Stand In The Rain escrita por Light Angel


Capítulo 14
Chapter 14


Notas iniciais do capítulo

Heeeey pessoas! Primeiro dia do ano, capítulo 14 também saindo fresquinho! hahahaha e como passaram o ano novo? Enfim, tenham uma boa leitura!



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No caminho de volta para casa, Leah tremia muito. Ela ainda não estava preparada para a conversa que teria com os pais, mas era o certo a fazer.

Ela precisava de ajuda. Não podia se trancar sozinha em seu coração.

Distraída, ela pegou seus fones e procurou uma música aleatoriamente.

Quando ela estava andando pelas ruas, se deparou com o beco novamente. Ela não olhou naquela direção. Correu rápido e logo chegou a sua casa.

Felizmente, nenhum dos carros ainda estava na garagem. Ela estava sozinha.

Por um lado isso era bom, mas por outro... Ela poderia ter uma recaída novamente.

– Não. – Ela disse em voz alta. – Eu não vou mais fugir.

Ela correu até o seu quarto e entrou em seu banheiro. Abrindo a gaveta, ela observou o que era motivo de sua tortura física. O canivete de seu pai.

Pegando o canivete, ela desceu até a sala. Deixou-o na estante, para poder pega-lo na hora certa. Só que ela estava tremendo muito, não sabia se conseguiria.

Primeiro, porque seus pais poderiam achar que ela era louca e manda-la para longe. Ou... Porque ela estava próxima demais do canivete, sentido que teria uma recaída.

Sua autoestima ainda estava muito em baixo, sem força alguma. Por ter encontrado Hunter e por ter conversado com Natalie.

Ela sentia que não deveria fazer isso. Mas lembrou-se das palavras de Edward... Que quando tentasse desistir, se segurasse. Não se rendesse.

Ela era mais do que isso. Iria conseguir.

Ouviu os carros de seus pais entrarem na garagem. Timing perfeito. Respirando fundo, ela sentou-se no sofá e esperou. Quando viu os pais entrarem, sorriu para eles.

Aparentemente, os dois ficaram surpresos, pois não estavam preparados por essa recepção. Leah ultimamente não falava coisa alguma mais.

Ela optou por não enrolar. Não queria que eles sofressem ainda mais. Tentaria ser verdadeira e gentil, e estar disposta a todos os comentários.

Ela correu até os pais e os abraçou. Sentiu todo o seu controle desmoronar, sua vida se esvair. Foi muito forte o que sentiu, como se algo quisesse te tirar da ativa.

Sua consciência não permitiria que ela desse um próximo passo. Mas ela daria.

Lágrimas vieram aos seus olhos, e ela não as impediu. Seu controle estava caindo, mas não queria mais se segurar. Não queria mais se prender.

– Filha, meu amor, você está bem? – Seu pai afagava seus cabelos. Sua mãe não dizia nada. Ela estava entendendo que a menina estava desabafando. Mas a hora chegara.

– Mãe... Pai... Posso conversar com vocês?

Os dois a olharam surpresos e... Vamos dizer que um pouco satisfeitos. Eles não aguentavam mais ver a menina se fechar e estavam dispostos a ouvi-la.

Sendo assim, ela os guiou até o sofá e olhou para os próprios pés. Fazer o que ia fazer já era difícil, encarar os pais então...

– Bem – Ela suspirou. – Eu sei que tenho sido um estorvo para vocês desde que... Desde que tudo aconteceu.

– Leah, você não... – Seu pai franziu as sobrancelhas.

– Por favor – Ela apertou os olhos. – Deixe-me continuar.

Eles não disseram mais nada.

– Não tenho mais comido direito, os decepciono sempre quando são chamados a escola por minhas atitudes desnecessárias, não falo mais nada. Eu sei que vocês estão sendo melhores do que merecem, pois me entendem.

– Quando tudo aconteceu... Minha única vontade era morrer. Por isso venho agindo assim. Porque sinto... Sinto que não mereço viver. Que não tenho direito a vida. Porque fui fraca e não enfrentei... Não enfrentei a situação.

Ela suspirou e as palavras jorraram como se uma torneira fosse aberta. Mas ela não queria mais fechá-la. Agora que a abriu, iria até a última gota.

– Todas as pessoas que eu conheço, apaguei de minha vida. Exceto vocês dois, mas eu os tento afastar sempre. Porque sinto que se eu estivesse manchando as pessoas. Manchando as pessoas com o lixo que sou. Por não ter lutado, por ter sido uma idiota inútil. Um lixo.

– Sinto que não devo mais comer, porque não posso agradar um corpo imbecil. Um corpo... Violado. Isso é como uma faca que entra em meu corpo e me corta brutalmente. Todos os dias eu tenho dores horríveis em minha alma, dizendo que nem a morte um ser sujo como eu merece.

