Uma Chance Antes Do Fim escrita por FP And 2


Capítulo 3
Corrigindo Erros


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Konoha, 01 de Julho de 1997.

10h09m


Era hora da visita, mas realmente não esperava ninguém. Me avisaram que meu padrinho, Jiraya, estava em viagem. Assim que acordei do coma ele foi informado, mas não conseguiria chegar naquele dia. Acho que me acostumei tanto a ficar sozinho como adulto, que esqueci de que agora ainda tinha muitos amigos.

Quando a porta se abriu, deixando entrar uma horda de adolescentes, me assustei. Vi Ino, Shikamaru, Gaara, Temari, Sakura, Sasuke, Neji e... Hinata. Meu coração se acelerou ao ver novamente aqueles olhos, tornando o momento constrangedor, já que o monitor cardíaco disparou.

— Naruto!

Sakura foi a primeira a se aproximar, mas não teve coragem de me tocar. Mesmo com todo o tempo que fiquei internado, ainda estava muito machucado, o que era visível. Apenas os ferimentos mais superficiais haviam se curado.

Vi os olhos das garotas presentes encherem-se de lágrimas quando me viram, mas de algum modo sabia que não era por pena. Tentei me sentar e fui imediatamente ajudado por Sasuke e Gaara. A dor foi forte, mas queria olhar meus amigos de frente, como iguais, não mais como um perdedor, que era o que havia me tornado nos últimos quinze anos. Eu prometi a Bee que as coisas seriam diferentes, e vou cumprir.

— Ei, pessoal! — Disse com a voz fraca. — Não esperava vê-los hoje.

— Não achou que se livraria de nós tão fácil, não é, dobe?

— Sei que não. — Dei um sorriso sincero para ele. Sabia que meus amigos nunca me abandonariam voluntariamente. — Obrigado.

Fixei meus olhos em Hinata e não consegui mais desviá-los. Me perguntava como antes de saber de seu amor, nunca havia reparado a maneira como ela me olhava. Tinha tanto sentimento naquele semblante que me deixavam arrepiado. Era mais que amor. Era admiração. Agora também havia pesar.

— E então, Naruto, quando vai sair daqui? — Neji perguntou, desviando minha atenção de minha pequena Hyuuga.

— Ainda não me disseram nada, Neji, mas acho que vai levar mais umas semanas...

— Nem parece você. — Shikamaru comentou, me analisando. — Está tão calmo. Pensamos que estaria aqui se descabelando para sair logo desse hospital...

— Ah, é. — Olhei para o teto e esbocei um pequeno sorriso. — Tem coisas que nos mudam, Shikamaru, mesmo que não percebamos.

— Uau. Desde quando é tão maduro? — Ino perguntou, aproximando-se pendurada no braço de Gaara.

— O que esperava, tonta? — Rolando os olhos, Sasuke lançou a ela seu melhor olhar de tédio.

— Ahn... desculpe, Naruto. — Ela pareceu envergonhada de seu comentário impensado, afinal, para eles, eu havia acabado de perder meus pais e de quase morrer também. Seria difícil explicar que para mim isso já havia acontecido há muito tempo, e que as últimas horas que passei com eles foram como um sonho, apenas uma despedida.

— Não se preocupe, Ino, sei que não foi sua intenção me magoar. — Respirei fundo e olhei no rosto de cada um dos meus amigos antes de continuar. — Só quero que saibam que estou bem. De verdade. Já me conformei com o que houve com os meus pais, era o que tinha que acontecer. — Vi descrença nos olhos de cada um, como se não creditassem que eu realmente me sentia daquela maneira, mas com o tempo eu os faria entender. — Agora, eu queria conversar a sós com Sakura e Sasuke, se não se importam. — Os mencionados me olharam curiosos, enquanto os outros assentiam e iam deixando a sala. Apertou meu coração, ver Hinata saindo, mas eu teria tempo de consertar as coisas com ela. Queria apenas uma coisa antes dela ir embora. — Hinata.

