CAPÍTULO 5

POV BELLA

Estava na sala de aula tentando prestar atenção no que o professor dizia, mas não conseguia. Agora você me pergunta por quê? E eu digo: Porque eu não consegui dormir direito, tinha que conseguir bolar algum plano pra me livrar daquele Ben.

–... Emaranhada uma teia, que começa por uma mentira. Quem quer falar sobre o significado disso? – Me abaixei um pouco, não tinha escutado tudo que o professor tinha falado, e não queria pagar mico na frente dos meus colegas. Me virei pro lado pra poder falar com a Alice. Fui direta.

–Ele precisa escrever uma carta.

–Quem?

–O homem perfeito.

–Edward, pode dizer? – Falou o professor, e comecei a prestar atenção. Edward se mexeu meio constrangido por ter que falar. – É, você mesmo. O que acha que esse poeta quis dizer?

–Bom, eu acho ele quis dizer que a mentira complica.

–Por quê?

–Por que quem conta uma mentira, acaba tendo que contar outra mentira. Pois é, então, a cada mentira se transforma em outra mentira, e as coisas acabam se tornando mais complicadas. Até que por fim, você esta numa grande confusão de mentiras e não encontra saída.

–Muito bom, eu vou aceitar. – Falou o professor Walton. – Tina o que você... - Ele continuou a falar, mas me virei pra falar de novo com Alice.

–Vai falsificar uma carta? – Perguntou antes de eu começar a falar.

–Eu tenho que fazer isso, porque se não fizer a minha mãe vai acabar se casando com aquele cafona. Mas ela com certeza vai reconhecer minha letra.

–Mas ela não reconheceria a minha. – Alice falou dando um risinho no final.

–É verdade. – Falei assentindo e sorrindo. – Vamos fazer isso no final da aula.

–Perfeito.

–Perfeito. – Repeti e sorrimos.

***

Estávamos todos no intervalo, sentados na mesa que tinha no refeitório. Alice e Jasper, Edward e eu.

–Eu e a Bella vamos falsificar uma carta para mandar pra sua mãe. Mandada pelo Charlie. – Falou Alice.

–Alice! – Repreendi ela, não era pra falar pra ninguém.

–Nem vem Bella, todo mundo ia saber um dia. – Falou revirando os olhos.

–Pra que vão escrever uma carta? – Perguntou Edward.

–Por que a Bella não quer ter o Ben como padrasto. – Alice se meteu de novo.

–Não é por isso, eu não quero mais que minha mãe tenha namorados, não por enquanto. Ela não vai morrer por ficar uns meses sem conseguir alguém. – Falei, não queria continuar sobre aquele assunto. – Então, o que vocês vão fazer hoje pessoal?

–Eu e Edward vamos ter que fazer um trabalho chato de biologia. – Alice olhou pra ele, e começou a tremer o lábio, eu mereço. – Amorzinho, você ajuda a Bella, depois que eu terminar lá o trabalho e você as cartas podemos dar uma passada no shopping, pode ser? – Será que ninguém consegue dizer não pra Alice?

Ela deu um gritinho e começou a abraçar e beijar o Jasper. Revirei os olhos.

–E ai Bella, semana que vem vai ter a convenção de Quadrinhos, aquela que te falei, você vai comigo né? – Perguntou Edward.

–Ah, não sei, tenho que ver com minha mãe... – Ia continuar a dar umas desculpas, mas a carinha que ele fez deu dó.

–Tudo bem, pare de dar desculpas. Você falou que ia ir, você vai, nem que tenha que te arrastar comigo. Você vai ver que é legal, e não é essa chatice que você pensa. – Falou com um olhar de determinado.

–Ok, fazer o que né. – Falei suspirando. Jasper e Alice estavam olhando pra gente.

–Podemos ir? – Perguntou Alice.

–Não. – Edward falou.

–Por quê? – Perguntou Jasper.

–Porque vocês da ultima vez ficaram me incomodando, e isso não vai se repetir. – Falou simplesmente.

–Mas... – Continuou Alice, ela não se cansa não?

–Não Alice. – Falou revirando os olhos. – Bella vai ser sábado, eu vou te pegar na sua casa as 14h00min, ok?

–Ok. – Falei, não ia ter como discordar mesmo. O sinal tocou e nos levantamos todos para irmos pra nossas aulas.

***

–E se ela gostar de jogos com palavras cruzadas, coisas assim?

–Ah sim, é uma coisa boa. Um pouquinho de inteligência, jogos de palavras, gostei.

Estávamos eu e Alice sentadas na sua cama, escutando nossa conversa com Charlie, para poder fazer a carta. Ela sorriu e começou a escrever o que eu falava.

Eu sei o que eu to fazendo, é um delírio, mas o que eu posso fazer?

Situações desesperadoras pedem medidas desesperadas, pode acreditar. Se você conhecer o Ben até vai querer me emprestar um selo. Pensei enquanto colocava a embalagem da carta na caixa do correio.

***

No outro dia tomei café da manhã com minha mãe e com Meg, depois deixei ela no prédio de suas aulas e segui pro meu.

As aulas foram tranqüilas, estava procurando uma mesa pra me sentar, hoje tinha faltado Alice e Jasper, então estava procurando uma mesa, até que vi Edward e segui pra lá com minha bandeja nas mãos, parei ao seu lado.

