Libertária escrita por Ana Souza


Capítulo 16
Seguir Sozinha




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- papai podemos ir ao Gardênia hoje? – perguntei.

Meu pai ao volante, dirigia com um sorriso maroto no rosto.

- o Gardênia é um parque pra pessoas grandes querida, quem sabe no próximo ano? – ele fez um carinho na minha cabeça em quanto meu irmão sintonizava em parar estações no rádio.

- você é uma garotinha irritante – disse meu irmão jogando pipoca do banco da frente. Estávamos voltando do cinema. “Batalha dos Duendes” foi um filme da minha escolha, sei que meu pai se segurou para não dormir e meu irmão fingiu não gostar para não agredir sua masculinidade mas no fundo torceu pelos duendes do bem na épica batalha pelo Vale do Arco-íris.

- mamãe deve ter preparado aquela canja para o jantar – disse meu pai animador. No fundo eu sei que não é verdade, quando eu chegar em casa, um garoto de entregas já vai ter deixado uma tigela caseira de sopa sob a mesa em quanto minha mãe dorme no quarto a base dos anti-depressivos e chá. Sou uma garota de sete anos esperta, já achei sacolas da “Sopa Feliz” no fundo da lixeira unidas com uma nota fiscal amassada.

Talvez papai e mamãe se separem. Talvez papai vá embora com o Daniel e me deixe com mamãe, mamãe viverá dormindo pelos cantos. Como vou viver sem eles?

O volume do rádio foi aumentado. “Snow Patrol” sussurrou meu irmão abrindo o vidro da janela para que o vento quente da tarde corresse. Suspirei, por uma fração de segundo olhei para o conjunto bonito de casas que passavam pela minha janela.

E ouvi dois gritos. Os ultimos.

Metal engoliu metal. A colisão fez o nosso carro deslizar pela estrada e rodar várias vezes pela pista.

- papai? Daniel?

Não houve resposta.

Tinha sangue na minha camiseta preferida do Barney, tinha vidro na minha boca, tinha dor na minha alma e fogo nos pneus.

Sai pela janela estilhaçada que arranhou minha pele, talvez se eu chamasse alguém para tirar papai de Daniel dali de dentro, eu mexi muito neles dois, mas eles se recusavam a acordar.

O rapaz de uma picape grande e preta que bateu em nosso carro estava longe, correndo muito rápido na direção contraria as luzes azuis e vermelhas que piscavam na pista.

Um homem me segurou-me me arrastando pra longe do carro.

Carro esse que explodiu. Nunca vi tanto fogo. Nunca.

- papai? Daniel?

- já fazem dez anos Isadora. Porque lembrar disso agora?  -  eu e Aria estávamos frente a frente, debaixo d’água pra ser mais especifica. O que é estranho, porque estou respirando, me sinto seca e ouço o espectro da rainha com total perfeição e nitidez.

- pode deixar que eu me mate em paz? – questionei me mexendo dentro da bolha de ar que estávamos.

- não vou permitir que minha única enviada morra de forma tão boba depois de tudo que passou. – disse-me ela com serenidade, seu fantasma azul e voador dançava em volta de mim.

- dane-se! A merda! – comecei a chorar me debatendo ainda mais, eu não queria mais viver, porque se sair dessa água e subir aquela ponte vou ver Ícaro petrificado para sempre, vou me ver sozinha nessa jornada, vou ver Hugo e Amanda nas mãos de Meredith, vou ver o quão desgraçada tem sido essa profecia em todos os sentidos. Vou ver que o amor mais verdadeiro que tive jamais vou poder recuperar. Porque não dei valor a cada segundo com ele? Eu simplesmente não quero mais vir a tona. Quero que Aria desista desse seu joguinho de vingança, em que me envolveu e que me deixe partir pra ser infeliz pra sempre.

- não percebe tudo que conseguiu fazer? Percebe que eu não vou mais lutar. Você tirou tudo de mim. Ícaro está morto! Morto! Eu não tenho mais motivo pra continuar com isso sozinha. – eu estava soluçando, engasgando. – ela conseguiu me destruir, é fim de jogo!

- ela te deu mais motivo pra lutar querida.

Remexi a água de modo que consegui embaralhar o fantasma enfumaçado e belo de Aria.

- me dê um único motivo. Que não seja Hugo, porque sei que não vou conseguir Meredith, eu já perdi eles pra sempre.

- vem comigo. – ela estendeu sua pálida mão tremulante para mim.

Eu pensei um pouco, peguei-a.

Minha vista clareou por completo, com se eu tivesse olhado para o sol, pontos azuis preencheram meus olhos e eu senti meus pés saírem do chão. Quando tornei a abrir meus olhos estávamos sob a ponte Brigite, a ponte petrificada.