— Sim, Naruto-kun? — Ela parou segurando a porta. Eu apenas a olhei um pouco, e ela entendeu. Se aproximou da cama e parou ao lado de Sakura. Segurei firme sua mão e a puxei para um abraço desajeitado, por causa do gesso.

— Obrigado por vir me ver. — Não resisti e afundei o rosto na curva de seu pescoço. A senti estremecer. Soltei-a e a vi extremamente corada, mas com um pequeno sorriso feliz no rosto. Seria o suficiente por hora. — Tchau.

Ela saiu do quarto e me virei para Sakura e Sasuke, que assistiram a cena curiosos.

— O que foi isso agora? — Meu amigo perguntou, com uma sobrancelha levantada.

— Resolveu acordar, é, Naruto? — Sakura completou com um pequeno sorriso triste. Vi em sua expressão um pouco de ciúmes. Então era isso. Ela amava Sasuke, mas gostava de se sentir amada por mim. Esse foi meu erro com eles, e era uma coisa que eu sem dúvida precisava consertar para não prejudicar meus amigos no futuro.

— Sabem? — Comecei com um suspiro. — Tem uma coisa que preciso esclarecer entre nós. Sempre fomos amigos e a maior parte das brigas entre Sasuke e eu, foi por causa de rivalidades bobas. Sei que isso nunca vai diminuir a amizade e o carinho que temos um pelo outro, mas não quero mais continuar com isso. — Olhei diretamente para Sakura ao continuar. — Sei que vocês estão juntos, mesmo que não admitam por medo de me magoar. — Minha amiga arregalou os olhos e fitou o namorado, que estava de cabeça baixa. — É, eu sei. Não havia por que me esconderem isso. A verdade, Sakura, é que eu nunca te amei dessa forma. Acho, e tenho certeza que Sasuke concorda, que era apenas mais uma maneira de competirmos em algo. — Encarei meu amigo e vi que tinha um sorriso mínimo dos lábios. — Eu amo vocês dois da mesma forma, como irmãos que nunca tive. — Sasuke ergueu os olhos e corou. Acho que não esperava ouvir uma coisa dessas de mim. — É, você também, teme. Não tenho vergonha de dizer isso, mas não quer dizer que vou falar de novo algum dia, então registre o fato.

Ele riu. Eram raras as ocasiões em que isso acontecia de verdade. Geralmente eram risadas sarcásticas ou cínicas, desprovidas de um humor real, mas não foi o que aconteceu agora. Havia um brilho em seus olhos difícil de identificar, mas acho que era felicidade.

— Obrigado por dizer isso, Naruto. — Ele abriu um sorriso verdadeiro, que era ainda mais raro. — Você deve ter batido a cabeça realmente forte para dizer isso.

Retribuí seu sorriso e depois me virei para Sakura. Ela estava de cabeça baixa e tinha lágrimas em seus olhos.

— Desculpe, Sakura-chan, mas eu precisava dizer a verdade antes que isso acabasse prejudicando nossa amizade. Eu sei que você ama o teme, já que nunca escondeu isso de mim. — Ela corou um pouco e lançou um olhar de lado para Sasuke. — Ele também sabe, não se preocupe... — Não pude deixar de rir um pouco com a expressão que ela fez. — Não acredito que não disse para ele ainda!

— Idiota... — Ela resmungou constrangida. Arrancando risadas de nós dois.

Eu não disse nenhuma mentira, ele realmente sabia. Uma vez até brigamos por causa disso, já que ele pegara escondido o diário dela para poder me provar. Quando finalmente eu consegui tomá-lo dele e o devolvi, ela brigou comigo! Não consegui deixar de rir com a lembrança, e eles me olharam curiosos. Contei minha lembrança e eles riram também. Ficaram me fazendo companhia o resto do dia, conversamos, brincamos, brigamos, era uma coisa da qual eu sentia muita falta. A camaradagem que existia entre nós.


Konoha, 16 de Julho de 1997.

