Eyes On Fire escrita por Amy Moon


Capítulo 23
Capítulo 23 – Não diga adeus {Castiel}




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Após um dia de cama, fui derrubado pela enxaqueca e mal estar, e golpeado por uma forte gripe, que me arrastou para cama por mais sete dias. 
Sete dias que já estavam me matando aos poucos. Como tudo isso foi acontecer? Como eu fui ser tão inocente e aceitar um docinho que Patch me ofereceu? Por causa desse docinho – ou melhor, êxtase – que bebi todas e fiz a maior arruaça na rua na véspera do meu casamento. Como eu fui burro! Nunca havia confiado em Patch, e um dia antes do casamento resolvi confiar. E meu desejo de vingança só aumentava... Mas eu tinha certeza que vingar-se não ia me levar a lugar algum. Não ia trazer Vary de volta pra mim.
- Ainda não consigo acreditar. – as lágrimas invadiram meu rosto.
Desde a separação, Lysandre ficava na minha casa dando força. Como se isso curasse a ferida que fora aberta dentro de mim. A cura ainda estava muito longe, e ainda era muito relativa.
- As coisas vão melhorar meu amigo. – Lysandre colocou a mão em meu ombro. Imagino o quanto ele deve ter ficado mal em me ver daquele jeito na delegacia, e separado de Vary.
- Na verdade, era sobre isso que eu queria falar. – Lysandre parecia questão de continuar.
- Sobre Nee? – gaguejei com sintomas de nervosismo. Qualquer notícia sobre ela já era motivo de acelerar meu coração. Era medo, preocupação, ciúmes, raiva, dor...
- Sim. Sobre sua Nee. Ou pelo menos era.
- Pare com isso. – rosnei, cobrindo o rosto. De vergonha. Por ter sido tão estúpido e ter acabado com algo que era tão duradouro quanto os contos de fadas.
- Enfim, se quer tentar tê-la de volta ou pelo menos tentar explicar o ocorrido, hoje é sua última chance. Ela vai sair da cidade. Parece que a mãe dela alugou uma loja bem mais barata da que ela alugava por aqui. De qualquer modo, ela vai sair da cidade. Todo mundo. Ela, a mãe dela, Carl, Sr. Baker e Yasmin.
- Não! Isso não pode estar acontecendo... Não. Não comigo. – abaixei a cabeça, e deixei que as lágrimas escorressem pelo meu rosto, até pingar na roupa – Diz que é mentira, Lysandre! Diz! Diz!
Lysandre já farto de todo o drama, me deu um tapão na orelha. 
- Tentar mentir a si mesmo não vai adiantar. Você tem que agir e não remoer o passado! Anda! Vá por uma roupa e falar com ela!
Lysandre tinha razão. Ele era o único que jogava a verdade nua e crua na minha cara. Era minha única companhia. Não mantive contato com meus pais por um longo tempo depois que foram pra França, e ainda e nem ficaram sabendo do desfecho do noivado. 
Penteei o meu cabelo e coloquei uma camiseta preta – só usava preto desde então – e fui tentar se explicar com Vary.
***
Ainda cheguei a tempo de dizer “Adeus”. Nossa. Como essa palavra era difícil. Como era difícil cuspi-la. “Adeus” nunca foi um “Tchau, até logo” ou somente um “Tchau”. Adeus é deixar um pedaço de si mesmo para trás. Seja pra um pai, uma mãe, um irmão, namorada(o)... Ou seja, aquele que é amado incondicionalmente. E sempre será assim, porque é uma das leis inevitáveis da vida. Mas cabe a nós, somente a nós... Eternizar ou não esse “Adeus”; atravessar fronteiras seja elas terrenas, submarinas, aéreas, emocionais...
Fiquei parado ali mesmo, vendo Nee e dona Anne colocar algumas caixas no carro. Vi as nuvens resguardarem o sol, o movimento da rua diminuir por ser domingo. As nuvens estavam carregadas, prontas para explodirem chuva a qualquer momento, assim como eu.
Nee virou-se para o lado, e me viu parado no meio da pista. Aproximou-se de mim, já apta a cuspir as palavras certas.
A chuva começou cair, em forma de pequenos chuviscos e dona Anne entrou em casa. 
