Acaso Ou Destino escrita por Tricia


Capítulo 19
Família


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura a todos



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Não devia ter feito isso – murmuro Sakura baixo após se separarem ainda com os olhos fechados.

– Eu não deveria fazer muita coisa, e uma delas era de não me apaixonar pela professora da minha filha – retruco ele antes de unir seus lábios novamente.

[Horas antes]

Já estava ficando difícil distinguir o que era mais incômodo, a voz feminina ao telefone lhe dizendo retoricamente “o numero discado encontrasse desligado ou fora da área de cobertura, tente mais tarde”, ou os comentários idiotas vindos de Sai que mais parecia se divertir com isso.

– É duro quando elas não atendem, não é – bufo fuzilando o primo sentado no sofá de três lugares com as pernas esticadas fingindo ler uma revista – Tem uma coluna aqui sobre amor. Quer ler? Quem sabe ajuda.

– Não. Tenho mais o que fazer.

– Ah claro, como ficar ai se perguntando o porquê da rosada não estar te atendendo “será que fiz algo de errado”, “será que ela esta esperando que eu de o primeiro passo” – ele zombou bela milésima vez – Isso deve afetar bem o seu orgulho Uchiha.

– Cala a boca.

– Cheguei! – ouviram a voz feminina bastante conhecida da mãe podendo logo ver a dona adentrar o cômodo com seu belo sorriso cativante – Aconteceu alguma coisa filho?

– Orgulho ferido, tia – respondeu Sai para tia antes mesmo que pudesse se quer cogitar em dizer um “nada”.

– Como é?

– Não é nada, mãe. Frescura do Sai que não tem o que fazer da vida.

– Me respeita ta, eu trabalho! Não sou desocupado muito menos vagabundo!

Sasuke maneou a cabeça negativamente se virando, pronto para voltar à cozinha. Com um pouco de sorte Sakura finalmente decidirá atender a porcaria do celular.

– E lá vamos nós de novo – para um cara que se dizia entender tanto de mulheres, Sai não estava prestando para nada, a não ser irritar com seus comentários desnecessários.

– Foi se os tempos em que os filhos contavam as coisas para as mães – revirou os olhos ao ouvir o comentário de Mikoto que vinha logo atrás, como se esperasse que isso fosse mudar algo – Ainda mais quando se trata de mulher. Embora ela tenha me parecido ser realmente uma moça adorável.

– Quem? – pergunto sem muito interesse.

– Sua namorada, Sakura.

– Ela não é minha namorada, ok.

– Então deve ser por isso que ela estava um pouco triste comprando doce, parecendo uma adolescente tentando descontar as frustrações em comida.

– Ela estava triste – murmurou mais para si mesmo passando as mãos nos cabelos os bagunçando ainda mais. Sai poderia mesmo estar certo.

Fito o celular sobre o balcão ligado ao carregador por conseguir gastar toda carga apenas tentando ligar a toa quando deveria ter feito a coisa certa, ou até mesmo imprudente.

– Eu acho que sei por que – ambos se viraram fitando Sai que parecia se preparar para ler alguma coisa na revista que apouco fingia ler – “Ao que tudo indica logo haverá um novo membro na prestigiada família Uchiha, mas não se engane que não estamos falando de bebês, mais sim uma mulher de cabelos rosa que parece ter conseguido fisgar o coração de um dos herdeiros Uchiha. Vai conseguir um marido dos sonhos e de quebra ganha uma filha” – Sai fez uma pequena pausa soltando uma risada abafada enquanto virava a página para continuar – “Se envolver com secretarias parece não agradar Sasuke, pois essa mulher é supostamente a professora da filha dele, Miya. Francamente, o que tem de moças que gostaria de estar no lugar dela nesse exato momento, não teríamos dedos suficientes para contar”... Tenho que continuar? – a pergunta saiu tão seria que quase poderia suspeitar se fora ele mesmo que a fizera.

– Não – respondeu abruptamente

– Lá vai Uchiha Sasuke atrás de seu feliz para sempre ao lado da professora – ignorou o comentário maldoso do primo pegando o celular e abrindo a lista de contatos enquanto procurava as chaves no carro em baixo do bando de papeis que tirara da maleta para trabalhar em vão.