11h30m


Depois de mais duas entediantes semanas internado, finalmente eu havia recebido alta no dia anterior. Meu padrinho, Jiraya, foi me buscar no hospital acompanhado de Sasuke e me levaram para casa. Quando chegamos, todos os meus amigos estavam lá e haviam preparado uma pequena recepção de boas vindas. Não era realmente uma festa, já que a perda de meus pais ainda era muito recente, mas foi muito importante para mim.

Durante a reunião, pedi a Hinata que viesse me encontrar hoje. Eu ainda não tinha condições de sair de casa sozinho, então a convidei para almoçar comigo. Nesse momento estou sentado em meu quarto, esperando que Jiraya volte. Já que nenhum de nós sabe cozinhar, ele foi comprar comida em um restaurante aqui perto.

Meu olhar se fixou na minha mesa de estudos, onde o computador pré-histórico não mais se encontrava. Então era só isso que aquele assaltante queria... Bem, agora ele conseguiu, e mais uma vez estou sem meus pais. Mas valeu a pena voltar, vê-los mais uma vez, abraçá-los e dizer o quanto os amava.

— Naruto, cheguei!

Melhor começar a descer, devagar e sempre... Com o braço engessado e pinos em uma das pernas não vai ser fácil, mas com sorte consigo chegar na cozinha antes da Hinata aparecer.

— Estou descendo, ero-Jiraya! — Gritei de volta.

Antes que conseguisse encaixar as muletas embaixo dos braços, a porta do meu quarto se abriu e meu padrinho, alto e de longos cabelos brancos apareceu.

— Não devia se esforçar tanto. Não quer acabar caindo e engessar mais um membro, não é? Vamos, eu te ajudo.

Ele encaixou apenas uma das muletas embaixo dos meus braços e segurou o outro, enquanto carregava a muleta sobressalente na mão.

— Essa garota que vem almoçar, é sua namorada?

— Ainda não, mas pretendo mudar isso logo.

— Hum... Cuidado para não se empolgar demais e acabar arrancando um pino da perna... — Ele comentou, com uma expressão pervertida.

— Depois não gosta que eu te chame de ero! — Resmunguei. Antigamente aquele comentário me tiraria do sério, mas agora sei que é só para me provocar mesmo. Mas também me trouxe uma dúvida. Com dezesseis anos, antes de me envolver com a Hinata eu era virgem... Será que voltei a ser? Bem, acho que não, afinal, virgindade é uma coisa mais psicológica do que física. Er... o tempo dirá!

— Já disse que não sou ero. O que desenho não é Hentai, é Gekiga e Ecchi. Mais respeito, moleque!

— ‘Tá, ‘tá... que seja. Mas vê se não atormenta a Hinata com esses papos. Ela é muito tímida e não está acostumada a conviver com pessoas como você.

— Não se preocupe. Vou servir a mesa, abrir a porta para sua namorada e me recolher à minha insignificância, almoçando no escritório. Tudo bem assim?

— Obrigado. — Sorri para ele. Apesar de nossas constantes discussões, nos dávamos muito bem, e eu não poderia querer alguém melhor para substituir meus pais. Também precisava deixar isso claro para ele. Ainda tinha alguns anos pela frente, mas eu sabia que em breve ele também partiria, e nada havia que eu pudesse fazer. Um ataque cardíaco fulminante não era o tipo de coisa que eu pudesse mudar. Mesmo que insistisse para ele cuidar melhor da saúde e isso pudesse ser evitado, alguma outra coisa o levaria de mim, assim como aconteceu com meus pais. — Por hoje e por cuidar de mim.

— Ah, não se preocupe, Naruto. — Ele falava com um grande sorriso. — Era o mínimo que eu podia fazer.

— Não exatamente. Sabe que não precisava sair de Tókio e voltar a morar comigo, mas mesmo assim vai fazer isso. Agora eu posso estar meio quebrado, mas não sou mais criança, consigo me virar sozinho. Eu agradeço muito por isso, não sabe o quanto seu gesto é importante para mim.

Chegamos à cozinha e ele evitou responder me ajudando a me acomodar na cadeira. Tentou esconder, mas consegui vislumbrar algumas lágrimas enchendo seus olhos. Ele devia estar sofrendo mais que eu, afinal era a primeira vez para ele. Sabia que considerava meu pai como um filho.

