Capítulo IV - Vingança! Ou talvez não...

P.O.V Luck

A "brincadeira" com a Ana não deu muito certo. Digamos que o tiro acabou saindo pela culatra... Sinceramente? O que aconteceu ontem me preocupou um pouco, veja bem, só um pouco. Nenhum desses bobões do Brasil vão atrapalhar minha felicidade, ainda estamos no inicio do ano e eu tenho MUITO o que armar.

Estou planejando tudinho pra amanha. Vai ser perfeito! Primeiro dia de aula, ela é novata, não conhece nada... Isso sem contar com o fato de que o pessoal da escola é meio rígido pro aspecto amizade e não tratam tão bem os intercambistas. Eu sou da turma dos populares, então só umas palavrinhas e todo mundo acredita que ela não merece a atenção de ninguém. Está tudo preparado pra amanha, mas claro que eu não posso perder uma só oportunidade.

Ela realmente me surpreendeu com essa maluquice de beijo, bem rápida, rápida até demais pro meu gosto. E por falar em gosto... A boca dela tem um gosto bom, não que eu nunca tenha beijado melhores, claro que não, mas... Agrrr! Droga. Você entendeu!

Enfim, ela ainda fez o favor de quebrar meu mp4 e isso não vai sair barato, nos dois sentidos. Estava pensando no que iria aprontar com ela dessa vez. Amanha vai acontecer tudo automaticamente, eu não estou preocupado, mas hoje... Hoje a noite? Ela vai ter que receber uma lição... Ah, espere! Aquela brincadeira do acampamento, isso, está decidido, vai ser muito engraçado. Senti que um sorriso malvado estava surgindo no meu rosto e eu não pude segura-lo.

Levantei para começar a preparar tudo, não tenho certeza de que tenho os materiais necessários, mas vou garantir que sim. Comecei a perambular pela casa na direção da cozinha sem me importar de colocar uma camisa, quem liga pro frio de Londres? Como eu sempre digo, o que é bonito é pra ser mostrado. Na cozinha não achei o que procurava e já me preparava para procurar minha mãe e questiona-la quando vi a maldita baixinha banana entrando na casa. O olhar de nojo direcionado a ela foi inevitável, mas logo o desfiz ao perceber que meu pai estava junto dela e forcei um sorriso.

– Olá! - os cumprimentei.

– Boa tarde, Luck. - meu pai falou e eu não me incomodei com seu tom cansado, era sempre assim quando ele voltava do trabalho.

– Olá Luck? Tudo bem? - ela falou, ainda com um sorriso maldoso que eu estava ansioso para arrancar dali. Aí se seguiu a toda aquela coisa de "Sim, e com você?" e toda a cordialidade até meu pai sair da cozinha e eu desmanchar o sorriso.

– O que você tá tentando fazer, hein garota?

– Ora, nada. Só fazer amizade com você. Afinal, vamos conviver, certo?

– "Errado. Vou te tirar daqui assim que der." - Eu bem que queria ter dito isso, mas assim que ela terminou de falar saiu da sala com um sorriso mais do que vitorioso.

Ela me distraiu um pouco com todo aquele egocentrismo e eu quase me esqueci que tinha que comprar umas coisinhas. Saí de casa com um tom maldoso no rosto. Ah, mas essa filha da mãe me paga! Segui até um mercadinho que tinha perto de casa e não demorei muito pra achar o que queria. Paguei e voltei pra casa.

Eu sabia que ela sempre usava o banheiro de madrugada, era como um ritual maluco, ela levantava as 2:30 tomava água e usava o banheiro. Depois disso dormia feito uma pedra. Assim sendo, esperei até que todo mundo na casa seguisse a rotina normalmente.

Dessa vez jantamos na mesa mesmo, seria muito estranho seguir o costume de comer em frente a TV até por que a Ana mesmo disse que era meio que maluquice comer sempre assim, se fizéssemos isso sempre acabaríamos virando uns daqueles americanos ridículos. Não demorou muito pra que todo mundo fosse pra cama, meus pais sabiam que no outro dia cedo teríamos aula então nos mandaram pra cama cedo.

Ativei o despertador no meu celular e o ajustei para as 2 da manha, aí poderia ter certeza que já estavam todos dormindo e meu plano seguiria como o esperado. O sorriso continuou no meu rosto e eu dormi sentindo um frio na barriga insano e feliz.

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Acordei com um maldito trin-trin-trin embaixo do meu travesseiro, não era possível que já fosse de manhã, ia começar a praguejar e pedir um celular novo quando me lembrei do plano. Mesmo que com sono não consegui apagar o sorriso, lembrei que tinha que ser rápido por que logo ela acordaria. Levantei da cama ainda sonolento, mas mais animado com o que iria acontecer e peguei o celular para desligar o despertador. 2:15. Como assim? Eu ajustei errado? Ah... Ele deve tá tocando a um tempinho, espero não ter acordado a banana ali... A olhei só pra checar e vi que ela dormia como sempre, como se estivesse morta.

Segui até o banheiro e levantei a tampa do vaso com o assento junto e peguei o isofilme. Com cuidado comecei a colocar parte dele no vaso de uma ponta a outra e vi como ele ia ficando perfeitamente invisivel. Terminei de colocar e tive cuidado pra não encostar no meio do vaso se não o isofilme iria esticar e ficar visível. Sorri maldoso mais uma vez, realmente essa era uma ótima ideia. Baixei o assento e a tampa e saí do banheiro com cuidado pra não fazer barulho. Deitei na cama e esperei.

Vi na hora que ela levantou e foi na direção da porta e fingi que dormia. Ela voltou um tempinho depois e entrou no banheiro, dei uma risadinha. Ela tava sonolenta, quase que dormindo em pé, não iria nunca perceber o reflexo do isofilme e meu sorriso só aumentava. Diferente do que eu imaginei, não escutei um grito, mas sim o som do chuveiro sendo ligado. Não entendi muito bem, quem toma banho uma hora dessas? Mas eu ainda torcia pra que ela usasse o vaso e essa torcida funcionou.

Ouvi bem na hora que ela desligou o chuveiro e continuei pensando "Por favor, não veja o reflexo! Por favor, use o banheiro!"

– Luck, seu fdp!!! Desculpe, Carly! - escutei os gritos e me permiti sorri. - Olha o que você fez seu corno!!! - ela gritou e eu vi a porta ser escancarada. Essa garota é louca ou o quê? - O que você pensou? Seu filho da mãe, viado, corno!!

Não entendi tudo o que ela tava falando por que partes ela falou em português, mas entendi que não tinha funcionado, que eu tô muito ferrado e que tem uma garota seminua - Nossa! Que corpo é esse? - na porta do meu banheiro que por acaso está furiosa comigo e eu vi no olhar dela que isso vai ter volta. Senti um frio na espinha seguido por um medo e por um aperto nas calças que só acontecia quando eu via coisas indecentes, sério mesmo que ela tinha que tá nua?