Eyes On Fire escrita por Amy Moon


Capítulo 2
Capítulo 2 - Não consigo perto de você




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Acordei exausta, e sem ar. Comecei a ter pesadelos com o garoto. Perguntava-me até quando isso ia acontecer; começou ontem, e só espero não vê-lo novamente, senão posso dar adeus ao sono. 
Vesti uma roupa alternativa, sem muitas extravagancias e rosa. Ao me olhar no espelho, percebi o quanto mudei. Não só fisicamente, mas o modo de vestir e tratar as pessoas mudou graças a Lysandre.
Primeiro dia do mês, primeiro dia de aula. Como eu poderia estar tão ansiosa? Para ver os meus amigos? Pra que precisar ir à escola pra isso? Eu saio quando eu quiser e com quem eu quiser. Não sei. Mas eu estava esperando algo que não sabia ainda o que era.
Entrei pela porta principal e fui até a secretaria pegar meu novo horário. Vi alguém sendo atendido; sentei e esperei. Peguei alguns trechos da conversa, e pude perceber que o sistema de locação de armários tinha mudado um pouquinho. Como o numero de alunos aumentou, e consequentemente a procura por armários também. Estavam dividindo os armários. Não entendi o esquema, mas já dava pra saber de antemão a porcaria que seria. Vi a pessoa sair zangada e já soube que haveria e/ou estava havendo confusão.
- Algum problema com os armários?
A secretaria revirou os olhos e fez bico olhando por cima dos olhos:
- Algum problema com os alunos. – disse ela, gorducha cheia de blush nas bochechas e um horrendo batom vermelho.
- O que aconteceu?
- Estão colocando os veteranos para dividir armário com os novatos. – ela me entregou a chave do meu armário.
Recebi e voltei a colocar a mão no bolso da blusa de frio, como costume.
- Todos os veteranos? – imaginei o pior.
- Não todos. Estão escolhendo os mais velhos na escola.
Subitamente contei nos dedos quantos anos eu tinha estudado lá. Sete. Desde quinta serie estudo na Sweet Amoris. A única diferença agora, é que eu estava no prédio do ensino médio. 
Fiz uma cara de “não pode ser!”.
- Você acha que eu posso correr esse risco? – indaguei assustada.
- Já correu. – entregou-me o horário.
Sem falar mais nada, ou reivindicar outro armário, oferecendo dinheiro, fui embora.
Terminei de olhar o horário, e parei antes de tirar os olhos do papel, para não esbarrarar em alguém. Vagarosamente, levantei a cabeça, vi um cara no abrindo o armário, meu coração disparou e senti que meu corpo liberava adrenalina. Fui dando pequenos passos para trás antes que ele olhasse, com medo de que o armário em que ele estava guardando seus materiais também fosse o meu.
Esbarrei em alguém. Virei e dei um suspiro de alivio. Era Lys. Meu corpo colou tanto perto no dele, que pude ter a certeza de que ele sentiu minha pulsação nervosa.
- Ei! O que foi Nee?
- Lys! Ah! Que bom te ver. – suspirei quase inaudível. 
- O que foi garota? Parece que viu uma assombração... Seu coração está batendo forte.
- E vi mesmo... Depois te conto a historia. – senti alguém se aproximando e já imaginava ver um cabelo vermelho, ao virar para trás; meu coração acelerou novamente.
Virei e tomei outro susto. Era Yasmin, minha meia-irmã. Filha do meu pai, que se separou da minha mãe quando ela nasceu. Apesar de ela ser uma das razoes pela separação dos meus pais, eu a adorava. Em vez do cabelo vermelho, vi um cabelo castanho escuro.
- Yasmin! – a abracei. Aproveitei e vi se ele estava no mesmo lugar. Não estava.
- Meu Deus! Seu coração vai sair pela boca! – disse desvencilhando do abraço.
- Nossa. Tenho que contar o que aconteceu ontem.
- Mas antes das gracinhas fofocarem, tenho que apresentar uma pessoa a você. – Lys virou pra mim.
Virei no mesmo instante que ele terminara a frase. Tomei outro susto. Minha sensação era de eu ia enfartar, morrer. E de repente vi tudo escuro.
****
- Você esta bem? – reconheci a voz de Lysandre, dez vezes mais preocupado do que o normal. Era doce e suave, mas preocupado.
Ainda com os olhos semicerrados por causa da forte lâmpada da sala, sorri para Lys.
- Acho que ela está melhor. – reconheci a voz do enfermeiro da escola Johnny Kaleigh.
Percebi que dividia o ar com mais três pessoas e nesse momento desejei que o “vermelhinho” não estivesse entre os três. Também, não fiz esforço para olhar em volta.
O enfermeiro percebeu minha respiração ofegante. Mas sequer deu um calmante. Não era disso que eu precisava. Precisava ir embora.
- Kaleigh, será que posso ir embora, ou vai me prender aqui mesmo? – minha voz saiu suavemente alterada e um pouco tremida.
- Queria “te prender” aqui. – ele riu. – Percebo que esta ofegante.
- Estou bem. Preciso ir pra casa. – fiz uma breve pausa, pigarreei e engrossei a voz um pouquinho – Sozinha.
- Sozinha não dá. Vou chamar seu pai, ou sua mãe.