A cidade atrás de mim estava acabada, um enorme acervo de esculturas reais e polidas de pedra, podia ver na minha imaginação a equipe de ping-pong em fila formando uma escultura feliz, os policiais, os pássaros, as pessoas inocentes que dormiam, tudo foi transformado em pedra.

Eu me recusava a olhar pra frente. Eu simplesmente não posso olhar, porque sei que o Ícaro que verei jamais vai sorrir pra mim de novo.

Olhei.

Cai de joelhos.

Ele me empurrou na água pra me salvar das flechas mortíferas e paralisantes, ele me amou como eu não fui capaz de amá-lo, sacrificou-se por mim. E agora eis o garoto que eu amei de certa forma, uma estatua de pedra, com as mãos em direção a água, os traços perfeitos do rosto. Paralisado. Morto. Parado. Perdido pra sempre.

Rastejei até a estatua.

- ande! Fale comigo! Deixe de brincadeira. – comecei a bater na estatua inutilmente, ia ter que continuar isso completamente só. Não ia ter mais seu sorriso, nem seu ciúme, não ia senti mais o seu cheiro nem estar lado a lado com ele. A gente jamais ia se beijar de novo. Jamais.

As minhas lágrimas formavam um rio.

Agarrei o pingente de cetro.

- faça alguma coisa seu inútil. Reviva ele

Nada aconteceu.

- você me trouxe aqui pra me torturar? – perguntei a Aria que flutuava a poucos metros de mim.

- trouxe aqui pra te dar um novo motivo pra seguir em frente.

- sem essa de auto-ajuda Aria, eu não vou a lugar nenhum sem Ícaro, vou morrer aqui implorando pra ele voltar pra mim. – Hugo ainda estava em minha mente, mas não sei agora se seria tão capaz assim de dar tudo para resgatá-lo diante de Ícaro ali, petrificado para sempre.

- Ícaro não está morto. – disse-me ela.

- você é cega ou o que?

- quando alguém sofre esse tipo de feitiço não morre, o corpo sim, fica preso, paralisado, mas o espírito de Ícaro está no Mundo Meridional.

Uma chama se acendeu em meu peito.

- quer dizer o mundo das bruxas? – questionei.

-exato.

- então quer dizer que Ícaro virou um espírito? – berrei, a idéia ainda assim não era completamente animadora, eu não posso sentir o cheiro, o toque, nem amar um espírito pra sempre, posso?

Aria estendeu novamente a mão para mim, mas dessa vez aconteceu uma coisa estranha, eu me sentia exatamente leve como uma folha de papel, sentia o vento passando exatamente por dentro de mim, quando olhei para trás tive simplesmente o maior susto da minha vida, quando vi meu corpo estático, olhando para o nada com a mão estendida. Eu estava fora do meu corpo, era um espírito brilhante,pálido e voador.

Eu berrei.

- poderia ter pelo menos me avisado antes de fazer isso!

- estou te mostrando o que aconteceu com Ícaro e todas as outras pessoas daquela cidade – ela apontou para a parte depois da fronteira onde as flechas celestes caíram – quando alguém é petrificado, não há perda total, desperdício não faz parte do mundo das bruxas. Eles viram escravos, servos ou são associados com monstros servis do Mundo Meridional.

Aria soltou minha mão, imediatamente voltei para dentro do meu corpo, Fo mais ou menos como uma batida de carro, tive a sensação de acabar de nascer ou algo assim.

- só há uma coisa a fazer agora. – disse Aria – você sabe o que é, não sabe?

Andei até a estatua perfeita de Ícaro, alisei seu rosto áspero, toquei suas mãos de pedra.

- sei sim. Tenho que libertá-lo. – toquei com a ponta dos dedos uma protuberância na sua bochecha que lembrava uma lágrima. – como posso fazer isso?

Aria já havia desaparecido.

Eu estava completamente sozinha nessa jornada miserável.

Dois dias. Hoje faltam dois dias.

O noticiário anunciava um grande incêndio incontrolável que tomou conta das proximidades da divisa do estado, o fogo não cessou desde ontem a noite, e provavelmente segundo a especulação de um estudioso de plantão, foi causado por um raio que atingiu o telhado de uma casa. Ninguém disse nada de flechas brilhantes, fogo celeste e pessoas petrificando...

Efeito do bloqueio mágico. Ícaro diria isso se estivesse aqui. Ele não está mais. Não até eu resgatá-lo.

- deu 1.85 – disse a mulher gorda atrás do balcão.

Paguei meu cafezinho ruim de lanchonete de beira de estrada, todos os clientes estavam ligados na televisão, mas não posso me dar ao luxo de ficar aqui por muito tempo, caminhei praticamente a noite toda até chegar neste lugar, acabei dormindo em uma pilha de feno e latas de graxa, estou esgotada, caindo em um buraco infinito em que ninguém pode ouvir meu grito.

