Libertária escrita por Ana Souza


Capítulo 12
O Machado da Lei




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– você está pronta? – a voz de Ícaro se misturava o vento, vento que esse nos empurrava para os quatro metros de queda livre até o mar, estávamos em um penhasco, a base da rocha, a água se remexia lá embaixo com força como um convite a morte.

– porque isso é mesmo necessário? – questionei, se bem que morrer ali e agora não seria ruim considerando as torturas que passaria quando Meredith e eu nos encontrássemos, eu não podia acreditar que era mesmo profético que eu, jovem mortal idiota destruiria mesmo uma bruxa velha como o universo.

A praia da Roca daqui de cima era linda, a casa do tio Kevin era um pontinho mínimo fincado a praia, o sol quente e forte faziam as rochas brilharem, o cais mais próximo estava cheio de barcos ancorados.

– vamos nessa – Ícaro pegou na minha mão e me arrastou mais um pouco para ponta do penhasco – aqui é bem seguro, você precisa relaxar. Estamos aqui a dois dias, todo turista que se preze tem de saltar da Rocha da Garganta.

– não to afim de ser engolida – berrei olhando para o mar rugindo lá embaixo. – terei tempo suficiente para isso no dia 8 de Julho.

– esqueça isso, esqueça tudo! – Ícaro pegou no colo como um noivo faria. – vamos saltar!

Agarrei-me em seu ombro, agora não tinha mais volta.

1...2...3... saltamos

Foi muito rápido, o vento passou por nós assoviando e em meio segundo caímos na água, tão gelada que parecia glacial, não haviam pedras só uma imensidão azul que ficava mais profunda a medida que eu e Ícaro afundávamos, peixes coloridos passavam por nós, e eu já sentia a necessidade urgente de oxigênio.

Ele pegou impulso e nos conduziu até a superfície que parecia mais gélida ainda, eu estava rindo como uma idiota em quanto as marolas insistiam em cobrir minha cabeça.

– viu? Doeu por acaso? – Ícaro sendo irônico era inédito.

Joguei água em seu rosto.

– Deixe suas preocupações na água.

Eu tentei, mas é muito fácil falar, comecei a boiar e sentir a profunda água salgada percorrer meu corpo, tentei esquecer de tudo, era impossível, mergulhei mais um vez sentindo a luz que perpassava a água translucida atingir minha pele, quando vim a tona novamente meus olhos ardiam por causa da salubridade.

– temos que voltar. Já estamos aqui a dois dias, minha mãe já está louca da vida.

– tudo bem – Ícaro começou a nadar de volta a praia comigo em seu encalço – se você quer voltar, vamos voltar.

Saímos da praia em direção a casa de tio Kevin, combinamos que seria melhor aproveitar o dia e viajar ao final da tarde.

Depois de uma chuveirada quente, vesti um moletom e calças de banhista de Ícaro, eu não tinha trazido nada para essa curta viagem de emergência alem das roupas do corpo e o telefone celular, senti falta da minha toalha felpuda que eu deixava sempre em cima da cama, o característico cheiro das minhas roupas e todas essas coisas pequenas que só fazem falta quando a gente perde. A garota no espelho quebrado na parede era muito pálida, estava cansada com um par de olheiras que mais pareciam hematomas e o cabelo desgrenhado e ressecado pelo excesso de sal.

Ícaro chamou-me , segui sua voz e encontrei-o em um cômodo apertado e com cheiro de mofo,as paredes eram ocupadas por estantes metálicas cheias de livros grossos e empoeirados, no centro do local uma mesa de fórmica com quatro cadeiras de plástico em volta, só uma janela em forma de pirâmide no teto revelava um pedacinho de céu.

– vamos estudar. – declarou ele escolhendo livros.

Soltei o ar pesadamente, nenhum livro ali falava de outro assunto que não fosse o carma lacerante das bruxas.

“itens da magia” peguei o livro verde com paginas quase soltas e desordenadas, pus na mesa e comecei a folhea-lo delicadamente como se cada folha ali valesse ouro. Afrescos e vitrais lançavam sombras coloridas nos nossos rostos.

Achei a Travessura na letra “T”, a bala amaldiçoada que a Brenda me deu duas noites atrás para que eu morresse engasgada. As travessuras segundo o livro foram criadas para envenenar, sufocar ou fazer as pessoas ficarem loucas, eram muito usadas na era medieval ou mais recentemente no Dia das Bruxas para matar crianças, uma gravura feita a mão mostrava um doce redondo com uma espiral no meio.

Passei mais folhas, entre caldeirões, agulhas falantes, pós de cócegas mortais e infinitas palavras encantadas, houve um item que me chamou a atenção, uma bolha de sabão brilhante e azul mostrava a gravura onde a descrição dizia: Reversa.