– Papai – parou imediatamente se virando encontrando as chaves na mão da filha que sorria de modo divertido – Procurando por isso?

Agradeceu a menina dando um beijo no topo da testa da pequena murmurando um ”se comporte” e se despedindo logo de todos.

Mal saiu de casa e já podia ouvir a voz da esposa do amigo e companheiro de trabalho do outro lado da linha soar em um misto de irritação e desdém, como se quisesse que fosse outra pessoa.

– Ino, preciso da sua ajuda urgente – começou tendo a certeza de que conseguirá atrair a atenção da loira facilmente. Explicando tudo aos mínimos detalhes, até mesmo os que gostaria de ocultar.

Pelo menos ainda avia algo torcendo pelo sucesso da “missão” como Ino decidira chamar. As ruas estavam quase que desertas, sendo assim, acabara chegando mais rápido ao destino desejado, a casa de Sakura.

O vaso de cravos que mandara ainda se encontrava na porta do mesmo jeito que pedira para ser deixado. Ela não poderia ter o ignorado desta forma, poderia?

Aperto o volante, esta não era a melhor hora para bancar o inseguro neurótico. Não mesmo.

Parou o carro um pouco mais afastado que o normal da casa para esperar. Ela provavelmente ainda não avia chegado.

Mas quando estava pronto para dar a partida no carro e ir embora conseguiu ver o carro de Sakura cruzar a esquina e entrando na garagem, saindo à motorista tentando carregar algumas sacolas nos braços e ao mesmo tempo conversar no celular. Não era a toa que diziam que mulheres poderiam fazer varias coisas ao mesmo temo, ou pelo menos tentar.

Soltou um suspiro antes de abrir a porta do carro e sair rumo a ela. O semblante não demonstrava a costumeira felicidade com aquele sorriso irritantemente perfeito que se acostumara a admirar sempre que via.

– Sakura... – a chamou tentando não soar indiferente – Não deveria ficar ignorando as pessoas assim.

– Por que se importa com algo assim? – ela perguntou girando nos calcanhares, ignorando totalmente a pessoa com quem estava conversando pelo celular – Por que esta aqui?

– Podemos conversar em outro lugar – perguntou olhando de um lado para o outro. Do jeito que as coisas estavam, poderia muito bem estar sendo seguido por algum idiota com uma câmera ou celular disposto a ganhar algum dinheiro com revistas de fofocas.

Como torcia ela confirmo com aceno de cabeça voltando o telefone a ouvido e dizendo:

– Eu vou ter que desligar. Mais tarde eu ligo se der.

Apresou-se a passos rápidos pegando as sacolas que a mesma carregava sem se importa com a reação de surpresa da Haruno que ainda por cima quis tentar carregar o vaso, mas como um bom cavaleiro não iria permitir que carregasse se estava ali, por que não levar também.

Espero até que abrisse a porta para entrar atendendo ao pedido e deixando tudo sobre a mesa de jantar com cuidado a ouvindo dizer que mais tarde arrumaria tudo com calma.

– Ok, sobre o que quer conversar? – Sakura perguntou cruzando os braços o fitando tentando parecer seria e indiferente.

– Lembra que disse que queria me ajudar?Mas do nada tenta se afastar... Afastar-me – começou, mas antes que pudesse continuasse ela se pôs a interromper.

– É complicado.

– Tenta então – incentivo com uma cara de “vá em frente eu tenho tempo, se não tiver arrumo”, e arrumaria mesmo.

A observo cautelosamente vendo-a soltar um suspiro visivelmente frustrada e saindo da sala por alguns minutos e voltando com uma revista a folheando, mas parando logo e estendendo.

E lá estava tudo que Sai avia lido e muito mais, com direito a fotos e comentários maldosos que certamente ofenderiam qualquer mulher em seu lugar.

– Já ouviu aquele lema de “Dani se o que as pessoas pensam”? – pergunto após alguns minutos.

– É o que?