– Me afastei de todas as minhas metas e sonhos porque sinto que não mereço mais sonhar. Não mereço mais ter direito a esperanças e sentimentos. Por isso eu fico sozinha, no escuro. Porque acho que a morte seria mais fácil se ninguém me amasse mais.

Ela começou a tremer e a chorar. Mas nem isso a impediu de dizer o que queria. Precisava continuar.

– Continuei fazendo isso, mas nada dava certo. Agora com essa suspeita de que posso estar doente... Ou pior, grávida. Se eu estivesse carregando uma criança aqui em meu ventre, eu não teria coragem de ser a mãe dela. Ela não merece o lixo que possuiria como mãe. Não a impediria de nascer, lógico, mas será que eu seria uma boa mãe? Uma mãe que nem a si mesma ama?

– Eu não consigo mais sorrir, não consigo mais lutar. A dor era tão forte que eu pensei que deveria criar outra dor, para poder apaziguá-la.

Leah tirou o casaco que estava por cima de sua camiseta. Seus braços estavam enfaixados, se recuperando do último ataque. Mas havia muitos cortes e alguns pareciam bem feios.

Sua mãe quase desmaiou e seu pai arregalou os olhos. Mas ela pediu que ele não dissesse nada ainda e entregou seu canivete em sua mão.

– Me desculpem – Ela soluçou. – Eu não queria, mas não conseguia me livrar dessa dor. Não me sinto mais eu mesma, não sou mais quem eu era. Sou um lixo horroroso que não merece estar nesse mundo e ainda mais com pessoas maravilhosas como vocês dois.

Seu pai levantou-se rapidamente do sofá e a pegou em seus braços. Sua mãe fez o mesmo. Os três soluçaram por muito tempo, até que seu pai murmurou:

– O que aquele desgraçado fez com a minha vida? – Ele chorava – Eu juro por Deus que se eu o encontrar, não responderei por mim.

Leah soluçou. Não queria que seus pais estivessem sofrendo, mas ela sentiu uma sensação de liberdade. Quando eles a entenderam e não a recriminaram, ela pode respirar novamente.

Não estava acreditando, mas era a verdade. Ela estava se libertando.

Mas ainda não havia acabado por aí.

– Eu sei que vocês podem estar zangados comigo – Ela baixou os olhos, envergonhada. – Mas eu... Eu me sinto assim, agora. Só que não será para sempre. Eu vou melhorar. Eu vou tentar voltar.

– Sabe... Na escola, o novo professor de inglês vinha me observando. Ele nunca falava comigo, mas se preocupava. Então, um dia, ele me chamou para conversar. Eu fugi, mas hoje... Depois do que houve com Natalie... Eu decidi me abrir para ele. Ele é psicólogo também. E ele me ouviu, me escutou e me ajudou. Disse para eu conversar com vocês. Eu vou conseguir, mamãe. Eu vou tentar papai, eu prometo.

Eles a abraçaram. Incrivelmente, eles não estavam zangados ou com repulsa. Estavam felizes por esse grande passo da filha. Um grande passo tomado por ela mesma.

Depois disso, seu pai a olhou e disse:

– Leah, entenda bem. Entendemos você, mas não queremos que faça isso novamente. – Ele olhou para o canivete. Pela expressão de seu pai, ela podia apostar que ele daria fim na pequena arma. – Se você foi forte o bastante para fazer isso, tenho certeza de que é para não se mutilar mais. E filha... Não diga mais que você é um lixo. Você não é. Sei que não é fácil para você admitir isso, mas você é a pessoa mais forte que nós conhecemos.

– Mais forte por ter enfrentado tudo isso. E por conseguir dar um passo de cada vez. – Sua mãe completou. – Nós te amamos, filha, mas não quero mais que você se recrimine. Se esse psicólogo está te ajudando, isso é ótimo. É claro que vamos querer conhece-lo.

Leah assentiu.

– Amanhã depois da aula, eu irei conversar com ele novamente. Se depois disso vocês quiserem...

– Vamos marcar uma hora, prometemos. – Seu pai sorriu.

Leah os abraçou fortemente. Não iria cair daquela vez. Estava se libertando. Dessa vez, a dor sumiria por completo, mesmo que ainda estivesse bem forte.

Porque, claro, sempre há os prós e os contras a nosso favor. Sua consciência a martelava por fazer isso, por se abrir novamente, porque ela ainda se sentia como se não merecesse.

Mas ela iria lutar contra. Não deixaria esse fantasma de seu passado recente acabar com a sua vida.

Um passo de cada vez... Estava ótimo para ela.



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Notas finais do capítulo

E entãão? Gostaram? Enfim, talvez eu ainda poste mais um hoje, se tudo der certo. Mas por ora, feeeliz ano novo (de novo KK) e até o próximo capítulo! Beeeeeeijos e até maais!



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