– é o item que eu mais gosto. – disse Ícaro apontando para a fotografia da Reversa.

– por quê? – fiquei curiosa

Ele me explicou que Reversas eram bruxas de clãs inimigos que eram capturadas, então quem possuísse uma inimiga em mãos poderia transforma-la em uma bolha, mas não qualquer tipo de bolha, uma bolha imortal e prisioneira para sempre de sua capturadora até que algum humano a liberte, quando isso acontece, como forma de agradecimento a Reversa realiza algum tipo de desejo a favor do humano.

– isso parece loucura, ou fruto da imaginação de alguém muito sem o que fazer – declarei com sinceridade – mas o pior de tudo isso é que eu sinto que esse tipo de coisa é real.

– é porque é real. – ele alisou a pagina do livro e olhou para mim como se eu fosse a própria Reversa, diante dele.

– se tivesse um pedido para Reversa o que pediria?

Porque a pergunta? Eu pensei e tinha certeza do que queria, eu queria Hugo de volta, eu queria Amanda de volta, eu queria que Meredith fosse para o raio que o parta e que toda essa profecia fosse uma mentira ou brincadeira de mau gosto, eu queria beijar Hugo nos lábios e dizer a ele que o amava, mesmo se ele não me amasse de volta.

Todas essas palavras travaram na garganta, e produziram um som sem forma, porque quando acordei do meu momento de pensamentos flutuantes, Ícaro estava a dois centímetros de mim, só a mesa nos separava, sua respiração batia nos meus cílios, eu conseguia ver meu reflexo nos olhos dele.

– eu gosto de você – ele falou pegando na minha nuca.

Eu tirei a mão dele de perto de mim, eu não queria ter gostado do toque dele, eu não queria estar esperado que ele me beijasse, eu me senti mal comigo mesma, eu só estava disposta a enfrentar todo esse lance de profecia justamente para encontrar Hugo, justamente por que isso era a única esperança que eu tinha pra me agarrar.

– sai daqui – eu solicitei pra ele.

– mas o que? A gente tem que...

–sai! – gritei. – por favor

– tudo bem – ele parou meio segundo irritado, mas acabou saindo.

Enterrei meu rosto nas mãos e me agachei ali no cantinho numa estante, estava tudo tomando um caminho perigoso que eu não queria percorrer, um caminho selvagem e escuro que eu estava tomando rumo ao nada, rumo a única chance que eu tinha pra sobreviver.

Agora eu sei responder a pergunta de Ícaro:

Se eu tivesse uma Reversa, pediria a ela pra eu nunca ter existido.

Bati a cabeça contra a estante que derrubou vários livros velhos no chão, um exemplar grosso caiu em alta velocidade na minha nuca em quanto eu me abaixava para limpar minha bagunça, a dor foi tão forte que me cegou, cada músculo do meu corpo respondeu se contraindo, não senti-me mais ali, apaguei como uma vela em um vendaval.

“Ei psiu... aqui em baixo.” Uma voz sussurrou para mim.

Hã? Onde eu estava? Pisquei contra a claridade, várias vezes tudo que eu enxergava era uma ofuscante luz azulada bruxuleante como ondas do mar.

“Aqui em baixo”. A voz me chamou de novo, olhei para baixo, eu estava deitava no galho de uma arvore grossa, em perfeito equilibro e até confortável, a luz ficou mais fraca,agora eu vi nitidamente no horizonte vales, com um grande castelo espetacular e um lago que corria pelos campos, quem me chamava se balançava e um balanço de corda preso a um dos galhos mais embaixo, usava um delicado vestido azul que flutuava com o vento, os cabelos estavam presos para trás com um flor, era igual a mim, só que aparentava ser bem mais velha, no topo da cabeça a nítida tiara de brilhos multicoloridos era na verdade uma coroa.

– Rainha Aria? – eu disse mas a minha garganta não produziu nenhum som.

Ela sorriu para mim, aquele sorriso que as avós dão quando veem os netos depois de muito tempo, quando eles já estão crescidos.

– eu tenho dois conselhos para você minha querida. – ela se balançou mais um pouco como uma criança despreocupada – o primeiro é: acorde, vá até o topo da estante a sua frente, no alto há uma lata de biscoitos, mas o que há dentro são cartas e envelopes, existe um fundo falso, abra, nele há uma carta que fiz pra você, mas que ninguém pode lhe entregar. E o segundo é, saia desta casa, Meredith não vai deixar barato eu ter lhe ajudado.

O rosto da mulher tomou a forma de um horrendo lobo preto com a língua mole para fora, um clarão, um negrume...

Havia uma dor incomoda na minha nuca, alisei a região e senti mais dor muscular ainda, estava caída no chão, senti-me um pouco tonta e com pontos escuros na visão.

