Sweet California escrita por ElisaChediak


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem (:



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Deixei meus pensamentos fluirem para todos os lados, pensando nas possibilidades. Bem, claro, havia um tratamento. Minha tia precisaria de toda a ajuda necessária, e eu faria o possível e o impossível para ajudá-la. Achei melhor ligar para a minha mãe, que não conversava desde o dia anterior. Perguntei se Ed - que continuava comigo depois de tudo, sem reclamar de estar cansado, nem dar o palpite de ir para casa - poderia me emprestar seu celular já que saí tão apressadamente de casa que nem me preocupei em pegar nada. Ele me entregou e eu fui andando até a saída, porque o sinal era melhor. Disquei seu número e depois de um bom tempo ela atendeu, com uma voz de sono que eu reconheceria em qualquer lugar. Era a voz que me acordava todos os dias de manhã...

– Mãe? - disse esperando ansiosamente por escutar sua voz novamente. Sei que fazia pouco tempo desde que havia deixado Nova York, mas já estava morrendo de saudades..

– Sim? Filha? Aconteceu alguma coisa?? - escutei o barulho que sua cama sempre fazia quando se levantava.

– Sim.. aconteceu. - não pude evitar, já estava chorando. Acho que não disse isso, mas minha tia é a última pessoa que resta da família da minha mãe, além dela mesma. Não queria ser eu a informar à minha mãe que a última pessoa a quem ela restava estava com câncer.

– Calma, respira, me conta devagar tudo o que aconteceu - podia sentir a preocupação em sua voz, e o sono já havia ido embora há muito tempo.

– Mãe, é a titia.. Ela.. Bem.. - as palavras não queriam sair de minha boca, ficavam presas em minha garganta, me fazendo engasgar a cada sílaba pronunciada.

– O que aconteceu com sua tia?! Fala logo Charlotte! - agora percebi além de preocupação, nervosismo e até um pouco de raiva. Me sentia péssima comigo mesma.

– Mãe.. Tia Rosalie está com câncer. - notei o telefone ficar mudo do outro lado da linha, em meio a soluços vindos de mim. Com o tempo fui me acalmando um pouco, tentando pronunciar alguma coisa. - Mãe? Está aí ainda? - disse entre lágrimas

– Hum, estou sim. Só.. Um pouco triste e.. Chocada eu acho. Nunca esperava isso, afinal, sua tia sempre foi a mais saudável né? - escutei uma risadinha forçada vindo de seu lado da linha. - Me prometa que vai me atualizar de tudo o que acontecer aí Charlotte, me prometa.

– Eu prometo mãe, juro. - estava mais calma agora.

– Tá, então.. Acho melhor eu ir, tchau Charlotte - ela disse isso mais rápido que o normal. Mas sabia que ela apenas não queria que eu a ouvisse chorar, pois um segundo antes de o telefone de encontrar no gancho, escutei um soluço seguido de um barulho de choro. Sabia que teria que me manter forte por ela, porque sabia que ela estava se desabando agora e não aguentaria ver minha tia em um cama de hospital. Estava até preocupada dela fazer alguma loucura, mas sabia que isso não iria acontecer. Ela não faria isso, porque ainda tem à mim.

Me afastei da porta de saída e voltei para a sala de espera. Ed estava cochilando em seu próprio ombro, então fui procurar o médico responsável por minha tia. Perguntei a uma secretária que se encontrava atrás de uma pequena mesa, e perguntei por seu nome. Ela clicou um botão em um aparelhinho e alguns minutos depois ele apareceu.

– Quando poderei vê-la? - disse sem me preocupar em dizer o nome de minha tia.

– Amanhã. Ela ainda não acordou e temos um rígido horário de visitas. Você pode vê-la a partir das 10 da manhã. Pode ir para casa tranquila, estamos cuidando bem de sua tia, nada vai acontecer, e se acontecer, temos seu número na ficha.

– Obrigada doutor, vou mesmo para casa, meu amigo também está cansado, está aqui comigo desde que ela chegou. Só.. Cuidem bem dela, por favor.

– Nós iremos. Agora me dê licença que preciso resolver algumas coisas de outros pacientes, e..

