Eyes On Fire escrita por Amy Moon


Capítulo 29
Capítulo 29 – Velho? Nem {Castiel}




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Esperei uma semana para voltar a Chapel Hill. Eu tinha que pensar sobre Matt, e como minha vida ficaria dali para frente. Se eu o visitaria mensalmente, ou se eu me mudaria de vez para ela e o visitaria constantemente.
Avisei Carlinha um dia depois que falei com Auria e quatro dias depois ela atendeu meu pedido, avisando-me sobre uma casa que seria alugada por poucos meses.
Terça-feira; o sol espantava a chuva e as nuvens que se intimidaram a cobrir o céu. Lembro-me – e sempre me lembrei – desse dia até os dias de hoje. Eu estava ajeitando algumas  roupas na mochila quando a campainha tocou.
- Surpresa! – disseram Lysandre, Auria e Tim, em coro. Auria segurava um bolo aparentemente de chocolate com dois morangos e uma mensagem: “Parabéns Castiel Hason”.
- Entre. – disse sorrindo, ainda rindo por terem sido os primeiros a me mostrar que era possível alguém nesse mundo escrever meu nome errado.
Auria pousou o bolo numa mesa redonda no canto da sala enquanto Tim se arrastou até a poltrona mais perto. Lys ficou apenas segurando alguns balões de gás que trouxera.
- Parabéns Cast. – disse Lysandre deixando os balões grudarem no teto. Abraçou-me.
Tim pigarreou.
- Trinta anos hein! – disse ele, tossindo.
- Não, Tim. São vinte e sete anos. – corrigi.
- Tanto faz. Minha avó sempre dizia que quando chegamos numa idade terminado em determinado número, significa que já podemos ser mais três anos mais velho do que nos tornamos. E os números são 7 9 e 5.
Fiquei pensando e repassando sua frase por um tempo. Eu não havia entendido nem ninguém... Eu acho.
- Er... Vamos cortar o bolo! – Auria quebrou o silêncio.
Auria sumiu e ressurgiu da cozinha, em poucos segundos, munida de uma faca.
- Você não acha que escreveram meu nome errado não? – brinquei.
Todos riram.
- É. Conseguiu fazer isso. Culpa do Lys. Seu analfabeto! – Tim olhou para Lysandre – Ficou “Hason”! Não sei como conseguiu errar o próprio sobrenome.
- É de chocolate. – sussurrou Auria dando-me um pedaço de bolo.
Sim, eles tomaram meu tempo e tive que pegar a estrada no dia seguinte. Mas eu adorei receber aquela surpresa e saber que Auria não guardava rancor ou coisa parecida de mim. E que ela tinha força suficiente para poder ficar perto de mim, mesmo sendo difícil depois do término do noivado.
Encontrávamos sozinhos sentados nos degraus da portaria do prédio. Auria segurava uma latinha de refrigerante, e eu uma tigela de pipoca. Estávamos em silêncio há dez minutos, olhando as pessoas irem e virem; o movimento dos carros passarem em alta velocidade; os pássaros migrarem para o norte... Enfim, tudo!
- E adoro ficar com você. – Auria começou.
Beberiquei um pouco do seu refrigerante e não hesitei, mesmo querendo hesitar. Pensei um pouco no que aquela frase poderia significar naquele momento. Não seria nada legal hesitar acusando-a de segundas intenções num momento daquele. Seria como dar para trás e regredir.
A abracei e beijei seu rosto.
- Eu também te amo, Auria. Você tem sido uma boa amiga em todos esses dez anos que lhe conheço.
- Que isso. Eu é que agradeço. Por ter sido meu melhor amigo. Desde... Sempre. É como se eu te conhecesse desde a minha existência.
- Como você consegue? Nós terminamos um noivado de quatro meses, namorávamos há cinco anos e foi tudo tão... Tão rápido. Em uma semana já estávamos separados e com a suspeita de que eu tinha outra na minha cabeça. 
Ela tocou meu rosto, afagou meu cabelo e sorriu:
- Todo mundo consegue. – ela tornou seus olhares na rua – Alguns devagar, outros não. Alguns preferem sofrer, outros não. Alguns nem conseguem tocar a vida pra frente. É complicado. Tudo é relativo. Depende de que lado você vê as coisas, de onde você vem; o que você pensa; o que você faz da sua vida. Não digo que é fácil, porque o susto é grande, embora eu tenha suspeitado desde o momento que você arrumou sua mochila.
Tudo aquilo me fez refletir no que eu passei sem Nee. E o que eu poderia ter feito para amenizar a situação para mim. Ou para ela também. Mas a partir do momento em que alguém muito importante vai embora, eu fico atado, sem saber o que fazer.
Ela continuou:
- Mais cedo ou mais tarde, eu tinha que enfiar na minha cabeça, que nos nunca fomos mais que amigos. A gente se enganava. Não vou dizer que você é quem que me enganava, porque eu também achei que amei você como um namorado. Acho que... Eu só era grata a você por todos os momentos que você me presenteava a cada dia da minha vida nesses dez anos.
Eu não sabia o que dizer diante de uma conclusão feita tão tarde, mas por fim feita, isso que era o importante. Digamos que o namoro, o noivado, foi importante sim, para fortalecer nossa amizade e nos preparar para a vida juntos. Como amigos.
Ela só falava:
- Eu preferi tirar essa conclusão, alias, apresentar essa conclusão a você e a mim mesma o mais cedo possível. Porque (em minha opinião) sofrer é opção.
Hesitei:
- Então você acha que eu quis sofrer, há dez anos, quando me separei de Nee e te conheci?
Ela não pensou por muito tempo. Aliás, o tempo em que ela ficou em silêncio não dava nem para pensar direito no que dizer.
- Não. Você não quis sofrer. Pelo menos foi o que eu vi. Não digo isso para te agradar, porque não são as palavras que agradam, são as atitudes. Você... Apenas tomou um rumo rápido na sua vida, antes que o céu se fechasse pra você. Por isso quis me conhecer. E aos poucos pude perceber que você era feliz comigo, fico orgulhosa de ter te ajudado num momento tão difícil. 
Novamente, não disse nada. Ela dizia tudo só por ela, sem deixar que as dúvidas invadissem minha mente. Era como ela responder a minha pergunta antes dela ser elaborada na minha mente.
No dia seguinte eu caí na estrada. Claro, depois de uns quarenta minutos matinais com Auria e Tim. Sem dúvidas eles eram os melhores.


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