Suspirei, o céu lá em cima na janela piramidal estava da cor do fogo, acho que fiquei desmaiada por muito tempo. Levantei-me, cambaleei e cai de quatro, algo sugou toda minha energia e força de vontade, tentei clamar por Ícaro para que ele viesse me ajudar mas minhas voz nem sequer deu sinal de vida, levantei-me de novo, o sonho estava claro em minha mente, a rainha Aria, pela qual eu descobri ser a descendente profética de sua vingança havia deixando uma carta para mim, se o meu sonho foi de fato uma mensagem...

Direcionei-me até a prateleira que ela indicou.

“acorde, vá até o topo da estante a sua frente, no alto há uma lata de biscoitos, mas o que há dentro são cartas e envelopes, existe um fundo falso, abra, nele há uma carta que fiz pra você, mas que ninguém pode lhe entregar.”

por incrível que pareça eu lembrava de cada palavra.

Andei passos hesitantes até a estante a minha frente, arrastei a cadeira de plástico até o limite e subi, fiquei estupefata a ver lata azul marinho com desenhos de biscoitos sorridentes desbotados e com a tintura ralada.

“foi uma mensagem, a rainha Aria me mandou uma mensagem mesmo por sonho.”

Não contive meu sorriso de espanto.

Delicadamente abri a lata, o odor de mofo e papel úmido subiu até minhas narinas, a caixa estava lotada de cartas amarelas, selos de aviões, telegramas endereçados a bases militares, os papeis farfalhavam em meus dedos pelo desgaste das traças, retirei todos os papeis que não me interessavam e deixei a lata vazia, aparentemente... raspei a aresta da base com o dedo, o fundo falso da lata começou a se deslocar, puxei todo o material frágil metálico porém muito convincente até revelar o verdadeiro fundo, lá havia uma carta, volumosa porém diminuta.

Desci da cadeira com o envelope nas mãos, manchas cor de café cobriam toda a extensão frágil do papel gasto, alisa-lo produzia farelo, no verso uma linda letra escrita a tinta, quase talhada.

“Para a destinada a vencer”

A data era de 7 de julho de 1712

Abri o envelope, a carta parecia bem mais conservada, o papel mais novo e menos abarrotado, peguei nas mãos tremulas quando percebi que ainda restou um volume pequeno no envelope, era um colar para meu espanto, um perfeito colar dourado, observei a forma tosca do pingente: pensei ser uma agulha, mas não era, era um mini cetro, com afrescos minúsculos na base e no topo um pequeno diamante cor de sangue. Imediatamente pus o colar no pescoço.

Abri receosa pelo conteúdo, pensei que era uma carta extensa, mas meus olhos se surpreenderam a encontrar uma única frase:

“ Eu confio em você, lute pela sua ancestral, vença minha maior inimiga e liberte Glenda das mãos dela.”

Glenda?

Quem é essa pessoa?

Mais mistérios, guardei a carta no bolso e toquei meu colar de mini cetro, acho que já estava na hora de começar a arrumar as coisas pra partir, andei lentamente pela casa, chamei por Ícaro e não houve resposta. Entrei em meu quarto, havia um singelo vestido de algodão amarelo em cima da cama , lembro que ontem pedi que Ícaro me comprasse algo descente para a viajem de volta, chegar em casa roupas de garoto não iam convencer minha mãe que não fiz nada de ilícito este fim de semana. Ele deixou conforme o pedido um vestido ao meu agrado, mas pelo silencio do recinto ele deve ter saído, para abastecer o carro talvez, o meu relógio de pulso indicava que passavam das quatro da tarde.

Tirei as roupas masculinas e vesti apressadamente o vestido, fui dobrar as roupas de Ícaro e percebi um pequeno bilhete dobrado no emaranhado de lençóis, abri sem hesitar.

Era a profecia que Kevin tinha lido para mim, a que me designava como assassina de Meredith, sua antiga paixão de uma vida, mas meus olhos visualizaram apenas a parte gritada em vermelho puro como sangue:

O Amor de Meredith e seus encantos

Tentaram destruí-la, em nome da fidelidade”

Ele parou a soleira da porta, com um grande machado cor de prata, tão afiado que podia cortar o ar, o doce tio Kevin que me recebeu em sua casa como refugiada agora empunhava uma arma supostamente contra mim, havia uma mescla de esperança e fulgor em seus olhos.

– você sabe o que Meredith me prometeu querida? – perguntou ele com o tom maníaco na voz, que me fez recuar depressa até minhas costas baterem na parede fria de madeira. – se eu matasse você, ela estaria livre para voltar e me amar para sempre.

Engoli seco.

– não devia acreditar na palavra de uma bruxa tio Kevin – disse na esperança que ele voltasse a si – ela esta usando você!

