Sai do quarto do hospital pensando em Castiel. Pensando no que ele havia falado pra mim. Cheguei em casa ainda incrédula, e me arremessei no sofá, tirando um longo cochilo.
Acordei sem abrir os olhos e senti uma respiração ofegante em meu pescoço. Primeiro achei que estava sonhando, algum tipo de sonho killer, sei lá. Mas depois vi que era mais real do que eu pensava. Sentia a respiração penetrar pela minha pele, como uma flecha. Cada flechada me deixava nervosa, curiosa pra saber de onde vinham. E de repente pensei o quanto seria desconfortável dormir com alguém “fungando” em você.
Delicadamente, virei e fui abrindo os olhos vagamente... A imagem do observador foi surgindo no meu campo de visão lentamente, como uma imagem da internet que esperamos carregar.
- Boa noite dona Nee. – disse Castiel, se afastando e sentando na poltrona do outro lado da sala.
- Boa noite? – olhei pra janela, esperando ver a escuridão da noite.
Ele acompanhou meu olhar com os olhos.
- O crepúsculo já se formou. – ele continuou a olhar para janela. A escuridão já estava insistindo em engolir as últimas brechas de luz que ainda restavam.
- É. – eu disse involuntariamente; fiz uma longa pausa: - Então, o que veio fazer aqui?
- Te ver, oras.  – ele riu da minha cara e sentou ao meu lado, colocando meus pés em seu colo. Vi um sorriso maroto brotar em seu rosto:
- E aí, você está bem Nee? – ele continuou.
- Foo. – tentei corrigir. Como se isso fosse possível.
- Não. Foo não. – torceu o nariz – Prefiro Nee.
- Mas Foo é para os íntimos. – ergui as sobrancelhas.
- Então agora eu sou intimo?
- Considero que sim. – rebati.
- E se eu considerar que não?
- Te expulso daqui agora mesmo. – sorri.
Castiel deu um tapinha na minha perna.
- Duvido. Você não consegue.
Fingi que ia levantar. Ele continuou:
- Vai, me expulsa. – ele começou a rir. Uma risada contagiante. E eu embalei também no riso; sua risada me faz rir naturalmente, como se eu estivesse rindo sozinha de outra coisa.
- Sai daqui agora. – dei um tapinha no braço dele, ainda rindo.
- Não. Você é especial pra mim. – ele não parava de rir.
- Menino, do que está rindo? Não é sério o que você acabou de dizer?
Ele interrompeu o riso bruscamente.
- Muito... Nee.
- Foo. – tentei novamente.
- Vary. Minha Vary.
- Vary? É nova pra mim.
Um  grande clima pairou entre nós, e parecia duradouro, se não fosse pelo celular dele.
- Opa! Tem alguém me ligando aqui.
Levantou-se ainda tentando tirar o celular do bolso apertado, e atendeu:
- Shelman?! OH! Nath... Como vai cara?!
As coisas estavam realmente meio estranhas.
Nathaniel Shelman e Castiel Hanson amigos?!
- Festa?! Sim, convido. Ela vai comigo. – Cast piscou para mim.
Minutos depois, ele voltou a posição de antes: sentado ao meu lado.
- Parece que temos uma festa pra ir, Vary.
***
Era o décimo vestido que eu aprovava em uma hora. O cansaço já começava a aparecer em meu rosto.
- Ah não, Nee. Você é muito molenga. – chiou Yui.
- Gente, pra quê essa produção toda. Eu não vou de gala. – o vestido realmente era exagerado, e eu com certeza não necessitávamos daquilo.
- Mas vai encontrar Cast por lá. – disse Yasmin.
- “Ué” Ysmi. Me disseram que era você que morria de amores por ele? E agora tá ai empurrando ela pro Castiel? – Arcci falou com um tom irônico.
- Se você não sabe queridinha, estou namorando Nathaniel Shelman. – ela fez um biquinho.
Fiquei acompanhando as três somente pelo olhar, vendo caras e bocas daquelas “meninonas”. Yui e Yasmin começaram a trocar novidades como se fizesse uns cinco meses que não se viam. Arcci e eu nos entreolhamos com cara de tédio.
- Gente. Que tal conversarmos na praça de alimentação? – eu sugeri.
- Mas e o vestido? – Yasmin disse em coro juntamente com Yui.
- WHATEVER. – Arcci e eu as puxamos pelo braço.