Quando acordei na manhã seguinte estava ótima, descansada e pronta para encarar tudo que estivesse no meu caminho. Como de costume, tomei meu banho e depois acordei a Emilly, e desci para o café da manhã.

–Bom Dia, Pai. - Logo falei ao ver meu pai na mesa com o note tomando seu café.

–Bom Dia. - Ele respondeu como sempre.

Fui até a geladeira e pequei o meu leite, e tomei como em todas as manhãs, e logo já fui indo para a escola.

–Tchau, pai. - E com isso fui saindo.

–Tchau. Não vai esperar a sua irmã?

–Não, ela ainda deve estar se arrumando e eu quero escutar música no caminho pra escola e não ela tagarelando sem parar. - Essa era a mais pura verdade, eu gosto de silencio pela manhã, já minha irmã... Não o aprecia tanto quanto eu, infelizmente.

–Ok. Boa escola então. - Disse meu pai entendendo que eu queria paz.

Eu peguei minha mochila e fui pra rua, para a escola. Quando eu olho pra rua totalmente distraída com fone de ouvido (o fone praticamente faz parte de mim, do meu "loke"... Eu amo música e não vivo sem ela), eu simplesmente dei de cara com o Tomaz em cima de uma moto, vê se pode... Levei um SUPER susto. Tirei um dos fones.

–Oi, tudo bem? - Ele me perguntou.

–Oie. Ótima e você? Nossa você me assustou, estava muito distraída. - Eu disse a verdade, ela saia como uma torneira que foi esquecida de ser fechada.

–Estou ótimo. Reparei... Chamei-te e você só olhou depois que não sei como "sentiu" minha presença. - Como assim? Eu só olhei por pura brisa... Ok que às vezes eu realmente sinto ele, mas dessa vez acho que estava tão desligada que foi automático. Detesto estar no modo automático.

–Desculpa, eu estava com fone... Fico em outro mundo, e desligo desse. - O que será que eu tinha hoje?! A verdade estava sendo despejada e eu nem conseguia me conter.

–Alias linda moto a sua. - Gosto de moto, meu pai tem uma, eu amo andar com ele.

–Obrigado, conhece motos? Já andou?

–Na verdade, sim... Conheço um pouco pelo menos. Meu pai tem uma XTZ 750, uma Super Tenere. Conhece? E já andei com ele algumas vezes. - Sério, a moto dele era linda, acredito eu que era uma Ninja Kawasaki, preta.

–Nossa, sei sim qual é... Ela é muito linda. Qual a cor dela?

–A dele é a preta que tem... Tipo "garras" ou a marca de garras sabe? A sua é uma Ninja Kawasaki, não é? Ou estou ficando louca? - Eu estava super nervosa, e não conseguia esconder pelo visto. Que MERDA Yasmin.

–Sei qual é. Sim é uma Ninja Kawasaki, você não está louca ainda não... - Disse ele rindo, pelo menos alguém se divertia né...

–Ainda bem que eu ainda não estou louca. Alias, é melhor eu ir andando antes que eu chegue atrasada na escola. - Ai, como eu sou idiota. Quem ligaria pra chegar atrasada conversando com aquele LINDO?!

–Você não precisa chegar atrasa, pelo menos não se aceitar a minha carona, que tal? - ELE não fez isso, nossa, a Emilly e a Jane iriam ter um colapso quando soubessem.

–Hum... Eu até poderia aceitar, mas acho que você só tem esse capacete ai, não é? Segurança em primeiro lugar. - Eu queria me MATAR... Talvez nunca mais tivesse uma chance como aquela, MERDA.

–Na verdade, eu tenho outro sim. Então topa ir comigo? Eu juro que não corro muito. - E ele deu uma piscadinha ao falar isso. Eu ia morrer... De nervoso, um nervoso bom... Alias o capacete dele era preto, igual a moto e dava um contraste maravilhoso com olhos dele.

–Então... Eu aceito, cadê o outro capacete?