— Ei, Jiraya...

— Hum? — Ele parou de costas e começou a mexer em algumas embalagens que estavam sobre a pia.

— Ainda temos um ao outro.

— Eu sei. — Ele abaixou a cabeça, ainda sem se virar. — Não acha que tem alguma coisa errada aqui? Eu é quem deveria estar te dizendo isso.

Não respondi e ele também não disse mais nada, apenas arrumou a mesa, e quando estava terminando a campainha tocou. Engoli em seco, quando meu padrinho saía da cozinha para atender a porta. Pensei que seria mais fácil, já que sabia que ela me amava, mas minhas palmas estavam escorregadias devido ao suor frio e meu coração batia descompassado. Quando ela adentrou a cozinha, seguida de Jiraya, tive a sensação de que cobras se reviravam dentro de meu estomago.

— Olá, Naruto-kun. — Me cumprimentou com um sorriso tímido.

— Oi, Hinata-chan. Sente-se. — Tentei brincar para disfarçar o nervosismo: — Desculpe não me levantar, mas se eu tentasse fazer isso, não seria almoço, e sim jantar.

Ela riu delicadamente e aquele som aqueceu meu coração de uma maneira que nada mais conseguiria. Sorri abertamente enquanto ela se sentava ao meu lado. Jiraya preparou um prato e se retirou, dizendo por sobre o ombro:

— Bom almoço. Como eu disse antes, apenas cuidado com as fraturas...

Por sorte, Hinata era muito inocente para entender o que ele queria dizer, então me olhou com cara de interrogação.

— Não se preocupe com ele. — Pedi. — É doido.

— Tudo bem. — Ela me olhou e corou um pouco. — Então, Naruto-kun, você disse que queria conversar comigo... aconteceu alguma coisa em que eu possa ajudar?

— Ah, sim. Na verdade aconteceu, mas... você não prefere almoçar antes? Depois conversamos.

— Como quiser... — Ela disse, meiga e começou a nos servir. Conversamos muito pouco enquanto comíamos, cada um imerso nos próprios pensamentos, mas frequentemente nossos olhos se encontravam e ficavam assim por alguns segundos, antes de Hinata desviar o olhar. Terminamos de comer e ela me ajudou a ir para a sala, onde se sentou ao meu lado. Eu preferia conversar no meu quarto, mas infelizmente dependia de alguém para me ajudar a subir as escadas, e eu não faria isso com ela. Tampouco pretendia chamar meu ero-padrinho para me levar até lá, ocasião em que certamente soltaria mais algumas piadinhas maliciosas.

— Hinata... — Comecei a dizer, olhando profundamente em seus olhos, mas fui interrompido.

— Naruto-kun, posso assinar seu gesso?

— Ah, mas... Você já fez isso ontem...

— Eu sei, só que... — Ela corou ainda mais intensamente que antes. — Eu queria...

— Certo, pode assinar. — Alguma coisa me dizia que ela estava evitando que eu dissesse o que queria. Mas por quê? — Tem canetas naquela gaveta.

Ela se levantou e caminhou até a mesinha para onde apontei e voltou com duas canetas, uma azul e outra vermelha. Ajoelhou-se na minha frente e começou a escrever alguma coisa na parte de baixo do gesso, onde não seria possível que eu visse. Pelo menos era o que ela pensava. Sorri contente. O que ela queria dizer, mas não tinha coragem de mostrar? Eu já podia imaginar.

— Pronto! — Ela sorriu vitoriosa.

— Que bom... Agora seja boazinha e pegue um estojo preto que está na mesma gaveta de onde você tirou as canetas, sim?

— Ah... c-claro! — Ela não sabia, mas aquele estojo era da minha mãe. Era revestido de couro e servia para guardar canetas, mas tinha um espelho embutido na parte interna. — Aqui está.