–Oi. – Falei. Ele sorriu pra mim e olhei pra mesa, ele estava desenhando. – Edward onde ela está indo? – Perguntei apontando pra mulher que ele desenhou.

–Ah, ela precisava de sossego pra pensar em umas coisinhas ai.

–Que tipo de coisas?

–Bom, seilá. Pensar no próximo passo, se ela vai formar uma poderosa aliança com príncipe ou se segue sozinha.

–E o que ela vai fazer?

–Eu acho que ela vai ficar com o príncipe. – Falou sorrindo.

–Sério?

–Ah vai, ele parece ser um cara legal. Ele... Ele é bonitão, ele é legal, ele faz aquele lance com a espada. Como é o nome? – Perguntou enquanto fazia movimentos com a mão pra indicar o que era.

–A esgrima. – Falei sorrindo.

–Isso, a esgrima. Você tinha que ver ele com a espada, ele é um esgrimista nato. Toda vez que chamam pra sair, ele fala assim: “O gente não vai dar, eu vou ter que praticar a esgrima.” – Falou fazendo graça, acabamos rindo. – Quer sentar? – Perguntou sorrindo.

–Ah, não... É que eu á tenho outros planos então...

–Achei que não gostasse de planejar. – Falou me encarando. Fiquei encarando ele até que me lembrei do outro dia.

–É... – Falei sorrindo, ele sorriu também, só que um sorriso convencido.

Acabei que me sentando, conversamos até que bateu o sinal pra ir pra aula.

***

Já tinha chegado em casa, e agora estava dando banho na Maggie, quando ela me perguntou:

–Bella, acha que vamos ficar aqui?

–Eu não sei, por quê?

–Vai haver uma competição de palavras com outras escolas, minha professora me inscreveu.

–Ah, aposto que vai ganhar. Você é a melhor nisso.

–É, mas isso só vai ser daqui a dois meses.

–Bom, nunca se sabe. Mas acho que vamos estar aqui sim. – Falei sorrindo.

–Espero que sim, nunca participo de nada.

–Oi meninas. – Me virei e mamãe estava com cartas nas mãos, não tinha ouvido ela chegar.

–Mamãe, ta doente? – Perguntou Meg.

–Que? – Perguntou levantando a cabeça, ela estava concentrada em uma carta, fiquei curiosa pra saber se era do homem perfeito.

–Você não parece normal. – Falou Meg. Eu ri baixinho.

–É... É que eu recebi uma carta. – Falou e eu sorri.

–Que tipo de carta? – Perguntei.

–De amor. – Falou rindo bobamente.

–E o que diz? – Perguntou Meg sorrindo.

–É... – Começou, mas se virou e começou a ir pra sala. Larguei a esponja e sequei as mãos, me levantei.

–Espera ai. – Falei pra Meg e segui a Renné, consegui pegar a carta das mãos dela. E sai correndo.

–Que isso, me de aqui. Me devolve Bells. – Consegui me desvencilhar dela e comecei a ler a carta:

–Minha querida Renné, as letras R-E-N-N-É também servem pra escrever outra palavra pra mim,... - Parei e falei pra ela: - Esse cara é legal mãe. – Ela só riu, vi Meg entrar na sala vestida em um roupão, continuei. – Mas desde que conheci você eu ouço essas cinco letras e só consigo pensar em outras quatro amor, A-M-O-R.

–Nossa, amor... – Falou Meg.

–É... – Minha mãe estava monossílaba hoje.

–Ele ama você? – Perguntou Meg de novo.

–É o que ele diz. – Evoluiu nas palavras. Sorriu. Maggie fez cara de nojo.

–Meg, ele só quer ser romântico. – Falei e continuei a ler. – Está perto de você é como ganhar pontos escritos nas palavras cruzadas... – Fui interrompida, agora pela mamãe.

–Ele joga palavras cruzadas? – Assenti sorrindo e continuei.

–Tudo fica três vezes mais importante, o sol brilha três vezes mais, e eu fico três vezes mais feliz. – Acabei de ler e abri mais o envelope pra ver se tinha algo lá dentro. É claro que tinha. – O que é isso?

–Ele te deu um presente? Agora eu gostei dele. – Falou Meg sorrindo. Peguei o CD e fui até o som pra colocar lá.

–Esperto, inteligente, romântico... – Falou minha mãe com cara de sonhadora.

–Não continua achando que é o Ben né? – Perguntei enquanto colocava o CD dentro do som.

–É difícil imaginar o Ben jogando palavras cruzadas. –Rimos do que ela falou. O CD começou a tocar uma música animada, não sabia qual banda é.

Maggie se levantou e começou a dançar, puxou mamãe junto e dançavam pela sala sorrindo. Sorri também com isso. Renné pegou minha irmã no colo e “jogou” ela no sofá e começou a rebolar, ri com isso. Ela veio até mim e me puxou pra dançar também, fiquei meio relutante, mas acabei dançando no nosso ritmo, loucas. Não parávamos de rir. Até que cansamos e nos sentamos no sofá, ainda rindo.

Depois disso, conversamos mais um pouco sobre o nosso dia. Jantamos, tomei meu banho e me deitei, estava feliz, mas até quando essa mentira duraria? Afastei esses pensamentos e dormi.

***