Então ele desceu da moto, o pegou o outro capacete dentro do compartimento da moto, esse capacete estava até com plástico colado na viseira ainda, nunca tinha sido usado antes, e era branco. Ele tirou o plástico e me entregou.

–Pelo visto, você não tem andado com muitas pessoas na sua garupa, né? Alias esse tom de branco é lindo. - Eu estava nervosa, e falava tudo que se passava pela minha mente.

–Na verdade, você é a primeira a andar na minha garupa. Eu não tinha esse capacete até ontem. - Como assim? O que ele queria dizer? Será que era mais do que o que ele dizia?

–Ah... Então sua moto é nova, né? Só pode... - O que eu estava falando? Não conseguia me controlar... Meu Deus... Assim eu vou cometer suicídio. Não consigo calar minha própria boca.

–Hahahaha... Na verdade tenho ela há um ano... Depende do que você considera nova. - Ele riu... ELE riu da minha cara só pode... YASMIN cala a BOCA! Implorava minha mente e meu Ego quase inexistente.

–Não sei o que considerar novo ou não. Mas já que ninguém anda com você... Por qual motivo foi comprar um capacete justo ontem? - Eu estava perdida... E querendo sumir.

–Eu comprei ontem... Por que... Por que... Bem eu disse que podia te dar uma carona, então eu tinha que ter um capacete extra caso você aceitasse... E tudo mais. - Ele meio que "gaguejou" ao dizer isso. Não acredito que escutei isso... AI MEU DEUS! Vou ter um colapso.

–Entendi... Fez a lição? - O que eu estava falando? Eu pirei né? Só pode... Fez a lição? Onde eu estava com a cabeça?! SUA IDIOTA! Ele diz que o capacete é pra você... E você só consegue perguntar da maldita LIÇÃO!

–Na verdade, fiz sim... E falando na escola, é melhor a gente ir. Pra não se atrasar. - Que legal, agora ele acha que eu não devo gostar dele... Yasmin você é uma idiota.

–Realmente, a gente tem que ir. - Eu disse sorrindo e colocando o capacete. Só que como sou só um pouco atrapalhada... Não conseguia fechar a trava. Merda.

–Hum... Deixa eu te ajudar... Branco combina com você. - Com isso ele chegou bem pertinho de mim... Ele estava de capacete, só com a viseira levantada, e fechou a trava do meu capacete... Ele era tão LINDO... Que me deu até tontura.

–Valeu. E você combina com preto. - Eu disse... E acabou que uma risadinha nervosa escapou da minha boca, saindo diretamente da minha mente louca.

–Então... Pra gente ir, você tem que subir na moto. Yasmin... Está ai ainda? - Ao falar isso ele subiu na moto novamente.

–Que? Estou... Estou aqui ainda sim... É verdade. - Eu estava super... Mega... Blaster... Master... Nervosa. Ia cair e ia ser um desastre. Acho que ele deve ter reparado que eu estava meio nervosa, pois me ofereceu a mão, para me ajudar a subir na moto. Eu disse como ele estava vestido? Acho que não né... Ele estava como um "legitimo" motoqueiro. Jaqueta, calça e luva (infelizmente de luva) de couro preto, a blusa por baixo da jaqueta era preta da escola... O que era estranho já que as blusas da escola eram brancas, ele deve ter mandado fazer especialmente pra ele. Ele usava o tênis de sempre... All Star preto de couro. Mas agora que eu estava na moto... Aonde eu iria me segurar? Com meu pai eu seguro na cintura dele... Mas ele é meu pai. E o Tomy era o que meu? Eu nem sabia o que ele era meu. Aonde eu iria me segurar. Pilha de nervos... Isso me definia com certeza, eu estava uma pilha de nervos.

–Yasmin, acho melhor você se segurar em mim. Por os braços em volta da minha cintura, pra você não cair. -Meu Deus... Ele lia minha mente? Que coisa estranha... Mas pelo menos eu fiquei um pouco menos nervosa.

