Três horas e meia – dessa vez eu fui mais calmo – na estrada me deixou esfomeado, o que me fez almoçar na casa de Carlinha antes de olhar a casa que estava para alugar.
A casa ficava quase na entrada da cidade, se não fosse pela pista ter sido aumentada. Apesar de Chapel Hill ficar no Norte, a casa tinha seu estilo sulista de ser. Era ampla e arejada, a porta da frente dava na cozinha, tinha uma pequena varanda na frente e um enorme quintal atrás. Coloquei minhas coisas num canto e fui olhar o resto da casa. Era perfeita, apesar de ser enorme para uma pessoa só. Como era mobiliada, não dava uma sensação de ser tão vazia.
Duas da tarde eu estava no parque novamente, afinal, queria aproveitar o máximo do meu tempo com Matt. Eu não tinha certeza de que ele voltaria, seja no mesmo lugar, ou na mesma hora.
Enquanto eu esperava – alimentando expectativas e possíveis diálogos, apesar dele ser totalmente imprevisível -, fiquei observando os pais com seus filhos. Jamais pensei que um dia seria assim. Embora eu não tivesse a certeza, eu queria estar preparado e observar mesmo que não fosse “pai”.
Eu olhava para os lados, e alisava a bola o tempo todo. Batia o pé, estralava os dedos, coçava a cabeça e nada. Isso não podia ser um tipo de “ritual de espera”. Até que eu ouço passos leves na grama. Não esperei que fosse Matt, embora eu não o conhecesse. Crianças correm na maioria das vezes, mesmo considerando de que eu o mal conhecia.
Olhei para trás com certa curiosidade e ele sorriu para mim.
– Cast! – ele correu para um abraço – Achei que nunca mais o veria. – sua voz foi abafada pelo abraço.
Agachei e o olhei nos olhos. É impossível esse garoto não ser meu filho, pensei. Ele tinha os meus olhos, o meu cabelo e tinha dez anos! Mesmo assim, isso não provava nada. Sendo ou não meu filho, eu já o considerava parte de mim.
– Gostei muito de ter ficado com a sua bola. – mostrei a bola a ele.
– Aposto que isso fez com que você não se esquecesse de mim, não é?
Não só isso, pensei. Queria ter mostrado a foto a ele.
Enquanto nosso silêncio durava, ouvi outros passos na grama e me levantei. Olhei para frente e Nee caminhava em nossa direção. Ela pigarreou, dando uma ordem para que Matt ficasse na mesa onde estavam sentados.
– Olá. – ela disse sem expressão.
Passei a mão no cabelo e no queixo, onde já dava sinais de barba.
– Olá. – estendi a mãe. Ela ignorou minha tentativa de cumprimento e continuou rígida:
– Você e meu filho... Parecem ter... Se tornado... Grandes... Amigos! – ela tentava gesticular enquanto falava, mas o nervosismo logo a denunciou.
– Não fique nervosa – dei um meio sorriso – Quero dizer, não precisa. – estendi a mão novamente.
Ela franziu o rosto e olhou para a minha mão.
– Nee. Decidiu cumprimentar-me.
O que eu diria? Que eu era o Castiel? Que eu estava lá por causa de Matt? Ou mentiria? “Oi sou Jimmy” Argh, que droga.
Era hora de apostar tudo que tinha.
– Jimmy. – sorri, e apertei sua mão.
Quem disse que eu teria coragem de contar?
– Jimmy o quê? De quê?
Engoli seco
– Jimmy Hanson.
Ela ficou branca, estática e desmaiou.
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