Libertária escrita por Ana Souza


Capítulo 11
O Amante de Meredith




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Tudo que vivi nas ultimas três horas pareceu não passar de um terrível e assombroso pesadelo, aquele tipo de sonho ruim em que por mais que o sonhador lute para acordar jamais consegue.

Ouvi as ondas quebrarem ao longe mais uma vez nos grandes paredões rochosos a alguns metros daqui, o chalé do tio de Ícaro fica literalmente fincado na praia, no meio da areia apenas ladeado por um pequeno conjunto de pedras brancas que deixam a  residência com aparência ainda mais  aconchegante.

Estou coberta por uma manta de verde pálido, com uma xícara de um liquido quente e indefinido nas mãos, dormi a viajem toda, mas sinto-me cansada como se nunca tivesse dormido na vida, ao longe no outro cômodo da casinha escuto Ícaro relatando ao tio tudo que ocorreu conosco esta noite, e por algum motivo que eu ainda não sei o sério homem de barba hostil e selvagem, pele nodosa e olhar severo parece acreditar em cada palavra que o sobrinho diz.

Estou na sala, aninhada em um sofá de colchas de retalho, a sala possui uma espingarda presa a parede, uma estante com louças meio quebradas, um aparelho televisor pequenino, além do grande tapete de urso sintético com a boca aberta e um quadro gigantesco... Uma mulher, uma mulher muito familiar, os cabelos dourados em um coque, o vestido de gola que cobria o pescoço e um medalhão sob o peito estufado. Provavelmente uma mulher de dois séculos passados.

Sinto o celular vibrar no bolso, uma mensagem de texto da minha mãe.

Você está de castigo. Eu não autorizei que você fosse dormir na casa de nenhuma “amiga” , quem era aquele rapaz com que você saiu mais cedo? Estou dormindo na casa da sua tia, detesto dormir sozinha, e você sabe disso.

Suspirei, dizer a minha mãe que estou me refugiando por ter sido atacada por uma bruxa não ia ser uma boa desculpa para passar a noite fora, por mais que fosse verdade. Graças a Deus, ela não está em casa, cada músculo do meu corpo pareceu relaxar com o fato que algum daqueles seres do mal (incluindo Olivia se ela de fato fosse uma delas) não pudesse achar minha mãe pelo menos por esta noite.

A copia ilegal das chaves da casa de Olivia pareciam uma pequena centelha afiada pendendo sobre o meu ferimento feito pelo corvo, quando terei oportunidade de entrar na casa dela e descobrir o que quero? Cheguei longe demais nessa historia a ponto de arriscar minha vida para não ter as pessoas que amo de volta.

Amanhã conversamos .  respondo e desligo o telefone.

Ícaro e seu tio Kevin surgem na sala me saudando com expressões que variam do “ácido” ao “preocupado”,  Kevin masca ao que parece uma folha de eucalipto e porta na mão um copo de bebida âmbar e de cheiro barato e amargo.

- foi sábio terem vindo direto para cá – disse ele finalmente com uma voz rouca de militar em pleno serviço, ele e o sobrinho sentaram-se em acentos perto de mim, que nesse momento sentia-me ridícula enrolada a uma manta com uma xícara nas mãos feito uma criança gripada.  Antes que eu me atreva a tirar a manta penso no frio que senti quando cheguei,  a cidade minúscula possuía ventos impetuosos e cortantes como se gelo estivesse sendo soprado a mil quilômetros por hora, a água do mar rugia firmemente a cada segundo e o céu era de um negro incomensurável.

- quem é ela? – perguntei de supetão, automaticamente olhando para a imagem da mulher na parede.

Ícaro e Kevin se entreolharam, como um código se deviam confiar a mim uma dada informação ou não.

-ela está do nosso lado tio, eu confio nela plenamente. – disse Ícaro com serenidade,  seu olhar calmante preenchia o vazio no espaço que havia entre nós.

- ela é minha Meredith.

A xícara escapuliu dos meus dedos e caiu no meu colo queimando-me as coxas.

- como é?

