Depois dos filmes, eu levei a Ene para a casa dela que era duas quadras da minha, então quando eu estava voltando pra minha casa, eu o vi parado, lindo e maravilhoso encostado na parede do lado da minha casa, mas fingi que não sabia quem era, então quando eu passei na frente dele, ele se virou e disse:

–Nossa nem cumprimenta? - Eu me virei.

–Tá falando comigo? - Não imagina, com o seu clone (sou sarcástica até comigo mesma vê se pode).

–É com você sim, por acaso não sabe quem sou eu? - Lógico que eu sei, mas me fazer de desentendida estava sendo divertido.

–Não me lembro com muita clareza, você é da escola? – Não imagina... Sou do congresso nacional.

–Sim sou da sua sala, só pra ser mais especifico. - Ele estava irritado, por eu não “lembrar” dele. Amei!

–Nossa... Hum... Você foi hoje? - Eu já sabia a resposta, mas essa eu tinha que perguntar.

–Não, eu faltei.

–Qual é o seu nome? - Sem comentários.

–Meu nome é Tomaz House Lopez, mas pode me chamar de Tomy e você é a Yasmin, não é? – Nossa! Essa me pegou de surpresa!

–Sou eu, por quê?...

–É que eu achei isso caído na rua, e pelos os dados é a sua agenda. – Nossa! A minha agenda, nem tinha notado que tinha perdido.

–Nossa! Obrigada por trazer, mas você podia ter me entregado na escola não ia ter problema.

–É que eu não sabia se você ia precisar dela, então eu trouxe – Então ele não leu! Nossa ainda bem! Nas últimas paginas tem um monte de corações com o nome dele... Ia ser um desastre ele saber disso.

–Ah... Então você não leu?! – Eu disse isso com um olha muito desconfiado.

–Claro que não li, seria muita falta de educação fazer isso.

–É... Seria mesmo, mas é só coisa de escola então não ia ter nenhum problema.

–Falando nisso... Você podia me passar às lições de hoje? - Ele perguntou.

–Sim, claro. Se você quiser entrar um pouco até eu pegar, tudo bem.

–Eu preferia não entrar, você não sabe as páginas de cabeça?

–Não, mas se você quiser... Eu trago rapidinho, só vai demorar uns minutinhos, quer que eu traga alguma coisa pra você ?

–Não quero nada... Muito obrigado. Mas se for incomodar não precisa ir pegar a lição. – A pra você não é incomodo nenhum, eu garanto ainda mais lindo desse jeito.

–Não, imagina... Você que teve o incomodo de me trazer a agenda.

–Não foi incomodo nenhum.

–Então... Eu já volto com a lição, não vou demorar.

–Eu espero.

Eu abri rapidamente o portão e a porta, logo já pequei uma folha e o fichário e anotei toda a lição... Depois de um tempo já estava voltando, ainda bem que a minha letra é bonita assim ele entenderia o que estava escrito no papel:

Lição do Dia: 26/03.

Português - Páginas 10 a 15.

Matemática - Páginas 18, 19 e 20. E fazer a 21 para amanhã.

Biologia - Páginas 27, 28 e 29. Fazer um trabalho sobre a evolução dos ser humano para o dia: 09/04.

Física – Páginas 16, 17 e 18. E teve umas coisas que o professor passou no caderno que se você quiser passo amanhã pra você.

Atrás do papel eu escrevi: Muito Obrigada por trazer a minha agenda. Se quiser ajuda nas lições é só me pedir. Apesar de que provavelmente você não vá precisar, mas nunca se sabe. Valeu!

Quando voltei pra entregar a lição e pegar a minha agenda que por acaso ele estava lendo... Foi muito vergonhoso apesar dele não ter lido as últimas páginas, pelo menos eu acho que não.

–Bom, já que você disse que não teria problema de eu ler... Eu li. - Ele falou logo quando me viu.

–Ah... Tudo bem, aqui tá tudo anotado direitinho todas as lições que tivemos hoje, achou algo de interessante escrito na agenda?

–Valeu. Não achei nada de interessante só coisa de escola como você mesma tinha me dito... Que horas você sai pra escola? – Nossa que coisa estranha de se perguntar, mas eu respondi mesmo assim.

–Eu saio de casa 07h05min/07h10min depende, mas por que você quer saber?