Kevin bateu o machado no chão produzindo um talho profundo na madeira, um talho que poderia ser facilmente feito na minha carne vulnerável e macia, perpassando ossos, músculos e nervos.

Corri e pulei a cama em quanto à versão assassina do tio Kevin tentava retirar o machado preso ao chão, tentei alcançar a porta mas ele foi mais rápido bloqueando-a com um golpe de sua arma, com uma destreza que eu mal achava que tivesse, consegui me abaixar no ultimo segundo, meu couro cabeludo passou tinindo pela lamina do machado que acertou a porta fechada.

Seus olhos de maníaco cintilavam, ele queria furtivamente destruir minha vida, o amor por Meredith estava o cegando e consumindo todo o seu senso.

– você precisa parar – arfei recuando até a outra parede.

– porque faria isso? – ele sorriu tristonho.

– porque sei onde sua filha está. – berrei.

Ele parou erguendo a arma. Foi o suficiente, peguei o abajur que estava na mesa de cabeceira e joguei em seu rosto, o objeto se estilhaçou em mil pedaços produzindo cortes no rosto de Kevin. Corri até a escada, ouvi em meu flanco alguns palavrões antes de ser empurrada na escada, rolei batendo a cabeça e as costelas nas extremidades dos degraus, cai de bruços no chão liso do térreo com a temporã sangrando, os lábios dormentes e uma costela em chamas. Virei, as pernas de Kevin agora me prendiam contra o chão, ele posicionou a lamina do machado no meu peito, na altura dos pulmões.

– é o que você quer – sussurrei – faça.

Ele levantou a lamina até o topo da cabeça.

Que dor tinha morrer assim? Cogitei afogamentos, infartos... mas nada tão doloroso quanto ser dilacerada por um machado de lamina afiada e de platina pura. Tomara que isso acabe depressa. Meredith jamais terá que se preocupar comigo.

A lamina abaixou a toda velocidade em direção ao meu peito, fechei os olhos e esperei por um minuto. Morri? Sério isso?

Abri lentamente os olhos pela completa ausência de dor. Quase desmaiei de susto, o machado de Kevin estava fincando no ar, numa espécie de escudo invisível que cintilava em azul vivo e fantasmagórico, o formato de escudo ondulava e protegia do meu pescoço até pouco abaixo do umbigo. Kevin parecia prestes a derreter, sua carranca estava numa careta de quem acabará de ver um espectro voador ou coisa do tipo.

O escudo, percebi agora, era projetado pelo pingente de cetro, como um holograma. Sorri em um momento de devaneio. “valeu tia Aria.” Disse a mim mesma.

Retirei o machado do “escudo” e a projeção do pingente desapareceu instantaneamente. Ergui o machado em punho e o posicionei no peito de Kevin, em pé como uma rainha, ele estava tão abismado que mal se preocupou em reagir.

– você deve ser um homem muito idiota. – resmunguei com mais confiança que sentia. Sei que jamais seria capaz de ferir nem uma mosca quem dirá produzir um talho a machadadas em um homem, por mais que o mesmo tivesse tentado me trucidar a cinco minutos atrás. – esqueceu da profecia? “Oitenta vezes tentam com sua vida, oitenta ela sobrevive.”

– sem ela então. Eu não quero vida nenhuma.

O que eu vi foi uma das coisas mais terríveis da minha vida, acho que se tivesse uma perca de memória devido a um acidente ou algo assim, ainda não seria capaz de esquecer. Kevin agarrou o machado de meu punho e o enfiou no próprio corpo, o sangue espirrou pelas minhas pernas e manchou a barra do meu vestido, seus olhos ficaram vidrados e seu corpo depositou-se em uma posição enrolada como uma minhoca, ele soluçava e agonizada com a indumentária de metal no peito em quanto o talho jorrava sangue puro e vivo, preto como uma pantera, eu fique estática vendo em silencio ele cuspir bolos de sangue e bile e finalmente morrer. Agachei-me até seu corpo, não consegui sentir ódio, ele morreu por amor. Um amor torto, sofreu tantos anos, se agarrou na ultima e mortal esperança. Isso acresceu minha fúria por Meredith.

Ela tem que pagar. Por todos os seus crimes.

Ouvi um pio estridente, uma mistura aterrorizante de coruja com gavião me observava da janela aberta, ela gritou algumas palavras quase humanas, em seguida sobrevoou o corpo de Kevin rasgando um pedaço de sua camiseta ensanguenta, como se eu nem estivesse ali, sua asa roçou na cortina ateando chamas na seda que se alastravam rapidamente pelas paredes e teto.

Com a casa em chamas, em vez de correr para saída, fui em disparada para biblioteca peguei os livros que consegui, mais do que nunca conhecer o inimigo seria importante, ao me virar para saída, uma viga incandescente bloqueou a porta cercando o cômodo de fogo azul.






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