— Obrigado, Hinata-chan. — Peguei o estojo e soltei o fecho de botão com os dentes. Hinata empalideceu quando viu o pequeno espelho na parte interna, e eu sorri travesso. Ela escondeu o rosto nas mãos e soltou um gemido baixo. Posicionei o objeto para que pudesse ver o que tanto ela queria que eu não visse, e abri um sorriso. Ela escreveu umas cinco linhas que ficavam difíceis de ler ao contrário, mas a última coisa, entre dois corações vermelhos estava bem visível e me encheu de alegria. “Eu te amo”.

— Hinata... olha pra mim. — Pedi em voz baixa. Ela não levantou a cabeça, apenas a moveu duas vezes de um lado para o outro, negando. Insisti. — Por favor? — Ela nunca conseguiu me negar nada antes, quando eu pedia com esse tom de voz, meio manhoso, meio suplicante. Levantou o rosto um pouco, bem devagar e me olhou com o canto dos olhos. Eu tinha um sorriso enorme no rosto e acho que isso deu um pouco mais de confiança a ela. Ergueu totalmente a cabeça, mas seus olhos evitavam os meus. Aparentemente ela mirava meu nariz. Peguei uma caneta de dentro do estojo e o deixei de lado. Puxei sua mão e comentei: — Agora você tem que me ajudar. Não vai ser fácil só com uma mão, então deixe a sua bem parada! — Escrevi apenas duas frases em sua palma. “Eu também te amo, minha linda. Mais que minha própria vida!” — Pronto. Pode ver.

Ela puxou a mão e ficou olhando para aquela frase, totalmente sem reação durante um tempo. Repentinamente seus olhos marejaram e ela disse, numa voz entrecortada:

— N-Naruto-k-kun!

Eu a puxei e dei um leve beijo em seus lábios. Não tinha pressa. Sabia que o prazo que tínhamos era limitado, mas apesar de querer viver intensamente, o tempo me ensinou que uma das partes mais gostosas de uma relação é o início dela. A incerteza, expectativa e a inocência. Não queria perder nada disso.


Tókio, 06 de março de 2000.

08h00m


Ainda me pergunto por que estou fazendo isso. Não tenho uma resposta definitiva, o máximo que posso dizer é que sinto que é o certo. Começou por não querer que mais alguém passasse pelo que passei, mas se tornou algo maior.

Hinata está em pé ao meu lado, e olhamos fixamente para os portões da clínica de reabilitação. Ele ficou internado por dezoito meses, e o único que se importou o suficiente para vir esperá-lo fui eu, a pessoa que talvez tivesse mais motivo para manter distância.

O nome da pessoa que estamos esperando é Sai. Não sei seu sobrenome, na verdade não me lembro mais, já que o ouvi no julgamento da primeira vez em que vivi tudo isso, mas quanto mais o tempo passa, mais as lembranças do que poderiam ter acontecido e evitei, se tornam nebulosas, apenas como um sonho ruim.

Sim. Estou esperando o assassino de meus pais. Ou quem poderia ter sido o assassino. Eu o procurei depois de me recuperar totalmente daquele acidente. Foi um impulso estranho, mas senti que precisava fazer isso. Foi uma longa batalha para convencê-lo a se internar e largar as drogas, mas consegui. Não posso dizer que realmente me tornei amigo dele, mas é assim que ele me considera, talvez por ser o que de mais próximo ele tem de um.

— Aí vem ele, Naruto-kun. — Hinata me avisou.

— Obrigado por me acompanhar, Hina-chan. — Ela não respondeu, apenas deu um sorriso e passou uma mão sobre meu rosto. Ela não sabia por que aquilo era importante para mim, mas via que eu sempre ficava nervoso na presença daquele cara. Não era uma coisa que eu pudesse explicar. O que eu diria? Sabe, Hinata, o problema é que em uma outra ocasião ele matou meus pais, e então eu o matei... Quem iria parar numa clínica seria eu... para doentes mentais!

— Olá, Naruto-kun! — Sai cumprimentou com um pequeno sorriso quando se aproximou de nós. — Quem bom que está aqui.

— Como vai, Sai? — Perguntei nervoso. — Pronto para recomeçar?