Com cara de choro, Nee me abraçou, e deixou que as primeiras lágrimas caíssem em meus ombros.
- Porque teve de ser assim hein? – ela murmurou – Não precisava, poderia ser melhor. VOCÊ poderia sido melhor comigo.
O abraço apertou, lamentei e ter terminado as coisas de uma forma tão bruta.
- Lamento muito. – lamentar era única coisa que eu podia fazer naquele momento. Não deveria ser difícil. Não tão difícil assim. Parecia que não havia outra forma de seguir a vida senão ao lado dela. Não se abriram portas, não se abriram caminhos. Eu precisava me encontrar antes que fosse tarde demais.
Ela parou para encarar-me.
- A sua essência morreu para mim, porque você não precisa explicar mais nada. Não há o que explicar. – percebi que o brilho dos seus olhos estava se apagando aos poucos, como uma lamparina, até a escuridão dominar por completo.
- Tudo que eu posso fazer é lamentar. Mas tudo que eu devo fazer é lhe contar a verdade. – disse colocando uma mecha rebelde do cabelo dela atrás de sua orelha.
- Castiel, eu não posso me mutilar mais. Meu coração já se estraçalhou demais. No meu peito há um buraco. Por favor, não me afunde mais nele. Não mais do que já está.
- Desculpa, mas não posso te deixar ir embora sem lhe contar tudo.
- Por favor, não. Não quero me afundar nessa história. Pode parecer fácil pra você, mas pra mim não é. – ela pausou e acariciou meu cabelo por alguns minutos, até não conseguir mais olhar na minha cara sem chorar.
Ela continuou: 
- A nossa história é uma verdade absoluta que não permite explicações. E infelizmente as cosas acabam... Simplesmente acabam... Porque nada, nada é para sempre.
- A verdade tem várias faces, Nee. Você só tem que escolher em qual acreditar. E não me surpreende você não acreditar em mim. A única coisa que eu vou esperar de você é o perdão. Não tenho tempo para esperar você voltar.
Um silêncio mutilador seguiu-se e vi que seus ataques haviam acabado.
- Não vou discutir sobre isso. Já me exauri demais com essa história. – ela pausou um pouco e pareceu pensar. Continuou:
- O que eu acho engraçado, é que você nunca assume seus erros. É sempre eu que tenho de remendar todas suas besteiras, só que uma hora a gente cansa e decide parar. Paramos por aqui.
- O quê? Então você quer culpar alguém? – me exaltei sem freio – Quer culpar alguém? Porque você não culpa seu queridinho, Patch?! Hein?!
Ela se afastou e me deu uma bofetada. Juro, que se não fosse homem devolveria na cara dela. Mas eu não podia quebrar uma promessa que fiz a mim mesmo: Eu nunca mais ia levantar a mão para uma dama. Por mais que ela fosse idi0ta eu não levantaria.
- Do que está falando? – ela perguntou exaltada também, dando um passo atrás.
- Porque você não pergunta pra ele? Porque você não pergunta pra ele, o que tinha no doce que ele me ofereceu, quando foi à minha casa?
A chuva finalmente explodiu em cima de nós dois, deixando-nos encharcados em pouco tempo.
- Não acuse Patch! – Nee levantou o dedo.
- Então quer dizer que você defende mais Patch do que Lysandre? Quer dizer que Patch significa mais pra você do que Lysandre? Hein? Fala!
Nee se calou por um minuto. Sabia que era verdade. Por mais que não era nada plausível meter Lys na conversa, era verdade. Patch tinha se tornado seu melhor amigo em tão pouco tempo, e desde então ela passou a gostar dele, mais o que Lysandre, com quem tinha cinco anos de amizade.
- Não é verdade. – Nee se encolheu.
- Claro que é.
- Nee, vamos! – disse a mãe a sua espera com um guarda-chuva.
Nee seguiu a mãe. No meio do caminho virou-se para mim.
- Adeus, Castiel.
Não respondi; apenas dirigi-me até o Dodge.


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