Quem eu pediria carona? Todos aqui são beberrões e parecem mal sujeitos, uma garota pobre e indefesa que peça carona está suscetível a um ataque silencioso durante a viajem.

Ainda estou longe, a uma hora de distancia. Parece uma pequena perspectiva para alguém de automóvel, mas minhas duas pernas talvez não suportem tão longa caminhada sob esse sol escaldante.

“se você estivesse aqui. Daríamos um jeito.” Toco o pingente de cetro.

O pingente começou a esquentar e brilhar em escarlate vivo. Para não chamar a atenção de ninguém corri até os fundos da lanchonete, atrás de um carregamento velho de leite e pilhas de lenha Aria apareceu na forma de uma bola fantasmagórica brilhante.

- você de novo? – digo irônica – só aparece quando é bastante conveniente não é? Porque não se mostrou ontem pra mim quando eu andava quilômetros em uma BR escura e completamente sozinha?

- minha energia se dissipou muito rápido – a “bola-rainha-fantasma” disse para mim. – assumi essa forma mais simples porque preciso de toda minha energia pra usar com você hoje.

- não entendi.

- vai entender já. Nosso treinamento começa agora.

Fui engolida pela bola gelada fantasma, percebi que fui transportada para outro lugar.

O chão é todo de ladrilhos monocromáticos, não existem paredes, parece que estou suspensa em um enorme tabuleiro de xadrez unicamente iluminado, o resto em minha volta é breu profundo.

- Aria? – minha voz produz um eco de meia hora.

- bem aqui. – responde-me ela saindo do meio da escuridão, engraçado porque a rainha parece exatamente humana nesse momento, sua pele tem textura comum e parece palpável, ela não esta envolvida por nenhum brilho azul gelatinoso nem nada que a faça lembrar um espectro.

- bem vinda ao Refúgio Lunar.

- onde?

- estamos em um mundo imaterial, tirei seu espírito do corpo para te trazer até aqui, onde podemos conversar sem que eu perca energia.

Meu corpo. Esta em algum lugar naquela lanchonete desmazelada em quanto eu estou vagando por ai, nesse tal Refugio Lunar, fora do local onde deveria estar.

- mundos imateriais são locais plenamente anti-físicos, são as casas dos fantasmas, monstros ou cativeiro para prisioneiros humanos, existem diversos mundos imateriais. Um deles você conhece de ouvir falar. – Aria me esclarece com gentileza.

- Mundo Meridional?

- exato.  É o mundo imaterial das bruxas. Existem diversos mundos imateriais, o mundo dos mortos, mundo dos sonhos, mundo das feras.  Este aqui é o mundo pelo qual eu fui exilada, Refúgio Lunar, ou mundo dos mortos se assim preferir. – a rainha parece especialmente triste ao dizer essas palavras.

- eu não devia estar aqui. Pelo que eu saiba ainda estou bem viva a pesar de tudo.– questiono.

- não devia mesmo. Mas isso não é uma regra.

Questionei sem avaliação prévia onde estariam os outros “mortos” daquele local, Aria me explicou que cada um dos que iam para este mundo, tinham um local “reservado” onde podiam ficar sozinhos. Isso é que eu chamo de privacidade pós-vida. Aquele era o local especial de Aria, embora ela me contasse que o Refúgio Lunar era um lugar peculiarmente bonito, eu jamais poderia explorá-lo sem acabar morrendo também.

- anotado. Nada de explorar – disse a mim mesma. – o que exatamente viemos fazer aqui.

Aria estalou os dedos e o meu pingente de cetro foi arrancado do pescoço, transformando-se na mais bela espada que já vi em toda minha vida, envolta de brilho dourado que se dissolvia em bilhares de partículas.

- treinamento. Como você pretendia exatamente derrotar Meredith? – confrontou-me Aria arqueando a sobrancelha.

- eu não tenho um plano – murmuro – vossa Alteza não é exatamente boa em avisar a alguém que ele precisa lutar contra uma bruxa.

- pois bem, deixe-me reparara o meu erro. – Aria estalou os dedos novamente, uma espada surgiu em suas mãos, ela empunhava a arma com excelência de anos de experiência.

- isso é covardia! – protesto – você quer que eu lute contra você? Eu nunca usei uma espada direito na minha vida! Além do mais um treinamento só não vai resolver.

- está com medo Isadora?

Rangi os dentes, sim eu estava, mas não ia admitir nem morrendo.

- não fique com medo – tranqüilizou-me – não é seu corpo que está aqui lembra?

Nesse exato momento Aria, passou a lamina da sua espada em minha perna de raspão, o corte superficial ardeu e fez o sangue brotar.

