CAPÍTULO 9

POV RENNÉ

Estava arrumando a bandeja de doces quando vi Ben indo até um telefone, –usávamos ele quando precisávamos avisar ou dizer algumas coisas para os clientes, ele era como um auto-falante- ele o pegou e começou a falar:

-Atenção clientes, precisando relaxar? Por que não vão ao nosso café e experimentam um macchiato com calda de caramelo? Mas lembram-se o café pode ser quente, pode ter uma intensidade que jamais sentiu antes, penetrando a sua pele, sua pele sensível, sensível e totalmente vulnerável, então lembram-se de pedir um protetor para quando pegarem o café, talvez seja bom pedirem um para proteger seu coração. Obrigado! – Ficou me encarando enquanto colocava o telefone no lugar, ele enlouqueceu? Era o que passava na minha cabeça enquanto ele ia andando e ainda me encarando, as pessoas começaram o cochichar sobre o que aconteceu, outras começaram a rir, e eu apenas estava paralisada. Ele enlouqueceu?

POV BELLA

Estava fazendo uma trança no cabelo de Alice enquanto conversávamos, hoje era sábado e resolvemos ficar na minha casa.

-Não puxa, dói. – Falou Alice rindo.

-Desculpe. – Falei.

-Tudo bem. – Falou revirando os olhos.

-Olha só eu vou levar a Maggie a casa da amiga dela e depois vou para o chá de panela da Jean, não coloque a casa abaixo. – Falou mamãe vindo do corredor de mãos dadas com Meg.

-Olha só. – Falei sorrindo e olhando mamãe, ela estava linda. – Vai ser aonde?

-Um restaurante chique chamado River Bistrô. – Falou se olhando no espelho que tínhamos na sala e passando batom.

-Não! – Falei e sem querer puxei o cabelo de Alice.

-Ai. – Falou com um bico. Ela nos olhou, Alice estava passando a mão na cabeça.

-Não é muito caro para vocês?

-É, mas a mulher do primo da Jean trabalha lá e conseguiu um desconto para a festa. – Falou enquanto guardava o batom na bolsa de mão.

-Eu soube que a comida é horrível. – Falou Alice se levantando do chão. – Todo mundo sai de lá passando mal, ficam dias vomitando.

Minha mãe olhou para a gente sorrindo.

-Vou correr o risco. Vamos querida. – Falou para Meg, que até agora só olhava para nós. Elas saíram e Alice e eu nos olhamos, ela sentou no sofá.

-Onde é que ele está? – Perguntei apavorada.

-Eu não sei talvez no restaurante, talvez em casa.

-Ta, vai para o restaurante que eu vou para casa dele, se ele estiver em casa eu seguro ele lá, onde é que ele mora? – Perguntei. Ela pegou um papel e anotou para mim o endereço.

Saímos de casa praticamente correndo, ela foi para o restaurante e eu peguei um táxi. Assim que cheguei apertei a campainha. Fiquei esperando, até que ele atendeu o interfone.

-Alo? –Falou.

-Graças a Deus está ai. – Falei relaxando.

-Quem é? – Perguntou.

-É a Bella.

-Quem?

-Bella, a amiga de Alice.

-Ah sim. Olha a Alice não está aqui.

-Eu sei, na verdade eu vim falar com você, é muito importante.

-Ah, está bem. Ta bom, a porta aqui em cima está aberta.

Abri o porta e entrei, peguei o elevador e em seguida cheguei no andar do apartamento dele.

-Olá? – Falei assim que abri a porta.

-Oi, segue em frente. – Falou. Segui pelo corredor até que cheguei a cozinha, onde ele estava.

-Oi. – Falou.

-Oi. Nossa! Essa é a cozinha mais incrível que eu já vi na minha vida. – Falei caminhando e parando em frente ao balcão que tinha, era tipo uma cozinha americana, aquelas que tinham um “muro” que separava.

-É mesmo. – Falou.

-É. – Falei sorrindo. Ele respondeu um “obrigado” e continuei falando. – Conheço alguém que morreria por uma cozinha dessas. Aposto que Jennifer adora né?

-Jennifer? Bom, tem um toque dela em tudo aqui, menos na cozinha. – Falou me olhando e sorrindo. Olhei ao redor, a cozinha era linda mesmo.  – Que tal você se sentar que eu pego um refrigerante?!

-Ta bem. – Falei e fui me sentar no sofá. Olhei na mesa de centro. – Ah, você gosta de palavras cruzadas? – Perguntei pegando o jornal que tinha as palavras cruzadas e a caneta.

