Líquida - Os Renascidos. escrita por Amortecência


Capítulo 4
III - My Immortal.


Notas iniciais do capítulo

Desculpe pela demora, está um pouco corrido as coisas ultimamente e eu estava sem inspiração. Nesse capitulo vai explicar o que a Evelyn é e vai entrar mais personagens. Eu achei que não ficou muito bom, mas, por favor, me convemçam do contrário! Com amor, Jaddy.Bjs p tus ♥



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Christine contara a ela a lenda dos deuses. Eram oito: o deus do fogo, a deusa da água, o deus do ar, a deusa da terra, o deus dos metais, a deusa dos mortos, o deus do tempo e o deus da vida. Quando Evelyn perguntara se eles estavam do lado “bom”, Christine respondera que sim, mas, juntamente com as forças do “mal”, eles equilibravam a balança: as forças do mal pendiam para o lado deles, e as do bem pendiam para o outro lado, deixando na mesma posição, equilibrando.

— Mas o quê isso tem a ver com os renascidos? — indagou a menina.

— Já vou chegar lá...

As forças malignas eram outros deuses, que correspondiam aos mesmos elementos que os bons, mas esses pendiam a balança para o lado do mal, exceto os da morte, do tempo — que eram neutros, não tendo maldade nem bondade nos elementos que dominavam — e o da vida — que era bom por inteiro, e não tinha um correspondente maligno. Os “malignos” faziam coisas ruins por puro prazer. E era aí que os renascidos entravam: quando eles arrancavam a família ou alguém amado de uma pessoa, e essa pessoa tinha algum talento, os deuses bons se apiedavam dela dando-lhe poderes. Eles matavam essa pessoa e ela renascia herdando os poderes dos deuses que a matou.

— Se for Fogo, o Deus do fogo, por exemplo, ela vai herdar o dom do mesmo. Você é uma renascida, sem dúvida — explicou Christine.

— Como você pode ter tanta certeza? — replicou Evelyn.

— Você perdeu pessoas que amava, não?

— Bem, meus sonhos, ou melhor, pesadelos só tratam disso. Mas e se tudo não for apenas isso: um pesadelo?

— Eu admito, é estranho você se lembrar; ninguém nunca se lembra. Mas pode ser que você seja apenas especial, poderosa — respondeu ela, seus olhos cintilando de excitação.

— Tá, então digamos que eu seja uma renascida... Como vocês me encontraram?

— Temos informantes lá fora — respondeu ela como se fosse óbvio. — Como o guarda que te encontrou e te mandou para o Internato — disse ela abrindo um sorriso.

— Mas como você sabe que eu sou uma renascida? E se você estiver errada? Por que, sinceramente, eu acho que está. Isso tudo que você está me falando é tão impossível que...

— Eu sei por que nós conhecíamos você antes de morrer — interrompeu a menina. — Nós conhecíamos a antiga Evelyn. E nós estamos te monitorando desde seus 13 anos.

— Me prove — desafiou a garota, incrédula.

— Levante o cabelo e me mostre sua nuca, Evelyn — respondeu a diretora com as sobrancelhas arqueadas.

— Por quê? — ela respondeu temerosa.

—  Faça.

A garota fez o que foi pedido, hesitante. Bem no meio de seu pescoço, entre a base das costas e a cabeça, estava uma pequena marca, um pouco mais escura que a pele de Evelyn: havia uma linha, como o chão, abaixo do que parecia ser um redemoinho com duas esferas dentro, uma oval com uma gota; e outra com pontas flamejantes, como labaredas.

— Você já tinha notado isso antes Evelyn? — disse Christine, obviamente já sabendo a resposta, mas provocando a menina.

— É só uma marca de nascença — respondeu Evelyn, dando de ombros.

— Não acha estranha?

— Já disse, é apenas uma marca de nascença.

— Não, não é — disse a diretora, balançado a cabeça negativamente. — É uma marca de renascença. E simboliza seus poderes. E pelo jeito, eles são muitos.

— Como assim? — perguntou Evelyn.

— Você se lembra de quem te matou? — respondeu a mulher, com outra pergunta.

— Mais ou menos.

— Quem?

— Dois homens e duas mulheres.

— Qual era a aparência deles?

— Um homem loiro de olhos cinzentos, outro pardo e ruivo. Uma mulher clara de olhos azuis, e a outra negra de cabelos pretos.

— Ar e Fogo. Água e Terra. São esses os deuses, mas ainda não temos certeza, vamos descobrindo seus poderes no decorrer do ano — completou ela. — Quem foi que tiraram de você?

A garota reprimiu as lágrimas que insistiam em descer.

— É um assunto particular, por favor.

— A partir do momento em que você entrou aqui, deixou de ser particular, querida. É importante. Por favor, diga — disse ela empurrando uma caixa de lenço à menina, só por precaução.

— Minha irmã. Eu a vi se desvanecendo em névoa. E minha mãe e meu pai também, mas eu não vi quando aconteceu — respondeu ela, cautelosa.

— Isso quer dizer que você é poderosa. Quanto mais poder, maior a perda.

