Capítulo II - Bad girls

Capítulo dedicado a ReQueiroz

Saí do banheiro e vi tudo totalmente escuro, droga! Tô vendo bolinhas na minha frente, tenho que diminuir a intensidade da luz do banheiro. Segui calado até minha cama no completo escuro, no caminho bati o pé na quina da madeira da cama, clássico.

Me deitei tranquilo e olhei pra pirralha na cama do lado. Luz entrava pela janela através dos postes na rua e eu já conseguia ver tudo graças a ela. Virei o rosto para a parede tentando dormir, sem sucesso graças a um formigamento nas minhas costas que logo virou uma coceira e foi se espalhando pelo meu corpo. O que é isso? Comecei a me coçar, mas não passava de jeito nenhum e isso só piorava. Levantei exasperado e tirei a camiseta, coçando ainda mais tudo. Já estava sentindo uma dorzinha pelo arranhões que eu mesmo estava fazendo com a unha.

Meu desespero aumentava cada vez mais junto com a coceira e a dor e eu já não sabia mais o que fazer, quando ouvi um riso abafado vindo da cama do lado. Olhei para a garota e senti uma raiva maior do que já sentia antes. Tudo que eu queria fazer era esgana-la, mas estava ocupado demais me coçando e simplesmente não conseguia tirar as mãos das costas. A olhei irritado e vi ela se levantar da cama e pegar um tubo na gaveta onde ficarão suas coisas. Acendeu a luz e veio na minha direção ainda rindo muito. Olhou para minhas costas e riu mais ainda.

– Caramba! Não sabia que você era tão idiota a ponto de se coçar, mesmo vendo que tava machucando!! - Não aguentei a raiva e a empurrei em cima da cama. Fazendo com que a mesma balançasse ao receber o peso repentino da castanha e então "Cabum!" a cama caiu levando a bobona junto. Foi minha vez de rir. Ela tentou se levantar com dificuldade e irritada e bateu a perna antes de conseguir, caindo pra trás em cima da cama. A idiota agarrou minha calça e me levou junto, fazendo minhas costas baterem contra a madeira e uma dor aguda me tomar. Droga! Escutei a gargalhada dela abafada pelas minhas costas e mesmo com dor e sentindo coceira também ri. Ela se sentou me levantando junto na cama quebrada no meio e ficava afundando a cada três segundos.

Ela ria sem parar e me mandou ficar quieto enquanto me virava de costas para ela e para a porta. Aí ela gargalhou, provavelmente minhas costas devem ter algo muito engraçado. Ouvi o barulho de uma tampa sendo aberta e logo senti uma coisa fria meio líquida e grossa escorrer pelas minhas costas e ela passou a mão espalhando o creme. Queria poder dizer que não me arrepiei completamente ao sentir as mãos dela no meu corpo, mas eu estaria mentindo. Ela terminou de espalhar e o creme fez a coceira diminuir muito. Senti o peso da cama mudar um pouco e tive que me segurar para que nós não fossemos caindo até o burado no meio da cama. Percebi que tinha mudado por que agora ela estava de joelhos em cima da cama com a boca próxima ao meu ouvido.

– Good girls go to heaven. Bad girls go... - ela não conseguiu terminar a frase (mas eu já sabia o final. Bad girls go to London.) foi interrompida pela porta que foi aberta subitamente e eu virei o rosto para ver minha mãe com uma cara assustada e os cabelos bagunçados coberta por um robe azul claro e meu pai atrás dela vestido de um jeito semelhante ao que eu estou agora e com os olhos esbugalhados.

– O que está acontecendo aqui?! Que barulho foi esse? - minha mãe perguntou.

– O que vocês estão fazendo? - depois da pergunta do meu pai foi que eu me dei conta da cena que eles estavam vendo. Eu sentando na cama da coisinha de costas e sem camisa enquanto ela estava de joelhos atrás de mim com um short curto e uma camiseta de alcinha que não cobria nada sussurrando no meu ouvido, isso depois do barulho da cama quebrada e uma série de gargalhadas e ainda tinha minhas costas arranhadas.

– Não é isso que vocês estão pensando!! - gritei e vi a garota olhar para mim com cara de tacho.

– Não tinha uma frase mais clichê, não? - ela perguntou. - Olha, o que aconteceu foi o seguinte: Essa é minha vingança. - eles a olharam como se ela fosse louca. Pronto, agora teríamos que dizer tudo, imbecil! - Acontece que desde ontem nós estamos brigando. Ontem a noite ele pôs pasta de dente no meu travesseiro e hoje eu coloquei pó de mico na cama dele. - ela falou cética. Será que ela sabe o que são castigos? - O problema foi que ele começou a coçar tudo e aí eu tive que fazer com que ele parasse, mas eu não conseguia parar de rir, por que foi realmente muito engraçado ele se coçando completamente - eu sabia que meus pais não se importariam com isso, quer dizer, não com o pó de mico. Eu e meus primos fazíamos isso quase sempre. Só estava com medo deles brigarem por que eu aprontei no primeiro dia dela aqui e tals... - e aí ele me empurrou em cima da cama e ela quebrou e depois eu puxei ele junto pra que passasse logo o creme antes que começasse a sair sangue.

– Aham, e agora tava sussurrando a frase da vingança, por que ontem eu disse pra ela: Bem Vinda a Londres, baby. E agora ela me disse: Good girls go to heaven, bad girls...

– Go to London. - meu pai completou parecendo entediado e minha mãe ria.

– Bem feito! Pra você aprender a mexer com os outros de novo. Agora vão dormir, amanhã vai ser o ultimo dia de férias e é bom que aproveitem bem - fiz uma careta - . Eu vou pegar um colchão que tem no nosso quarto para você Ana, tudo bem? - ela assentiu sorrindo.

– Ah, e já que vocês estão tão amigos assim, quando começarem as aulas a Ana poderia lhe ajudar, certo Ana? - vi ela abrir um sorriso maldoso e assentir. Estou realmente bem ferrado.