Eyes On Fire escrita por Amy Moon


Capítulo 14
Capítulo 14 - Reviravolta




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Segunda feira. Acordei atrasada novamente. Isso está começando a irar rotina. Sonhei com Castiel, e para variar estávamos brigando; ao fundo, a música em que toquei pra ele: Last Night on Earth. Enquanto eu corria dele, por ter me chamado de falsa e metida, a música ecoava pelos ares, como se fosse algum tipo de perseguição. Eu corria chorando e bufando de raiva até meu carro, quando ele apressou o passo e me pegou pelo braço. E acordei. Suada.
Ainda de pijama, e me espreguiçando, minha mãe entrou no quarto para avisar que Carl estava lá em baixo, tomando café enquanto me esperava. Ia pegar carona comigo hoje, e eu nem perguntei o porquê.
Poucos minutos depois, desci e cumprimentei Carl. Ele segurava um CD embrulhado num papel vermelho. Fingi que não tinha visto o “presente” e levei a minha mão à maçaneta da porta. Carl continuou imóvel.
- Que foi? Você não vem? – virei.
Ele se aproximou e estendeu o CD a mim, sorrindo. 
- Pra você, querida. Lembra dos nossos verões na casa de praia?
Fiz que sim com a cabeça, sorri aceitando o presente.
- Deu um trabalhão achar esse CD. Tive que comprar pela internet. E pagar roubo do frente. – brincou.
Desembrulhei o presente, e entendi o porquê da menção dele dos verões na praia. Costumávamos passar o verões na casa de praia do papai, então a família Bovary e a família Baker se uniam para um grande churrasco na beira da praia da praia. Além de correr pelos cantos, feito loucos, ouvíamos o CD do Maroon Five: “Songs about Jane.” Adorávamos a canção “Sunday Morning”, pois nos remetia as melhores lembranças do verões passados.
- Particularmente gosto da faixa oito. – Carl continuou com o sorriso maroto no rosto.
Sorri de volta, e sugeri que fossemos até o carro, senão nos atrasaríamos mais. Ele colocou o CD, já pulando pra oitava faixa cantando.
***
Chegamos atrasados novamente. De novo ao tédio lindo com a Sra. Smith na secretaria. Como eu adorava aquela secretaria com cheiro de hortelã, que deixava nauseada. Estava prestes a vomitar. No início da semana passada não tinha esse cheiro horrendo de hortelã, mas hoje resolveram acabar com meu dia, como se já não bastasse ser segunda feira. 
- Vou vomitar. -  sussurrei para Carl.
- Segura a onda aí mocinha. – devolveu ele no mesmo tom de voz.
O sinal tocou. Graças. Abri um sorriso enorme, e segui com Carl até a sala de aula. E tive um bom motivo para odiar ter chegado atrasada. Eu vi o que eu jamais gostaria de ver. Yasmin sentada ao lado de Castiel. Foi a primeira imagem que captei da sala, e a náusea aumentou; meu estomago revirava de norte a sul.
- Beth, pra onde você vai? – ainda pude ouvir Carl, dois passos da sala de aula.
Fui vomitar no banheiro. Não sabia se tossia ou chorava, mas tudo o que eu tinha na barriga, foi embora no vaso sanitário. Ainda agachada, dei espaço ao choro interminável, como se eu fosse derreter, sumir. Na verdade, eu queria sumir mesmo, o que era estranho. Fazia dois dias que eu brigara com Castiel, e ainda sentia ciúmes dele... Isso parecia ser algo totalmente impossível, e se eu pudesse me controlar, estaria fora de questão.
Mesmo abrindo o berreiro e soluçando entre as pausas que fazia ao choro, senti alguém se aproximando no box do banheiro. Havia só encostado, e a pessoa queria abrir, mas minhas costas impediram.
- Você está bem? – disse uma voz suave, fria e familiar.
- Não. Vai embora. – choraminguei.
- Abre a porta? É a Arcci...