– Tudo bem, vai lá. Obrigada. - Ele acenou com a cabeça e voltou para aquele enorme corredor.

Voltei para a sala de espera e vi Ed, ainda dormindo em seu próprio ombro. Acordei-o o mais doce que pude e ele despertou com um susto.

– Vamos, acorde, vamos pra casa.. Você está cansado, assim como eu, e eu só posso vê-la amanhã de qualquer forma. - sua expressão de sono o entregava e ele acabou concordando com a cabeça lentamente. Ele chamou um táxi, que me levou até a porta de minha casa, e entrou junto comigo.

Então, acho que é isso. - Ouvi sua voz ecoar pela casa, quebrando o silêncio que antes estava lá. Ele pegou seu violão encostado no sofá e se virou para a porta.

– Ed! - ele voltou seu rosto em minha direção. - Você se importaria de.. Ficar? - O cortei antes que falasse alguma coisa - Não queria ficar sozinha.

– Claro Char.. - Sem notar, algumas lágrimas voltaram a aparecer em meus olhos novamente.; aquela seria a primeira vez que ficaria sozinha lá. Odiava chorar em sua frente, mas não conseguia parar; era inevitável. Não chorava assim desde.. Desde que aquilo aconteceu.

Antes de eu chegar a soluçar pela primeira vez, seus braços já estavam em minha volta, me confortando. O abracei de volta, agarrando suas mãos em seu ombro.

– Olha, vá lá para cima e coloca um pijama ou algo do tipo que eu vou preparar um chá pra você. Deve ter algo do tipo aqui que dê pra fazer.

– Tudo bem. Obrigada.. Você deve ser bom em fazer chás, não é? Já que é da Inglaterra e tudo - consegui soltar uma risadinha em meio de tantos soluços.

– Eu acho que aprendi alguma coisa vendo minha mãe preparando tantas vezes - ele riu junto comigo - Agora vai lá que eu vou tentar me virar aqui.

Subi as escadas me virando a cada cinco segundos para me assegurar que ele não tinha deixado minha cozinha pegando fogo.

Peguei um moletom qualquer que achei no armário e o vesti, junto com um short de pijama. Fui até o banheiro e lavei meu rosto, que estava vermelho e inchado de tanto chorar. Prendi meu cabelo em um rabo de cavalo alto e desci as escadas, a ponto de ver Ed acabando de fazer meu chá. Ele me entregou numa caneca grande que tinha achado num dos armários e eu dei meu primeiro gole. Foi uma péssima idéia tomar tão rápido, porque estava muito quente e eu quase cuspi tudo em cima dele, que achou que o gosto é que estava péssimo e quase tirou de minhas mãos para jogar fora; mas eu consegui desviar de ambas suas mãos.

Soprei um pouco antes de tomar outro gole e tentei sentir bem o gosto. Era de camomila, e acho que o mais gostoso que já havia tomado, estava bem docinho e bem forte também.

Agradeci e coloquei o copo na pia da cozinha. Fui até a sala e puxei o sofá cama, ligando a TV também. Peguei um cobertor que encontrei dentro de um armário e me deitei, com ele se deitando ao meu lado. Estava passando algum seriado engraçado, e pude vê-lo disfarçando algumas risadas com bocejos. Quando estava quase dormindo, o escutei sussurrar:

– Sabia que hoje é o meu aniversário? - Me assustei com a pergunta e me levantei rapidamente, ficando sentada. - Até agora já está sendo o meu melhor aniversário. Estou com você aqui, e é isso que importa. - disfarcei um sorriso. Não queria sorrir com tudo o que estava acontecendo, mas não pude evitar.

– Desculpa por tudo, acho que estou arruinando seu aniversário, não o deixando melhor..

– Bem, na verdade não. E isso não é sua culpa Charlotte. Tudo isso pode estar acontecendo mas você ainda está aqui comigo. Melhor seria só se a gente montasse legos. - me deitei em seu peito.

– Quem sabe mais tarde - disse fechando meus olhos.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por continuarem lendo (: significaria muito se você favoritasse a história, ou deixasse um comentário, ou até mesmo me mandasse uma mention para eu saber que você está lendo (: obrigada yay! Ah, e o chá de camomila foi em homenagem à Camilinda n sei pq LOL



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