumindo – D-desculpe Ju...

De repente Julie caiu em si. Desviou seus olhos dele e respirou como se estivesse de baixo d água há muito tempo.

Draco tentava voltar a respirar quando ela disse, com a voz fraca:

- É você? Draco...

Ele conjurou um feitiço, deixando a menina que ainda dormia flutuando no ar e sentou-se ao lado de Julie, pegando o pequeno frasco do bolso.

- Sou eu, meu amor. Me desculpe, eu...

- Não... – ela queria dizer que não precisava de desculpas, que ele já tinha aparecido para salvar o bebê e era só isso que importava. Mas estava tão fraca que só conseguiu dizer o “não”

- beba isso – disse ele, despejando o anticoagulante que ela bebeu com certa dificuldade.

Draco percebeu que ela ainda sangrava muito. O sangue que descia manchava a calça de Malfoy, que segurava ela no colo.

Julie tentou falar alguma coisa, mas Draco a interrompeu:

- Não diga nada, meu amor. Vou te tirar daqui agora.

E levantou ela no colo enquanto a menina flutuava tranquilamente atrás dele. Draco tentava achar o caminho de volta quando ela tossiu violentamente e o sangue espirrou de sua boca para o peito nu de Draco.

Ele não pode deixar de conter uma lágrima, repetindo para si mesmo mais que para ela:

- Vai ficar tudo bem...

A certa altura, Julie exclamou baixinho:

- Pare, por favor.    

Draco parou, colocando-a em cima de uma pedra grande. Julie olhou-o nos olhos, colocando sua mão com sangue no rosto dele:

- Já é tarde Draco. – ela respirou  - Não há mais o que fazer.

- Não diga isso – ele respondeu com raiva - Vou te tirar daqui agora.

- Não vai adiantar –ela tossiu um pouco mais de sangue – A hemorragia não vai parar.

Draco colocou sua mão onde o sangue jorrava, tentando contê-lo.

- Claro que vai amor – sua voz estava esquisita por causa do choro que ele tentava conter – Nós vamos criar a garota juntos.

Julie sorriu com a idéia. Não conseguiu responder nada.

- Me abrace Draco – foi tudo que ela conseguiu dizer.

Draco a abraçou, sentindo a frieza da pele dela em seu peito nu. Segurava-a com força, tentando aquecê-la.

Quando voltou a olhá-la, ela disse:

- Eu te amo...

- Eu também te amo – ele respondeu às lágrimas, abraçando-a junto ao peito – não importa o seu sangue, sempre te amei.

Ela deu um tímido sorriso e disse por fim:

-Cuide... Marianne...

E deu seu último suspiro. Apesar do grito de dor de Draco Malfoy, Marianne ainda dormia tranqüila, flutuando no ar.

 

 

                                                                 ***     


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