Eyes On Fire escrita por Amy Moon


Capítulo 36
Capitulo 36 – Como se fosse o primeiro


Notas iniciais do capítulo

Pov - Nee



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Diante dele em pé eu pude perceber que ele realmente era Castiel. O Castiel nervosinho e medroso, aquele que não se contém.
Por vários minutos sua ultima frase ecoou pela minha mente, me deixando ciente do que seria a vida de Matt daqui pra frente. Só agora pude ter a certeza de que Castiel faria de tudo para ver o filho. E aquela vaga lembrança da nossa ultima discussão – dez anos atrás -, finalmente pareceu desaparecer de mim. Castiel parecia... Diferente. O cara perfeito com quem eu me casaria se não estivesse noiva. Um cara que Patch deveria ser, e não me culpo por ser injusta com Patch ao desejar que ele fosse como Castiel.
Mas eu ainda estava frenética, e foi tão natural defender Patch.
– Pera lá! Cuidado com o que você falar! Patch não é uma má pessoa! Ele sabe cuidar de Matt direitinho! Ele é meu noivo, esqueceu?!
Só me dei conta do que eu tinha falado, com quem eu tinha falado depois que terminei e ouvi Castiel:
– Eu sei que ele é seu noivo. – Castiel rosnou, sentando no sofá.
Eu tinha feito uma merd4. Quebrei toda harmonia existente no momento, e existente entre nós. Eu já deveria saber que Castiel guardava rancor.
– Desculpa... – sussurrei – Eu não devia ter falado o que eu falei.
A ironia surgiu:
– Você está certa. Não tem que se desculpar. Se queria tanto falar disso um dia, porque não avisou logo?
– Temos que ser maduros, Castiel. Um dia há de surgir esse assunto. E eu escolhi esse dia. – continuei calma, mas ele, só se exaltou:
– Escolheu?! Você sempre acha que pode controlar a vida dos outros! Escolhe até o momento mais conveniente para falar do que quer! – ele se levantou novamente.
– Não é bem isso. – sussurrei antes de ser interrompida por ele. Deixei uma lagrima cair.
– Você é assim mesmo. E disso eu sempre soube. Só que eu não sou mais um botãozinho do seu controle remoto...
Raiva? Não. Mágoa. Decepção.
Percebi então que ele nunca mudara, que sempre fora o homem mais exaltado do mundo, quando é posto contra a parede. E para tentar se livrar, jogava a culpa em mim. Toda sua incapacidade de entender era descontada em mim. E sua ultima frase, realmente, me machucou.
Castiel sempre fora o mesmo. O tempo todo. Até mesmo quando se julgava ser Jim.
Ele ainda continuou:
– Você me afastou de Matt. E isso eu nunca vou perdoar. – ele sentou novamente, com as mãos na cabeça, e o cotovelo apoiado nos joelhos – Chega Nee. Chega. Não dá pra fingir que tá tudo bem.
Sentei no braço do sofá e alisei suas costas. Eu o entendia bem, e reconhecia meu único erro de afastar pai e filho.
– Eu te entendo. Tem toda razão de sentir raiva de mim momentaneamente. Eu afastei vocês dois e isso foi um erro. Mas eu também mereço o perdão. Assim como você merecia quando nos separamos. Eu ainda me lembro do que você disse. – acariciei seu cabelo.
– Duvido. – Castiel choramingou.
– Cast... – pigarreei – Certas coisas ficam marcadas em nós, e nos ajudam concertar nossos erros. Uma delas foi o que você disse. Que esperaria pelo meu perdão. Não vou me surpreender se você disser que não se lembra do que disse, porque doeu mais em mim do que em você. E também não me surpreende você dizer que se esqueceu de que esperava pelo meu perdão algum dia. Afinal, você tinha uma vida pela frente, assim como eu. Porém, foi o menos lesado nessa historia toda. Eu penso assim. Pra você foi fácil. Não digo totalmente fácil. Foi mais fácil pra você do que eu. Eu carregava um filho seu na época lembra? E um mês depois, quando eu já estava conseguindo vencer um possível inicio de depressão, descobri que Matt existia dentro de mim. E eu não podia mais simplesmente jogar tudo fora e dar adeus ao passado. Matt foi a única razão, pela qual eu não tenha esquecido meu passado totalmente, como você esqueceu.
Ele deu um profundo suspiro, com certa dificuldade e, como se fosse o último.
– Você é forte. Tenho que admitir. Acordar todo dia, e lembrar o seu passado, não deve ser fácil. – ele levantou a cabeça e me encarou – Como você mesmo me disse um dia, eu poderia ter sido melhor com você.
Fiquei imaginando os motivos pelos quais Castiel não se esquecera do que eu dissera há dez anos. Com isso, fiquei feliz.
– Mas não fui. – ele continuou dessa vez com o olhar fixo na lareira com a madeira completamente consumida, arrastando as palavras.
– Não precisa lembrar. – voltei a tocar seu ombro – Não agora. Não exatamente essa parte. Podemos pulá-la.
Ele se encostou ao sofá, largado.
Eu tirei a mesinha de centro do meio, apaguei totalmente a lareira, e trouxe um cobertor e joguei no sofá.
– Pra você. Vai dormir comigo hoje.
Ele tremeu de susto quando joguei a coberta no sofá.
– Não posso. – disse, agarrando-se na coberta.
– Pode sim. – dei um sorriso maroto.
– Eu juro, não posso.
Joguei a coberta no tapete e o obriguei a sair do sofá; arrastei o sofá para longe e puxei o resto do tapete.
– Cabemos nós dois. Eu fico de lá, e você fica de cá. Certo?
Castiel por fim aceitou e se arrumou no tapete, cobrindo-se na posição de dormir. Com um sorriso maroto, é claro.
– Agora já era Srta. Bovary.
– Já era o quê? – me agachei ao lado dele. Ele me puxou pelo braço, e eu jamais imaginei ficar tão perto dele, como tanto tempo atrás.
Ficamos nos olhando; eu apoiada em seu peito, e ele, segurando meus braços, evitando o impacto.
– Droga. – ele suspirou sem se mexer, permitindo-me, sentir sua respiração ofegante.
O beijo foi inevitável, e me culpei diversas vezes naquele momento. Mas o puxão no meu braço ele podia evitar. O que quer que seja que ele pretendia, não era certo.
Ele se esquivou, e sentou na ponta do tapete, desarmado do edredom:
– Vamos. Busque os travesseiros. Eu fico nessa ponta. É mais seguro.
Fui até o quarto, ainda pensando no que acabara de acontecer. Esbarrei em todos os moveis possíveis, fora do mundo real.
– Você está bem? – ele disse.
Eu aparei um bibelô da minha penteadeira.
– Sim, estou.
Finalmente consegui atravessar a sala com a pilha de travesseiros na mão.
– Pronto! – joguei todos eles em Castiel – Acho que é o suficiente.
– Quatro? – ele agarrou um, cheirando-o.
– Sim, só quatro. Dois pra mim e dois pra você.
– Tá brincando? Que tipo de pessoa usa quatro travesseiros mesmo? – ele perguntou sem esperar a resposta. E antes que eu respondesse no mesmo tom de brincadeira, ele continuou:
– Ah, me esqueci de que Nee tem suas manias. Manias muito estranhas, por sinal.
O empurrei com o é devagar, tentando abrir espaço para mim no tapete.
– Anda, sai daí menino. “Deixa eu” sentar também.


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