As algemas tilintaram, caindo inúteis no chão. Estava livre! Mas não por muito tempo. Uma equipe de funcionários entreu na sala. Empunhando armas de choque e tranquilizantes, imobilizaram-no fácil e dolorosamente. Gerard não pode fazer nada, a não ser fitar aquela nauseante ultra-violência através das visões que o confundiam e turvavam-lhe a mente. Se houvesse algo em seu estômago, teria voltado, novamente. Por fim, Frank caiu, exausto e ferido, toda sua força colossal superada pela tecnologia.

-Esperem não... Façam isso... - conseguiu sussurrar Gerard, reencontrando sua voz, que soou cansada e sem forças, inútil. Havia desistido de lutar, só queria que acabasse logo. Olhou para Frank, caído e esnsangüentado, e depois para seus algozes. - O que vocês querem de mim? O que vocês querem de Frank? - deitou a cabeça inconsciente do amigo em seu colo, afastando-lhe a franja negra suada.

Os funcionários fingiram não tê-lo ouvido e saíram, sem explicações ou demoras. Gerard soluçava, chorando como um bebê, os lábios tremulando num muxoxo de indignação e pânico. E agora? O que lhe aconteceria? Se haviam sido capazes de fazerem isso a Frank, o que lhe estaria reservado? Ele que era meio delicado e, fisicamente, fraco?

-Senhor Way, afaste-se do senhor Iero. - uma voz soou, vinda de um alto-falante embutido na parede. Pode ver um homem do outro lado da parede de vidro, que lhe dera tal instrução falando através de um dos muitos aparelhos de uma bancada. - Iremos agora realizar alguns testes.

-Não... Por favor, ele está...

-Ele está bem, senhor Way. Deixo-o aí onde está, senão terá sérias conseqüências.

Gerard levantou-se, mesmo com as pernas fracas, e recostou-se em uma das macas, pois sentia que desmaiaria a qualquer instante.

-Sou o doutor Raymond Manuel Toro Ortiz(OH!) Estou aqui para testá-lo física e psicologicamente. Mantenha-se de pé, senhor Way, o mais correto possível, enxugue essas lágrimas, vamos, você é um homem ou um rato?!

Homem... Não sabia por que mas nunca fora tratado assim. Tinha sido sempre a "Dócil criança do casal Way", mas já passava dos dezessete anos. Era verdade o que o médico dissera. Tentou levantar, pelo menos o rosto, o máximo que podia. Descobriu que não era muito. Estava fraco, parecia não ter comido nada durante meses.

-Vamos, não tenho o dia todo. - Ray saiu do alcance de vista de Gerard, reaparecendo logo após, dentro da sala. - Sente-se. - suspirou.

Gerard sentou-se, largando-se na maca. O que estava acontecendo? Nunca se sentira tão... Frágil. Só podia ser aquele lugar que o estava adoecendo! Ray ordenou-lhe que tirasse a camisa. Hesitante, ele obedeceu, ecorregando para fora da jaqueta, do suéter e depois da camisa. Estava frio. Seus dentes tiritaram, enquanto Ray descia o estetoscópio gelado por seu peito e suas costas.