–Só pra saber, por quê?

–Sei lá eu, porque você poderia mandar me sequestrar, me matar, quem sabe, né?

–É... Você seria boba se não perguntasse, mas eu só queria saber, eu passo aqui todos os dias pra ir à escola, então eu poderia te dar carona, só por isso.

–Hum... Mas você disse: eu poderia te dar carona... Você dirige? Quantos anos você tem?

–Eu tenho 16, e sim eu dirijo.

–Nossa! Mas não é contra a lei dirigir aos 16?

–É se você não tiver carteira, e não for dono do seu próprio nariz.

–Como assim, dono do seu próprio nariz? E é meio lógico que seria ilegal se você não tivesse carteira.

–É que eu sou emancipado, meus pais moram nos Estados Unidos e eu aqui.

–Por que você não mora lá com eles? E como que você “sobrevive” aqui?

–Você gosta de fazer perguntas! Não é?

–É... Desculpe-me, estou me intrometendo na sua vida.

–Não precisa se desculpar. Eu não me adaptei e nem gostei muito de morar lá com eles, até tentei, mas quando fiz 16 pedi pra voltar e eles deixaram me emancipando. E eu “sobrevivo” com o dinheiro que eles me mandam.

–Hum... Desculpa, mas e a escola e tal?

–Eles pagam, o boleto vai direto pra lá, junto com as notas.

–Ah... Então você é um daqueles riquinhos mimados que tem tudo que quer, pelo visto.

–Riquinho sim, mimado talvez, mas nem sempre tenho tudo que quero.

–Não tem tudo que quer? Diga uma coisa que você quer e não tem?

–Eu tenho tudo que eu quero relacionado a dinheiro... Mas tem coisas que o dinheiro não pode comprar. – Ai como ele consegue ser tão... Ai... Nem consigo explicar.

–Isso é verdade. Você sabe onde eu moro... Mas eu não sei onde você mora.

–Eu moro aqui pertinho, sabe aonde é o prédio Lopez?

–Sei... Você mora nele?

–Sim... Meus pais são donos, eu meio que me encarrego de fazer tudo ficar no lugar.

–Ah... Nossa quanta responsabilidade, mas você mora sozinho? Não tem irmão, tia, avó... Ninguém aqui no Brasil pra cuidar de você?

–Tenho tudo isso, mas meu irmão prefere os Estados Unidos, minha tia mora com o marido na Inglaterra, e minha avó e meu avô mora com os meus pais e o meu irmão. Eu tenho o meu padrinho ele mora no apartamento em frente ao meu. Mas e você tem irmãos?

–Sim, eu tenho uma irmã, você já deve ter visto ela na escola é a Emilly do 3°ano do ensino médio e moro com ela e meus pais aqui como você já deve ter percebido.

–Não sabia que ela era a sua irmã, vocês não se parecem muito.

–É ela puxo mais a minha mãe, e eu o meu pai, pelo menos é o que falam.

–Hum... Falam que eu sou o avesso na minha família consegui ter cabelos escuros e olhos claros, todos menos eu tem cabelos claros e olhos escuros.

–Nossa que legal. – Só pra constar o cabelo dele é tipo militar só que mais comprido a cor é um loiro escuro e seus olhos bem são uma mistura perfeita de azul piscina e verde oliva. É de tirar o fôlego. E a pele é de um branco cremoso... Como chantilly.

–É divertido, ainda mais quando meus pais me apresentam como filho deles, tem gente que chega até a perguntar se eu sou adotado.

–Yasmin! Yasmin! Por que as portas estão… Todas abertas? - Essa foi a Milly que saiu gritando e deu de cara comigo na rua conversando com o Tomy e foi quando perdeu o fio da meada, mas os retomou rapidamente, ainda bem.

–Porque eu já ia entrar, Emilly esse é o Tomaz, Tomaz essa é a Emilly minha irmã.

–Prazer Tomaz. - A Milly falou toda boba.

–O prazer é todo meu, Emilly. - O Tomy respondeu cordialmente.

–Que horas são? - Eu perguntei. O Tomy olhou no relógio.

–São 18h43min – Nossa! Já era tudo isso, eu tinha de fazer a janta já que era a minha vez, quando a minha mãe trabalha até mais tarde eu e a Milly tiramos na sorte quem faria a janta.

