Eyes On Fire escrita por Amy Moon


Capítulo 35
Capitulo 35


Notas iniciais do capítulo

Pov - Castiel



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Comecei a organizar minhas coisas nos armários. Comecei também, a colocar a ideia de ficar mais um pouco do que o previsto em Chapel Hill, na minha cabeça.
Precisei de um tempo para organizar todas as ideias e planos que agora vinham com tudo, como uma avalanche. Parecia não ter fim. Eu nunca conseguia concluir, sempre havia um detalhe a acrescentar.
– Então o quer eu devo fazer? – me ajustei no sofá de um modo mais confortável.
– Seria melhor começar pelo o que você não deve fazer. Certamente Nee tem planos para o futuro. Um futuro sem você, provavelmente. Você chegou há... Poucos dias. Quer o que? Que ela largue tudo e vá correndo para você? Ela tinha planos, Castiel. E talvez nem saiba que você é você. – Carlinha falava enquanto trocava de canais aleatoriamente.
– Então eu preciso simplesmente ir contra os meus princípios que fiz a mim mesmo, quando cheguei a Chapel Hill?
Carlinha tirou lentamente a cabeça da TV, ainda apertando os botões.
– Que princípios, Castiel?
Pigarreei.
– De não bagunçar a vida dela. – uni as mãos.
Eu queria que ela tomasse a decisão de ficar comigo. Mas era algo de NÃO se esperar de Nee. Como Carlinha disse, ela tinha planos e uma vida inteira – SEM MIM – pela frente. Não iria jogar tudo por água abaixo.
– Seu principio não faz sentido. – finalmente ela desligou a TV e deixou o controle de lado.
Ela ainda continuou:
– A partir do momento em que você teve um filho com ela, já está bagunçando a vida dela. Evidentemente, é impossível não bagunçar. Vocês tem um filho juntos. Não dá. De certa forma vocês estão “unidos” – ela imitou as aspas com as mãos – para sempre. Matt agora é, a única coisa que ainda pode juntar vocês dois.
Havia mais de dois modos de entender a sua ultima frase. E a única coisa que eu pude entender, foi que Matt é a chave para conhecer Nee, era a única coisa que faltava. E até hoje não sei se o que eu fiz foi certo. Porém, foi por uma bela causa.