– É bem simples. Esta vendo isso? – pergunto retoricamente deixando transparecer um sorriso travesso que a muito tempo não dava e jogando a revista para trás, como se não fosse nada, que de fato não era – Não significa absolutamente nada. Danem se com suas colunas de fofocas idiotas – disse dando alguns passos à frente chegando perto, muito perto – Não são eles que pagam minhas contas e muito menos as suas, portanto, apenas esqueça que eles existem, pelo menos por agora.

Antes que Sakura pudesse se quer abrir a boca para retrucar a surpreendeu levando uma das mãos ao rosto delicado sorrindo. Mas logo tratando de capturas os lábios rosados em um beijo calmo tentando mostrar que deveriam aproveitar ao máximo aquele momento.

– Não devia ter feito isso – ela murmurou baixo após se separarem ainda com os olhos fechados.

– Eu não deveria fazer muita coisa, e uma delas era de não me apaixonar pela professora da minha filha – retruco antes de unir seus lábios novamente. Mesmo sabendo que não seria suficiente para provar que o que nutria não era apenas atração física, já poderia considerar ser um começo.

De uma coisa agora tinha certeza, os lábios de Sakura parecia querer levar a um lugar totalmente desconhecido e tentador.

Afastou-se aos poucos abrindo os olhos, Sakura ainda se mantinha com os olhos fechados, mas diferente de antes, corava muito mais do que no dia em que avia convidado para “sair”. Perfeitamente adorável.

– Isso não é real, certo? – ela perguntou tão baixo que quase não ouvira direito – Assim que eu abrir meus olhos ira sumir. Você ira sumir.

– Abra os olhos que ainda poderá me ver aqui – disse achando graça do que nunca esperaria ouvir – Não acredito que você quer mesmo que eu suma.

Não demorou para que pudesse ver as esmeraldas o encarando com certa vergonha, só faltava saber se era pela pergunta ou ação.

– Desculpe, só queria fazer a coisa certa...

– E por que isso seria errado?

– Você não sabe quase nada sobre mim e eu não estou ao seu nível e... – o som do celular tocando acabou por chamar a atenção da rosada a fazendo parar imediatamente.

– É melhor eu desligar.

– Não!Atenda. Eu não me importo. Pode ser importante pra você.

Confirmo vendo que não teria mesmo jeito, na certa seria Sai tentando bisbilhotar. Mas o que marcava na tela era o nome de Mikoto. Não fazia nem uma hora que avia saído de casa.

– Sim.

– Temos um pequeno probleminha, filho – a voz da mãe parecia estar totalmente diferente de antes, soando preocupação e receio.

– O que ta acontecendo.

– A Miya não esta muito bem. Eu não sei o que ouve direito, só que ela ta reclamando de dor no estomago, então eu to levando pro hospital agora. O Sai disse pra eu não ligar, mas eu achei que seria melhor ligar sim, já que como pai tem a obrigação de saber e tal, mas também...

– Mãe! Respira fundo, eu já entendi tudo – a interrompeu ciente de que não fizesse ouviria mais que um político discursando sobre o que faria em seu mandato – Só me diz em que hospital você ta levando ela que eu logo chego.

As informações foram passadas pela mãe tão rapidamente que tivera que pedir para repetir que só entendera o começo. Sakura já não se encontrava na sala, mas podia ouvir o som das sacolas plásticas sendo mexidas.

– Sakura – chamou adentrando o cômodo sem qualquer tipo de cerimônia.

– E então?

– Me desculpe, mas eu vou ter que ir. Miya esta no hospital.

– O que?! – se tivesse algo nas mãos da rosada certamente já estaria no chão.

– Não me faça perguntas que eu não sei como isso aconteceu, ou o que minha mãe aprontou – respondeu.

– Ok. Então vamos.

Antes que pudesse pelo menos entender o que Sakura avia dito, já estava sendo puxado pelo braço rumo à porta da frente. A ideia de ligar mais tarde não seria mais necessária.

– Serio que você quer ir ao hospital? – pergunto após sair da casa e ter o braço solto.

– Serio pergunto eu! Não era você que queria que eu não me afastasse, pois bem, eu vou junto e ponto final.

Balançou a cabeça soltando uma risada pelo tom autoritário da mulher, ela estava completamente certa. Pôs-se a frente pegando uma das mãos delicadas e seguindo para onde avia deixado o carro.

