Will You Remember? escrita por cmatta


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Dois capítulos em menos de uma semana? Isso mesmo! Um pouco menor que o primeiro, dessa vez. De novo, por favor, reviews são muito, muito bem vindas ♥



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Já estava bem tarde quando Mathew finalmente chegou a seu prédio, carregando parte dos papeis usados durante a tarde e seus livros do colégio. Ainda pensava em tudo que Neil estava passando, e isso o atingia de tal maneira que não conseguiria fingir não se preocupar. A porta do elevador abriu lentamente, dando a imagem de Michael segurando um livro grosso e com a expressão totalmente irritada.

– Oh, Mike! – exclamou saindo do cubículo – O que... O que faz aqui?

– Peguei o meu livro que você tinha pegado, – ergueu a mão que segurava o livro e sacudiu-a suavemente – lembra? Preciso dele. Aliás, Helen estava lhe procurando agora...

– Porra, fodeu. Esqueci totalmente de avisar ela...

– Boa sorte, então. – disse desinteressado.

Michael segurou a porta do elevador e rapidamente sumiu de perto de Matt. Já ele, começou a ficar nervoso. Sabia que coisa boa não viria. Seguiu pelo corredor até chegar a sua porta e entrar. Sua mãe totalmente escancarada no pequeno sofá velho da sala de estar. O lugar era tomado por fumaça e o cheiro desagradável de tabaco e, próximo ao sofá, algumas garrafas estavam espalhadas pelo chão. Matt fechou a porta suavemente antes de colocar suas coisas sobre a mesa de jantar bagunçada.

– Cheguei...

– Onde pensa que estava até essa hora? – a voz nervosa e rouca da mulher subia por trás do sofá.

– Fazendo trabalho.

Uma risada sarcástica ecoou pelo pequeno apartamento. A mulher levantou desajeitada do sofá; seus cabelos alaranjados com alguns fios grisalhos, totalmente bagunçados.

– Você? Você, filho daquele lá, fazendo alguma coisa de útil? – riu novamente – aposto que estava com aquela família lá... Os Cook, não é? Que nem teu pai que passava a porra do dia todo com aquele alemão filho da puta.

Seguia para seu quarto, ignorando totalmente a mãe, quando teve seu ombro puxado bruscamente.

– Quantas vezes preciso dizer que eles são os culpados por isso tudo? Se seu pai não passasse tanto tempo com aqueles filhos da puta, não estaríamos nessa merda que estamos, sabia? Não bastasse seu pai, ainda tem você pra foder com tudo. – ela agora apertava com força o ombro de Matt, marcando a pele com as unhas compridas. – Nem pra ir no lugar dele você foi útil. Seu pai ainda trazia dinheiro pra casa, não era tão merda que nem você. – empurrando-o, voltou a caminhar até o sofá, frente à televisão que passava alguma novela. – Vá arrumar a porra de seu quarto que ninguém é tua empregadinha não.

Terminou o caminho até seu quarto, fechando a porta atrás de si e recostando-se nela. Levou a mão até seu ombro, puxando a camiseta tentando ver como havia ficado dessa vez. Tirou a camisa enquanto caminhava até sua cama naquele quarto pequeno – que além da cama, tinha uma pequena escrivaninha coberta por livros e um computador velho, uma cômoda com uma televisão e cabos de videogames saindo dela e uma janela escondida por trás de uma cortina escura. Deixou à mostra seu tronco branco e magro, junto às diversas marcas de violência. Alguns, ele admitia, vinham de Michael em seus ataques de fúria e birra, nada muito sério.

Abriu uma fresta de sua janela, empurrando a cortina para um canto. Da escrivaninha, tirou um maço de cigarros de uma das gavetas. Colocando um deles pendido entre os lábios, começou a vasculhar a gaveta atrás de seu isqueiro. Acendeu o cigarro quando achou, tragando e soltando a fumaça devagar ao mesmo tempo em que a observava se esvair. Sentou na beirada de sua cama e apoiou a cabeça nas mãos, tentando esvaziar a cabeça.




No dia seguinte, saiu antes mesmo que sua mãe acordasse para comer. Consequentemente, chegou muito mais cedo na escola. Perguntou-se se deveria avisar a Michael que saíra mais cedo, mas acabou nem o fazendo.

