A Matilha Dos Lobos Do Norte escrita por Maeve


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Narrado por Meave.



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Sonhei outra vez com os lobos.

Corriam ao meu lado e formavam circulo em volta de mim, como se fizessem um escudo a minha volta.

A maioria cinza ou de tons amarelados, alguns tinham pelos negros brilhosos. Um lobo parou ao meu lado, olhei em seus olhos, e por alguns segundos, vi algo de humano em seu olhar penetrante.

– Eles estarão de volta, Meave, esse é seu chamado – O lobo falou com uma voz suave e tranqüila. – Atenda-o.

Um sussurro se transformou em um uivo que contagiou os outros lobos.

– Atenda-o – Os lobos uivavam.

E quando notei, estava à beira de um penhasco, a ponto de cair.

Os uivos quase insuportáveis, mas não tapei os ouvidos, apenas fechei os olhos,dominada por um instinto incontrolável e tentador.

Cai esperando pela queda, tão longa que senti os meus cabelos e a longa camisola branca quase sendo arrancados de meu corpo pelo vento e a profundidade da queda. Os uivos não pararam, até que cai e me levantei no mesmo momento, sem ao menos sentir o impacto.

Os uivos estavam cada vez mais insuportáveis, até que uivei, em alto e bom som, fazendo todos da matilha se calarem.

Aquela, sem duvidas não era eu.

– Cathy, Cathy querida, acorde! – Chamou Deandim, a criada.

Olhei confusa a Deandim, ela era uma índia típica, pele cor de café com leite e olhos negros e brilhantes como os do lobo do sonho.

– Dinger – Chamei-a pelo primeiro nome. – Que horas são?

– Exatamente sete e oito da manhã, teria acordado-a ais cedo, mas seu pai chegará cedo, então a Sra. Elizabeth, mandou-me chama – lá. – Falou Dinger, com sua educação despojada. – A Srta. Desejaria usar amarelo ou rosa? O vinho também esta ótimo para o clima que esta fazendo.

– Por que não o azulado? – Pergunto ao sair da cama e começar a guardar coisas que caíram de minha cômoda à noite.

Foi uma noite agitada. De sinhôs agitados.

– As mangas não prendem, mas a gola é de veludo, vai aquecê-la.

Coloco as meias e os sapatos brancos.

Vesti o tal vestido, belo e até agradável, sem muitos apertos e um espartilho que fosse muito desconfortável.

Dinger amarrou com força o espartilho, me fazendo prender a respiração.

– Desculpe senhorita. – Falou ela e eu sorri para ela do espelho.

Ela estava comigo desde que nasci. Quando mamãe não teve leite para me amamentar, lá estava ela, amamentando-me com o leite que era de seu filho, já falecido, logo depois do parto.

– Saia Deandim. – Mamãe entra no quarto, ríspida.a

Dinger faz uma referencia até exagerada e sai aos tropeços.

Mamãe aperta mais meu corpete.

– Mamãe! Terei uma hemorragia interna se continua a apertar meu vestido.

Ela se prepara para fazer o nó e sinto minhas costelas se comprimindo.

Gemo baixo.

– MAMÃE! – Dou um gritinho logo depois.

– Pare de reclamar Catherine, seu pai chegará hoje, junto com seu futuro noivo. –Reviro os olhos. - É o seu futuro! Arranje um bom marido, seja uma boa mulher e morra tranquila! Ou acha que toda a cultura e educação que lhe dei foram em vão?

– Eu tenho 18 anos! Quero fazer algo de minha vida, além de bordar panos e prato perto da janela ao fim do domingo! – Respondo.

– Este corpete está fazendo você delirar? – Ela vocifera. – Pois tire esse vou lhe colocar um mais apertado. Ande.

Tiro o vestido e o “suporte” para o corpete.

Mamãe abre com força as portas de meu armário, pegando um vestido verde escuro e jogando em cima da cama, e logo depois pegando um vinho, de mangas compridas e um corpete com uma grande volta na cintura.

Mamãe me ajuda a colocar o vestido e começa a arrumar o corpete.

– Isso... é ... uma ... hipocrisia! – Digo, enquanto arfo a procura de ar.

Ouço o barulho de minha costelas rangendo quando mamãe amarra o corpete.

– Eu não sinto minhas pernas.

– Agora obedeça, e se acostume, fiz sacrifícios inigualáveis para lhe fazer feliz. – Mamãe fala e eu me preparo para falar, mas ela me cala com um pente duro em meus cabelos ruivos.

Ela puxa mais uma vez meus cabelos prendendo-os em um coque e deixando minha franja reta cair em meus olhos.

– Assim está melhor. – Ela fala. – Passe o pó.

Passo um pouco da maquilagem e de batom nos lábios.

– Não estou conseguindo respirar, mas com certeza estou parecendo uma boneca de porcelana!

– Vá para a sala! – Ela fala ríspida ignorando meus comentários.

Vou para a sala reta e lentamente pela falta de ar em meus pulmões.

Sento no sofá lentamente e beberico um chá que trazem até mim.

– Seu pai chegou – Informa mamãe levantando e arrumando as vestes.

Ela faz um sinal para que eu me levante.

Suspiro e levanto.

Papai entra educadamente seguido por um garoto loiro e alto.

– Querido. – Mamãe beija papai levemente.

– Pai. – Falo seria.

– Cathy Cat. – Ela fala no mesmo tom de voz pegando minhas mãos.

Sorrio de leve e o abraço.

– Não existe mais ar em meus pulmões – sussurro e ele da uma breve risada baixa.

– E você deve ser Catherine! – Falou o garoto, com um sorriso clichê e esnobe.

Ele beija minha mão.

– Adoraria saber quem é você. – Digo totalmente indiferente de seus cortejos.

– Sou Robert... Robert Van Duon. - No mesmo momento noto seu sotaque Frances por cima de um bem pronunciado italiano.

– Prazer. – Permito sorrir levemente.

– Pois não parece, se me permite dizer.

– Pois não permito. – Digo, e ao ver mamãe fuzilando-me com o olhar dou uma risada.

Ele acompanha a risada, com um sorriso pasmo.

– Então como foi a viagem? – Mamãe pergunta depois de todos sentarmos.

– Boa, sabe que encontramos uma tribo nômade no caminho. – Robert fala com tom esnobe. – Tão boçais e desleixados. Selvagens, sem duvidas.

da Dio! Por deus! Eu pensei que este tipo de coisa já havia sido extinta. – Mamãe fala, falsamente chocada.

– Pois acho que são livres e alternativos, como todos deviam ser, totalmente fora de qualquer religião ou tendência.

Meu pai me olhou admirado, e mamãe me fuzilou com os olhos.

– Acho que vou indo! – Falou Robert, se despedindo e saindo rapidamente.

–Acho que...vou ao toilet.- Digo levantando e indo até a biblioteca.

Tranco a porta ao entrar.

Desamarro o corpete e sento em uma poltrona, feliz e triste.

Passam-se horas, e juro ouvir passos.

– Senhorita Cathy? Deixe-me entrar- Diz Dinger do outro lado da porta.

Abro a porta para ela.

– Me desculpe por isso, mas é essencial. – Ela fala e coloca um pano na frente de minha boca.

Minha visão fica turva e só consigo lembrar de um homem colocando algo em minha cabeça.

Tudo fica escuro.



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