A Matilha Dos Lobos Do Norte escrita por Maeve
Notas iniciais do capítulo
Narrado por Meave.
Sonhei outra vez com os lobos.
Corriam ao meu lado e formavam circulo em volta de mim, como se fizessem um escudo a minha volta.
A maioria cinza ou de tons amarelados, alguns tinham pelos negros brilhosos. Um lobo parou ao meu lado, olhei em seus olhos, e por alguns segundos, vi algo de humano em seu olhar penetrante.
– Eles estarão de volta, Meave, esse é seu chamado – O lobo falou com uma voz suave e tranqüila. – Atenda-o.
Um sussurro se transformou em um uivo que contagiou os outros lobos.
– Atenda-o – Os lobos uivavam.
E quando notei, estava à beira de um penhasco, a ponto de cair.
Os uivos quase insuportáveis, mas não tapei os ouvidos, apenas fechei os olhos,dominada por um instinto incontrolável e tentador.
Cai esperando pela queda, tão longa que senti os meus cabelos e a longa camisola branca quase sendo arrancados de meu corpo pelo vento e a profundidade da queda. Os uivos não pararam, até que cai e me levantei no mesmo momento, sem ao menos sentir o impacto.
Os uivos estavam cada vez mais insuportáveis, até que uivei, em alto e bom som, fazendo todos da matilha se calarem.
Aquela, sem duvidas não era eu.
– Cathy, Cathy querida, acorde! – Chamou Deandim, a criada.
Olhei confusa a Deandim, ela era uma índia típica, pele cor de café com leite e olhos negros e brilhantes como os do lobo do sonho.
– Dinger – Chamei-a pelo primeiro nome. – Que horas são?
– Exatamente sete e oito da manhã, teria acordado-a ais cedo, mas seu pai chegará cedo, então a Sra. Elizabeth, mandou-me chama – lá. – Falou Dinger, com sua educação despojada. – A Srta. Desejaria usar amarelo ou rosa? O vinho também esta ótimo para o clima que esta fazendo.
– Por que não o azulado? – Pergunto ao sair da cama e começar a guardar coisas que caíram de minha cômoda à noite.
Foi uma noite agitada. De sinhôs agitados.
– As mangas não prendem, mas a gola é de veludo, vai aquecê-la.
Coloco as meias e os sapatos brancos.
Vesti o tal vestido, belo e até agradável, sem muitos apertos e um espartilho que fosse muito desconfortável.
Dinger amarrou com força o espartilho, me fazendo prender a respiração.
– Desculpe senhorita. – Falou ela e eu sorri para ela do espelho.
Ela estava comigo desde que nasci. Quando mamãe não teve leite para me amamentar, lá estava ela, amamentando-me com o leite que era de seu filho, já falecido, logo depois do parto.
– Saia Deandim. – Mamãe entra no quarto, ríspida.a
Dinger faz uma referencia até exagerada e sai aos tropeços.
Mamãe aperta mais meu corpete.
– Mamãe! Terei uma hemorragia interna se continua a apertar meu vestido.
Ela se prepara para fazer o nó e sinto minhas costelas se comprimindo.
Gemo baixo.
– MAMÃE! – Dou um gritinho logo depois.
– Pare de reclamar Catherine, seu pai chegará hoje, junto com seu futuro noivo. –Reviro os olhos. - É o seu futuro! Arranje um bom marido, seja uma boa mulher e morra tranquila! Ou acha que toda a cultura e educação que lhe dei foram em vão?
– Eu tenho 18 anos! Quero fazer algo de minha vida, além de bordar panos e prato perto da janela ao fim do domingo! – Respondo.
– Este corpete está fazendo você delirar? – Ela vocifera. – Pois tire esse vou lhe colocar um mais apertado. Ande.
Tiro o vestido e o “suporte” para o corpete.
Mamãe abre com força as portas de meu armário, pegando um vestido verde escuro e jogando em cima da cama, e logo depois pegando um vinho, de mangas compridas e um corpete com uma grande volta na cintura.
Mamãe me ajuda a colocar o vestido e começa a arrumar o corpete.
– Isso... é ... uma ... hipocrisia! – Digo, enquanto arfo a procura de ar.
Ouço o barulho de minha costelas rangendo quando mamãe amarra o corpete.
– Eu não sinto minhas pernas.
– Agora obedeça, e se acostume, fiz sacrifícios inigualáveis para lhe fazer feliz. – Mamãe fala e eu me preparo para falar, mas ela me cala com um pente duro em meus cabelos ruivos.
Ela puxa mais uma vez meus cabelos prendendo-os em um coque e deixando minha franja reta cair em meus olhos.
– Assim está melhor. – Ela fala. – Passe o pó.
Passo um pouco da maquilagem e de batom nos lábios.
– Não estou conseguindo respirar, mas com certeza estou parecendo uma boneca de porcelana!
– Vá para a sala! – Ela fala ríspida ignorando meus comentários.
Vou para a sala reta e lentamente pela falta de ar em meus pulmões.
Sento no sofá lentamente e beberico um chá que trazem até mim.
– Seu pai chegou – Informa mamãe levantando e arrumando as vestes.
Ela faz um sinal para que eu me levante.
Suspiro e levanto.
Papai entra educadamente seguido por um garoto loiro e alto.
– Querido. – Mamãe beija papai levemente.
– Pai. – Falo seria.
– Cathy Cat. – Ela fala no mesmo tom de voz pegando minhas mãos.
Sorrio de leve e o abraço.
– Não existe mais ar em meus pulmões – sussurro e ele da uma breve risada baixa.
– E você deve ser Catherine! – Falou o garoto, com um sorriso clichê e esnobe.
Ele beija minha mão.
– Adoraria saber quem é você. – Digo totalmente indiferente de seus cortejos.
– Sou Robert... Robert Van Duon. - No mesmo momento noto seu sotaque Frances por cima de um bem pronunciado italiano.
– Prazer. – Permito sorrir levemente.
– Pois não parece, se me permite dizer.
– Pois não permito. – Digo, e ao ver mamãe fuzilando-me com o olhar dou uma risada.
Ele acompanha a risada, com um sorriso pasmo.
– Então como foi a viagem? – Mamãe pergunta depois de todos sentarmos.
– Boa, sabe que encontramos uma tribo nômade no caminho. – Robert fala com tom esnobe. – Tão boçais e desleixados. Selvagens, sem duvidas.
– da Dio! Por deus! Eu pensei que este tipo de coisa já havia sido extinta. – Mamãe fala, falsamente chocada.
– Pois acho que são livres e alternativos, como todos deviam ser, totalmente fora de qualquer religião ou tendência.
Meu pai me olhou admirado, e mamãe me fuzilou com os olhos.
– Acho que vou indo! – Falou Robert, se despedindo e saindo rapidamente.
–Acho que...vou ao toilet.- Digo levantando e indo até a biblioteca.
Tranco a porta ao entrar.
Desamarro o corpete e sento em uma poltrona, feliz e triste.
Passam-se horas, e juro ouvir passos.
– Senhorita Cathy? Deixe-me entrar- Diz Dinger do outro lado da porta.
Abro a porta para ela.
– Me desculpe por isso, mas é essencial. – Ela fala e coloca um pano na frente de minha boca.
Minha visão fica turva e só consigo lembrar de um homem colocando algo em minha cabeça.
Tudo fica escuro.
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