— Sim, graças a você. — Ele abaixou a cabeça e acrescentou. — Obrigado por não desistir de mim como todos os outros.

— Não tem por que agradecer. Só viva da melhor maneira possível daqui para frente, certo? — Ele continuaria em Tókio, já que não tinha mais ninguém em Konoha. — Só vim mesmo ver com meus próprios olhos sua recuperação.

— Farei isso, pode acreditar. Não quero desperdiçar todo o esforço que fez por mim. Seja feliz, Naruto-kun.

— Você também, Sai.

Apertamos as mãos e nos despedimos. Na verdade descobri que Sai não era uma má pessoa quando são, mas preferia manter uma distância segura.


Konoha, 15 de maio de 2004.

22h18


Vários anos se passaram em harmonia. A felicidade que eu sentia não podia ser descrita em palavras. Estava feliz com Hinata, que havia se tornado uma mulher forte e determinada. Fiz também amizade com seu pai, Hiashi, e com o tempo ele se tornou mais aberto para a família, chegando mesmo a dizer a Hinata o quanto ela era importante para ele, por ocasião de nosso noivado.

Estávamos agora na festa de casamento de Sakura e Sasuke. O meu também seria em breve. Éramos mais unidos do que nunca, meu amigo até havia insistido para que o nosso casamento fosse realizado no mesmo dia, mas Hinata não concordou. Queria que nosso momento fosse especial, sendo assim, fomos convidados para padrinhos.

Muitas coisas haviam mudado na minha vida, inclusive os planos que antes eu tinha para o futuro. Decidi usar meu dom para ajudar o máximo de pessoas que conseguisse, assim, me formei em Psicologia, enquanto Sasuke continuou com o plano original e se formou em Direito. Ele ficou um pouco chateado quando mudei de ideia, afinal, falávamos disso desde crianças, em nos tornarmos advogados e abrir um escritório onde seriamos sócios. Mas independente disso, ele encontrou uma ótima sócia, já que Hinata também decidiu cursar Direito. Eu e Sakura fomos para a mesma Universidade, pois ela sempre teve o sonho de ser fisioterapeuta.

Agora que todos nos formamos, decidimos que chegou a hora de finalmente seguir com a vida e marcamos as datas dos casamentos. Continuamos todos em Konoha, que prosperou muito nos últimos anos, e abrimos nossos respectivos escritórios e consultórios no mesmo prédio.

— No que está pensando, Naruto-kun? — Hinata acariciou meus cabelos e sorriu.

— Na vida, Hina-chan, apenas isso. Em todas as coisas que passamos para chegar até aqui.

— E você está feliz?

— Como nunca pensei que seria possível, meu amor. — Disse isso e a beijei.

— Caham! — Nos separamos e vi Sasuke parado ao lado de nossa mesa. — Não vão se despedir dos noivos? Já estamos indo.

— Desculpe, Sasuke. Estávamos... ahn... distraídos! — Sorri sem graça.

— Deu para notar... — Ele deu uma piscada maliciosa e se afastou.

— Vamos, Naruto-kun! — Hinata me puxou pela mão e fomos em direção à saída do salão de festas, onde Sakura e Sasuke se despediam dos convidados.

— Façam uma boa viagem, Sasuke, Sakura-chan! — Desejei. — Espero que aproveitem!

— Foi o melhor presente de casamento que você poderia ter nos dado! Obrigada, Naruto! — Sakura agradeceu com um sorriso enorme. Meu presente como padrinho foi uma semana em um balneário badaladíssimo, com tudo pago. — E o seu também será muito bem aproveitado, Hinata! Até a volta...

— Boa viagem , teme!

— Obrigado, dobe! — Sasuke também tinha um raro e enorme sorriso no rosto. Ele puxou Sakura e entraram no carro que os levaria até o aeroporto.

— Hinata?

— Sim, Naruto-kun?

— O que você deu?

— Um par de algemas revestidas de pelúcia...

— Hinata-chan!


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Notas finais do capítulo

Apenas mais um prólogo...



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