- você conhece as lendas sobre Meredith Lyador?– questionou Ícaro depressa, já que toda a cor estava fugindo do meu rosto, esse nome cruzou duas vezes o meu caminho, olho  o quadro mais uma vez e percebo o quanto fui desatenciosa, é o mesmo quadro! Aquela pintura da mulher que vi na excursão, a mesma face, a mesma expressão modificada apenas por uma leve linha de sorriso que parecia conter nos lábios e a roupa que vestia. 

Não sei como a voz saiu da minha garganta mas esclareci e conheci a lenda sobre a Bruxa do espelho na minha excursão escolar a alguns meses atrás, Kevin contou-me que Meredith era sua esposa.

- isso é impossível – rebati agora de pé – essa mulher viveu a muitos séculos atrás, e sem ofensas senhor mas não o acho suficientemente velho para ter um dia casado com Meredith, é impossível.

- as lendas são reais minha jovem – disse Kevin, sua expressão não se alterava, seus olhos estavam fixos na pintura da imaculada mulher. – Ícaro, pegue aquele livro da capa vermelha em meu quarto.

Ícaro levantou-se subindo a curta escada que levava a um lado desconhecido da casa, desceu meio segundo depois com o livro mais grosso que vi de uma tosca capa vermelha, pôs no colo do tio que tossiu intensamente e bebericou sua bebida âmbar.

- uma historia não pode me convencer que você foi casado com uma mulher de mais de quinhentos anos. – comentei secamente em quanto Kevin folheava as paginas amareladas de seu livro. Ícaro olhou pra mim como se eu tivesse cometido um crime em expressar meu pensamento, seu tio apenas levantou o olhar para mim e suspirou.

- não gosto dela. – comentou ele para o sobrinho e tornou a concentrar em suas paginas meio grudadas umas nas outras.  – essa marca no seu ombro garotinha, prova que nada é impossível, ou você já esqueceu de quem a fez?

O corte grosseiro e latejante em meu ombro parecia ter sido friccionado com gasolina na carne viva, a marca de unha feita por uma autentica bruxa que eu vi cara a cara era a prova viva de que nem tudo é insanidade, fingir que tudo isso foi fantasia é perigoso demais para mim.

- aqui está – disse Kevin passando seu pontudo dedo na página do livro. – ouça:

“ Eis a profecia contra Meredith Lyator.

A rainha Aria, da Dinamarca foi enfeitiçada por Meredith, que lhe deu um rosto de lobo horrendo para que seu marido Bartolomeu a deixasse a ficasse com ela. Com vingança por sua ruína a rainha chamou a Feiticeira dos Alpes para que rogasse uma praga contra sua inimiga. Eis a praga profética.

“ Maldição, maldição,maldição

Eis que a ladra de Bartolomeu, há de morrer

Dentro de 300 anos, que rapidamente passaram

Há de se levantar a descendente de Aria, detentora das ações sabias

Com o cetro a destruirá, e esmagará suas irmãs

Como vingança terá a força de um lobo e  irá libertar o seu povo

O Amor de Meredith e seus encantos

Tentaram destruí-la, em nome da fidelidade

E com o cetro destruirá, e esmagar suas irmãs

Oitenta vezes tentam com sua vida, oitenta ela sobrevive

Será protegida por essa profecia até completar seu destino

A custo de sangue.”

Quando Kevin terminou de dizer essas palavras que zuniam aos meus ouvidos, como um rompante familiar, algo esquecido na memória, a janela abriu-se e um vento impetuoso arrancou-me a manta, meus cabelos começaram a ser jogados para trás,  várias folhas do livro de Kevin começaram e se desprender e rodopiar em torno de mim em quanto a luz falhava e voltava repetidas vezes, o quadro  Meredith na parede começou a se agitar e tremer como se tivesse ganhado vida própria.

Ícaro apressou-se e fechou o livro, automaticamente o vento cessou junto com todas as folhas agora a mercê da gravidade cai no tapete assustada e exausta.

