Capítulo III - Afinal, Inglaterra

P.O.V Ana

No outro dia acordei as 8 da manhã - dá pra ter uma idéia da raiva? Ontem fomos dormir depois da confusão e de achar um colchão e esse retardado tá escultando música a essa altura as 8 da manha!!

– Ah, qual é seu viadinho! Dá pra parar com inferno, ai?! - Saiu meio misturado, xingamentos em português, restante em inglês. Mas o tom era inconfundivelmente de extrema irritação.

– Algum problema, bela adormecida? - disse ele com um sorriso debochado - Ops! Bela não! Com você isso não rola! Digamos, então, feia adormecida! Mas vou logo avisando de que de princesa você não tem nada, e duvido que um príncipe a queira com essa cara de banana! - ele riu - Ana... Banana... - cantarolou.

– AAH VAI SE FUDER! - Levante e vi o aparelho de som perto da cama onde eu estava. Ou seja, bem longe do Luck. Peguei o maldito e atirei na parede acima da cama do idiota. O aparelho calou-se instantaneamente e pedaços do objetos caíram bem em cima daquele cabeção loiro.

Ela estava pasmo. Eu, por outro lado, sorria marotamente, para logo depois fingir-me de inocente e lhe dizer:

– Ops! Ocorreu um probleminha aqui!

– Sua... sua... sua... - Ele tentava terminar um frase enquanto analisava o estrago. Aproveitei e peguei logo umas roupas na minha mala e fui pro banheiro.

Mas, antes de me banhar, abrir um pouco a porta e coloquei só minha cabeça pra fora:

– Good Luck! - Fechei a porta ainda sorridente, e logo escutei a voz do maldito com xingamentos que chegavam abafados em mim. Mas nenhuma das suas palavras maldosas serviu para apagar a curva vingativa de meus lábios.

Assim que saí, ignorando a cara feia de Luck - mais que o normal, quero dizer -, desci para cozinha onde havia um farto café da manhã coberto em cima da mesa. Fui logo pegando pães, bacon e frutas, não que eu gostasse muito, mas meio que para aliviar a culpa de esta comendo algo tão gorduroso logo tão cedo. Antes que pudesse desfrutar desses momentos raros de paz, escutei os passos do nojento descendo as escadas. Revirei os olhos e tratei de enfiar as frutas na boca, pra que acabasse mais cedo a minha refeição. Esse garoto tava atrapalhando até minha comida!

– Sua asquerosa, baratona irritante!

– Isso é a coisa mais cruel que você consegue dizer a alguém?! - Falei sem nem olhar pra ele, agindo normalmente como se ele não estivesse ali.

– Você vai pagar, sabia?! Literalmente! - Luck sentou-se na minha frente, e eu aproximei minha cabeça na sua direção.

–Uma pergunta: Foi você que pagou aquela porcaria?

–Não era porcaria! Foi muito caro e eu que paguei! E por esse motivo que você vai me pagar! Aquilo foi minha mesada todinha!

–Aaah! Sinto lhe informar, mas é justamente por esse motivo que eu não vou pagar coisa nenhuma! Se o Richard ou a Carly tivessem comprado eu faria questão de pagar. Mas, você... É bem feito! Quem mandou mexer com quem tá quieto? - Terminei logo meu pão enquanto Luck falava um monte de besteiras. Dessa vez eu não tava só fingindo, eu realmente estava o ignorando, tudo o que ele falava entrava por um ouvido e saia pelo o outro sem ao menos ser filtrado.

Saí da mesa e segui para o quarto onde vesti uma calça jeans preta básica, uma blusa de renda floral vermelha, um casaco de lã cinzento comprido que batia na metade da minha coxa. Só pra finalizar, coloquei uma boina vermelha - que combinava perfeitamente com a blusa -, sapatilha preta, pouquíssima maquiagem e uma bolsinha pequena.

Eu já tinha descido as escadas e estava na direção da entrada da casa quando um monstro loiro apareceu na porta da cozinha, arqueou uma sobrancelha e perguntou:

– Onde é que você tá indo?

Com o meu jeito meio galanteador, sorri, me aproximei do seu rosto ate ouvir sua respiração quente bater na minha face.

– Pra casa do caralho é que não é, né fofinho? - Disse isso com uma voz muito melada, e sorrindo ainda mais com seu desentendimento, me inclinei sobre seus lábios os selei com os meus.

Logo me afastei, ele estava pasmo. Cai em uma profunda gargalhada e dei tapinhas de leve na sua bochecha esquerda. Já estava com a mão na maçaneta quando ele retornou a falar:

– Por que fez isso?

– Aaah eu faço isso muito! Excerto com as mulheres, os velhos, as crianças e outras exceções da qual não me lembro. Meio que é um jeito bem meu de cumprimentar rapazes, ou deixa-los sem graça, assim como você. - Saí, mas antes de fechar a porta, completei - Vou dar uma volta pela cidade, quem sabe eu encontro o Daniel Radcliffe, o David Tennant, ou o Tom Felton para lhes cumprimentar desse meu modo - e revirando os olhos, disse encarando a paisagem à minha volta - Afinal, eu estou na Inglaterra!