Na saída, Carl correu afobado para o treino, estava dez minutos atrasado, pois o horário do treino colidia com os dez minutos finais do clube de teatro. Encostei-me ao vão da porta do auditório, esperando Castiel sair. Foi o último, mas eu não tinha pressa, tinha de elogiá-lo.
Por fim ele passou, e sorri.
- Você toca muito bem. – sussurrei.
Ele parou para ouvir, como se eu ainda fosse falar ais alguma coisa.
- Quero dizer... Você é bom. Afinado, seus dedos deslizam no teclado do piano, como se os conduzissem.
- Bela observação, Srta. Bovary. – Eunice passou pela porta e continuou a andar em direção ao seu carro. Mas Castiel não. Ele continuou parado, como se pedisse mais uma palavra minha.
- Obrigado. – ele virou e começou a se aproximar de mim, fazendo meu coração disparar.
- De nada. – disse quase sem ar.
Novamente ele esperou mais uma palavra minha. Mas eu me calei, sabendo que não tinha nada para falar, e que talvez fosse melhor assim, já que eu estava quase sem ar.
Ele parecia relutante. A cada passo que dava para se aproximar de mim. Aproximou-se novamente, ainda relutante. Começou a sussurrar um trecho de alguma música. Eu conhecia a música, o que me fez com que eu ouvisse a melodia dela enquanto ele cantava.

”I drove for miles and miles
And wound up at your door
I’ve had you so many times but somehow
I want more”

Imediatamente ele parou, e a melodia em minha mente também, como se ele controlasse por quanto tempo ela ficaria na minha cabeça. Sim, ele a controlava. Sem tirar a boca dos meus ouvidos sussurrou:
- Maroon Five.
E sussurrou o refrão da música, para que eu identificasse, e soubesse do que ele estava falando.

”And she will be loved
And she will be loved
And she will be loved
And she will be loved”

A melodia voltou a minha mente, e ele pareceu dizer: 
- Você vai entender muito bem, se um dia se apaixonar.
Não se ao certo se ele disse ou não. Se era alucinação minha ou não. Mas eu preferia que ele não tivesse dito isso.