— Nossa, fico tão feliz com essa notícia — disse ela, sarcástica. — Perdi minha família e minha vida perfeita só por causa de um poder idiota. Que maravilha!

— Você os perdeu para proteger outras pessoas que tem o mesmo destino! Você ganhou poderes a troco de três vidas; mas esses poderes vão proteger mais de milhões de vidas que seriam desperdiçadas caso você não os ganhasse. É a lei da vida: algo vai, algo vem.

— Eu não queria esses poderes — respondeu ela, fria.

— Você não tem que querer, os deuses te escolheram. — E com um suspiro longo, continuou: — Vamos descobrir seus poderes depois. Se for o que eu estou pensando, você vai precisar de mais aulas do que a maioria. — Evelyn soltou um gemido. Pelo o quê a ruiva lhe dissera as aulas, na verdade, eram para domar os poderes. — O jeito mais fácil é pela marca de renascença, mas a sua me confundi. Ou pela aparência da pessoa, que nos deixa pistas, mas isso também me confundi em você. — Ela olhou para Evelyn, que mal acreditava naquilo e estava achando tudo um problema sem saída. — O lado bom é que você se lembra dos deuses, o lado ruim é que ninguém sabe como é a aparência deles, já que ninguém jamais os viu além do dia da morte, e não se lembram desse dia. E eles também podem assumir qualquer outra forma que seja ligado ao seu elemento. É, isso está realmente complicado.

— Pois é, também acho. Então porque você simplesmente não desiste disso e fala logo que é uma pegadinha e eu estou na tevê?

— Porque é tudo verdade e você sabe disso. Olhe só, eu estou aqui para ser sua amiga e te ajudar, então relaxe que ao seu tempo todas as peças do quebra-cabeça vão se encaixar e vamos saber quais seus poderes.

— Então, eu vou para qual dormitório? — perguntou Evelyn, já cansada de tudo aquilo.

— Você vai para o dormitório dos Únicos. Aonde só os com talento extranatural vão.

— Extranatural? Ainda existe algo natural? — disse Evelyn, sarcástica, antes de se retirar. — Aliás, você nem sabe se eu tenho realmente algum talento.

Quando estava quase na metade do corredor, ouviu Christine gritar.

— Esqueci-me de um detalhe: você é imortal.

Por incrível que pareça, isso não a surpreendeu. Tudo já estava desabando mesmo, até que viver para sempre não seria tão ruim.

Depois de seguir na direção que Christine indicara ela entrou por uma porta de madeira com a maçaneta de prata, o que sugeria que o lugar era mais especial do que os outros. Ela girou a maçaneta e entrou: havia uma pequena sala, bem iluminada com várias janelas que mostravam o tempo chuvoso. Evelyn gostou logo de cara. Candelabros dourados incrustados com rubis enfeitavam as paredes; um lustre enfeitado com o mesmo padrão pendia do teto. Em uma das paredes de pedra estava uma estante com muitos livros que a garota amou. Em um canto estava uma lareira aconchegante e várias poltronas e pufes estavam espalhados pelo lugar.

Ela viu duas portas de madeira, cada uma de frente para outra, em paredes diferentes. Seguiu para a da direita onde havia um símbolo marcando o dormitório feminino. Ao entrar viu duas camas com cortinados azuis, uma janela arredondada que dava para a floresta e outra porta que dava para um banheiro. Ela começou a arrumar suas coisas em uma cômoda, ao lado da cama à direita, quando ouviu batidas à porta.

— Entre!

— Com licença — disse Matthew McCurt, entrando e se sentando na cama, enquanto Evelyn se sentava na outra. — Então você veio pra cá. Que sorte a minha! — disse ele, um sorriso travesso atravessando os lábios.

— Pois é — foi o que ela se limitou a responder, intrigada com o que ele falara.

— Já entendeu tudo? Qual deus te... hã você sabe... — ele moveu os lábios em silencio, formando a palavra “Matou?”.

— Não. Pelo jeito ainda sou indecisa. — disse ela, levantando os cabelos para mostrar a marca de renascença.

— Nossa, olhe a minha — respondeu ele, virando-se para ela ver um pequeno relógio no mesmo lugar onde estava sua maracá. — Bem normal. Já a sua, uau, a sua é mesmo estranha. Combina com você — disse ele em meio a gargalhadas.

Ela o olhou, irritada.

— Não estou mentindo!

As gargalhadas continuaram ainda mais fortes.

A janela do quarto se abriu em um estrondo fazendo os cabelos de Evelyn esvoaçarem. Seus olhos estavam cinzentos como uma tempestade. Ela pegou o braço de Matt, que ficara quieto, e o jogou para fora de seu quarto, batendo a porta com força em seguida.

***

Mais tarde, após leves batidinhas a porta, ouviu a voz dele perguntando se ela não iria jantar. Em resposta, ligou o iPod e aumentou o volume no máximo. Escolheu a música mais triste que tinha: My Immortal. Lembrou-se de tudo o que aconteceu no dia, de tudo o que era imortal dentro dela, coisas que ela nunca conseguiria esquecer. Era muita coisa para uma garota de 16 anos.


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Notas finais do capítulo

Pelo amor dos deuses, deixem reviews e não sejam leitores fantasmas.