Os minutos que passaram dentro daquele veiculo foram em um silencio mortal tendo cada um preso em seus próprios pensamentos. Mas não durara tanto, pois logo já estava estacionando o carro na primeira vaga vazia que encontrara no estacionamento do hospital.

Na recepção se encontrava Miya sentada em uma das cadeiras ao lado da avó que hora ou outra olhava para os corredores na esperança de ver algum medico aparecer para atender a neta.

– Mãe – chamou se aproximando das duas.

A mulher se preparou para responder, mas fora interrompida pela visão da menina que praticamente pulara da cadeira indo em direção a Sakura que rapidamente se abaixou abrindo os braços para menina.

– Sakura, você veio – a voz saiu carregada de uma felicidade que chegava a impressionar Mikoto, mesmo quando ficou mais de dois de anos sem ver a pequena ela não fez algo do gênero.

– Você acostuma – murmuro Sasuke baixo para mãe se sentando no lugar em que Miya estava.

– Vocês estão aqui há muito tempo? – pergunto Sakura recebendo uma confirmação de Miya e reclamação de Mikoto.

– Pior que não podemos fazer nada – bufo Mikoto.

Encarou a filha se afastando de Sakura que pediu para que voltasse a se sentar enquanto a mesma ia fazer uma coisa, mas logo voltaria, nem perceberia sua ausência. E como esperado Miya a obedeceu apenas murmurando um “tudo bem”.

~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~

Sakura podia ouvir o som de seus sapatos ecoarem perfeitamente à medida que andava. Se não estivesse enganada, o caminho que seguia poderia ser o correto, se não estivesse seria só por um ou dois corredores, afinal, não se via muita diferença em corredores brancos com portas fechadas para todo lado que olhasse.

– Posso ajudar em alguma coisa? – se virou dando de topo com uma enfermeira segurando uma prancheta.

– Ah, meu pai esta internado aqui e foi atendido por um medico chamado Satoru que deixo um recado para eu ir falar com ele assim que viesse. Algo relacionado ao diagnostico eu acho, não entendo muito de medicina sabe – mentiu.

– Pra chegar à sala dele é só voltar esse corredor e virar à direita. Ele certamente esta na sala dele, mas creio que será inútil ir até lá, ele deixo bem claro que não quer ser incomodado por absolutamente ninguém em hipótese alguma.

– Mesmo assim eu vou tentar, mas obrigado pelo aviso.

Voltou o corredor como fora dito pela mulher as pressas antes que pudesse ser detida no meio do caminho pela mesma.

Parou em frente à porta contendo uma pequena plaquinha de metal com o nome do medico em questão. Respirou fundo com os olhos fechados em busca de qualquer força disponível para encarar o que certamente viria a seguir.

– Eu pensei ter sido bem claro quanto a não querer ser interrompido. Se estiver atrás de medico siga o corredor que logo encontrará algum – ouviu quando abriu a porta.

– E você acha que já não tentaram – rebateu conseguindo fazer com que o homem a frente tirasse os olhos do que parecia ser um livro de medicina.

– Não vê que estou ocupado.

– Por que isso não me surpreende, afinal, você esta sempre ocupado, para tudo e todos. Principalmente pra mim, não é pai...?

– Onde esta querendo chegar com essa ceninha patética, Sakura?

– É uma menina, ela disse que ta com dor no estômago, e estão apenas enrolando a família dela na recepção.

– Me de um bom motivo para abandonar o que estou fazendo por sinal de estrema importância pra mim e ir correndo ver uma menininha qualquer que acabo de chegar sendo que crianças ficam doentes ou se machucam gravemente todos os dias – ele perguntou apoiando os cotovelos na mesa a encarando com um olhar que mais dizia: “não importa o que faça ou diga agora que não ira me convencer” tsc.

–Ética medica – tentou recebendo em resposta uma risada debochada.

– Isso soa um tanto irônico vindo de alguém que abandonou a faculdade de medicina anos atrás, não é – como gostaria de não ter entrado naquela maldita sala pedir ajuda, sabendo perfeitamente que ouviria isso – O que foi? Não me dica que já se arrependeu de virar professora?