Arcci, cabelos curtos e repicados com a cor azul. Eu nunca sabia ao certo se ela tinha olhos vermelhos ou amarelos mesmo ou usava lentes, pelo que eu me lembre, ela é da minha turma e é muito reservada, evita falar. Por que cargas d’água, ela se importava comigo?
Levantei-me e abri o box com rosto vermelho, pedido mais choro.
- Meu Deus, olha o seu estado. Vem comigo vou te ajudar. – suspirou. 
Ela falava suavemente como se nada a incomodasse.
- Porque se importa comigo?
- Não sei. – ela estendeu os braços.
- Não se importe comigo. – relutei.
Por fim acabei cedendo às palavras “acolhedoras” de Arcci. Ela me levou até o jardim atrás da escola, o único lugar que eu não conhecia há sete anos. Sentamos num banco, e ela esperou eu explicar a situação. Não sei exatamente o porquê, mas com ela eu sentia confiança para desabafar.
- Então... Você está apaixonada por Castiel Hanson?
- Não exatamente. – suspirei, mandando o choro ir embora.
- Não exatamente, porque não quer admitir. – ela hesitou.
- É. – confessei quase inaudível, abaixando a cabeça. Não era pra ouvir mesmo.
- O primeiro passo é saber se ele sente o mesmo.
- Claro que sente. Nós já nos beijamos e tocamos piano juntos. Sei lá. Talvez seja coisa da minha cabeça. Eu achei pelo menos, que fosse especial.
- Hm. Não posso dizer nada a respeito de Castiel. Não o conheço bem, só de vista mesmo. Mas, independentemente do que ele sinta, o ignore. Mostre que é forte, que ele não te derruba. Mostre que não se importa com ele. Tente ser forte...
“Tente ser forte, tente ser forte...” as palavras de Arcci ecoaram na minha cabeça por um bom tempo.
- Bom. Você vai voltar para sala de aula. E eu tenho que ir para a detenção.
- Por que detenção?
- Estava lendo mangá quando o professor passava atividade. – ela fez um gesto como se estivesse estrangulando seu próprio pescoço.
- Carliste? – perguntei imaginando um “sim” na resposta.
- Sim.
Fiz o mesmo gesto que ela.
***
Fui ao banheiro, limpei o rosto. Retornei a sala de aula, olhando somente para frente, jamais para os lados, senão veria uma cena desagradável que me deixaria fraca. E tudo que eu precisava ser era forte. Dei duas batidas na porta, e uma voz chata me mandou entrar.
- Srta. Bovary? O que houve?
Carliste não imaginava como aquele cabelo dele castanho claro, jogado para trás me irritava. Aliás, tudo me irritava agora.
- Enjoo. – ergui as sobrancelhas.
- E porque não foi à enfermaria? Vejo que não tem o papelzinho de entrada, quando se passa pela enfermaria.
Pronto! Só o que faltava! Carliste me mandar para a enfermaria, alegando que eu estava matando aula.
Mordi os lábios antes que a gagueira e hesitação me denunciassem.
O Sinal tocou. Salva pelo gongo!
- Te conto na próxima aula! – provoquei.
Olhei para o lado oposto, ao lado que Castiel provavelmente se sentou, e fui em direção a Lysandre. Sentei na carteira atrás dele e dei um bom dia. Tudo que eu tinha que fazer, era fingir que nada aconteceu nem sábado, nem no dia do piano, nem hoje. E por incrível eu não pareça, eu consegui fingir bem.
Conversei a aula toda com Lys, e pude ver seu enorme sorriso surgir em seu rosto a cada vez que eu alegava saudade dele.
***
Arcci me puxou antes que eu me juntasse a Carl. Levou-me até uma mesa, onde estava um garoto, comendo sua maça, sozinho.
- Nee, este é Nathaniel.
Nathaniel largou a maça e me estendeu a mão. Sorrindo. Era absurdamente lindo; seu cabelo era totalmente loiro, com um corte bem trivial, seu olho era castanho claro puxado para o amarelo, e sua altura e seu corpo simples, porém atrativo.
- Nathaniel, esta é Nee. – continuou Arcci, com uma cara de “'-'”.
- Prazer. – disse ele, sorridente. – Sente-se.


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