Não se apaixone, não se apaixone.” Rezei para mim mesmo, a fim de não me apaixonar por ela. Se é que eu não estava. Poderia ser tarde demais, eu poderia já estar apaixonado por ela, sim.
Quando sussurrei os versos a ela, minha boca quis continuar a cantar a música, mas minha mente impediu, fazendo com que eu parasse de cantar repentinamente. Perguntei-me mil vezes se ela conhecia a música, e desejei que ela não conhecesse, e nem que procurasse conhecer. Não queria me apaixonar por ela, por ela não. Ela parecia ser o tipo de garota errada para um bobão se apaixonar. Parecia ser duas caras e arrogante. Mas ela se tornou tao doce quanto Lysandre disse, que não pude perder  a oportunidade de criar um clima, que só na minha mente deve ter pintado.
Pena que na escola, com os amigos, ela se fazia de difícil e nem parecia tao derretida quanto hoje.
Fui a pé, mesmo, resmungando o atraso do concerto do Dodge. Cheguei na rua da minha casa, e vi Lysandre sentado na calçada.
- Esperando aquela amiga sua?
Ele fecho a cara pra mim.
- Desculpa. Por discutir hoje com você, sobre Nee. Sério, não vou deixar que uma menina que mal conheço, seja assunto de nossas discussões.
Aquela desculpa soou convincente para mim mesmo, de que eu não me importava com Nee.
Lysandre não gostava de brigar comigo. Considerava-me irmão dele.
- Tudo bem, brother. – ele se levantou e apertou minha mãe.
- Não, não estou esperando aquela amiga minha. Estava aqui pnsando na vida.
Passei a tarde conversando com ele, sentado na calçada. Ríamos, ficávamos sérios de novo, discutíamos, fazíamos as pazes outra vez...
Como irmãos, que se conhecessem há séculos.

***

- Fiquei sabendo que você está gostando de uma garota. – disse minha mãe, sentada na poltrona, deixando seu livro de lado, e descansando os óculos na mesinha do abajur.
Tranquei a porta, fui a sala,e me apoiei no sofá.
- O quê? – tentei negar.
- Uma garota da sua escola. Parece que o nome dela é Nee.
- Ahm? Quer dizer... é só minha parceira de biologia, que isso.
- Parece que ouvi os garotos da sua rua, dizerem ao contrário. Parece que você gosta dela.
Deia contar a ela.
Entreguei a historia de bandeja.
- É complicado.
- Complicado é você se esconder. E aposto que ela esta fazendo o mesmo.
Nem eu mesmo tinha controle da situação. Ora negava, ora afirmava. Não sabia direito o que acontecia comigo, na verdade. Meu coração escravizava minha mente, meu corpo relutava contra ela minha boca cantava o trecho toda hora, involuntariamente; meus olhos queimam.
No dia seguinte, acordei 7h00 e minha mãe jogava algumas sacolas na minha cama.
- Toma. Sempre quis que você vestisse isso. Vamos ver se você muda por esta tal Nee.
Antes que eu pudesse agradecer, ou reclamar, ela saiu, deixando uma sombra de dúvida. 
Mudar por Nee valia à pena?