- ai! E aquele lance de “nada de corpo”? – questionei.

- seu espírito também sente dor.

Ótimo. Eu tenho problemas.

Empunhei minha espada como um taco de baseball, o que fez a rainha esboçar um sorriso, ele manteve ainda assim a postura séria e centrada segurando a sua espada com imponência.

- fira-me – ordenou a rainha.

Como posso fazer isso? Balancei a lamina na direção de Aria que se esquivou com destreza na direção oposta.

- Sabe, Bartolomeu era um excelente cavaleiro, ensinou-me bem a manusear a espada e me esquivar de um golpe – disse Aria com tristeza.

Tentei novamente, as lembranças do marido roubado a 300 anos não foram suficientes para que Aria perdesse a concentração, ela esquivou do meu golpe e feriu-me uma segunda vez com a espada na altura dos seios.

- tem certeza de que na está do lado de Meredith?

- tenho. Agora lute.

Dessa vez nossas espadas bateram, soltando um poderoso e ofuscante brilho dourado no ar.

- tem que mexer com bem mais do que o corpo do adversário – disse a rainha se desfazendo do golpe – tem que mexer com a mente. Lembra-se pelo que está lutando?

Hugo, meus amigos, os desconhecidos, minha mãe... Ícaro. Na minha mente, vivos, flamejando.

- sei sim. – gritei.

- você não é forte o suficiente, vai perder todos eles pra sempre – berrou Aria, seu ataque verbal me deixou sem defesa, foi o suficiente para que ela me golpeasse até que eu caísse no chão de ladrilhos.

- lição numero um: Meredith, vai mexer com sua mente. Em primeiro lugar. Agora levante-se.

Aria continuou me atacando verbalmente, trazendo a minha mente memórias dolorosas do acidente de carro com meu pai e meu irmão, pegou pesado com Hugo, Ícaro, quando citou o quão doloroso e torturante é o Mundo Meridional,  falou muito ta minha mãe. Fiz o Maximo possível para não me abalar em quanto lutava, lutei vigorosamente, até ganhar naturalidade com alguns golpes de espada.

Aria estendeu a mão, um raio roxo percorreu seu pulso atingindo-me em cheio, tive a sensação de estar sendo moída e eletrocutada ao mesmo tempo.

- o que porra foi isso? – berrei extasiada de dor, estava tendo espasmos dolorosos nos músculos.

- magia. Nem preciso dizer que ela é mestra milenar.

Eu não tenho a menor chance. Não mesmo.

- não desanime. Como mortal você não pode usar magia. Mas pode se defender dela.

Ataque. Escudo . ataque. Escudo.

O treinamento foi basicamente esse.

- não há mais nada que eu possa fazer? – questionei.

- destroná-la. você deve fazer isso.  – a voz de Aria tinha um tom obvio. – pense no seu amor verdadeiro. O amor e transforma em força. Eu acredito em você.

Aria tocou minha testa e fui engolida pela escuridão.  Quando abri os olhos, estava caída, encolhida como um feto nos fundos da lanchonete, era final de tarde. Eu estava moída, destruída como se um trator tivesse passado por cima de mim. Mal consegui levantar.

- você precisa descansar seu corpo. – disse-me a voz suave de Aria saindo do pingente - seu espírito foi sobrecarregado pelo treinamento.

Ela tinha razão. Se eu não dormisse agora. Morreria de certo.  Dormir é pouco, eu entrei em Comar no chão escuro e barrento dos fundos da lanchonete.         

...

Estou no alto de um penhasco, tão perto da beira que a ponta dos meus dedos estão suspensos, o ar está gelado e lá embaixo pedras pontiagudas esperam um corpo para perfurar.

Alguém respirava no meu ombro. Virei e vi ele. Lindo.

- Ícaro? – ele estava sorrindo para mim. Tentei abraçá-lo mas passei por dentro do seu corpo.

- não podemos mais Isa. – disse-me ele. Seu espectro fantasmagórico tocou meu rosto, em vez de sentir o toque quente e suave da sua pele eu senti vento frio. – até eu estar livre de novo.

- livre de quem?

- livre de mim. – Oliva, vestida em longo vestido bege com os cabelos em volumosos cachos sai das sombras, carregando pela corrente Hugo, preso pelos pés e pelas mãos.

- não!

Olivia sorri pra mim com vigor, beija Hugo que responde com relutância, em seguida o joga no penhasco.

- NÃO!

Estou prestes a me jogar atrás de Hugo quando vejo Olivia acariciando o espírito de Ícaro, absorvendo-o pela boca.

Acordei, a plena luz do dia.

Nada de morte. Nenhuma dádiva se aproximou de mim.

Isso não vai ficar assim. Falta um dia para o confronto final.

                                                                                                                                              


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