Chegando ao longo gramado do colégio, passou reto pelo muro em que costumava sentar e seguiu para uma das árvores. Recostando-se nela, puxou de sua mochila seu velho e clássico gameboy e um maço de cigarros já quase vazio. Acendendo um e tragando-o algumas vezes, iniciou um novo jogo.

Certo tempo já havia se passado e três cigarros acabados quando jovens começaram a encher o gramado. Mathew se levantou e foi até o muro esperar por Michael. Com o game ainda em mãos e o cigarro entre os dedos, ele sentava calmamente no lugar habitual. E não demorou muito ao loiro chegar e se aproximar automaticamente do amigo.

– Porra, voltou a fumar?

– É... Quer? – perguntou estendendo o cigarro já pela metade na direção do outro.

Michael riu e tirou-lhe dos dedos, dando uma ultima tragada e apagando-o no muro.

– Se algum professor vê, leva advertência. Mais uma advertência, leva suspensão. E melhor isso não chegar aos ouvidos de sua mãe.

Mathew deu uma risada nasalada e foi obrigado a concordar. Desligou seu brinquedo e jogou-o em um bolso qualquer na mochila, levantando e seguindo, junto a Michael, para dentro do prédio.


O final da aula que antecedia o horário de almoço se aproximava. Mathew encarava a carteira vazia próxima a sua, aonde Neil costumava sentar. Largou um suspiro, puxando a atenção do loiro à frente, que se virou para trás.

– O que foi?

– Como assim? Não posso respirar?

Michael semicerrou os olhos desconfiados, antes de voltar para seu caderno. Matt retornou o olhar ao lugar desocupado e não demorou a uma garota correr e se sentar ali para conversar com as amigas. Focando a concentração no seu videogame escondido sob seu material, tentou se distrair. Mas com o que ouvira noite passada, nada que fizesse o traria um mínimo de tranquilidade. Neil. Neil. Como ele conseguia continuar, sabendo que estava tão doente assim? Que perderia tanta coisa? Neil. O que estaria fazendo agora? Ele não costumava faltar. Não sem mandar seu pai avisar os professores e pedir à Leslie para levar a matéria para ele em casa. Mathew sorriu de canto com a ideia simples e idiota que teve, voltando ao seu vicio com mais gosto do que antes.



Estavam na saída Mathew ao lado de Michael, que contava algo em que o ruivo não parecia ter atenção alguma, os olhos sob os goggles vidrados na telinha pequena e ofuscante. Decidira esquecer-se de Neil pelo resto do dia. Ao menos, até agora.

– Passa lá em casa hoje?

Michael perguntou quando já estavam na rua. Matt processou as palavras, apertando habilmente os botões do jogo, antes de pensar em uma resposta.

– Eu preciso ir ali – disse apontando em uma direção qualquer, sem saber direito onde estava – dar o caderno pro Neil. Depois eu passo lá.

Michael bufou e reclamou alguma coisa em um tom de voz inaudível, recebendo um “O que?” como resposta. Sem querer insistir, deu um leve empurrão no braço do ruivo, seguindo o caminho de sua casa. Mathew abaixou seu jogo, observando o amigo se afastar. Com um suspiro, arrastou os pés até a casa de Neil.

Entre um passo e outro ele se fazia uma pergunta diferente, até chegar a um ponto em que começou a contar seus passos para não pensar mais. E já havia chegado à esquina do sobrado quando viu Simon entrando correndo depois de bater a porta do carro. Imaginando que alguma coisa acontecera, Matt acelerou o passo, quase correndo. Um reflexo involuntário. Parou ao batente da porta deixada aberta e não sabia se entrava, se esperava, se chamava. Terminou batendo algumas vezes na porta, vendo o homem aparecer de um dos lados. Ele sorriu para Matt, acenando levemente.

– Ah... Eu trouxe a matéria... para o Neil – disse, puxando a mochila com dificuldade para tirar os cadernos do dia.

– Sério? Ah! Muito obrigado! Vim pegar umas coisas do Neil, pensei em passar na escola e falar com a Leslie, mas... Muito obrigado! – Simon agradecia enquanto saía com uma mochila cheia e pegava os cadernos nas mãos de Matt, totalmente desajeitado.

– Que isso. – forçou um sorriso – Ahm... Senhor Collins...

