Líquida - Os Renascidos. escrita por Amortecência


Capítulo 5
IV - Don't try to take this from me now.


Notas iniciais do capítulo

Então gente, primeiramente, mil desculpas por estar demorando tanto assim, mas as coisas aqui estão realmente difíceis - estou sem internet em casa, sem tempo, sem criatividade, etc. Mas agora eu estou me comprometendo a postar os capítulos mais rapidamente, até porque eu estou cheia de idéias pra Evelyn. Eu sei que o titulo não tá nada a ver, mas tudo bem porque eu, particularmente, gostei bastante desse capitulo. Eu também tive que parar porque se não ele ficaria muito grande. Aqui vocês vão conhecer uns novos personagens, vai começar a história de verdade. Agora, podem ler, e espero que gostem, foi feito com amor. Jaddy ♥



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A garota acordou com batidas à porta. Era 8h30 da manhã, segundo o relógio.

— Quem é? — resmungou ela. Não havia dormido o suficiente e uma dor já ameaçava se instalar por trás de seus olhos. Parecia até que ela estava de ressaca.

— Está na hora do café, Eve. Levanta — respondeu a voz doce que ela identificou como sendo de Matt. Ela ainda estava brava com ele pelas brincadeiras do dia anterior, mas gostou da iniciativa de tentar acordá-la, então resolveu perdoá-lo temporariamente.

— Já vou Matt. Me espera?

— Sempre, gata — ele respondeu. Evelyn ficou vermelha. — Brincadeirinha.

Ele começou a rir e ela também, enquanto trocava de roupa. E se sentiu mal por ter brigado com ele à noite. Ele era apenas brincalhão e isso podia ser até bom, já que, às vezes, é bom rir um pouco. Ele era bem legal e demonstrava que se importava; e já fazia tanto tempo que ninguém fazia isso.

Ela pôs uma camiseta básica, uma legging e seu Converse de sempre. Amarrou o cabelo e saiu, sem nem se preocupar se sua maquiagem estava borrada.

— Podemos ir, senhorita? — perguntou o garoto quando ela saiu, um sorriso dançando nos lábios fartos.

— É, acredito que sim — respondeu ela, já caminhando em direção à porta.

Porém Matt se adiantou a sua frente e abriu a porta, deixando um espaço para ela passar.

— Primeiro as damas.

Evelyn parou abruptamente.

— Isso é sério? — disse ela já começando a rir. — Ou você só está fazendo mais uma de suas gracinhas?

O semblante do garoto passou de gentil a perturbado. Aquilo era algo comum dele e não conseguia entender por que Evelyn estava achando tão anormal assim; eles foram criados de modo diferentes, e suas concepções não tinha nada em comum. Enquanto Eve era uma rebelde nata, ele era o típico cavalheiro, aquilo não daria certo nunca.

— É, é sério. Por quê? Você não gosta quando eu faço isso? Então eu não faço mais, pronto.

— Não, é que... — ela começou a falar, ainda sem acreditar que ele estava falando realmente sério. — É que ninguém nunca fez isso comigo, nunca foram gentil desse jeito. Eu acho estranho. Mas tudo bem, eu só achei que você estava me zoando.

Ela passou por ele e seu braço estendido, ainda mantendo a porta aberta, e deu um pequeno aceno com a cabeça, agradecendo. O garoto fechou a porta e continuou seguindo-a, alcançando-a sem nenhum esforço. Continuaram assim, em silêncio por um tempo, até que Evelyn não aguentou e quebrou-o:

— Então, você tem alguma dica para meu primeiro dia?

Ele deu um sorriso genuíno, como se estivesse feliz apenas pelo fato de ouvir a voz dela.

— Ah, sim, eu tenho várias. Mas, acho que não vai ser muito necessário dizer, pois você vai se sentar ao meu lado — afirmou ele com convicção, porém depois acrescentou: — Vai, não vai?

Evelyn tinha que admitir: ela odiava quando controlavam a vida dela e diziam se ela faria ou não alguma coisa. Mas ele estava sendo legal demais com ela e, apesar da vontade dela de dizer não e sentar-se em outro lugar apenas para contrariá-lo, balançou a cabeça afirmativamente.

O rosto dele se iluminou com outro sorriso a esse gesto.

— Bem, então eu vou te dizer mesmo assim: Fique longe de Noah Horran, Sol Summers e suas capangas, Sandie Brook e Marina Bluewater. Eles são encrenca; e, pode ter certeza, vão tentar levar você para o lado deles — continuou ele a falar, enquanto percorriam corredores e escadarias enfeitados com tochas e armaduras de ferro. De vez em quando uma janela grande interrompia a meia-escuridão costumeira do castelo e mostrava o tempo nublado lá de fora.

E assim os dois continuaram andando, ele contando sobre as coisas que ela veria ao adentrar o refeitório e ela apenas ouvindo e assentindo, para confirmar que prestava atenção. Depois de alguns minutos de caminhada, desceram a enorme escadaria que dava para o saguão e entraram pelas grandes portas de madeira.