–Eu tenho que ir fazer a janta, obrigada por trazer a minha agenda. Bom papo pra vocês. Tchau! - Então eu saí andando em direção ao portão quando ouvi:

–Yasmin. Espera. – Ele falou meu nome e só um pouco depois pediu pra que eu esperasse.

–Que foi? Eu esqueci alguma coisa? - Eu disse me virando, do jeito que eu sou era capaz de te esquecido até a minha cabeça se ela não estivesse preza ao meu pescoço.

–Eu já vou indo também, só queria dar tchau e falar obrigado pela lição. - Enquanto ele falava, eu fui andando pra porta de casa de novo.

–Não foi nada... Tchau. - Nisso eu entrei pra dentro de casa, mas fiquei escutando ele e a Emilly.

–Bem... Então tchau Emilly, fala pra sua irmã que a gente se vê depois.

–Tchau Tomaz. - Ela falou e entro em casa.

Ela entrou fecho o portão com o cadeado e entro pra dentro de casa e deu de cara comigo atrás da porta meio sem fôlego, e logo já começou a fazer perguntas.

–Yasmin, o que estava acontecendo? - Ela logo me pressionou.

–Depois que eu deixei a Jane na casa dela eu encontrei ele parado aqui me esperando pra me entregar minha agenda. E pegar a lição que teve hoje. - Ao falar isso eu mostrei a agenda pra ela.

–Por que ele não te entregou na escola? – Essa pergunta eu também fiz, a resposta foi “boa” pra mim.

–Ele disse: Porque eu não sabia se você ia precisar, eu perguntei isso pra ele.

–Era só ele ler, ai ele ia saber se você ia ou não precisar dela. – Essa parte é tudo!

–Ele disse que seria falta de educação ele ler.

–Nossa, mas pra que ele queria a lição?

–É que ele faltou hoje, como veio me trazer a agenda aproveito e pediu à lição que foi passada.

–Hum... Ele é muito lindo!

–Eu sei, e deu pra perceber que você acha isso... Quando você perdeu o fio da meada, que por “acaso” foi quando reparou nele.

–Deu pra perceber... Nossa que mico!

–Olha se ele percebeu, eu não sei... Mas por que você ficaria preocupada com isso?

–Porque ele é lindo, apesar de ser mais novo do que eu, até poderia ser um namorado em potencial.

–Emilly, ele é só um ano mais novo que você, e ele não é como seus namorados sem cérebro... Na verdade... Ele tem cérebro!

–Hum... Tem alguém interessada no Tomaz... Relaxa irmãzinha apesar de ele ser lindo de morrer não faz o meu tipo. - Ela me disse isso com uma cara de que poderia rever se ele era ou não do tipo dela.

–Até parece, você só falou isso porque ele nem deu bola pra você. – Isso é uma coisa muito difícil de acontecer, ou melhor, que eu saiba foi a primeira vez que aconteceu.

–Isso é porque ele gosta de você, se não ele teria dado bola pra mim sim. – Ela disse isso e logo depois fez a carinha de cachorrinho pidão, que faz pros meus pais quando quer alguma coisa. Fala sério... Comigo isso não rola.

–Ele não gosta de mim coisa nenhuma, você só tá querendo dar uma desculpa por ele nem ter ligado pra você. - Nós já estávamos na cozinha nessa hora, enquanto eu falava isso ia pegando as coisas para preparar o jantar.

–Não quero dar desculpa nenhuma, se ele não gostasse de você por que iria trazer sua agenda aqui em casa em vez de entregar na escola? – Nessa ela me pegou... (mergulhada em pensamentos).

–Eu não sei... O que você vai querer de janta? Uma coisa pratica tá?

–Eu estou com vontade de comer batata.

–Hum... Então vai ser batata cozida, estrogonofe de frango e arroz, gosto do cardápio?

–Amei! Hum... Faz tempo que eu não como estrogonofe, ainda mais tempo o de frango.

–Então faz o favor de pegar o molho de tomate e o creme de leite no armário.

–O molho com ou sem tempero?

–Com tempero.

E durante uma hora e pouco nós duas ficamos na cozinha escutando música, em quanto eu fazia o jantar, apesar de que a Emilly me ajudou bastante pegando e cortando os ingredientes. E quando minha mãe e meu pai chegaram lá pras 20h30min nós estávamos terminando de temperar a salada, então logo todos sentamos e comemos.