– Não. Mas me arrependi de ter vindo aqui. Não acredito que pensei que pelo menos uma vez na vida poderia contar com você. Muito obrigada, pai.

Virou-se abrindo a porta com raiva saindo pisando fundo podendo ouvir ser chamada pelo pai umas duas vezes antes de deixar por completo aquele corredor.

Por que teve que ter uma ideia tão absurda afinal, Sakura? Sempre contara apenas com sigo mesma pra tudo na maior parte do tempo, por que poderia ser diferente dessa vez. Pensava.

Chegou à recepção onde a família Uchiha ainda esperava, com Mikoto brigando com a recepcionista junto com o filho.

– Esse hospital vai pagar muito por isso. Somos uma das famílias mais influentes dessa cidade! – reclamava Mikoto sendo apoiada por Sasuke. Era só o que faltava.

Suspirou tentando ignorar aquela situação se preparando para ir até Miya que se mantinha quieta sentada em uma cadeira de espera assistindo.

– Agora entendo porque pediu ajuda – se viro assustada encontrando o olhar pouco atendo do pai sobre os Uchihas – E eu que achava que sua avó era estourada, mas sua sogra ta vencendo de 10 a 0.

– Por que esta aqui?

– Porque me pediu ajuda – Satoru respondeu enquanto ia em direção a recepcionista – Posso saber o que esta acontecendo aqui?

– Você é o medico preguiçoso que não quer atender minha neta?! – pergunto Mikoto furiosa. Certamente o pai não gostara nada de ouvir algo assim.

– Escuta aqui, senhora, sua neta não é a única doente no mundo – ele rebateu cruzando os braços – Eu vim pra atender ela, mas se não quiser eu vou embora agora mesmo, não me custa nada.

– você não ousaria... – desafiou Mikoto cerrando os punhos.

– O que é mais importante pra vocês? A Miya, no caso a doente ou a briguinha idiota de vocês – intercedeu visivelmente irritada com o rumo que aquilo estava tomando – Que no final não ira levar a absolutamente nada!

Encaro Mikoto por alguns segundos antes do pai, se o conhecesse tão bem quanto se lembrava, há esta hora já deveria estar se remoendo internamente de ter sigo “repreendido” por algo que o mesmo deveria julgar não ser de sua conta.

– Então você esta insinuando que isso é à toa? – ele perguntou franzindo o ceio. Os olhos verdes escuros mostravam claramente que aquilo o avia o ofendido. Mesmo sendo a pura verdade.

– E não é? – todos se viraram ao ouvir a pergunta vinda da Miya fazendo com que a mesma se encolhesse um pouco.

– responde Satoru – incentivou levando uma das mãos a cintura encarando o pai. Seria sorte se não tivesse que ouvir discurso moralista sobre como falar com os pais mais tarde.

– Alguém pode me explicar o porquê de toda essa agitação? – se segurou para não rir da forma como o pai fechou mais a cara se é que era possível ao ouvir aquela voz feminina tão familiar atrás de si.

– Nada Hana – o tom de Satoru acabou saindo tão rude que ate poderia surpreender se já não estivesse acostumada.

– Como se eu confiasse no que você diz – ela retrucou arrogantemente prendendo os cabelos rosados com uma caneta e se voltando para recepcionista que se mantinha quieta assistindo torcendo para ninguém a envolvesse – Me traga a ficha da menina.

– Mas o doutor Satoru disse que cuidaria disso.

– Eu não me importo com o que o doutor Satoru disse ou deixou de dizer! Ele esta muito ocupado no momento batendo boca com esta senhora que eu não tenho ideia do nome, portanto, eu vou assumir .Fui clara?!

Se ainda fosse uma criança certamente estaria com um pouco de medo daquele olhar que a mãe demonstrava quando queria muito algo sem contar o tom de voz autoritário que fazia qualquer um dar pelo menos três passos para trás apenas por precaução.

Sem esperar qualquer tipo de resposta Hana simplesmente se pôs a andar chegando perto de Miya e se abaixando para encará-la melhor, tinha certeza que não seria desobedecida.

– Qual o seu nome, fofa?

– Miya, Uchiha Miya.

– Belo nome. Como você pode ouvir agora pouco meu nome é Hana, Senju Hana.

