A Matilha Dos Lobos Do Norte escrita por Maeve
Prólogo
Italia 1846
– Não podemos mais ficar aqui. – Falou um homem alto, magro de aparência autoritária. Falco. – Se nos pegarmos... Já pensou no que pode acontecer Druso?
Druso, o homem sentado a frente da fogueira levantou as sobrancelhas, surpreso pela reação do amigo.
– Mas é sua criança Falco, deveria estar feliz! – Responde Druso ao amigo.
Falco toma um longo gole da bebida quente em suas mãos e coloca com força no pedaço de madeira entalhada, fazendo boa parte da bebida virar.
Dava para se ouvir os gritos de Romina sentindo suas dores do parto.
– Escute, está alto demais! Logo nos descobrirão! – Falco, sendo o chefe do bando, estava sempre preocupado com a segurança da matilha.
– Os lobos e a deusa nos protegerão. – Druso arrumou suas vestes de lã e pele de urso.
– Que assim seja. – Ouviu-se a voz de Saradim, a mãe de Falco e responsável pelo parto da esposa do mesmo. – E que Hécate nossa deusa, proteja a sua criança.
– Mama! Nasceu? – Pergunta Falco levantando as mãos para o céu.
– Uma bela menina, sim! – Respondeu a mãe dando um sorriso de conforto para o filho.
– Mas...mas hoje não é lua de mulheres! – Falco fecha a cara, mostrando sua decepção.
A respiração de todos pareceu ficar mais pesada e difícil, como se o ar fosse rarefeito.
Falco foi faiscando de raiva e decepção até a barraca onde estava sua mulher.
– Ora sua... – Ele entra brandindo seu desprezo a esposa, mas se cala ao ver a pele branca e os cabelos avermelhados de sua filha, era bela como uma flor e de aparência brava como a de um lobo.
– Tem que haver uma saída, Falco, por favor. – Se pronuncia a esposa Romina.
– Não se pode quebrar os juramentos feitos a uma deusa, ela terá de sair da matilha.
– Mas é nossa pequena, ela é nosso fruto , nossa musica, doce e gentil, como o som que se sai dos violinos. – A esposa fala aos prantos e pronuncia a ultima palavra com dificuldade.
Falco olhou, pela primeira vez em anos, nos olhos de sua esposa, eram acinzentados, seguidos de bochechas marcadas por lagrimas, e a boca, de cor fraca e lábios cheios, ela era bela, mas agora parecia tão fraca quanto um pássaro recém abatido.
– Vou dar um jeito. – Ele promete a esposa, com um raro gesto de carinho, pega em sua mão.
– Ela é Meave, a rainha loba – Falou Romina.
– Não se apegue a ela. – Ele fala as palavras com dureza. – Amanha, às quatro horas da madrugada, eu a levarei. Não. Não chore, ela ficará bem, será bem criada.
Ela esboçou um sorriso fraco.
– Logo eu não estarei mais aqui – Ela sussurra. – E quando eu for você vai achá-la, e você tendo um herdeiro homem, ou não ela irá ajudar a comandar a matilha, você irá ensina-lá a caçar e a lutar... Prometa-me isso. Pelo amor que você tem a mim e Meave. Prometa sob os lobos e a deusa!
– Como posso prometer isso?É contra todas as regras que seguimos.
–Então não prometa e veja sua esposa morrer de desgosto aqui e agora mesmo! – Ela nunca mostrara tanta força ou atitude quanto naquele momento.
Assim foi feito o combinado e na madrugada da mesmo noite a pequena Meave foi levada até a cidade mais próxima. Verona.
Foi deixada na porta mais bela que ele vira, uma casa grande e bela, e da janela, dava pare se ver quadros e uma ampla lareira.
Ele pega algumas pedrinhas pelo chão e coloca o cesto da filha na soleira da porta.
Joga algumas pedras no vidro da sacada, e ouve os barulhos da escada. Então ele se afasta com sua carroça.
...
– Um bebê... Elizabeth! Tem uma criança aqui. – Falou Frederick Slonny ao abrir a porta de sua casa.
– Traga-o para dentro! – Gritou Elizabeth, sua esposa.
– Tem um bilhete. – Falou o marido ao entrar e colocar a criança nos braços da esposa.
A letra era fina e inclinada como a letra de Saradim, uma das poucas pessoas da matilha que dominavam a escrita.
Meave é seu nome, não podemos ficar com ela, aqui esta seu pagamento, agora temos um acordo.Viremos busca-lá.
Poucas, mas importantes palavras, que eram apenas apresentações para a as duas barras de ouro dadas em pagamento, encontradas em baixo das cobertas da pequena Meave.
– Agora ela será Catherine e pouco me importa o seu antigo nome. – Falou Elisabeth ao terminar de ler o bilhete.
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