Lost Memory escrita por Dri Viana


Capítulo 23
Chapter Twenty- three




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Você é um anjo vestida de armadura
Você é o medo em cada luta
Você é minha vida e meu porto seguro
Onde o sol se põe toda noite
E se meu amor é cego, eu não quero ver a luz
É a sua beleza que te trai
O teu sorriso te entrega
Porque você é feita de força e piedade
E minha alma é tua para que salves
Eu sei que isso é verdade
Quando meu mundo se torna escuro e solitário
Eu sei que você é aquela que irá me resgatar

 

(Close Your Eyes— Michael Bublé)

 

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— Acha que Sara vai gostar dessa surpresa?

— Sem dúvida alguma, patrão.

Shirley lhe entregou a xícara e a pequena vasilha plástica que continha algumas frutas que havia cortado em cubinhos, para que Grissom as acomodasse na linda bandeja de café da manhã que estava preparando para a sua esposa, que ele havia deixado no quarto dormindo a sono profundo.

Assim que acabou de preparar a bandeja, o supervisor a olhou bem e algo ali ainda não parecia bem para ele.

— Eu não sei, Shirley, mas pra mim está faltando algo nessa bandeja.

— Mas o que seria? - a mulher olhou minuciosamente a bandeja a procura do que faltava. Tudo que sua patroa gostava, estava na bandeja. Então não conseguia encontrar o que poderia estar faltando mais.

Após uns segundos foi que Grissom se deu conta do que faltava.

— Já sei o que é! - exclamou sorrindo para a mulher a sua frente que lhe olhou curiosa.

— O quê?

— Flores!! ... Sara gosta de flores, não gosta, Shirley? - a questionou em dúvida.

— Gosta sim... - ela sorriu para o patrão. — Só que onde o senhor vai arranjar flores agora cedo?

Ainda não era nem sete da manhã.

Ele pensou um pouquinho e acabou por se lembrar de um lugar onde tinha visto flores ontem.

— Na casa ao lado. Bem em frente dela tem um pequeno jardim com algumas flores. Vou lá pegar umas para Sara e já volto!

Ele saiu rápido da cozinha feito um garoto afoito, não dando tempo de Shirley dizer qualquer coisa. Cerca de cinco minutos depois o supervisor já retornava com um raminho de flores brancas, que se pareciam muito com lírios.

A empregada pegou as flores e as ajeitou em um pequeno copo de vidro com água.

— Pronto! Agora sim está melhor, não acha? - ele olhava todo orgulhoso para a bandeja.

— Sim!

Shirley sorriu para ele que retribuiu o sorriso. A empregada estava tão feliz por seus patrões terem se entendido. Enquanto ajudava Grissom a preparar aquela surpresa para Sara, ela ouviu do homem que ele havia conseguido se declarar ontem a esposa e agora estavam juntos como um casal que eram. Saber disso encheu Shirley de alegria. A mulher sabia o quanto sua patroa vinha sofrendo com a distância entre seu marido e ela.

— Bem, Shirley, obrigado por ter me ajudado com a bandeja. Se não tivesse aparecido aqui na cozinha, acho que eu ainda estaria fazendo as coisas.

— Que isso! Não precisa me agradecer, patrão!

— Agora vou subir e levar isso pra Sara antes que ela acorde e não me veja no quarto.

Com cuidado ele pegou a bandeja e se encaminhou para sair da cozinha. No meio do caminho ouviu Shirley chamá-lo, então se virou para ela.

— Que bom que o senhor fez o que era certo... Estou feliz por vocês! - confessou com sinceridade a mulher.

Grissom assentiu e sorriu.

— Eu também estou feliz, Shirley... Muito feliz por isso!

Sara ainda dormia, porém não a sono tão profundo assim. De repente, ela sentiu algo cobrir sua mão que descansava em cima da barriga coberta pelo tecido macio e fino de sua camisola. Aí, logo em seguida veio um toque sútil em seu rosto e por fim, ouviu uma voz grossa que conhecia muito bem, chamar por seu nome quase num sussurro rente a seu ouvido.

Abriu os olhos lentamente e se deparou com a imagem de seu marido deitado de bruços a seu lado lhe sorrindo com a mesma ternura e doçura que há mais de quatro meses ela não via nele.

— Bom dia! - a mão dele acariciou o rosto dela e em seguida, seus lábios beijaram os dela rapidamente.

A mulher ficou olhando para ele sem acreditar no que acabou de acontecer. Parecia até um de seus sonhos que vinham acontecendo nos últimos meses.

— Algum problema, Sara?

Grissom percebeu o olhar meio confuso da esposa para ele.

— Não... É só que... É ainda meio inacreditável pra mim o que você acabou de fazer... Parece até um sonho.

— Está se referindo ao beijo que acabei de te dar ou ao que ocorreu entre nós durante a noite?

— As duas coisas. Sonhei muitas vezes com tudo isso acontecendo. Em acordar e me deparar com você assim do meu lado, sorrindo pra mim. Eu, sinceramente, achava que essas coisas entre a gente só fossem voltar a acontecer quando você se recuperasse.

— Mas que bom que não foi assim, não é?

— É! - ela ficou olhando-o quase que em encantamento.

Sua mente trouxe à tona os flashes da noite passada. A declaração dele, sua pele na dele, seus corpos unidos, o amor que os envolveu e os conduziu, enquanto se entregavam um ao outro depois de meses.

