Eyes On Fire escrita por Amy Moon


Capítulo 5
Capítulo 5 - O pianista




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/305111/chapter/5

Yasmin e Carl me sabatinavam sobre a tensão entre Castiel e eu. Sempre que podia, tentava desconversar, em vão. Os dois retomavam o assunto. Eu dizia que eu o achava meio louco, e aquele olhar psicótico dele e o cabelo, só o deixava mais louco ainda. Se ele fosse normal, já teria me atraído bastante. Ele daria um bom modelo, mesmo por trás daquelas roupas, ele parecia ter um corpo bonito.
O resto da manhã foi ótimo; ninguém mais me perguntou sobre Castiel; e Castiel também não puxara assunto comigo, ficou vidrado na aula; Lysandre também não falou mais comigo, e Malcolm me olhava dando risinhos controlados por ele mesmo. Deixaram-me curiosa para saber o que acontecia.
Fui pra casa, almocei, e voltei para escola, a fim de participar do clube de teatro. Todo ano me inscrevia para encenar alguma peça. E todo ano eu era a protagonista. Carl também fazia parte, e sempre era meu par romântico, e personagem principal também. Como se o papel esperasse por nós dois a cada ano. Ninguém ousava a tentar nos tirar do papel de protagonista.
Cheguei ao auditório e vi a mesma bagunça de sempre, antes da professora de literatura, Eunice, entrar. Aquele clube era a vida dela, e desde que me conheço por gente, ela tomava as rédeas do clube, comandavam com muito afinco e paixão por teatro. E por isso quando ela entrava no auditório, os alunos tratavam de se calar, demonstrando respeito pelo trabalho e paixão da vida dela, o que a deixava lisonjeada.
Abracei Carl, e deixei que o perfume dele carreasse em minha blusa.
- Vai ficar com meu odor, senhorita Bovary. – ela tentou desvencilhar do abraço, mas eu não deixei.
- Não importa. – suspirei quase inaudível.
Deixei que aquele momento tão precioso rolasse mais um tempinho, até que a professora Eunice chegou. Não virei para vê-la, mas senti o “Bom dia” dela. Percebi que Carl desmanchou o abraço muito rápido, parecendo incomodado com alguma coisa. Foi então que eu virei, e vi o maldito “vermelhinho” acompanhando Eunice. Revirei os olhos e bufei.
Ela então começou a dar seus passos leves e cautelosos, sem ao menos olhar o chão. Ela sabia desviar dos obstáculos, lixos, e os pés dos alunos, sequer olhando o chão.
O “vermelhinho” ficou lá. Parado no começo do corredor, observando minhas expressões faciais mudar a cada palavra de Eunice.
Ela foi até o palco iluminado, e puxou uma cadeira, e se sentou. Ficamos acompanhando-a sentados nas cadeiras avante ao palco.
- Muito bem. A nossa primeira peça esse ano, será o grande clássico de Shakespeare. Romeu e Julieta. – disse ela olhando por cima dos óculos, como sempre fazia, quando queria parecer severa.
Carl e eu nos entreolhamos.
- Vi que não há muitas mudanças por aqui. – ela continuou. – Só uma. Temos um novo integrante no clube. Pode se aproximar.
Enquanto ela estava na sua primeira frase, rezei para que Castiel não fizesse parte do clube. Mas quando ela disse que tinha um novo integrante, soube que era ele.
Ele andou pelo corredor entre as cadeiras do auditório, calmo, sequer olhando para mim, e foi até o palco.
- Senhoras e senhores, eu vos apresento, Castiel Hanson. Nosso novo pianista. Vocês precisam ver como ele toca piano, como um anjo. E ainda sabe tocar harpa.
- Modéstia parte eu... – Castiel tentou começar.
- Sem modéstia, Castiel. – ela o interrompeu.
Odiava modéstia. “Se você é realmente bom no que faz, por que ser modesto?” ela sempre frisava isso no clube.
Eunice apontou para o piano. Ele olhou dela para o piano, e foi até ele. Com movimentos que pareciam estar contados, ele vagarosamente puxou o banquinho e sentou; abriu o piano, sobrou a poeira que corroía e tocou seus dedos no teclado do piano. Tocou algumas notas, puxou um pouco de ar, e começou a tocar “The Devil Never Sleeps”. Seus dedos pareciam deslizar no teclado involuntariamente parecendo que o conduzia e não o contrário.
Vê-lo tocar piano, fez com que eu o imaginasse ele sem aquele olhar psicótico, tornando-o um menino lindo. Não era o cabelo que me intrigava, era o olhar.
Os olhos da professora Eunice brilhavam de orgulho e alegria do novo pianista. Pude ver inveja brotando nos olhos de algumas pessoas também.
Castiel parou suavemente de tocar, acabando a música tão naturalmente, que as notas sumiam gradativamente. Seus dedos pareciam saber que intensidade tocar, na hora certa. Pareciam escolher o melhor para tocar no teclado.
Todos aplaudiram. Inclusive eu. Quando me dei conta, já estava o aplaudindo. Ele merecia.
- Bis, bis. – gritou Eunice.
Corado e com muita modéstia, Castiel agradeceu:
- Obrigado professora.
- Poderia tocar outra música? Sabe cantar também? – a professora estava admirada.
- Toco e canto. – sua voz parecia esta musical pronta para cantar.
Não esperou a professora pedir a ele que se dirigisse ao piano, ele mesmo foi. Puxou o ar novamente, dessa vez com mais ímpeto. Alisou o teclado. Tocou e cantou “I didn’t mean it”. Sua voz era branda e rígida ao mesmo tempo, mantendo a afinação, sempre; seus dedos continuavam a deslizar dessa vez com mais intensidade e menos involuntário.
O centro das atenções foi Castiel o tempo todo. Não que eu esteja reclamando isso. Foi bom vê-lo de uma forma diferente, que não seja psicótica. Dessa vez parecia mais plausível a ideia de ser parceira e biologia dele.
Carl não suportava Castiel e seu talento no piano. Resmungava o tempo inteiro, e sempre lhe dava um defeito por tocar piano. Oposta a Carl, eu amava piano. E Castiel fez com que eu tocasse mais o meu piano que ganhei do meu pai há três anos, depois disso.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Eyes On Fire" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.