Evelyn seguiu Matt pelas mesas até chegar às cinzentas, em que ninguém se sentava. No mesmo momento, a garota confirmou sua suspeita: elas eram apenas para os raros. Sentou-se junto a Matt e, na mesma hora, viu a cabeleira loira e os braços super brancos de Andie. Levantou-se novamente e se dirigiu a mesa preta onde ela se sentava sozinha.

— Andie, porque você não se senta com a gente? — falou à menina, que levou um grande susto.

— O quê?

— Venha, levante. Você vai se sentar comigo e com Matt — disse puxando a garota levemente pelo braço.

Ela se levantou e pegou o próprio prato que continha ovos mexidos e uma tigela de cereais com frutas, e começou a andar logo atrás de Evelyn para a mesa onde a mesma estava sentada.

— Você está ficando louca? — o garoto sibilou enquanto elas se sentavam a mesa. — É proibido trocar de mesas. Apenas os raros podem ficar nas mesas cinzas, se ela é da Morte ela precisa ficar na mesa preta.

— Uau, você renasceu da morte? Que legal — disse ela sorrindo e ignorando completamente o menino enquanto falava. — E irônico, né? Tipo, renascer da morte. Você é uma zumbi? Igual a The Walking Dead?

— Evelyn, é sério, isso pode te dar uma advertência — disse ele novamente, agora pegando no braço dela para chamar a atenção.

Isso foi demais para ela.

— Jura? Advertência? Poxa, eu estou tão preocupada. Eu não quero perder de ficar nesse hospício, sempre foi o meu sonho, não é mesmo? — respondeu ela com a costumeira ironia. — Eu não ligo se vou levar uma advertência ou não, Matt. Ela é minha amiga e a única coisa que eu realmente me importo aqui é manter minha sanidade e a dela. E isso engloba não deixar ela sozinha e isolada. E, me diga agora, se não pode mudar de mesa, porque aqueles quatro estão na mesa vermelha se eu tenho certeza que dois deles são da terra e um da água?

Ele se surpreendeu por ela ter percebido isso. Ela era uma pessoa muito observadora, sempre foi. E, ao chegar nesse lugar, já havia percebido muita coisa que gente que vivia ali há mais tempo não tinha reparado ainda.

— Aqueles são Sol e Noah e sua turminha. Eles são os populares e, praticamente mandam nisso aqui tudo, como eu já disse lá atrás, porém acho que você não estava prestando atenção.

— Sim, eu estava, só que eu não vou me curvar a eles e as suas vontades. Se eles podem, eu também posso. Isso é justiça. — E depois, virando-se para Andrômeda, dando o assunto como encerrado, disse: — Então, como foi à noite?

— Solitária. Eu sou a única renascida da morte, ao que parece — respondeu ela.

— Mas então porque você não vem para os raros?

— Só vem para os raros os primeiros renascidos de determinado deus ou com um poder diferente dos outros. Alguém com algo que jamais foi registrado. Como, por exemplo, alguém renascido de mais de um deus, como você — respondeu intrometidamente Matt.

Evelyn revirou os olhos, ignorando Matt novamente.

— De qualquer maneira, seria legal se você dormisse no meu quarto, pelo menos hoje. Só até a gente se acostumar à rotina daqui.

— Não acho que Christine deixaria — interpelou-a Matt outra vez.

— Qual é a sua Matt? — disse Evelyn, já completamente irritada, virando-se para encará-lo. Andie só ficou quieta, olhando enquanto os dois trocavam insultos e achando graça daquilo. — Até parece que você não quer que a Andie divida o quarto comigo. Eu mesma vou conversar com a Christine, pode deixar. Você vai ver que meus poderes não se limitam apenas aos quatro elementos, mas se estendem até a persuasão — respondeu ela, decidida e depois saiu da mesa com seu prato até o bufê.

Chegando lá observou a enorme variedade de comidas, que iam das frutas e pães integrais — algo mais light — aos ovos mexidos, bacons fritos e cachorros-quentes. Evelyn só pegou um pouco de cereais — nadando no leite, do jeito que ela gostava — e um mamão. Depois encheu um copo com suco de maracujá e começou a caminhar de volta para a mesa.

Mas, a poucos metros do lugar que estava sentada, parou abruptamente. Outra menina havia ocupado seu lugar, e agora um grupo de pessoas cercava a mesa, de modo que ela só podia ver a cabeleira ruiva da garota que sentara lá. Ela saiu de seu transe momentâneo, e então seguiu decidida, acotovelando as pessoas que a impedia de chegar ao seu destino, principalmente as que estavam lá por causa da “impostora” — como Evelyn pensava nela.