– Doutora, a ficha da menina – disse a moça meio temerosa após voltar em fração de segundos.

– Obrigada, querida – Hana agradeceu pegando a ficha das mãos da moça dando uma rápida conferida – Que tal irmos dar uma olhada nessa dor de estomago? – pergunto retoricamente voltando a se levantar e estender a mão direita para menina – Quem é o responsável?

– Eu. Sou o pai – se manifesto Sasuke.

– Ótimo. Vamos indo – finalizou calmamente se pondo a andar em direção ao corredor que viera minutos atrás sem se importar com o olhar raivoso do ex-marido sobre si, como se fosse a qualquer momento enforcá-la.

– Sua mãe esta ainda mais insuportável do que nunca – declarou Satoru após ver Hana junto dos dois Uchihas desaparecerem completamente da sua vista de todos, em seguida pondo as mãos nos bolsos do jaleco e deixando a recepção.

Suspirou. A única companhia que tinha era Mikoto que parecia não parar de encará-la um minuto sequer. Bem que ela disse que se veriam de novo, só não esperava que fosse tão cedo, muito menos por ser parente de Sasuke.

– Aquela mulher é sua mãe? – pergunto Mikoto quebrando o silencio que estava começando a se formar.

– Sim – respondeu sentando na cadeira cruzando as pernas – E antes que pergunte aquele que você brigou é meu pai, pra variar.

– Mãe e pai médicos, me admira você não ser também – comentou a Uchiha mais velha sorrindo sentando ao lado.

– Médicos não lidam apenas com a vida, mais também com a morte. Eu não conseguiria lidar com isso dia após dia como todos eles...

– Eles... Eles quem?

– Mãe, pai, avó, avô, tio, tia e por ai vai. Essa é a sina dos Harunos e Senjus, só eu e minha tia tivemos a “coragem” de trocar os corredores brancos de hospital por salas repletas de crianças para ensinar.

– Não deve ter sido muito fácil então, mas se fez isso é por que julgava mesmo ser a coisa certa, não a o que se arrepender – declarou a Uchiha antes de atender o celular que começara a tocar. A voz masculina do outro lado da linha era ouvida quase que perfeitamente podendo julgar ser o marido ligando para lembrar algo, mas logo desligando – Será que o Sasuke vai se importar se eu for embora? Avia me esquecido completamente de um compromisso – ela perguntou um tanto aflita.

– Eu posso falar com ele por você – sugeriu recebendo um caloroso abraço da mulher que começara a agradecer e pedir para se despedir pela mesma e indo embora.

Como alguém conseguia passar o dia em um lugar assim, tudo que ouvia era a voz da recepcionista conversando super à vontade no telefone do hospital e dos ventiladores de teto.

Pego o celular mexendo por alguns minutos até ouvir o som de passos se aproximando cada vez mais deduzindo ser quem esperava.

– Estou realmente surpreso que ainda esteja aqui. Só não sei dizer se é corajosa ou ingênua, para não dizer idiota – disse o pai severamente.

– Se esta aqui para ser o primeiro a me criticar, saiba que esta perdendo tempo. Já fizeram isso por você, desta vez.

– Por que acha isso? – Satoru perguntou franzindo o ceio.

– Porque é o que você faz. Não nos falamos a mais de três anos por causa disso.

– Apenas estava fazendo o que era certo para você.

– O que era certo pra você! Não pra mim – rebateu se levantando.

– Então isso significa que sua ideia de certo é relativamente lamentável. Acha mesmo que a vida é um conto de fadas que vai acabar em você se casando com aquele homem tendo dois filhos e vivendo feliz para sempre em seu mundinho encantado livre de mau! – exclamou Satoru com desdém – É patético.

– Não me lembro de ter dito que vivo em um conto de fadas, pois se vivesse você certamente seria o vilão – retrucou elevando o tom de voz. Podia sentir os olhos marejarem aos poucos, mas não poderia se permitir chorar, não agora, não na frente dele, nunca mais – Aquele que finge se importar no começo da estória, mas que no final é o que apunha-la, sem dó, nem piedade.

– É isso que pensa do seu próprio pai? – ele perguntou franzindo o ceio após alguns segundos apenas encarando. A cada minuto que se passava sentia-o mais distante do nunca.