-Gosto. – Falou já do meu lado com o refrigerante em uma mão e na outra uma xícara que imaginei que tivesse café. – Isso é ruim? – Perguntou. Me entregou a lata de refrigerante assim que larguei novamente as coisas em cima da mesinha.

-O que você acha da lua? – Perguntei.

-O que eu acho da lua? – Perguntou estranhando a pergunta.

-Acha que é uma coisa mágica que aparece todas as noites, mesmo nas horas mais difíceis para nos lembrar que todos os dias podem ter alguma coisa boa?

-O que a Alice contou sobre mim? – Perguntou sorrindo.

-Nada, ela só disse que era muito inteligente. Eu sou nova na cidade, sou nova na escola, e eu não tenho um pai para pedir conselhos, então pensei em pedir para você. – Falei sorrindo e mudando de assunto, dei mais espaço para ele se sentar no sofá.

-Bom, tudo bem. Eu acho que posso tentar ajudar. – Se sentou no sofá. – Não sou exatamente um... O que quer saber?

-Não é nada, é que... Eu to na adolescência e isso é muito complicado, eu to confusa quanto a quem eu sou e meus objetivos da vida, que faculdade devo fazer, se devo ir para faculdade, tento resistir a pressão dos outros para fazer coisas que eu sei que não devo fazer, mais algumas eu quero fazer, se é que me entende. – Falei. Ele só me olhava. Continuei. – Quero fazer um piercing no nariz e em outras nove partes do meu corpo, mas minha mãe diz que me mata se eu fizer isso. Então eu to pensando em fazer uma tatuagem na cintura, mas ai ficaria muito em baixo e ninguém iria conseguir ver a não ser que eu usasse a calça lá embaixo, mas eu acho muito vulgar. Eu to muito confusa. – Falei fazendo uma cara triste, mas por dentro estava morrendo de rir. Ele me olhava com uma cara de assustado. O telefone começou a tocar e ele pareceu que saiu de um transe.

-Ãh... – Ele balançou a cabeça e se levantou, e fez com a mão um sinal para eu esperar. – La embaixo. – Falou balançando a cabeça. Pegou o telefone e atendeu. – Alo? Sim... Não pode estar quebrada, eu comprei-a a dois meses. Esta bem, calma... Eu já estou indo para ai. Tchau.

-Bella, estou com um problema no restaurante, eu tenho que ir.

-Não, não pode. –Me levantei.

-Por quê? – Perguntou.

-É eu posso ir junto? – Falei desviando o assunto.

-Sim... Porque não!? Vamos. – Falou começando a caminhar.

-Olha, eu preciso ir ao banheiro agora.

-Ta bom, vá, é ali. –Apontou. – Mas vai rápido.

Entrei no banheiro e peguei meu celular, liguei para Alice.

-Alo?

-Alice, temos um problema.

-Tipo o que?

-Do pior dos tipos, ele ta indo para o restaurante.

-Ai meu Deus. O que vamos fazer?

-Vamos distrair eles, é uma boa ideia, eu te vejo lá. Tchau.

POV ALICE

O que eu faço agora? Pensei enquanto desligava o celular, estava na frente do restaurante.

Estava olhando para os lados, quando vi uns homens fazendo uma obra ali na rua. Sorri.

POV BELLA

-A gente tem que ir mesmo de táxi? – Perguntei enquanto entravamos no mesmo. – Eu odeio táxi, por que não vamos andando?

-Vamos para o River Bistro. – Falou para o taxista e não me dando atenção.

-Eu fico enjoada.

POV ALICE

Sai do restaurante com um quadro nas mãos, -aqueles de escola-. Coloquei ele no chão e fiquei fazendo sinais. Estava escrito: “Cerveja e aperitivos grátis para torcedores do Jets!”

-Ei gente! – Falei tentando chamar atenção. Não estavam escutando. Peguei o quadro e coloquei-o pra cima. – Ai ó! Quem quer cervejas grátis. Cervejas grátis. – Falei gritando praticamente.

Eles começaram a ver e vieram para o restaurante, assim que entraram fui atrás. Cheguei a tempo de ver Marcus enlouquecendo praticamente. Foi praticamente empurrando um garçom dizendo que atendia eles. Revirei os olhos, Marcus sempre Marcus.

-É isso ai, estamos a fim de uma geladinha. -Falou um deles.

-Tudo bem, por acaso tem alguma convenção aqui perto? – Falou Marcus.

-É, vimos o cartaz e queremos cervejas de graça. – Marcus o encarou.

-De graça? Porque eu te daria... – Parou de falar olhando para o braço de um homem. – É, eu poderia dar de graça, ta com sede meu bebê? –Falou passando a mão no rosto de um homem.