- Eu a levo. – reconheci Yasmin. – Sou irmã dela. E você já sabe disso.
- Isso. Ela me leva. – concordei freneticamente.
- E a aula dona Yasmin?
- Ah, Kaleigh, eu tenho que cuidar dela! Lysandre passa o conteúdo para nós duas.
Kaleigh concordou com Yasmin. E ela me levou até a casa do meu pai, dirigindo meu carro.
- E então? Vai me dizer qual é o seu problema com Castiel?
- Castiel? Ah sim. Que nome incomum. – desconversei. Só o nome dele já me deixava nervosa, sem palavras.
- E então? De onde o conhece? Desde quando?
- Desde ontem.
Chegamos a casa, e ela abriu a porta pra mim. Pode parecer bastante estranho, mas a mãe da Yasmin me tratava como filha. E a minha mãe como irmã. Não havia nenhuma nuvem tensa pairando sobre nós. Todo mundo era amigo, e minha mãe aceitava a separação e era amiga da mulher que o próprio marido traia há 17 anos atrás.
Dona Sunny era bem jovem fisicamente, sem plásticas e silicone. Era bonita por cuidado próprio. Sempre usando vestido, mesmo estando em casa. Sua elegância era de dar inveja às fofoqueiras do bairro, principalmente por que tinha dinheiro.
Ela me abraçou forte, e ofereceu um lanche. Eu, claro, por livre e espontânea pressão, aceitei. Ela havia feito um delicioso sonho, acompanhado de um bolo formigueiro.
Ouvi alguém descendo as escadas e imaginei ser meu pai e enquanto ele ainda descia as escadas, eu preparava seu discurso de por que eu estava ali. Mas não era ele, era Carl. Forte e lindo como sempre. Sentia o perfume forte masculino, que me deixava doidinha a ponto de espirrar; seu cabelo preto estava molhado jogado para trás, e usava uma camiseta regata branca, que o deixava exibir seus músculos facilmente; e uma bermuda bege, na altura dos joelhos.
- Nee? – chegou a mim dando um beijo na testa.
- O que esta fazendo aqui, Carl? Não devia estar estudando?
- Eu é que te pergunto isso. – ele riu.
- Perguntei primeiro. – o provoquei erguendo as sobrancelhas.
- Pois é. Não tive muita vontade de ir. – ele fingiu pensar na resposta, com seu jeito brincalhão e tosco.
- Nem pra me ver? – interrompi brincando.
- Eu ia a sua casa a tarde, bobinha. – ele sorriu me deixando sem graça. – E você? Porque não foi pra escola? Veio me ver?
- Passei mal...
Yasmin riu quase cuspiu o chá, tentando segurar o riso.
- Passou mal? Ela passou muito mal. – brincou.
- O que aconteceu com ela?
- Ela ficou branca. Só de ver Castiel, o garoto novo. Ele é meio punk. – ela riu de novo.
- Garoto novo? Punk? – o ciúme e a possessão tomaram conta da sua voz.
- É, Carl. Ele tem o cabelo vermelho. Com certeza é a atração do dia. – Disse Yasmin.
- O que ele fez pra você, Foo?
- Nada. – abaixei a cabeça, tirando pedaços de pão pra comer.
- Nada! Como assim nada? Você ficou branca quando o viu! Você desmaiou só de vê-lo! Anda, fala logo! – Yasmin deixou o chá de lado.
- Ontem... Fui ao shopping com a Yui... E para variar, ela me deixou sozinha. Foi ficar com o ex-namorado. Fui até a livraria e sem querer esbarrei em Castiel. – ainda pronunciava o nome dele com certa dificuldade. – Pedi desculpas, mas ele pegou no meu braço e tudo que conseguiu foi gaguejar, pois também estava nervoso. Ele me seguiu o tempo inteiro no shopping, de uma forma estranha e perturbada.
- Ah se eu pego ele! Dou uns belos socos e...
- Você não vai fazer nada, Carl. – seguirei o punho dele, que teimou em cerrar. – Calma. Vou ficar longe dele o máximo possível.
- E eu vou ficar perto de você!
Aceitei a insistência de Carl ficar perto de mim. Eu o “adorava”, e ele me adorava também. Não via problema algum em ele ficar perto de mim me protegesse de Castiel. Era algo necessário, e confortável. Passei a tarde sozinha com Carl. Yasmin foi ao shopping com Yui (que viciada!), e dona Sunny foi jogar golfe com minha mãe, tranquilizando-a que eu estava perfeitamente bem. 
Passei a tarde com ele, assistindo filme, encostada no peito dele, sentindo sua respiração calorosa, só por que eu estava ali. Trocamos carinhos, e percebi a frustação no rosto dele, quando eu disse que o considerava um irmão por inteiro, do que um meio-irmão. Seus olhos eram fixados na minha boca, a cada palavra minha, e sua mão acariciava meu cabelo.
Por fim, Yasmin chegou com Yui, que quis saber detalhes sobre a perseguição no shopping. Lá fui eu contar toda aquela ladainha nos mínimos detalhes, por que linda me sabatinava demais.
****
Cheguei em casa as 19h30 da noite, e por causa da dona Sunny, minha mãe estava super tranquila. Quando cheguei, estava preparando uma lasanha de frango ao molho branco. Mas
Dispensei o prato; estava muito nervosa – ainda pensando em Castiel – para comer.
Tomei um banho para relaxar, e acalmar os ânimos. Deitei na cama, sem escovar os dentes e adormeci.


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