–Claro... Assim é bom que eu não vou pro hospital em vez de pra escola... Hahahaha - Eu disse rindo... De nervosa. E coloquei meus braços em volta da cintura dele. Eles se encaixaram perfeitamente ali... Como se fosse o lugar deles... Como se meus braços tivessem sido feitos para aquela cintura ou aquela cintura para os meus braços. Foi magico, para mim.

E com isso ele apenas deu uma risada e a viseira fechou, eu também tinha acabado de fechar a minha. Ele ligou a moto, e fomos a toda a velocidade pra escola. Eu amo andar de moto, agora eu amava andar de moto com o Tomy. Eu me senti segura e ao mesmo tempo livre... Como isso é possível? Não sei, mas era como eu me sentia livre e segura.

Quando paramos na frente da escola, todos que estavam lá olharam pra saber quem era. Eu desci da moto com a ajuda do Tomy e logo tirei o capacete e esperei ele estacionar, desligar e descer da moto. Todos estavam espantados e ficaram ainda mais quando ele tirou o capacete, e viram que era o Tomaz House Lopez na moto e na sua garupa a Yasmin Soares Lorenzo, é se achavam que a gente estava namorando (coisa que não acontecia - infelizmente) agora teriam certeza (estariam errados). Ninguém disse uma só palavra, se viraram e fingiram não ter visto o que viram, apesar de já estarem fofocando sobre o acontecido.

–Tomy, o capacete. - Eu disse entregando a ele o capacete. O "meu" capacete.

–Já vai me devolver? Não vai querer carona de volta depois da aula? - Essa me pegou de surpresa... MUITO de surpresa.

–Sério?! Eu ia gostar. - Eu disse isso sorrindo... Meu Deus como eu sou transparente!

–Que bom... Então gostaria que eu guardasse junto com o meu no compartimento da moto?

–Claro... Toma. - Eu disse entregando o capacete pra ele.

–E obrigada, por me deixar andar na sua garupa. - Meu Deus... Eu estava tendo sérios problemas pra me conter.

–O prazer foi meu, pode andar comigo quando quiser. - Ele deve estar brincando só pode... Nossa... Nossa!

E foi com isso que tocou o sinal e a gente entrou pra dentro da escola, e eu só consegui ficar vermelha, sem verbalizar nenhuma palavra depois do que ele disse. Nossa que sorte a minha... Quando devo falar, não sai nada. E quando devo ficar calada, não paro de falar. Isso ai Yasmin, você consegue, fazer tudo ao contrário. Sou uma pateta mesmo. Entramos na sala juntos, e quando nos viram todos calaram a boca, por que será, né?... Nem deve ser porque eles estavam falando da gente né... Imagina. Eu sentei no meu lugar de costume, do lado da Jane, e o Tomaz se sentou atrás de mim, o que ele nunca tinha feito antes. O que dois dias, uma agenda e uma moto não fazem. Quando a Jane se deu conta começou a rir... Descontroladamente, ainda bem que a professora ainda não tinha entrado em sala.

–Jane! Jane! O que foi? Fica quieta! - Eu estava desesperada. Se a professora entrasse e visse aquilo, com certeza iria perguntar o motivo da risada descontrolada, e a Ene não ia se conter e falar o que não devia.

–Hahahaha... Ai! Não acredito... Hahahaha - Ela só disse isso... Vê se pode.

–Jane, levanta e vem comigo. - Eu disse super séria.

–Hahahaha... Não... Hahahaha. - Foi depois dessa que eu me levantei e sai arrastando a Jane pelo braço. E dei de cara com a professora.

–O que foi Yasmin? A Jane está bem? - A professora Cristina, de Inglês perguntou.

–Está sim, prof. Ela só cortou o dedo no papel, eu vou ir com ela até o banheiro pra lavar, pode? - Eu disse isso porque a Jane estava com o rosto cheio de lágrimas, de riso, mas que ia saber depois disso.

–Ai... Nossa isso dói. - Disse a Jane. Eu pisei no pé dela com força.

–Está bem, pode ir com ela. Mas voltem logo, ok? - Disse a professora nos "liberando".

–Obrigada, prof. Nós já voltamos. - Eu agradeci, e praticamente sai voando com a Jane.