–Pai, como foi a viajem? – Meu pai foi passar o final de semana na casa da praia.

–Foi boa, descansei bastante.

–Que bom. – Nisso eu tinha acabado de comer.

–Com licença? – Pedi pra sair da mesa.

–Toda. – Eles responderam.

–De quem é a lousa hoje? – Eu perguntei.

–Pode deixar que eu lavo... Já que você duas prepararam a janta. – Minha mãe disse.

–Então ok... Mas quem vai secar? - Minha irmã disse.

–Eu seco pode deixar... – Falou meu pai... E nisso todas nós o olhamos muito espantadas.

–Nossa por que essas caras? Até parece que um nunca faço nada em casa... – Ele disse ofendido.

O que me faz parar pra pensar... Quem será que faz a comida pro Tomaz? E lava a louça, limpa a casa, e tudo mais? Nossa deve ser muito difícil ser “dono” do próprio nariz e tudo mais... Espero que ele não falte amanhã, eu iria gostar de conversar com ele, e descobrir tudo sobre ele... Não seria nada mal.

–Mas é isso mesmo que você faz... Nada na maioria do tempo em casa, amor. – Falou minha mãe com o maior amor possível na voz. E essa foi a deixa pra todas nós começarmos a rir.

–Nossa desse jeito até parece que eu não arrumo as coisas e tudo o mais.

–Bom já que cada um já tem o que fazer eu vou subir e ir pra cama. – Logo disse antes que sobrace pra mim. (Que por acaso é o que sempre acontece.).

–Nossa! Mas você já vai ir dormir, ainda está “cedo”... Por acaso ficou doente Yasmin? – Perguntou meu pai, todo engraçadinho. (Eu não via graça alguma).

–Não estou doente, só cansada hoje o dia foi longo. – Eu sempre sô motivo de piada, fazer o que... É a vida, né?

–Nossa fez tanta coisa assim... Tipo leu, assistiu TV e o que mais pra tá “cansada”? – É já sobro pra mim, assim não dá!

–É. Sim, fiz bastante coisa hoje. A Ene veio pra cá e fizemos a lição, assistimos uns DVDs e passei a lição de hoje pro meu colega, ai vim fazer a janta. – É não fiz “NADA” né... Nossa que raiva posso fazer varias coisas, mas nunca ninguém reconhece. Por isso gosto da escola lá as pessoas pelo menos me dão merecimento por aquilo que faço.

–Hum então tá bom. Boa Noite. - Disse meu pai.

–Boa Noite pra todos. – Falei como uma “boa” garota. (Detesto boas garotas.).

–Boa Noite. – Disse minha mãe.

–Daqui a pouco vou ir dormir também. – Falou a Milly solidaria.

–Então tá Milly. Ainda vou tomar banho e tudo mais antes de deitar. Tchau até amanhã. – E com isso eu subi pro meu quarto. (Meu refugio, como eu o vejo.)

Quando cheguei ao meu quarto, já fui direto pro banheiro e liguei o som, eu adoro ouvir uma música pra relaxar e não tem lugar mais relaxante que debaixo de um chuveiro quentinho. (A música que tocava era: Stumme Schreie do Within Temptation). Eu não sabia o que pensar o Tomy gostava de mim ou era só coisa da minha irmã? (ok eu também suspeitei, mas como eu acho meio impossível de acontecer, logo descartei a hipótese). Quando terminei o banho e escovei os dentes fui direto pra minha cama e peguei a minha agenda, que ele tinha me trazido, comecei a folhear ela e acabei achando um papel solto que não estava ali antes de eu perder, e assim estava escrito um “obrigado”:

Obrigado, por me passar a lição. Foi bom conversar com você, pensei que você era uma das “patricinhas” patéticas da escola. Ainda bem que estava enganado.

                                                                             Até amanhã Tomaz.

E foi pensando nele e com o bilhete na mão que eu adormeci, não vi nem a Emilly entrando no quarto pra dormir o que é muito estranho, pois eu SEMPRE acordo com qualquer barulho, mas naquela noite foi diferente, um diferente BOM, eu estava me sentindo protegida e não tenho a mínima ideia do motivo, não me lembro de ter sonhado, e essa foi praticamente a ultima e melhor noite de sono da minha vida.