- é você- disse Kevin rouco – a descendente de Aria da profecia, é você que está destina a destruir Meredith , ela esta sugando a juventude humana para ficar mais forte e lhe destruir antes que você a destrua.

- impossível – disse incrédula ainda caída – isso é loucura! Eu não sou descendente de Aria, não estou destinada a matar ninguém! Isso é pra mim.

Ícaro me amparou, ajudou-me a levantar, por incrível que pareça agora eu me sentia plenamente forte e revigorada.

- você só não quer acreditar. – ele me mostrou em seu livro marcado, uma gravura feita a mão, e meus olhos não podiam acreditar no que viam, era eu! Os mesmos cabelos escuros, os mesmos olhos confusos, o mesmo queixo, o mesmo rosto, só que uns vinte ou trinta anos mais velhos, em baixo lia-se: Rainha Aria da Dinamarca. Dia 6 de julho de 1712

Eu gritei, grunhi, soltei algum tipo de som que não sei descrever ainda.

- eu não quero isso.

- essa gravura foi feita no dia da profecia, um dia antes da morte da rainha, ela não queria que retratassem seu rosto de lobo e sim como uma jovem rainha bonita como foi um dia. Sabe em que ano estamos minha jovem? – Kevin agora parecia presunçoso demais.

-2012.

- exatamente a quase os trezentos anos da profecia, que foi feita em 1712.  Vai completar o dia uma semana, dia 8 de julho.

Senti um chute no estomago como se ele tivesse vivo, os fatos se encaixavam de forma tão insanamente perfeita que por meio segundo cheguei a acreditar nisso, mas no que eu tinha direito a duvidar? Eu vi uma bruxa! Ela tentou me matar, eu ouvi ela dizer algo com o nome de Meredith para mim. Onde quer que essa tal Meredith esteja, ela me queria morta antes dia 8, porque seria nesse dia em que nos encontraríamos, e eu a teria de matar.

- eu não posso matar ninguém. Eu não sou forte, não sou ninguém pra enfrentar a líder de um clã. – eu estava indignada, com medo pra falar a verdade, era informação demais – como podem ter certeza de tudo isso?

- já parou pra pensar – essa era a voz de Ícaro por cima do meu ombro – porque você está sempre quase morrendo? Porque parece que tem algo conspirando contra sua vida?

Senti meus lábios se ressequirem porque isso era verdade, Ícaro mal me conhecia mas sabia por algum motivo essa característica muito própria da minha vida.  O acidente no laboratório de química, minha paralisia durante o nado no lago do Trovador, as quedas de motocicleta, e bem mais atrás o acidente que escapei por pouco, mas acabou matando meu pai e meu irmão.

Eu só consegui assentir.

- são as forças de Meredith, ela quer a todo custo impedir que a profecia contra ela se cumpra.  Qual foi mesmo a frase que ela lhe disse?- Kevin perguntou a mim, seu olhar agora era duro como aço.

 -  Meredith voxx poisin. – respondi.

- isso quer dizer “ Meredith quer sepultá-la”na língua Seltica, que é o dialeto que esse clã utiliza.

Eu estremeci mas não foi de frio, a imagem do corvo atingindo-me com suas grandes garras anormais no meu peito veio a minha mente de modo automático.

Eu quis perguntar a Kevin quem era ele para saber tanto sobre isso, porque ele entendia tanto sobre esse assunto e porque seu sobrinho resolveu seguir o mesmo caminho mergulhando de cabeça na investigação sobre seres paranormais e para nossa sociedade, inexistentes.

Ele respondeu a minha pergunta sem que eu nem tivesse pronunciado , como se soubesse exatamente o que eu fosse perguntar.

- ela foi o meu grande amor, vivemos nessa casa por vinte maravilhosos anos quando eu comecei a desconfiar de sua aparência infinitamente bela, eu estava virando um homem velho e enrugado e ela permanecia o mesmo encanto de mulher que conheci aqui na praia da Roca em quanto ela se banhava ao por do sol, parecia que gradativamente ela ia ficando mais jovem, quando a questionei sobre isso ela fugiu no dia seguinte e do nada a onda de desaparecimentos desta cidade também sumiu, ela me deixou um bilhete, dizendo que suas irmãs estavam a chamando de volta, e que me amava.  Descobri em seguida que o clã Pétrea é especialista na magia de subtrair a juventude e o vigor dos corpos humanos em busca da perfeição, beleza, amor e poder.