–Jane, o que te deu? - Eu estava uma pilha de nervos.

–Nossa, doeu viu a pisada que você me deu. Que maldade.

–Desculpa, mas tinha que fazer você parecer machucada.

–Conseguiu. Eu não aquentei quando vi que ele sentou atrás de você. - Ela vai ser morta pela própria BFF.

–Isso eu reparei, mas não dava pra ser mais discreta?

–Você sabe que eu não sou discreta Yasmin. - É discrição não é a dela, nunca foi.

–Ok. Vamos pegar um curativo pro seu dedo... Já que você se cortou, né? - Eu tinha que manter a "história".

–Vamos lá. Mas pode me contar o que foi aquilo. Ele sentando atrás de você e todos falando que você chegou de moto junto com ele. Pode me contar TUDO. - É já imaginava que ia ter que fazer isso.

–Está eu vou contar, mas enquanto a gente vai andando pra pegar o curativo.

–Está bem... Vamos andando e você vai me contando. - Disse a Jane.

Eu contei tudo que aconteceu pra ela, desde quando eu tinha deixado ela na casa dela, até hoje quando tocou o sinal pra entrar.

–Não ACREDITO! Yasmin... Ele deve gostar de você mesmo, sua irmã está certa! Com certeza. - Meu Deus, e agora? Como eu ia controlar essa louca?

–OK, isso não está em questão ainda. Calma Ene. Calma. - Estou perdida.

–Como vou ter calma se o namorada da minha BFF é o gato do Tomaz? - Ela não disse isso.

–Ene, ele não é meu namorado. Nós somos só amigos, eu acho... Nem sei o que ele é meu, ok? - Além de tentar entender, vou ter que explicar. Como vou fazer isso?

–Ah Yasmin, se não é seu namorado está MUITO perto de ser.

–Isso é loucura, você está louca. - Vou pirar, alias já pirei.

–Eu né? Acho que tem é outra pessoa louca, e por você! - Eu vou matar ela... Já não basta minha mente pra eu tentar acalmar? Vou ter que acalmar a dela também é?!

–Ene para com isso. A Milly nem sabe do que aconteceu hoje. E ele não está louco por mim, só foi gentio. Ele só quer amizade, se não teria tentado alguma coisa. – Eu estava tentando manter o meu pé no chão e o dela também, pelo visto.

–Yasmin... Para de falar besteira. Eu sei que, o que você tem é MEDO. Medo de se decepcionar, dele te machucar. Mas dessa vez pode ser realmente diferente.

–Ene esse é o problema. Mas e se não for diferente? - Falar é fácil, mas quem iria sair machucada e se sentindo um lixo seria eu, de novo.

–Se não for diferente. Eu vou estar aqui, pra te ajudar. Eu sempre vou estar aqui pra você, assim como você pra mim. - E assim era a nossa amizade, uma pela outra, sempre. E com isso ela venceu, mesmo que eu me machucasse, eu iria ter com quem contar.

–Ok, você venceu... Vou dar uma verdadeira chance pra ele, e pro meu coração voltar a bater de verdade.

–Promete? - Ela me pergunta.

–Sim, eu prometo. - Respondi.

–Isso mesmo! Essa é a Yasmin que eu conheço. E pode deixar que ele vai sair chorando se te fizer alguma coisa. - Ao falar isso ela ficou em posição de luta. Alias pra quem não sabe, a Jane é lutadora de Kung Fu e está na 5° faixa, a azul, e no domingo vai fazer o exame pra ir para a 6° faixa, a vermelha. Então tenho certeza que ela o faria chorar.

–Hahahaha... Jane só você mesmo. A única pessoa que consegue me fazer rir nessas horas. Obrigada. -Eu disse isso abraçando minha irmã de alma.

–É pra isso que estou aqui. - Disse ela retribuindo o meu abraço.

Nisso, nós já estávamos no corredor onde ficava nossa sala. Aonde eu iria começar a cumprir minha promessa de dar uma verdadeira chance ao meu coração e ao Tomaz.