Parou bem atrás da garota e pigarreou bem alto. Em sua mente se lembrou da música do Paramore Now, que falava "não tente tirar isso de mim agora". Estava prestes a começar a xingar a garota como uma louca quando viu a cara de nem-pense-em-fazer-isso de Matthew e apenas disse:

— Com licença, acho que você está no lugar errado. Eu já estava sentada ai — as palavras eram carregadas de uma educação fria e seca.

Todos ao redor se calaram e ficaram tensos enquanto a menina se virava para ver Evelyn em todo o seu esplendor relaxado de maquiagem borrada e cabelo bagunçado. A ruiva virou o corpo todo de uma vez, saindo do banco e ficando em pé, olhando Evelyn de cima, mesmo que sua altura não superasse o 1,70 metro dela.

Evelyn a reconheceu instantaneamente quando olhou no seu rosto: era a mesma ruiva do trem, que zombara dela com sua gargalhada cruel. Então, olhando rápida e atentamente para a turma ao redor, identificou Noah Horran, Sandie Brook e Marina Bluewater. Com isso, concluiu que a ruiva só poderia ser Solange Summers, ou, como era mais comumente conhecia, Sol.

Seu primeiro instinto foi ficar tensa: havia acabado de “ofender” a princesinha do Internato, o quê podia não acabar nada bem. Mas, rapidamente sua personalidade rebelde se impôs contra a cautelosa e ela decidiu que não havia feito nada de errado e que realmente não iria se curvar e admirar Solange como todo mundo fazia; estava disposta a odiá-la desde a primeira vez que a viu, no trem.

— Tudo bem — respondeu Sol, finalmente, com um sorriso forçado estampado no rosto. — Eu me sento em outro lugar. — Então, finalmente desocupou o lugar, e pegou uma cadeira de outra mesa, expulsando sem dó o garoto que estava sentado nela, e a colocou ao lado de Evelyn, que se sentou devagar na cadeira desocupada. — Então, posso saber por que você está nos Raros?

— Deve ser porque ninguém nunca encontrou alguém com uma beleza e um brilho como o meu, algo super-raro — respondeu ela, irônica.

Ela soltou um riso histérico e disse:

— Ah, claro, esse provavelmente é um dos motivos, mas me fale todos, vamos lá — todos ao redor prestavam atenção atentamente. E Solange murmurou baixinho, tão baixo que Evelyn quase não ouviu: — Se fosse por isso de verdade, eu também seria uma dos Raros...

— Hm, para falar a verdade, eu não sei, não — respondeu ela, desconversando. Ela sabia sim, mas não queria ficar falando, fazendo alarde, pois havia uma pequena esperança de que ela não fosse uma renascida de verdade, muito menos uma com poderes incomuns, o que sugeria que ela tinha uma responsabilidade bem maior para carregar do que os outros. — Porque você e sua turminha não vão perguntar para a Christine enquanto eu tento terminar meu café? — ela disse isso em um tom gélido, de modo que pareceu quase um xingamento.

A Sol não gostou disso. Evelyn podia jurar que seus cabelos ruivos quase tinham se transformado em verdadeiras labaredas.

— Claro, querida — ela respondeu, seu tom nem um pouco tão caloroso quanto suas madeixas. — É uma ótima ideia. Vou aproveitar para te contar uma das regras dela, pois se eu passar lá realmente, vou ter que avisá-la que você está desrespeitando-a: renascidos devem ficar em suas mesas, não podem se sentar em outras que não são de seus respectivos geradores.

Agora a garota tinha conseguido acabar com toda a paciência — que já não era muita — de Evelyn.

— Jura? Poxa, é ótimo saber disso! Então, agora me responda: o que você está fazendo aqui se não é uma Rara?

Aquilo foi como uma bofetada para Solange, que saiu de lá tempestuosamente, de nariz empinado, com toda a sua turma a seguindo.

Quando eles finalmente ficaram sozinhos novamente, Matt falou.

— Você sabe que isso foi uma burrada, não é?

— É, eu sei.

Depois disso, os horários para as aulas foram entregadas, quando Evelyn já terminava de comer. Ela percebeu que seu horário era maior o dos dois. Como Christine avisou, terei mais aulas que a maioria, pensou ela.

Eles se levantaram e seguiram caminho para seus respectivos dormitórios: Andie no da Morte e Matthew e Eve no dos Raros. O semblante de Andrômeda se tornou triste enquanto ela caminhava na direção oposta a dos dois e Evelyn prometeu a sim mesma ir falar com Christine mais tarde para perguntar se ela não podia dormir com Evelyn, pelo menos até as duas se acostumarem à rotina do colégio.

Porém quando chegou ao seu quarto, pegou um livro para ler e logo adormeceu.


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Notas finais do capítulo

Obrigado a todos que continuam acompanhando a história e tendo paciência para as minhas doideiras, são vocês a minha inspiração para continuar a escrever. Obrigado mesmo e deixem reviews me mostrando que vocês ainda não me abandonaram ♥