Apareci por lá numa noite de terça-feira, praticamente uma semana depois da minha ultima visita. E eu sequer lembrei que era o “dia de Patch” sair com ela. Mas eu estava no meio do caminho quando lembrei e pouco me lixando pra isso.
Como sempre, eu fui a pé. Deixei a moto na garagem e preferi andar com a brisa batendo no meu rosto, do que colocar aquele capacete um tanto sufocante. Respirava o ar com tanto ímpeto que cada inspiração que eu dava, parecia a última da minha vida. E por alguns momentos desejei que fosse. Eu realmente havia terminado de bagunçar a minha vida – mais do que já estava -, quando decidi voltar a Chapel Hill.
Até que da primeira vez – quando eu ainda estava noivo -, não foi tão confuso assim. Eu tinha conhecido Matt, um garoto incrível, e passei os melhores dias da minha vida com ele naquela semana. Enquanto eu não sabia que Matt era filho de Nee, estava tudo bem. Mas quando eu descobri... Foi como... Alguém me dar um puxão de orelha, para eu acordar pra vida, e ver o que a vida me trouxe desses dez anos de separação. Trouxe-me Matt.
Querendo ou não, conhecer Matt já era uma porta para todas as confusões da minha vida. Uma hora ou outra, eu iria acabar me esbarrando com Nee. Porque, depois daquela semana, mesmo se eu não tivesse descoberto que ele era filho dela, certo dia eu voltaria para reviver tudo aquilo novamente. E mais cedo ou mais tarde eu iria descobrir. Afinal, um dia, nem que fosse o último, eu iria esbarrar com Nee em Virgínia. Descobri através de Carlinha, que ela vivia fazendo planos para visitar Lysandre. E certamente, traria o filho. O filho que todos olhariam para o rosto dele e veriam o meu reflexo, porque sabiam que eu era o pai dele, e que Nee fazia o que for preciso para que eu nem soubesse.
Fiz toda essa reflexão enquanto eu andava, e já dobrando a esquina, vi as luzes da casa dela acessas, e nenhum sinal de algum carro que poderia ser o de Patch. Eu ao menos sabia se ele tinha carro. Como eu poderia dizer que ele viria de carro? Esse pensamento me assustou por alguns instantes, fazendo-me acreditar que ele já teria chegado. E quase imaginei os dois perto da lareira, se beijando. Deixou-me um pouco enojado. Imaginei se isto deixava Matt enojado também. Eu quis acreditar que sim.
Finalmente cheguei à fachada da casa. Parei ali, na calçada, sem tocar na grama verdinha que quase brilhava. Coloquei a mão nos bolsos e fiquei observando. Até pensei que Nee poderia me ver ali e pensar que devo ser algum doido por estar encarando a casa dela. Mas, novamente, afastei mais um pensamento ruim. Eu já não me importava com o que ela pensaria de mim, apesar de sermos “estranhos” novamente. Estaca zero. E também eu não me importava o que Patch pensaria de mim, quando chegasse por lá. Patch pouco me preocupava, e a única coisa agora, que me confortava, era o pensamento de que eu podia ver Matt e ela por apenas obrigação. Afinal, eu era o pai dele. Eu tinha esse direito.
Por fim, vi uma das luzes se apagar. A da janela do lado direito da casa, para ser mais exato. Segundos depois, a luz ascendeu e vi a sombra de Nee. Olhei por pouquíssimo tempo, comecei a voltar para casa. Certamente, eu não queria ser um problema, ou o assunto da noite entre ela e Patch. Eu mal sabia o que diabos eu ia fazer naquela casa. Eu era doido. Pus as mãos no bolso novamente, e comecei a me encolher de frio enquanto andava. A brisa estava um pouquinho mais forte, e o frio já começava a me abraçar.
De repente, na calada da noite, ouço meu nome:
– Castiel! – ela não tinha gritado com tanta força, mas o silencio da rua forçou o ímpeto em sua voz.
Trepidei. Não sabia realmente o que fazer. Eu já havia ensaiado em minha cabeça um momento parecido como aquele. O momento em que abriríamos o jogo, jogando todo peso sobre nos sobre o chão. Continuei andando, com medo de ser reconhecido, afinal eu não queria falar disso agora, eu só queria conversar.
Meus passos se tornaram lentos depois de um tempo, e senti os primeiros pingos de chuva cair sob meu rosto. E alguém me puxou pelo braço:
– Vai fingir que não me conhece, Sr. Hanson? – a voz era assustadoramente familiar na escuridão, pois eu não via seu rosto.
A chuva engrossou antes mesmo de eu dar a minha resposta. Apertei os olhos na tentativa fracassada de enxerga-la.
– Na verdade, nem sei se lhe conheço mais.
Um silêncio pairou entre nós. Na verdade, nenhum de nós nos conhecia, e o medo de não saber quem era o outro, era inevitável.
Muito tempo depois debaixo de chuva, ela falou:
– Conhecendo ou não, tem de se secar. – senti um leve puxão no braço.
– Já estou molhado da cabeça aos pés, não faz sentido eu me secar agora, Nee.
Não sei se aquilo que eu disse foi um “fora” ou foi simplesmente um motivo bem sensato por sinal. Eu já não sabia mais de nada.
– Eu não sou Nee. Vamos. Sou a Carlinha. – ela me puxou, e, dessa vez, eu me forcei a ir junto.
Quando me dei conta, estávamos indo à casa de Nee. Limpei o pé num tapete surrado o qual a mensagem “Bem-Vindo” já estava quase apagada. Encharcados entramos tremendo de frio, e a imagem de Nee surgiu ao abrir a porta. Ela estava sentada aparentemente numa cadeira de balanço – perto da lareira acesa – coberta por um edredom velho que arrastava uma de suas pontas no chão; segurando uma caneca quente. Vez ou outra se balançava na cadeira, olhando a dança das chamas em sua lareira.
Carlinha se foi, e eu fiquei ali, tremendo de frio, perguntando-me se aquilo era uma miragem. Pessoas totalmente irônicas diriam: “Claro que ela não é uma miragem! Besta” e ainda rolariam os olhos. Mas, pessoas que sabiam o que eu estava passando, diriam que sim, ela realmente estava lá.
Carlinha reapareceu quando deu por minha falta.
– Vamos! Vem se secar! – ela pareceu irritada com meu atraso.
Nee olhou para mim e concordou:
– Você... Precisa se secar. Vá. – ela sorriu ao ver que conseguiu completar a frase, com tal dificuldade, principalmente ao dizer “você”.
Finalmente fui, e Carlinha rolou os olhos, ainda me apressando.