POV BELLA

Chegamos na frente do restaurante, Charlie pagou o taxista e descemos. Ele viu um quadro ali na frente, o pegou e sorri. Alice.

Entramos e vi minha mãe vindo na nossa direção, Charlie foi falar com Marcus.

-Mamãe. – Peguei os braços dela e a virei para voltar.

-O que ta fazendo aqui? – Perguntou.

-Eu... Eu tava com saudade. – Falei.

POV ALICE

Vi Bella empurrando sua mãe e fui atrás do meu tio.

-Marcus, isso foi idéia sua? –Perguntou levantando o quadro.

-Não, não, eu nunca faria... Ah na verdade eu faria sim, mas eu não fiz. Porque que eu não fiz? – Falou franzindo o cenho.

-O cartaz diz cerveja grátis, queremos grátis. – E começaram a falar que queriam cerveja grátis. Olhei para onde tava Bella e vi sua mãe olhando para nós.

POV BELLA

-O que é isso? – Perguntou mamãe olhando para onde alguns homens pediam cerveja grátis.

-Olha isso, que presente bonito. – Falei indo na Jean. Era uma calcinha e acabou soltando em cima da cabeça de minha mãe.

-Eu me sinto uma rainha. – Falou, todas começaram a rir.

POV ALICE

-Nós não somos um bar para torcedores. – Falou meu tio Charlie. – Mas vamos oferecer uma... Uma cerveja por conta da casa. Mas é só. –Falou já saindo, o segui e ainda ouvi eles comemorando. –Pablo, o que houve? –Perguntou assim que chegamos na cozinha.

-Não sei.

-Esses fogões são novos... – E começaram a falar o que poderia ter acontecido.

Olhei para Bella e ela me encarava apavorada. Vi a mãe dela se levantando e dizendo que ia pegar mais bebidas. Olhei para os lados e olhei onde ficava dependurada as colheres eu usavam. Levantei minha mão e derrubou tudo.

-Ai. – Falei, meu tio se abaixou e a mãe de Bella olhou para nós.

-Mãe eu falo com o garçom, por que não senta e aproveita seu almoço?

-Pablo, continue tentando. Vou ligar para eles. – Falou Charlie, ele se levantou e saiu da cozinha.

-Garçom. – Escutei Bella chamar, me levantei e corri até meu tio. Ele falava no telefone. Sai de perto dele e fui até Bella.

-Não ta dando certo. – Falou Bella.

-Eu sei o que vamos fazer? Pensa. – Falei olhando para os lados. Vi ela pegando um isqueiro que tinha em uma bandeja.

-Espera ai. – Falou e saiu correndo.

POV BELLA

Sai correndo e fui para os fundos onde ficava o depósito, desci as escadas e cheguei onde queria. Peguei o isqueiro, o liguei e coloquei perto de onde sai água assim que tem contato com fogo*. Começou a sair água e o alarme de incêndio começou a gritar. Sai dali e voltei para onde minha mãe estava.

Cheguei a tempo de ver as pessoas saindo apressadas, Charlie as levavas até a porta da frente.

-Não corram. Nada de pânico, saiam todos pela porta da frente. – Falou as ajudando.

Parecia que tudo estava em câmera lenta.

-Cadê a Bella? Bella? – Escutei minha mãe. A olhei e ela e as mulheres que estavam no chá pegavam os presentes e começavam a sair. Olhei para Charlie e ele estava olhando para o teto, procurando o que poderia ter acontecido, voltei a olhar para minha mãe. Até onde essa mentira iria?

***

-Podemos estar encrencadas, mas foi divertido. Eu juro, a CIA devia contratar a gente. Ninguém viu, ninguém. – Falou enquanto se penteava, eu estava me secando com uma toalha. – Nós somos demais né? – Falou sorrindo.

-Seu tio faz palavras cruzadas com caneta.

-O que? – Perguntou.

-E a cozinha dele é perfeita.

-E daí?

-E daí que eu sei que ele acha que a Lua não é só uma rocha. – Ela veio e sentou do meu lado.

-O que você está falando?

-Existe mesmo um homem perfeito, e eu sei quem é o homem perfeito para minha mãe.

-Quem?

-O seu tio Charlie. – Falei como fosse obvio.

-É o que? – Falou Alice incrédula.

-Por causa do meu plano idiota eles não podem se conhecer. – Falei cansada. Me joguei para trás na cama –a qual eu estava sentada- e Alice se juntou a mim.

-Eu to ferrada. – Falou.

-Você tinha razão, eu nunca devia ter comprado aquela orquídea. Foi tudo um grande erro.

*Eu não sabia como era o nome desse negócio, mas acho que entenderam né?!