Leah ficou um tempo a mais com Hunter na academia, depois ele a acompanhou até em casa. E não adiantava dizer o contrário. Seria mais fácil tentar convencer uma pedra a dançar Macarena.

Hunter conversava animadamente com ela, como se nada daquilo que ocorrera anteriormente o houvesse afetado. Mas ele parecia bem confortável enquanto conversava.

Leah também conversava animadamente, e ela estava surpresa com tudo isso. E, secretamente, estava mais do que feliz. Quando chegou em casa, Hunter não parou por aí.

- Então, Leah – Ele disse desconfortável. – Sabe... Eu queria saber se você... Queria sair comigo algum dia desses. Como amigos, é claro. – Ele corou.

Leah estava bestificada. Ela estava tremendo. Pela primeira vez ela se sentia tentada a confrontar todas as barreiras que ela construíra em sua vida desde o ocorrido.

Sua consciência dizia que não, mas...

- Sim. – Ela sorriu. – Eu adoraria.

- Que ótimo. Então, tudo bem para você no fim de semana? Podemos ir aonde você quiser.

- Ah. – Ela sorriu novamente. – Pode ser qualquer coisa, já que você está convidando. Eu topo qualquer coisa.

- Então, tudo bem se eu a levar em algum lugar? Em qualquer lugar?

Ele arqueou as sobrancelhas, preocupado. Não queria forçar a barra com ela, até porque ele sabia mais do que ninguém o que ela havia passado. Mas ela confiava em Hunter. E... Gostava de estar perto dele.

- É claro! – Ela sorriu timidamente.

- Seu sorriso é lindo – Ele murmurou, depois como se de surpresa, chegou perto de Leah e a beijou no rosto, bem no canto de sua boca. A sensação a fez arregalar os olhos e corar feito louca, mas ele se limitou a tirar uma mecha de seus cabelos dos olhos.

- Até sábado então.

E dizendo isso, saiu andando calmamente, como se estivesse adorando tudo aquilo. Colocou seus fones de ouvido e estava acenando para ela. Mas ela não prestava atenção. Estava ocupada lembrando o melhor momento que havia recebido em toda a sua vida.

                                                    ***

No dia seguinte, Leah foi para a escola e ficou feliz de saber que Natalie estava lá. As duas se abraçaram fortemente e prometeram uma a outra que hoje seria o dia das meninas.

Leah estava mais solta na escola e deu um largo sorriso quando Edward a cumprimentou a caminho de sua sala.

Ele a olhou com um grande brilho nos olhos e disse:

- Então querida, como foi ontem?

Ela deu um sorriso.

- Eu te conto no final da aula, Sr. Thomas!

E dizendo isso correu para se juntar a Natalie e aquele momento era como se as duas melhores amigas nunca houvessem se separado.

Leah contou para a amiga que estava tendo umas sessões com o Sr. Thomas/Edward desde que ela passara mal. Contou que estava disposta a melhorar. Também contou sobre as aulas de boxe e Natalie caiu na gargalhada quando ela descreveu seu pequeno desacato com o saco de pancadas idiota.

É claro que ela falava da forma mais agradável possível para deixar a amiga feliz, mas havia muita dor por trás disso também. Ela não se recuperaria do dia para a noite, mas ainda assim, recebia as novas oportunidades de braços abertos.

E foi assim que ela contou para Natalie sobre Hunter. Contou que ele a havia salvado, que ele havia lhe dado esperança. E, por obra do destino, sábado eles iriam sair juntos.

- O QUE? – Natalie gritou. – VOCÊ VAI TER UM ENCONTRO E NÃO ME FALA NADA?

Leah gargalhou com a reação exagerada da amiga. Ela era assim mesmo. Brincalhona e excessiva de um jeito que somente Leah poderia entender. E ela amava esse jeito de Natalie.

- É, para você ver.

Natalie a abraçou com tanta força que Leah pensou que poderia perder as costelas.

- Eu estou tão feliz por você, Leah. Você não sabe o quanto.

E ela entendia essa felicidade de Natalie. Porque acima de tudo, a amiga estava feliz por ver Leah se reerguendo, se tornando mais sólida. Por ver ela se tornar não a velha Leah, mas uma nova Leah. Uma Leah mais forte e mais astuta, que conseguiria chutar todas as pedras que a vida lhe proporcionava.

Depois da aula, Leah iria até a casa de Natalie, mas antes disso, ela precisava conversar com Edward. E precisava ir até a sua aula de boxe, que verdade seja dita, estava fazendo um bem danado para ela.

- E então, Leah? – Ele perguntou docemente. – Como foi?

- Eu consegui me esquivar, Edward. – Ela disse sorrindo. – Mas não foi só do saco de pancadas. Eu não dei trela a minha consciência.

E então ela contou sobre Hunter, sobre o encontro inesperado que eles tiveram ontem e o quanto ele representava na sua vida. E disse que ele era uma das pessoas por quem ela iria subir de seu amargurado poço.

E então ela disse que tomou coragem e aceitou o convite do garoto. Eles iriam sair sábado.

- Eu não acredito! – Edward não aguentou a empolgação e abraçou Leah fortemente. – Ah, minha querida, não sabe o quanto estou feliz por você!

Leah retribuiu o abraço com lágrimas nos olhos.

- Você percebe o que houve querida? – Ele a olhou em seus olhos. – Você entende?

E ela entendia. Estava se esquivando como uma lutadora, como uma guerreira. Recebia ataques, é lógico. Aquela noite ainda estava gravada em cada parte do tecido de seu cérebro e ela realmente não conseguiria tira-la de lá. Mas ainda assim... Iria fazer o melhor que podia para dribla-la. Melhor. Iria fazer o melhor que podia para se esquivar dela.

Então, com lágrimas nos olhos, ela abraçou Edward mais uma vez.

- Sabe... Você também é uma delas.

- Como assim, querida?

- Você também é uma das pessoas por quem eu vou lutar para subir de vez. Porque você me ajudou e me incentivou. Nada disso teria acontecido sem você.

Edward estava com lágrimas nos olhos. Com certeza amava aquela aluna mais do que qualquer um e tinha um enorme carinho por ela.

- Eu me sinto lisonjeada, minha querida, mas você errou a resposta.

Ela sentiu-se confusa.

- Hã?

- Nada disso teria acontecido se não fosse você! Podemos ter sido o seu suporte, mas a decisão foi sua. Você é que a maior guerreira dessa batalha.

Leah começou a chorar. Aquilo com certeza fora um baque para ela. Mas um baque de alegria. E, foi ali, nos braços de seu melhor amigo que ela soube que ela poderia vencer essa batalha.

Uma coisa preciosa fora tirada violentamente dela. Mas ela ganhara o dobro do que foi tirado. A chance de viver. De ter esperanças. De poder sorrir sem peso na consciência.

De poder vencer essa batalha com todas as forças que possuía.

De poder sair e não mais ficar na chuva.