A noite passada havia sido tão especial e seria tão inesquecível quanto fora a primeira de fato. Sara olhou bem Grissom e tê-lo ali também lhe olhando, sorrindo daquele jeito que só ele sorria, parecia até a sua realidade de tempos atrás. Sua ficha ainda custava a cair um pouquinho mesmo com os flashes pipocando em sua cabeça.

Grissom apenas observava a esposa que o fitava com um olhar perdido. Não resistindo, ele aproximou-se dela e lhe deu um beijo mais demorado e mais intenso que o anterior. Ela levou apenas dois segundos para retribuir.

— Se eu pudesse não pararia nunca de te beijar, porque é tão bom isso! - ele murmurou após o beijo trocado.

Sara deixou um sorriso escapar após ouvir aquela sua confissão. Não era a primeira vez que ele lhe dizia aquilo.

— Lembro-me de já ter ouvido essas mesmas palavras de você anos atrás! - confidenciou Sara.

— Mesmo?

— Uhum!

— Engraçado que não me lembro de tê-las dito antes! - ele disse em tom de brincadeira o que fez esposa sorrir.

— Seu engraçadinho!

Ele não pode evitar dar uma gargalhada com isso. E sua esposa se encantou com aquilo. Ela adorava quando ele fazia aquilo. Parecia perder toda a seriedade dele.

— Tenho algo pra você! - anunciou após parar de rir.

— Pra mim? E o que é?

— Primeiro, feche os olhos. E depois, sente-se na cama.

— Ok!

Ela seguiu suas instruções exatamente como ele pediu.

— Não vale abrir os olhos antes de eu dizer que pode, está bem?

— Está! - respondeu ainda de olhos fechados.

Grissom foi até a cômoda buscar a bandeja que deixou e depositou-a sobre a cama.

— Pode abrir seus lindos olhos.

Assim que o fez, Sara se encantou ao deparar-se com a linda bandeja que estava sobre a cama.

— Você fez isso pra mim?

Ela o encarou surpresa.

— Fiz, mas confesso não foi sozinho. Shirley me ajudou. Gostou?

— Muito. Está lindo!

— Tem tudo que você gosta.

Ele já sabia bem o que ela gostava de comer de manhã por conta das muitas vezes em que tomaram café juntos ao longo desses meses e assim sendo, se preocupou em colocar ali tudo o que agradaria ao paladar da esposa.

— É, estou vendo... - ela voltou seus olhos a bandeja rapidamente antes de tornar a encarar o marido. — Obrigada por isso e pela noite linda. Estar com você de novo foi maravilhoso, Gil.

— Eu prometo pra você, Sara, que a partir de agora você não vai ter somente o meu carinho e minha atenção, mas também terá o meu amor. Nós vamos voltar a ser o casal que éramos, ainda que eu não me lembre disso... Querida!

Querida??, pensou Sara.

Foi como um dejá ouvi-lo lhe chamar daquele jeito. Aquela palavra fez com quem Sara se recordasse das várias outras vezes em que ouviu Grissom lhe chamar assim. Seu coração bateu mais acelerado com aquilo. Aquele era o nome carinhoso que ele havia lhe dado.

— O que houve Sara? Não gostou do que eu disse? - ele notou que ela ficou calada e lhe encarando.

— Não, pelo contrário, eu gostei, Gil, mas é que...

Sara se perguntou internamente se seu marido havia se lembrado daquele apelido para tê-lo dito tão naturalmente.

Ela precisava perguntar para saber e foi o que fez.

— Por que me chamou de "querida"?

— Você não gostou?

— Gostei, mas eu queria saber o porquê dessa palavra?

— Bom... - ele se ajeitou melhor ao lado dela na cama. — Eu simplesmente olhei pra você e me veio essa palavra de imediato à cabeça. Algo de errado com ela?

— Não... Só que você antes de perder a memória, costumava me chamar assim.

— Verdade? - perguntou surpreso.

— Sim! - ela confirmou.

Ele ficou a processar aquela informação por uns segundos e depois aproximando seu rosto do dela, murmurou-lhe bem baixinho:

— Talvez, quem sabe, meu coração... Apaixonado por você, tenha se lembrado dessa palavrinha e a enviou direto para minha cabeça para que eu a dissesse à você.

Os dois sorriram ante ao que ele disse. E segundos depois trocaram um beijo demorado.

— Hum... O café... Gil... Vai esfriar! - Sara lembrou-o, sorrindo entre o beijo que trocavam.

Grissom então interrompeu o beijo e logo em seguida, os dois já que Sara fez questão de dividir a bandeja com o marido, desfrutaram do café que o supervisor tinha trazido para a amada.

Foi o melhor café da manhã que ela já tomou nos últimos meses. Estava se sentindo nas nuvens, pois seu marido ia lhe servindo tudo na boca e sempre depois disso, ele lhe presenteava com um beijo. A mulher experimentou beijos com vários sabores, um mais delicioso que o outro.

Depois de todos esses meses angustiantes, ela podia dizer que agora estava sentindo-se feliz. Ainda que o problema de seu marido persistisse, Sara se sentia feliz, pois as coisas entre ela e seu marido agora estavam diferentes, porque Grissom a amava e ela sentia que era igualmente a como antes.


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