Uma lagrima escorreu de seu rosto, molhando as veias expostas sobre a brancura da carne envelhecida da face.

- ela levou nossa filha daqui. – completou ele.

Amor humano, disse a mim mesma, será que uma criatura como essas foi capaz de amar alguém?

- vocês tiveram uma filha. – afirmei eu insegura.

- e eu nunca mais a vi – completou Kevin pondo a mão sobre o peito e soltando um gemido de dor, como se estivesse prestes a enfartar. – ela deixou um outro recado um ano depois dizendo que estava na Holanda, que nunca mais iria me ver e que sentia muito por isso. Foi então que eu achei isso...

- tio, você quer ir ao hospital? – Ícaro agachou-se até o tio com os olhos preocupados e uma das mãos sob seu peito curvado.

- bobagem – resmungou de volta o tio arfante.

Ele estendeu-me uma fotografia que estava presa a capa do livro, camuflada entre aquelas varias paginas grudentas, peguei e o que vi na foto foram dez mulheres, a foto estava em preto e branco, velha o suficiente para ter sido tirada no século passado naquelas máquinas fotográficas em que o flash explodia, todas trajando vestidos longos e capuzes, a do meio tinha um grande pássaro no ombro e seu rosto...

... era igual ao rosto de Olivia Gremin.

No verso da foto uma data. 1895

Eu não podia acreditar, isso não estava acontecendo, minha cabeça rodava a quilômetros por hora, eram fatos demais para juntar em um único dia.

- foi a partir dessa foto que fui pesquisando e juntando os fatos, até saber da existência das Pétreas e que Meredith era uma delas.  – Kevin esclareceu solicitando com um movimento que eu lhe desse a foto novamente.

Talvez Olivia, talvez a garota perversa que eu suspeito mais firmemente a cada dia ser a sequestradora da cidade, seja filha de Meredith e Kevin, talvez ela tenha aprendido com a mãe que o segredo da juventude e beleza eterna é... subtrair isso dos corpos de outras pessoas. Talvez a mando da mãe ela esteja me atraindo para uma armadilha mortal.

Mais um peça do quebra-cabeças, imaginei como deveriam estar meus amigos agora em prol da vaidade dela e senti um enjoo que fez meu estomago revirar-se.

- você precisa descansar – declarou Ícaro, conduzindo-me pelo braço, ainda envolvida na manta escada acima. Ele agradeceu ao seu tio por nos contar esses historias e mando-o dormir devido as suas dores, agora eu entendia o interesse de Ícaro por todos esses assuntos, porque ele sabia tanto sobre as bruxas.

O quarto que me foi designado era um cômodo estreito de assoalho de madeira, o maior luxo era a cama alva envolvida por um dossel delicado aparentemente bem cuidado, além disso, apenas uma mesinha com abajur e uma janela com uma vista para o vasto mar negro e a lua completa.

Ícaro mostrou-me que o quarto não possuía lâmpada por isso redobrou a luminosidade provocada pelo abajur juntamente com uma lamparina antiga de luz bruxuleante causada pelo fogo.

- sente-se bem? – perguntou ele a mim.

Eu não me sentia nada bem, eu queria a minha casa, eu queria o abraço confortável e familiar da minha mãe, eu não queria ser uma refugiada nesse mundo a parte e estranho onde meu sangue estava em jogo.

“ Meredith quer sepulta-lá”

- você não respondeu minha pergunta.

- me desculpe – respondi efusiva, a luz tênue e amarela da lamparina que ele segurava deixava seu rosto com um brilho novo, como se ele tivesse envelhecido dez anos, tivesse amadurecido mil. – é só que eu estou confusa, cansada e com... – cancelei a continuação da frase, acho que mesmo em circunstancias como essas não é educado importunar ninguém com a minha fome, mesmo que meu estomago estivesse roncando loucamente.