– Simon, Matt. Simon. Você me conhece há uns quinze anos.

– Ah... É – riu – Como o Neil está?

– Bem, graças a Deus – respondeu enquanto fechava a porta atrás de si. Matt suspirou aliviado. – Não quer passar no hospital comigo? Neil só está fazendo uns exames... Acho que não tem problema.

– Deixo para a próxima – sorriu – Voltei muito tarde ontem, não quero fazer o mesmo hoje. Além disso, marquei umas coisas com o Mike.

– Sei... Tudo bem. Vou falar para o Neil que veio procurar ele. Aposto que vai se animar pra voltar logo.

Mathew acompanhou Simon até o carro, ajudando-o a carregar as coisas. Antes de entrar no veículo, Simon encarou o garoto por alguns segundos. Um sorriso fino nos lábios, quase inexistente, como Neil fazia poucas vezes, mas seus olhos sorriam em gratidão. Ele sentia que aquele menino ajudaria seu filho de alguma maneira. Mal podia esperar para conseguir finalmente vê-lo rir mais uma vez como não fazia há tempos.

Agradecendo pela ajuda, Simon se despediu, sumindo pela rua. Matt fez o mesmo, indo direto para a casa de Michael.



Algumas horas concentrados em um jogo de tiro. Um jogo acirrado. Matt ganhava por pouco, para o desespero do loiro, que se levasse mais um tiro, perderia de vez. Muita tensão na sala escura do apartamento dos Cook. Louise ainda não chegara do trabalho e Michael também não havia arrumado a casa. Depois da morte de seu pai, ele ficou encarregado da casa e sua mãe, do resto.

A sala era grande o suficiente para as três pessoas moravam ali – Matt foi um inquilino que Louise ganhou de brinde com a amizade de seu marido com o pai do garoto. Vários retratos de uma família loirinha eram espalhados pelas paredes em tom róseo. A luz fraca do pequeno lustre ao centro da sala mal iluminava os garotos e as cortinas estavam devidamente fechadas, melhorando o clima para jogar. Estavam sentados no chão, frente à TV, recostados ao sofá.

E uma vitória muito bem merecida para Mathew Hunt. O ruivo ergueu os braços em comemoração, não se esquecendo de esfregar a vitória na cara do amigo, que só fechou a cara e mudou a televisão para a programação. Ficaram em silêncio um tempo. O suficiente para um chamar o outro ao mesmo tempo.

– Fala aí – Michael acenou com a cabeça.

– Não era importante. Não... Bem... Não é importante, mas...

– Vai tomar no cu, Hunt.

– Ai, Mikey, assim não. – fechou a cara em uma expressão emburrada.

Michael não respondeu. Na sala, só o barulho da televisão e a chuva que começava a cair do lado de fora.

– Matt. O Collins... O que ele tem?

– Hã? O que? Estou ouvindo direito? Mikey, você cresceu! Está se preocupando com seu inimigo?! – perguntou com falsa animação.

– Não é isso. Aquele verme não é nada na minha vida, tsc.

– Não? Então o que foi isso?

– Nada. Deixa para lá.

Continuou com a cara fechada até seus olhos verdes se fecharem com um sorriso, seguido de uma risada. Michael só fez olha-lo, sem expressão alguma.

– Mikey – chamou deitando a cabeça no assento do sofá.

– Hm?

– Vou dormir aqui hoje – fitou o amigo, com um sorriso torto.

– Vai me ajudar a arrumar tudo antes que minha mãe chegue, então. Anda. Levanta, veado.


Um telefonema Louise foi o suficiente para os meninos fazerem a festa. Ela atrasaria algumas horas por conta de uma reunião com um novo cliente. Com o dinheiro que guardavam em uma caixinha, Michael fez o favor de pedir pizzas e passar a noite de conversa jogada com o amigo. Mas a diversão não durou muito. A mulher chegou gritando com Michael e cumprimentando amorosamente o outro garoto. Largou as coisas sobre a mesa de jantar antes de pular no sofá. Louise tinha lá seus quarenta anos, mas tinha um rosto bem mais jovem do que muitas outras na idade dela. Cabelos loiros como os do filho, compridos e presos em um rabo de cavalo.

– Hora do banho, crianças! – mandou, gesticulando com as mãos para que eles fossem logo.

