Assim que o filme acabou, Hunter e Leah saíram do cinema. Ela estava quieta, mas por dentro queria explodir.

Hunter a beijara. E ela... Bem, ela não fugira. O que significava que para um bom começo estava indo muito bem.

Ela sentiu a mão de Hunter na sua e instintivamente a segurou mais forte. Ela estava feliz, mas ainda assim, tudo aquilo era muito novo para ela. Mas ela decidiu que se estivesse com Hunter... Estaria bem.

– Está tudo bem? – Ele perguntou, beijando o alto de sua cabeça.

Ela corou e sorriu.

– Claro que sim. É só que...

– O que?

– É só que... Ah, bem... Eu estava pensando... Sabe...

– Pode falar, Leah – Ele a abraçou. – Vamos, no que estava pensando?

Ela respirou fundo.

– Hunter, eu estava pensando... Bem, eu estava pensando se eu poderia ser feliz novamente. Depois... Depois de tudo. E acho que descobri a minha resposta. – Ela olhou em seus olhos com um grande sorriso.

Hunter a pegou em um abraço e beijou seus lábios delicadamente.

– Leah, eu queria que você me prometesse uma coisa.

Ela pareceu surpresa.

– O que?

– Que você nunca mais se recrimine por... Por aquilo. Você não teve culpa de nada, você sabe disso. Você é uma menina maravilhosa, a minha menina maravilhosa. – Ele sorriu, beijando seus lábios. – Merece ser feliz mais do que qualquer pessoa.

Os olhos de Leah encheram-se de lágrimas. Ela enxugou com a manga do casaco e sorriu para ele.

Por algum motivo, quando Hunter dizia isso, ela acreditava. Se qualquer pessoa dissesse isso, Leah ignoraria, choraria ou faria coisa pior. Mas com ele... Não. Ela queria ser feliz por ele. Melhor. Queria ser feliz com ele.

– O que quer fazer agora? – Ele olhou para ela, sorrindo.

– Quero ficar com você – Ela respondeu simplesmente.

Hunter riu.

– Nesse caso, eu não vou deixar você mais ir embora, hein?

– Se é o que deseja, senhor – Ela respondeu rindo.

– Sim, senhora. Mais do que tudo.

Os dois entrelaçaram os dedos mais fortes e saíram do cinema. O tempo estava nublado (o que não era novidade em Seattle), mas estava bom o bastante para conseguir dar mais um passeio.

Hunter guiou Leah por várias ruas, aparentemente sem rumo. Eles conversavam e riam, aparentemente sem terem mais nada para se preocupar.

Hunter fazia brincadeiras com ela, as vezes roubava um beijo sem ela perceber e depois ria como se nada tivesse acontecido.

Os dois riam tão felizes e sorridentes que cada pessoa que passava na rua e os via, sorriam. A alegria que substituía a dor no coração de Leah era tão contagiante que todos que estavam em volta sentiam a sua felicidade.

Ela sempre fora uma menina sorridente e contagiante. Nunca tinha raiva de ninguém e muito menos tinha ódio pela vida. Mas quando aquela dor predominou cada parte de seu ser, Leah sentiu que tudo o que ela mais presava havia acabado.

Mas ela enxergava cada parte de sua vida agora com novos olhos. A compaixão de Natalie. O apoio de Edward. E o amor de Hunter.

Ela poderia viver novamente.

Os dois andavam juntos, mas estavam em silêncio, apenas aproveitando a companhia um do outro.

Leah sentia que aquela dor que estava em seu coração nunca poderia ter existido. O boxe a estava ajudando muito, claro, mas ainda assim, Hunter fazia toda a diferença.

Ele fazia com que ela se sentisse normal, se sentisse segura. E ela não queria sair de perto dele nunca mais, nem por um segundo.

Em um desses devaneios, Hunter olhou para ela sorrindo:

– Em que está pensando, Leah?

Ela respirou fundo.

– Eu estava pensando em... Tudo. Em como deixei minha vida para trás, por causa de tudo. Mas agora tudo vai ser diferente.

Hunter deu uma risada baixa e puxou Leah para perto dele. Ele lhe deu um beijo e a puxou contra seu peito.

– Vai sim, Leah. Eu prometo.

Leah sorriu para ele e acariciou seu rosto. Quando Hunter a abraçou, Leah fechou os olhos.

Imaginou tudo o que poderia acontecer. Ela poderia ser normal novamente, poderia ser feliz novamente. Poderia esquecer aquela noite, Hunter poderia fazê-la esquecer.

Imaginou ela novamente sorrindo, com Natalie, com seus pais e seus antigos colegas de escola.

Ela não sabia o que estava pensando. Pela primeira vez em dias, Leah estava... Considerando. Ela queria voltar ao normal, queria voltar a ser feliz.

Ela não estava negando isso. Estava pedindo.

Lágrimas surgiram em seu rosto, e ela escondeu o rosto no ombro de Hunter.

Mas não eram de tristeza, eram de felicidade. Leah estava feliz, porque ela não queria voltar ao normal.

Ela ia voltar. Ela ia conseguir voltar.

Ela deu um sorriso triunfante quando abriu seus olhos, olhando para nada além de onde estavam. Olhando para seu futuro. Para a felicidade que lhe fora roubada e agora a vida a estava devolvendo.

Quando ela focou a visão por cima do ombro de Hunter, sua respiração parou. Seu coração parou. Ela congelou.

– Leah? – Hunter soltou o abraço. – Leah, está tudo bem?

Um grito ficou entalado na garganta de Leah, e seu coração começou a acelerar.

Não! Não! Por que não posso ser feliz ao menos uma vez?

Mas quando ela queria voltar, parecia que o passado a puxava de volta. E a volta dessa vez, fora violenta.

Porque ali, saindo de um café, totalmente sorridente, estava...

Ele.

Seu pesadelo, seu pior inimigo.

O cara que havia tornado a sua vida um inferno, havia literalmente lançado Leah aquele buraco.

Ele estava sorrindo e saindo feliz, ainda cumprimentando um conhecido na rua.

O cafajeste estava solto e estava alegre.

O terror tomou conta de Leah. Parecia que a sua vida estava sendo rebobinada, estava tudo voltando. Desde a dor, desde aquela noite horrível, dolorosa e fria.

A pior noite de sua vida. E que depois daquela noite, ela nunca mais teve vida.

E quando estava se devolvendo, aquilo acontecia.

A cabeça de Leah começou a latejar, o medo tomou conta de seu corpo e a adrenalina subiu a mil quilômetros por hora.

– O que foi Leah? – Hunter gritou alarmado.

– E-Ele – Ela conseguiu sussurrar e depois desmoronou.

Tudo ficou escuro.