Ícaro pediu que eu esperasse um segundo, acho que mesmo sem dizer nada ele captou meu sinal de socorro por comida, fiquei imóvel ali no meio do quarto até ele voltar com uma embalagem de pizza e duas latas de coca.

- tem uma pizzaria aqui do lado. – ele explicou a rapidez com que trouxe a refeição – pedi quando a gente chegou, só estava esperando você dizer que estava com fome.

Sentamos no chão,  o silencio daquele tipo de pessoas que não tem nenhum bom assunto para conversar se instalou sobre nos em quanto a gente comia, só quando estávamos quase terminando a caixa de pizza que Ícaro sorriu de repente.

- o que é engraçado? – questionei.

- a gente se conhece a menos de alguns dias e já invadimos um colégio, fomos atacados por uma bruxa, viajamos duas horas para cá e agora estamos aqui comendo pizza como duas pessoas completamente normais. – as observações dele eram tão realistas quanto surpreendentes.

Um vento forte invadiu a janela aberta me fazendo tremer, a lua lá fora parecia um diamante gigante, um cenário paradisíaco e medonho ao mesmo tempo.

 -isso é duro de acreditar – finalmente murmurei, contendo-me para não enlouquecer – eu não posso enfrentar isso sozinha, como podem fazer um tipo de profecias dessa? Eu nunca matei ninguém nem mataria, nem que essa pessoa fosse Meredith.

- você tem que conseguir – ele disse olhando para mim, seus olhos eram poços de confiança – está escrito. É o destino.

Apertei os punhos, flexionei o maxilar, a que horas eu iria acordar desse pesadelo?

- bom, boa noite. – Ícaro começou a levantar-se e sair dali recolhendo o lixo da nossa refeição.

Senti-me vulnerável, a perspectiva de dormir sozinha naquele quarto estranho para mim era simplesmente horrível, eu seria açoitada toda a noite com as terríveis imagens e pesadelos medonhos provocados pelas minhas experiências mais recentes.

Como se meu corpo automaticamente tivesse ganhando um poder de agir sem meu consentimento minhas mãos agarraram o braço de Ícaro, seus olhos se voltaram para mim com um calor confuso.

- fica – sussurrei, minha voz também ganharam vida própria. – por favor.

Inesperadamente ele me segurou e me abraçou:

- você não precisa ter medo – ele falou junto ao meu cabelo – você ta segura aqui. Agora.

Minha pele parecia estar pedindo desesperadamente que ele ficasse ali, eu queria ficar pra todo sempre, segura, abraçada com esse rapaz que eu mal conhecia, mas como uma espécie de herói, mártir ou qualquer coisa clichê do gênero ele estava me prendendo e ficar perto dele era mais confiável e seguro do que eu queria que fosse.

- fica aqui.

Ele ficou, trouxe um grosso lençol bordado com flores havaianas e um travesseiro, deitou-se ao lado da minha cama, no chão, agora de uma forma estranha o quarto parecia mais convidativo para o sono, deitei-me na minha cama, afastando uma cortina do dossel para ficar encarando-o.

- obrigada. – agradeci.

Ele segurou a minha mão.

- de nada – foi tudo que ele disse, não sei por quanto tempo nossas mãos ficaram juntas, mas foi como um elo caloroso, que fez meu peito se encher de um tempero úmido, algo que deixava o ar nos meus pulmões denso e pesado.  Lentamente puxei minha mão da dele, deitei-me, olhando para o teto vi o rosto de Hugo, sorrindo pra mim em um imenso campo florido, correndo em minha direção.

“está tudo errado” pensei “ é Hugo que eu amo, era com ele que devia estar agora”

Uma lagrima solitária de dor e cansaço desceu do meu rosto, olhei agora pela tênue cortina Ícaro adormecido como uma pedra no chão.

“ não faça dele uma distração, ele é bonito mas é apenas um atalho pra você encontrar aqueles que você ama” com esse pensamento cruel eu me permiti dormir. 


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