E obedecendo como filhos exemplares, se fecharam no quarto. Michael puxou das gavetas roupas que sempre emprestava a Matt quando ele decidia ficar assim de repente.

– Pega. Tomei enquanto você corria atrás daquele lá.

Matt riu. Com o bolo de roupas e toalha entre os braços, foi até o banheiro que ficava no corredor. Não demorou muito a voltar. Com os cabelos vermelhos molhados e a toalha jogada sobre os ombros. Entrou no quarto; Michael estava deitado na cama jogando uma bola de basebol para cima, que deixou cair quando o amigo entrou.

– Deixei a camiseta aqui – disse, pegando a peça de roupa caída ao chão.

– Matt.

– Quê?

– Seu ombro.

Tinha acabado de tirar a toalha, pronto para vestir a roupa. O lugar ainda vermelho das unhas de Helen, contrastando com a pele clara do menino, chamava atenção. Ele só sorriu sem graça, jogando a blusa preta do amigo por cima. Michael voltou o olhar para o teto branco. Entendia porque Mathew fugia desse assunto, mas ele não sabia o porquê dessas coisas acontecerem e simplesmente não perguntava.



Três batidas leves na porta do quarto foi o suficiente para Neil acordar de seu sono leve. Um enfermeiro alto de cabelos pretos entrou no enorme quarto branco, arrastando uma pequena mesa sob uma bandeja prateada que carregava duas bolsas com um conteúdo amarelado.

– Oh, Neil. Bom dia.

– Oi, Kevin.

O garoto sentou-se na cama, em um estado entre acordado e dormindo, enquanto o homem preparava seu braço para receber os conteúdos das bolsas.

– Não quis vir tão cedo assim, mas pensei que quisesse voltar logo para casa... Só precisamos fazer essa transfusão e está livre por hoje.

Sorrindo de canto, Neil assentiu, enquanto tinha aquele caninho enfiado à agulha em seu braço. Fechou seus olhos por alguns segundos, antes de ver seu pai deitado no sofá próximo a janela. Kevin, já terminando sua tarefa, largou um riso, que chamou a atenção do loirinho.

– Ele passou a noite acordado. – disse, olhando Simon. – Deve ter saído umas cinco vezes para pegar café, isso só as que eu vi. Ele é um bom homem – falou com o olhar distante – Queria eu que meu pai tivesse sido um terço disso quando eu tive apendicite na infância. – riu – Bom, quando a bolsa acabar, me chame para trocar, sim?

– Certo. – sorriu claramente forçado.




Com cerca de quinze minutos de atraso, Willian, o professor de literatura, entrou na sala com seu enorme casaco ensopado e os livros dentro de uma pasta de couro que pingava. Largando-a sobre a mesa e espirrando água para os lados, o homem queixou-se sobre o mal tempo ainda tão cedo e tirou seu casaco, pousando-o sobre sua cadeira. Pigarreou, puxando a atenção dos adolescentes barulhentos e se sentou na ponta da mesa de professores, como sempre fazia.

– Desculpem o atraso. Onde paramos na ultima aula? – tirou o livro de sua pasta e folheou-o, até que achou a página marcada com uma nota adesiva laranja escrita “matéria do terceiro ano! Não erre novamente, Will” – Muito bem, página 452, pessoal. Quero que leiam essa página e tentem fazer os dois primeiros exercícios. Estarei em minha... mesa, porque na cadeira já não dá mais.

Mal fora dada a ordem quando uma senhora baixinha e gorda apareceu à porta. Cabelos escuros foscos presos em um coque e óculos pequenos escorregando-lhe pelo nariz. Parada, fez um sinal com a mão, chamando Will. Cochichou algo e o homem virou-se para o único garoto de cabelos rubros da sala; voltou a encarar a mulher e assentiu com um balanço da cabeça.

– Hunt, vem aqui – chamou, olhando para o menino.

Matt se levantou, largando o seu videogame com o amigo à frente e seguiu até a porta. A mulher puxou-o para fora. Para conseguir olha-lo nos olhos era preciso que ela erguesse um pouco a cabeça.

– Simon Collins ligou.

– Pai do Neil? – mostrou certa surpresa.

– Sim. Ele pediu que, se possível, passasse para vê-lo em sua casa após as aulas.