Vesti algo, que certamente eu não faria o trabalho de comprar, e voltei à sala. Era um suéter marrom com uma bermuda azul marinho. Devia ser de Carl.
A me ver, Nee não conteu o riso e cuspiu um pouco de seu chocolate quente na coberta. “Droga!” murmurou, mudando a expressão de “chateada” para um simples riso, o qual eu fiz questão de acompanhar.
– Estou horrível né? – eu disse olhando o suéter.
Ela se ajeitou na cadeira e pousou a caneca na mesinha de centro com certa dificuldade de mover-se com a coberta, e concordou:
– O suéter não combina nada com você. – ela ainda tentava controlar o riso.
Eu me sentei diante da lareira, vendo a chama dançar.
– Mas você é lindo. – ela continuou dessa vez, séria. Parecia ser verdade.
– Obrigado. – também mudei meu tom de voz para serio.
Algo parecia tentar aproximar a gente; olhávamo-nos com certas intenções que não eram nada fraternais. Seja o que quer que fosse, fora quebrado com a presença de Carlinha, que surgiu segundos depois.
– Bom, eu vou indo. – disse ela agarrada a uma mochila – Foi bom te ver, Nee. – ela deu um beijo no rosto de Nee e depois me deu atenção:
– Também foi bom te ver! – ela me abraçou.
– Igualmente! – sussurrei.
Carlinha foi ate a porta e talvez percebesse que algo faltara.
– Você não vem, C... Enfim! Você vem? – ela abriu a porta parcialmente, o suficiente para mudar repentinamente o clima do ambiente.
– Não. Ele não vai agora. – Nee hesitou, levantando da cadeira e indo também, até a porta.
As duas trocaram beijos de despedida e Nee por fim, trancou a porta e voltou à posição inicial.
– Fica. Por favor. – ela terminara de se ajeitar com dificuldade na cadeira.
Fiquei em silencio, parado. Em pé. Olhando pro nada.
Por fim, mexi a cabeça depois de um longo tempo paralisado, causando um pequeno susto em Nee.
Sentei-me no sofá, diante da lareira e me inclinei para frente, unindo as mãos.
– Porque eu ficaria? – olhei para ela de relance.
Ela se desvencilhou da caneca e da coberta, inclinando seu corpo para frente, como eu estava.
– Porque estou pedindo educadamente. Preciso que fique. Não quero ficar só. – ela se esticou para alisar meu ombro, mas eu me esquivei – O que foi? – ela hesitou.
Meu olhar fixou nela.
– Porque eu preciso ir.
Ninguém falou depois disso, ficamos hipnotizados pela chama da lareira, até que eu lembrei que Matt não estava lá.
– Cadê o Matt? – olhei em direção ao seu quarto, na esperança de ver alguma luz acesa.
Ela acompanhou meu olhar e respondeu:
– Ah! Ele está na casa de Patch. – Nee disse naturalmente, como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo. E, na verdade, deveria ser. Mas estávamos falando de Patch. PATCH!
Engoli a seco e não consegui bolar alguma resposta útil de imediato. Imaginei Matt em todos os lugares do mundo que ele conhece, menos na casa de Patch com PATCH!
Nee arrastou a cadeira para mais perto de mim, e pegou no meu ombro:
– Eu sei o que você pensa disso. E o que pensa sobre Patch. Sei que vocês nunca foram amigos, e de que é natural que você se sinta nervoso. – ela virou meu rosto, me obrigando a olhar para ela – Mas sem brigas, OK?
Desvencilhei-me de suas mãos, ainda um pouco nervoso.
– Meu filho tá na casa dele e você acha isso normal? NORMAL? – eu me levantei.


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