– O que penso não deve importá-lo – murmurou deixando uma solitária lagrima descer pelo rosto fazendo com que levasse uma das mãos ao rosto para impedir a próxima que viria.

Mais uma vez o barulho de sapatos se repetia, mais dessa vez em maior numero para logo ouvir a voz da mãe conversando.

– Já pode suspirar aliviada, sua salvadora chegou – disse o pai sarcasticamente se virando para ir embora – Nos vemos daqui mais alguns anos. Quem sabe até lá você já tenha amadurecido o suficiente para compreender a burrice em que esta se metendo.

Um sorriso surgiu nos lábios do homem ao constatar a quanto irritada aquilo a avia deixado.

– Satoru – repreendeu Hana passando pelo ex-marido o fuzilando com o olhar.

– Sakura, por que você esta assim? – pergunto Miya se aproximando. Por sorte parecia não ter ouvido nada.

– Não é nada de mais querida – respondeu forçando um sorriso para menina e direcionando em seguida para Sasuke e Hana por poucos minutos voltando logo para menina – Mas e você, como esta?

– Vai sobreviver. Só vai ter que parar de misturar tantas porcarias, não é Miya – respondeu Sasuke cruzando os braços fazendo a filha virar o rosto visivelmente emburrada – Cadê a minha mãe?

– Seu pai ligou e ela acabou tendo que ir embora.

– Melhor nós também fazermos o mesmo.

Despediu-se da mãe assim como os Uchihas para irem embora do hospital logo, não avia mais porque continuar lá.

**&**

Sentou na beirada da cama de Miya, já fazia alguns minutos que haviam chagado a residência Uchiha.

– Pronta para dormir? – pergunto para menina sentada na cama tendo as pernas cobertas pelo cobertor.

– Mas nem é tão tarde – ela protestou.

– Já passou da hora de você dormir, mocinha – rebateu Sasuke adentrando o cômodo se pondo atrás de Sakura – Não acredito que ira bancar a desobediente.

– E isso você não é – completou Sakura.

Fora o suficiente para que a menina se desse por vencida e deitasse na cama sendo coberta por Sakura.

– Amanha quando eu acordar você não estará mais aqui, Sakura?

– Ela vai – o Uchiha respondeu deixando que uma mãos pousasse sobre um dos ombros de Sakura – e nós ainda iremos almoçar juntos.

– Como uma família? – os olhos da pequena Uchiha pareciam começar a brilhar cada vez mais.

– Pode ser – concordo a rosada beijando a testa da menina e desejando uma boa noite assim como Sasuke antes de deixarem o quarto.

Fito a porta do quarto de hospedes em que acabara sendo levada por Sasuke após saírem do de Miya. Por concordar com o que Sasuke dissera recebera o convite de não ir embora. No outro dia não iria trabalhar mesmo, portanto, não teria tanto problema em aceitar o convite.

– Não costumamos receber hospedes, mas acho que estas roupas servirão em você – disse Sasuke adentrando o quarto com algumas peças de roupas dobradas nas mãos e colocando sobre a cama – Obrigado.

– Pelo o que? – perguntou o fitando curiosa.

– Por aceitar ficar aqui pela Miya – ele respondeu se aproximando mais, atitude familiar – e espero que por mim também.

Engoliu a seco as palavras do Uchiha corando, não sabia ao certo o que responder.

– Eu... – começou tentando procurar as palavras que pareciam mais apropriadas, mas infelizmente estas pareciam ter sumido completamente – Estou feliz em estar aqui.

– Confesso que não era bem o que eu esperava ouvir, mas aceito – um sorriu sedutor se formou nos lábios do moreno enquanto enlaçava os braços ao redor da cintura fina – Por enquanto – ele finalizou em um sussurro a beijando calorosamente.


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Notas finais do capítulo

Eu espero que me perdoem se mesmo depois de tanto tempo o capítulo tenha saído ruim para vocês. As coisas não estavam muito boas, então eu meio que... Misturei os meus problemas com o que escrevia, o que foi bem errado da minha parte.
Então espero que tenham gostado do capítulo e até o próximo
Beijos Tricia