– Aconteceu alguma coisa?

A mulher deu os ombros.

– Ele não disse nada.

– Entendo...




– Mathew.

Leslie Foster o chamou. Menina baixinha de cabelos castanhos claros que batiam pouco abaixo dos peitos, comumente presos em marias-chiquinhas e uma franja impecavelmente reta sobre as sobrancelhas. Ela acelerou seus passos até se aproximar do garoto que andava apressado pelo corredor de saída do prédio. Ele, por sua vez, continuou andando.

– Mathew...! – aumentou o tom de voz enquanto puxava-o pelo pulso, soltando rapidamente assim que tivera sua atenção.

– O que?

– Você faz... Não. Como você é dupla do Neil... Ahm... Sabe por que ele está faltando?

– Ele não te disse?

– Ah... Não...

– Então não sou eu quem vai contar, né? – disse rapidamente, dando de ombros e virando-se para a saída.


Mathew se preocupava novamente. Por que Simon lhe chamaria assim? Teria que ser algo importante, talvez... Sacudiu a cabeça, afugentando seus pensamentos. Despedira-se de Michael ainda na sala, deixando-o para trás. Passos largos e rápidos, mal olhava por onde andava. Pela primeira vez não tinha os botões do seu jogo entre os dedos; mas ora apertava e estalava os dedos, ora esfregava os cabelos vermelhos.

Até chegar ao batente da porta. Não foi preciso as três batidas; enquanto batia pela segunda vez, já pôde ouvir a chave ao outro lado.

– Aconteceu alguma coisa? – já perguntou ansioso.

Simon riu de leve. Foi quando Matt percebeu as pesadas olheiras sob seus olhos. Seguindo o sinal feito pelo homem, ele entrou procurando olhar à sua volta em busca do menino.

– Não é nada sério, Matt – disse com uma voz reconfortante, apontando com o indicador para a escada – Neil está lá em cima.

Agradecendo, Mathew subiu os degraus tentando conter a pressa. E logo já avistara Neil saindo do banheiro com uma bola de papel envolvendo o nariz, que tentou disfarçar quando notou a presença do ruivo.

– Neil...

– Acontece. – disse, tirando o papel que tomava a tonalidade rubra, voltando-o para o lugar em seguida – Ah. Os cadernos...

– Pode me devolver quando terminar de copiar. Estou com a matéria de hoje também, se quiser.

– Não, eu já li os de ontem, pode levar.

Neil seguiu para seu quarto, pegando os cadernos com uma mão, enquanto a outra ainda pressionava o nariz. Matt seguiu-o, um tanto hesitante, parando à porta do quarto. Pegou o material que lhe foi entregue e ficou ali, segurando-o e pensando se perguntava ou não.

Apoiou sua mochila entre seu joelho e o batente da porta, pronto para guardar os cadernos e pegar os desse dia, quando Neil o chamou com uma voz baixinha que ressoava até seus ouvidos. Virou a ele o olhar, ainda segurando todo o peso escolar. Neil, de pé em frente à cama, tinha o olhar fixo ao papel que amassava com a ponta dos dedos. E assim ficaram; em silêncio por pouquíssimos segundos.

– Aqui o material de hoje. – Matt quebrou o ambiente, puxando os cadernos do dia e deixando sobre a escrivaninha de Neil, repleta de peças de robótica.

Neil acompanhou os movimentos do garoto com os olhos, sem erguer a cabeça.

– Como você está?

– Vivo. – respondeu sem muita animação.

– Eu ia passar no hospital ontem com seu pai, mas...

– Ele me disse – interrompeu, mostrando um lado mais acanhado e, talvez, um sorrisinho?

Matt sorriu de canto, fechando sua mochila e pendendo-a no ombro.

– Acho que vou voltar agora, não quero atrapalhar nada aqui. – disse se afastando do quarto.

Neil só fez segui-lo com passos lerdos. Parou quando o outro também parou, pronto para descer a escada. Mathew levou seus enormes olhos verdes aos de Neil, com um sorriso fino.

– Não me assusta desse jeito de novo, beleza? Fiquei preocupado. E vê se se cuida... – Matt dizia, até realizar o que estava falando, deixando-se largar uma expressão sem graça – Porque temos um trabalho para terminar.


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